sexta-feira, 29 de março de 2013

Review: Killing Frost + Mr. Miyagi @ Café Au Lait, Porto


A última vez que vi Killing Frost foi em 2010, na mítica Xepa Tour (que o Fábio fez o favor de filmar para a posterioridade e que podem ver ou rever aqui). Nesse concerto foi anunciado pela banda que aquele seria o seu último concerto. Três anos passaram, e como uma fénix renascida das cinzas, Março de 2013 marcou o regresso aos palcos da rapaziada. O local escolhido foi o Café Au lait, no Porto. Amigos que conheciam o sítio só me disseram "a sério? um concerto AÍ? isso é tipo o bar hipster do Porto...". Não precisava de melhor convite. Depois de alguns dias a tentar combinar viagem e carros, ficou combinado ir com o Tofu, o Luis e o Manuel, e ao final da tarde de sexta-feira lá partimos.

A viagem fez-se bem, parámos duas vezes, uma para meter gota, outra para nos encontrarmos com o Leo e tentar combinar o jantar. O Luis foi o dj de serviço e a "banda sonora do ferro" esteve presente. Um cheirinho de Mental, Invasion e Righteous Jams, para depois passarmos a Crowbar, Angel Crew antigo, Brujeria e outras coisas que não me recordo ou que nem sei o que eram. Quando nos começámos a aproximar da meta, a playlist deslocou-se para as antiguidades nacionais, com Unstable, Shift Lift e mais umas coisas ao barulho. Pit stop no GaiaShopping e no Shoarma para abastecer o estômago, e pouco depois saíamos em direcção às galerias.

Recebemos um telefonema a dizer que estava bué malta à porta, que aquilo ainda não tinha começado mas que já tinham esgotado as entradas. Ainda bem que éramos vips e tinhamos a pulseirinha assegurada! Chegamos, encontramos a malta, algum pessoal que não víamos à bastante tempo, e aproveitámos o tempo da primeira banda para ficar na converseta. O tempo ainda era nosso amigo, e estar com pessoal com quem raramente estamos é aquele momento especial, em que cada segundo conta. Logo ali vemos em primeiro mão uma fotografia da sala...o spot era a cave do bar, que servia de armazém das bebidas e afins. Topem aí a parede lateral...não é preciso dizer o que acontece algum tempo depois pois não?

Parede com muita arrumação...

Bom, com tudo isto foldei o set de Throes. Não sei bem o que é, mas deve ter sido fixe e os fãs deles devem ter vibrado.

Bom, a sala estava esgotada, a miudagem preenchia a cave e esperava ansiosamente que a rapaziada de Viana começásse a tocar. Já não me lembro se abriram com a VC ou se essa foi a segunda malha, mas sei que a partir daí comecei a levar encontrões de todo o lado, a ver malta a saltar da estante (aquela da foto ali em cima), circle pits, patadas de todo o lado. Estava a festa armada.

Confesso que não estou muito a par das coisas mais recentes da banda, o novo LP ainda não está disponível para venda e ainda não o ouvi, mas para mim aquela vibe inicial mais rápida ganha ao rock'n'roll e riffalhada psicadélica. Tem a sua piada, e é fixe ao vivo, mas cada um na sua. A banda não tirou o pé do acelerador muita vez, pelo que não houve calmaria na estreita cave do Café Au Lait. Houve tempo do Ciso ir para o meio do público cantar e empurrar o pessoal, aquela interacção que acaba por fazer parte dos concertos de Mr. Miyagi e que são parte da sua mística. Tudo bem suado, aquele nevoeiro do calor corporal no ar, e a sala que nesta altura estava a rebentar pelas costuras respondeu à altura do bom concerto que a banda deu. Findado o set, muitos subiram para apanhar ar, espero que ninguém tenha apanhado uma gripe ou uma pneumonia, tendo em conta a variação de temperatura.

Em Abril tocam em Lisboa, a ver se têm o disco com eles e se a festa se repete. Acho que vai ser no Campo Grande...espero que seja no chão.

© Porfírio Azevedo

Antes de Killing Frost começar reparo em três rapazes ao meu lado que se questionam "agora é Throes? acho que agora é Throes!". Pensava cá para mim, "é, é"...

Começaram com aquela intro mais sossegadinha, e logo logo estalou o inferno na Terra. Tudo à pancada, dives do palco, dives da estante, dives das colunas. Ainda houve algumas ocasiões em que tive de segurar numa delas, não fosse aquilo cair. Se a banda esteve em hibernação durante três anos parece que o sono foi bem reconfortante, que a energia do público espelhava-se na banda, e vice-versa. Nos momentos entre músicas fomos presenteados com o conto de algumas piadas. Quer dizer, não sei se devo qualificar aquilo como "piadas", mas deu para aquele "EISH..." e para quebrar o gelo.

Tocaram a maioria dos êxitos de toda uma carreira, Vacation Spot, No Tomorrow, Sick of You, Brain Damage, e por aí fora. Tempo ainda de tocarem a Last Warning de Agnostic Front e duas covers de Negative Approach (rói-te aí Miguel!). Por mim o concerto podia ter durado até de manhã, sem medos. Eu e todo o resto da maralha que escorria suor de certeza que não se importava. Segundo palavras do André, provavelmente o melhor concerto da banda. Não estive presente em muitos, mas seguramento dos melhores concertos em que já estive. Estejam atentos a novidades, parece que o degelo trouxe uns Killing Frost prontos para acção, qual Schwarznegger no Commando. IFWT.

Killing Frost © Porfirio Azevedo

O concerto acaba e mal saímos porta fora começa a cair uma chuva do demónio, que só nos fode. O bar estáva à pinha, só malta NADA do hardcore, e estar na rua a apanhar granda molha na tromba não dava com nada. Depois de alguma indefinição seguimos com o Luis de Lousada, a Sofia, o Félix e o Fábio até ao 77. Panikes quentes às tantas da manhã...gotta love it. Ainda ficámos lá no chill um bocado, voltámos à sala para uns negócios com o André e esgotar as últimas baterias. O regresso fez-se bem, mega cansados mas nas calmas. Eram quase sete da manhã quando cheguei a casa. Ainda fui por pessoal ao Metro num instante e depois cama.

Este tipo de viagens são daquelas coisas que ficam gravadas na tua cabeça e no teu coração. Estares com pessoal amigo, conheceres novas pessoas, saires da tua zona de conforto, de veres sempre as mesmas caras nos mesmos sítios a fazer a mesma coisa. Reveres malta que não vias há anos, estares com aqueles que só raramente vês, por pouco tempo que seja, vale todas as horas a olhar para os marcadores da auto-estrada, vale as horas de sono perdidas, vale por tudo. Hardcore é isto, é mais que música, é o ponto que nos liga uns aos outros, que nos faz girar em torno do mesmo.

Obrigado ao Tofu pelas horas atrás do volante e pelas histórias, ao Luis e ao Manuel pela companhia e pela conversa, ao André, ao Luis/Miguel, ao Major, ao Fabinho, ao Félix, ao Leo, a quem não conhecia e fiquei a conhecer, aos que não conhecia e serviu de trampolim para os stage dives e de almofada no pit. Pena a chuva não ter ajudado e pena ter sido uma visita de médico, mas valeu. Até à próxima!


Fotografias do concerto por Porfírio Azevedo, agradecimentos à Lovers & Lollypops

terça-feira, 26 de março de 2013

Entrevista: Altercado Espiritual

Os Altercado Espiritual são uma banda de Valência, Espanha, em que uma malta pegou nos discos da X-Claim!, meteu-os na misturadora e depois bebeu o sumo daí resultante. Boston hardcore cantado em espanhol feito por cotas que não estão aqui para brincadeiras. Esta entrevista sai com algum atraso pois estava destinada para outros fins, mas como entretanto a demo tape de Poder Absoluto (a outra banda de parte dos membros de AxE) já está disponível, sem mais demoras, segue a entrevista ao vocalista, Fácil-E.

Demo art. © Nerdo

Bom, para começar a pergunta cliché de como é que surgiu a vontade de criar os Altercado Espiritual. Fala-nos um bocadinho da história por detrás da banda.

A história por detrás dos Altercado surgiu quando quatro rapazes desiquilibrados a entrar na meia idade começaram um projecto chamado Muerte A La Muerte. Eu sempre quis fazer uma banda hardcore, e quando cheguei aos trinta o desejo tornou-se ainda maior. Chamei alguns amigos para a causa e lá começámos. Os Altercado Espiritual começaram quando os M.A.L.M. morreram, e desde início que nos queríamos certificar que queríamos focar o projecto no estilo de Boston nos 80's, X-Claim! style, que foi algo que sempre ficou connosco desde miúdos e queriamos assim fazer um pequeno tributo a essa era, adicionando aquele gostinho espanhol.

A formação actual dos AxE é: Derechos Humanos, Ninja L, Perpiñan e Fácil-E (eu). Utilizamos pseudónimos porque as pessoas nunca nos conseguem odiar o suficiente, ahahah.

Quando li a descrição da vossa demo tape ela apresentava a banda como sendo a única banda hardcore de Valência. Isto é verdade? Se sim, fala-nos como é que vocês se vão safando por esses lados.

Em relação a sermos a única banda hardcore de Valência digo-te desde já que não há maior verdade que essa. Valência é a minha gloriosa cidade, mas digo-te também que odeio tudo o que há dentro dela. Corrupção e faggots em todo o lado, é a cidade mais corrupta de Espanha e isso vê-se em todo o lado.

Musicalmente falando, a malta está mais focada no crust, rock'n'roll, garage e merdas do género, por isso mando-os foder a todos. A pior cena é mesmo não haver miúdos do hardcore. A cena existe unicamente graças ao pessoal de Muerte A La Muerte que ainda continuam a fazer a sua cena, e à melhor editora do mundo, a Stomp! Records que é de cá, não esquecendo a SuperSoldierTapes também.

Ainda assim, quando digo isto estou extremamente orgulhoso por ser da melhor/pior cidade. Ah, e existe aqui um sítio chamado La Resistencia onde é possível fazer concertos e assim.


Tenho de te perguntar isto porque foi uma das coisas que mais me chamou a atenção nos lançamentos de Altercado Espiritual. O artwork: Quem é que o fez, e, para além das referências óbvias à cultura hindu, qual foi a vossa intenção ao utilizar esses desenhos? Os desenhos na tape, em especial, são fantásticos, e apaixonei-me logo por eles.

O artwork é feito pelo fantastico Nerdo, membro dos Altercado. Nós queremos utilizar aquela iconologia Hindu e Budista do hardcore dos anos 90 que toda a gente parece querer esquecer. Sei que ele está a meio do processo de lançar um livro que compila grande parte dos flyers que ele foi fazendo ao longo dos anos.

Como é que começaste a ouvir hardcore num sítio com tão poucas referências nesse género musical? Que bandas te despertaram a atenção e quais te fizeram ficar? Nesta cena é tão banal ver pessoas a chegar e a partir, apenas com meia dúzia de resistentes a permanecerem activos, pelo que acho sempre interessante saber o que é que mantêm a chama acesa do pessoal.

Eu ouço hardcore praí desde 1988/1989, desde a altura em que os vídeos de skate tinham como banda sonora punk/hardcore e rap antigo. Essas são as minhas duas grandes influências musicais. O resto do pessoal da banda ouve hardcore desde que era puto, e são eles a minha maior inspiração. M.A.L.M. boys e KFC boys unidos!

Eu sei que tocas noutra banda, uma que promete meter o "hard" em hardcore. Quem e o que são os Poder Absoluto e como é que planeiam atingir o domínio mundial?

Sim, digo-te já que o objectivo dos Poder Absoluto será colocar a palavra HARD em Hardcore, que é onde ela merece estar. Acho que neste momento o hardcore é uma brincadeira de putos a tentar criar a próxima moda. Nós queremos quebrar isso, hardcore é para homens não é para escuteiros.

Poder Absoluto é um projecto começado por mim e pelo meu amigo Ninja L. Ele toca guitarra e eu canto e toco bateria. É todo cantado em espanhol para colocar a nossa gloriosa língua no mapa. Musicalmente é uma coisa na onda NYHC/Boston com algum Oi! nas vozes, mas algo que quero deixar bem claro é que apesar dessas influências elas não traduzem o que é o nosso hardcore. Nós somos de Espanha e isso queremos deixar bem vincado!

Os Poder Absoluto são: (em estúdio) eu (voz e bateria) e Ninja L (guitarra e baixo). Ao vivo logo recrutaremos um baixista e um baterista. A nossa demo vai criar uma pandemia fatal no início de 2013.

Poder Absoluto demo tape cover
Bom, também sei que tens uma pequena editora (até foi por causa dela que te conheci e a Altercado Espiritual) chamada SuperSoliders Tapes. Tal como tu, também partilho do gosto pelo formato da cassete, pelo que te pergunto como é que surgiu a editora e o teu gosto pelo formato.

A SuperSoldiers nasceu quando eu e os meus amigos Derechos Humanos e T Stomp regressámos de um concerto de Sheer Terror e pensámos em criar uma editora para lançar umas cassetes, que era algo pouco despendioso e está envolvido na comunidade punk/hardcore e rap desde o início. É um formato bonito e soa bem crú, que mais podemos querer? Não sei se será assim para sempre, mas por enquanto é o meu formato favorito, a seguir ao vinil. 

Como é que vês a cena espanhola? Como um vizinho não tão distante, associamos sempre a cena daí à cena de Barcelona de meados dos anos 2000. As coisas pareceram arrefecer a partir daí sendo que ultimamente voltaram a aparecer uma data de bandas novas com malta antiga da cidade. Fora isso, ouvimos falar de Vigo e do Resurection Fest, para além dos putos zombificados de Madrid. É mais ou menos isto ou estou só a dizer merda, ahah?

A cena espanhola já passou por melhores dias, mas existem sempre boas bandas a fazer um bom trabalho. Nos últimos anos tivemos bandas de Barcelona como Destino Final, Glam, OTAN, Firmeza 10, Fix Me, Cinder, The Few or Tell The Truth; Goodfellaz ou The Hollowmen das Ilhas Canárias, Truth Through Fight de Jerez e algumas outras. Algumas delas ainda estão activas mas grande parte infelizmente já desapareceram. Mas eu conheço umas bandas que ainda andam a fazer umas coisas porreiras, tipo Assac! ou Pay The Cost...

Em relação ao Resurection fest peço desculpa mas não conheço grande coisa. Sei que vão lá bandas grandes todos os anos mas eu estou noutra onda...

Bom, e chegámos ao fim desta entrevista. Para terminar da forma mais habitual possível, deixo este espaço para que o utilizes livremente para promover os teus próximos lançamentos e projectos, as tuas bandas favoritas, os teus discos favoritos...o que quiseres. Muito obrigado pelo teu tempo!

Quero-te agradecer a ti pela entrevista, um enorme obrigado à A.HC, especialmente ao SickxRick, ao grande Meatdog (estejam atentos às bandas dele: Sick People, Gutter Gods...) e claro, aos grandes MALM Boys e à minha gloriosa cidade de Valência.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Review: Shitmouth + Same Old Chords + La Tasca + Sangue Xunga @ C.R.A., Lisboa


Podia estar aqui a falar de como saí de casa a contar chegar à hora certa de início do show, como perdi mais de uma hora em transportes só para não entrar em autocarros cheios que nem uma lata de sardinha (a um domingo? Carris, sempre na poupança...), tudo para fazer uma percurso que, bus e metro combinado, não chegou a 25 minutos. Podia dizer que cheguei já passavam das 17h e a montagem do material no palco ainda estava atrasada...Podia, mas vou dar um pequeno fast forward.

Tinha levado os discos da distro, as newsletters novas e mais uma papelada ou outra para distribuir, pelo que logo estacionei ao lado do Boris e da sua Destroy It Yourself. Incrível a quantidade de cenas boas que ele lá tem escondidas, pena que pouca gente esteja acerca, e que pouca gente compre discos em Portugal. Mas hey, obviamente que existem diferentes prioridades, e comprar discos certamente não está no topo da lista para a maioria do pessoal, como é normal.

Trocar impressões sobre os concertos dos dias anteriores, falar sobre a viagem até ao Porto e sobre o show nas Caldas, sobre novos discos, falar um bocado com a rapaziada de Shitmouth e depois descer e ter um relato do Moita Metal Fest pelo Cabeças. Alguma malta cá fora, cartaz a ir buscar a vários lados pelo que estava ali uma mistura bem heterogénea. Segundo o flyer colado na porta os Erro Crasso tinham cancelado, e apareciam os The Skrotes em substituição. Mas afinal eles também não tocaram, o que até teve uma parte positiva tendo em conta os atrasos no início do show (e a futura interrupção policial explicada mais abaixo), senão em vez de acabar às oito e tal, acabaria ainda mais tarde. Nada contra os moços, mas para a semana tocam com Sectarian Violence por isso "eu não vou chorar, essa vida não é para mim".

Bom, passado um bocado lá começou o show, com Sangue Xunga, malta que tocava em Carlos Crüzt e que tem um som na mesma onda. Punk com Rock'n'roll sujo, bateria meio d-beat aqui e ali, deu para meter a malta a abanar a cabeça.

La Tasca tocaram depois para um sala bem menos preenchida que na primeira banda, sendo que vim cá para baixo conviver com o pessoal que enchia aquele pequeno pedaço de rua. Quem é que aparece? Os sempre simpáticos PSP, que estacionam ali ao nosso lado e sobem até à sala, interrompem o show e começam para lá a pedir licenças e mais não sei o quê. Ao fim de uns (talvez) vinte minutos lá se resolve tudo, estava tudo em ordem pelo que só tiveram de bazar. Deu para perceber que a queixa veio duma cota de uma marisqueira que ficava ali a 25 metros, pelo que não percebi qual era o stress da gaja...A interrupção terminou abruptamente o set de La Tasca que já não voltaram a tocar.

Com esta história toda, já passava das sete da tarde, e o show que "teria" de terminar às oito estava agora em passo acelerado. Ou estaria? NOT! Tudo nice and easy. Same Old Chords é a reformada banda onde a Márcia e o Flávio cantam (ele divide as despesas na guitarra também). Foi a primeira vez que os vi e é um projecto bem interessante. Estava buéda malta de Massamá a apoiar e criou-se ali um ambiente fixe. O som tem tanto de punk rock como de hardcore com vozes melódicas aqui e ali. Foi porreiro. Andava para lá um jovem com uma beza descomunal a puxar o pessoal para a frente e para o mosh (jovem esse que pouco antes já tinha travado grande amizade com os polícias, com direito a apertos de mão e tudo).

Para fechar, os Shitmouth. Estava bem excitado para ver esta malta. Estiveram ao meu lado no Porto a ver KF, mas no meio de tanta agitação durante o show e chuva após o show nem deu para grandes conversas. A demo tinha-me convencido, a entrevista que lhes tinhamos feito também, e os relatos que ouvia só me aguçavam o apetite. Logo na primeira ou segunda malha a sala ficou virada do avesso e o público estava conquistado. Feeling mesmo à antiga, miudos que provavelmente ainda nem são maiores de idade a darem um concerto do caraças e a meter a malta toda maluca. Tocaram as malhas da demo e mais uma ou duas novas se bem percebi pela conversa do João, cover de Killing Frost com o Bruno Predador todo maluco e ainda a Nervous Breakdown de Black Flag (escusado será dizer que houve direito a patadas na cara e nódoas negras em diversos presentes), e "toquem lá mais uma!!". Fizeram-nos a vontade. "Esta próxima música é dedicada ao antigo director da minha escola e chama-se Cadilhe" - "Candinho?? CANDINHO FILHA DA PUTA!!". "Candinho" (e demais variações) e "filha da puta" viraram hino no público. Os rapazes já estavam cansados mas ninguém os deixou ir embora. Repetiram o set duas vezes, com as covers a serem tocadas novamente e ainda ficaram a ouvir das boas por não tocarem mais!

"Foda-se, estes putos tocam de caralho! Todos! Granda abuso!". "Estes gajos são os novos Miyagi! Ficou tudo maluco!". Estas foram algumas das exclamações que ouvi no final do concerto. Se querem energia, música rápida e bem tocada, olhem para esta malta! Acho que por todos nós que lá estavam tinham ficado a tocar até de manhã. Muito bom concerto, mais uma tarde bem passada.

domingo, 24 de março de 2013

Review: The Skrotes + Shitmouth @ Casa Bernardo, Caldas da Rainha


Depois de uma noite mal dormida e de uma frequência às 10 da manhã (sim, ao Sábado), não poderia ter tido um melhor arranque de férias. Estava a ficar proporcionalmente mais feliz conforme a distância Lisboa/Caldas diminuía, ainda assim, estava com um pequeno receio de não chegar a tempo de ver o início do concerto. Almocei em menos tempo do que o que poderia desejar, e meti-me a caminho. Como nas Caldas a malta toda se conhece, acabei por sacar ganda boleia. Não vou começar com o choro habitual das horas, porque este era um daqueles concertos que só iria começar quando as pessoas sentissem que devia começar, e apercebi-me disso assim que lá cheguei. "Não começava às 15?" - "Népia, isso era só a hora para reunir a malta".

Ainda tive uma boa horita a falar com a malta toda, enquanto a malta toda do skate dominava a rua. "Méquie Bruno, tá ali alta cagalhão, queres ver quem dá a melhor manobra por cima dele?". Por fim, toda a malta chegou e estava no momento de começar o concerto. Shitmouth? Shitmouth, Shitmouth, Shitmout... Ai Shitmouth...

Sítio ideal para um concerto do género que era. Salinha bem pequenina, tão apinhada de gente que resolvi entrar pela janela (safei ganda desculpa), o que acabou por ser uma constante durante todo o concerto. E acho muito bem, se não cabiamos todos uns ao lado dos outros, certamente caberíamos uns em cima dos outros! Punk bem rápido que logo nos primeiros sons meteu a malta a mexer-se de forma bem mais eléctrica que aquelas merdas lá do harlem shake. E assim foi durante todo o concerto. A única maneira de descansar era sair da sala,  e nem os encostados à parede estavam safos (sabem quando atiram uma bola saltitona com bué força contra uma parede e deixam-na andar de um lado para o outro? Era mais ou menos isso). Cavalitas, saltos da janela, cambalhotas, malta no chão de quatro a servir de degrau para outros saltarem. Que selvajaria. Ouvi algo do género: "Bem, esta é a nossa ultima musica, chama-se Your Pussy Stinks". Não foi. Ainda tocaram um bom pedaço depois desse suposto fim. Afinal sempre existe vida depois da morte. Músicas da demo, check. Cover de Black Flag, check. Cerca de 15 minutos sem parar, bem docinho para uma banda onde a média de duração das músicas deve rondar os 40 segundos, ahah. Todo o mundo dê o check nesta banda! São novos e cheios de pica! Circle Jerks portugueses!

Depois de Shitmouth, vieram os Skrotes, a única coisa que existe mais rápida que o Lucky Luke. Toda a descrição feita acima quanto à posse demoníaca dos jovens repetiu-se, mas desta vez com sacrifício humano. Se há pouco havia quem quisesse parar um pouco e respirar fundo lá fora, agora havia aqueles que TINHAM de parar um pouco lá fora. Uma cabeça aberta, uma outra que parecia estar a afogar-se de álcool depois de ir ido bater na parede com uma determinação soberba, e vários outros pequenos ferimentos que acabaram por se provar nada mais que pequenas cicatrizes para relembrar os bons momentos. Tocaram buéda músicas, e buéda rápido. Ganharam intimidade ao sítio tal que lá mais para a frente já estavam a ensaiar e a tocar coisas só porque sim ahahah, e se houve um momento em que o concerto deixou de ser concerto para passar a ser ensaio, eu não me apercebi bem. Shut Up And Play!

Duas bandas óptimas, que combinam tão bem como os queridos dos filmes de amor de Domingo à tarde. Quando cá voltarem, por favor toquem no skatepark. Mais uma tarde bem passada. Boa música e boa malta.

Review por Bruno Baptista.

terça-feira, 19 de março de 2013

Review: Make Do And Mend + Daylight + Chain of Flowers @ Borderline, Londres


Eu sei o que vocês estão a pensar: “Mas que raio é que esta review está a fazer num blog de Punk Hardcore?"

Bem, para começar, um dos manos de Daylight tocou com uma t’shirt de Warzone. Sim, aquela do Lower East Side, e a dele já estava bem velha e cansada. Digam-me quantos miúdos do hardcore hoje em dia têm sequer mp3 de Warzone no pc, e quantas bandas em tour estão na banca do merch, acessíveis para ires lá falar na boa com eles, quando não estão em cima do palco, e depois falamos sobre punk hardcore ok?

Falando do concerto: pela primeira vez fui a este Borderline, que é uma sala já com bom historial em Londres, escondida num canto à entrada do Soho e com um espaço perfeito para um concerto hardcore. 300 pessoas e está cheio, palco com a altura ideal, 3 degraus à volta de todo pit para quem não quer levar com maluqueiras, com zona de “lounge” e de merch cá atrás, até os bares nos sítios certos. Mas como nesta noite sabia que nem para o stage dive ia dar, fiquei-me mesmo pelos degraus, mesmo à frente da mesa de som, centradíssimo com o palco, para apanhar o melhor som possível, e já não mudei de spot.

O concerto começou com os Chain of Flowers, banda de Wales acho eu, completamente horrível. O vocalista parecia que tinha dado em 30 drogas diferentes mas acho que era só a maneira de ele ser em palco, tinha uma voz horrível, um dos guitarristas parecia que tinha saído de um vídeo de Oasis e não mexeu um único pé o tempo todo, e o baterista só sabia tocar 2 ritmos, e nem estou a gozar. Indie songa-monga com toques mais punk aqui e ali, em que as músicas soavam todas ao mesmo. E o baixista com uma t’shirt que tinha o Jesus Cristo e qualquer coisa lá escrita, mesmo do shock value? Que tortura.
O que vale é que quando levas com merdas destas depois a seguir aprecias muito mais quem realmente sabe tocar música. Daylight subiram ao palco e bastou um acorde para a diferença ser abismal em relação aos anteriores.

Começaram logo com a “On the Way to Dads” que tem um groove mesmo fixe, e dividiram muito bem o set entre o último EP e as músicas mais antigas. A “Selfish” foi um dos pontos altos também.
Gosto bué da postura da banda em palco, pouco comunicativos, mandam sempre uma piada ou duas para cortar com o clima liricamente pesado das letras, e percebe-se sempre aquele feeling do “nós sabemos que somos apenas a banda suporte e por isso não vamos tentar ser mais que isso em palco, ainda que haja aqui pessoal que veio só para nos ver”. Dito isto, sinceramente acho que eles já merecem uma tour como cabeças de cartaz, porque só ao UK já contei umas 3 vezes que cá vieram desde que cá estou e nunca tocam mais que 25/30 minutos, o que não lhes faz justiça de todo. São excelentes músicos e das poucas bandas da onda “revivalismo do grunge” que cresceu em mim de uma maneira bruta (aliás o disco que gosto mais deles é o último).
Ah, nota especial para o pessoal de Basement que estava todo no concerto, e cujo vocalista entrou a meio no palco e cantou um bocadinho de uma das músicas. Os putos ficaram excitados lol. Isso e o único stage dive da noite, que deixou duas miúdas com cara de pânico assim que viram um mano a cair-lhe em cima.

Depois vieram os Make Do And Mend, que em tempos lançaram um dos meus discos favoritos, o Bodies of Water, uma autêntica lição de como misturar punk rock e hardcore, mas hoje em dia tenho imensa pena de os ver cada vez mais a cair no poço sem fundo do rock com sonoridade mais comercial.

O último disco tem no máximo 3 músicas realmente boas, e ainda que as letras sempre tenham sido o forte da banda e sejam muito bem escritas mesmo neste LP, ao vivo ressaca um bocado porque o som não tem momentos altos nem momentos de grande genialidade instrumental que justifiquem um set de 50 minutos. Fat props para o vocalista no entanto, que não sei como consegue manter aquela voz entre o gritado/cantado o tempo todo, mesmo a sentir-se a garganta a arranhar toda por dentro, e para o guitarrista Chico-fininho que tem os tiques mais gays de sempre a tocar mas está o tempo todo a fazer solos e cenas de fazer inveja ao Prince na guitarra. Lá tocaram a “Winter Wasteland” que fez a minha noite, e mais 2 ou 3 malhas do disco End Measure Mile que sobressaem, mas no geral acho que a banda precisa de clicar na tecla “refresh” e voltar às raízes do Bodies of Water, porque a este ritmo ou saltam para uma editora super major e conseguem mesmo viver do que tocam agora, ou daqui uns 5 anos já ninguém se lembra deles.

Review por Emanuel Matos.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Review: Expire + Rotting Out + Prowler + Ego Trip @ 229, Londres


Esta review já vem com um atraso descomunal, mas hey, vale o que vale certo?
Os Expire e os Rotting Out fizeram no mês passado uma tour pelo UK, daquelas com 10 datas que só mesmo as bandas americanas e/ou do hype é que podem fazer por cá. Uma das datas finais era em Londres, e calhava exactamente na noite antes de eu ir para Portugal a propósito da festa de lançamento da The Juice Fanzine. Como tinha o dia bem atarefado, um autocarro para o aeroporto às 4 da manhã, e os meus companheiros habituais de concertos não estavam por cá, já tinha cagado na ideia de ir ao concerto.
Mas a vida às vezes dá umas voltas engraçadas.

Nesse dia à tarde recebo mensagem do Johnny Slaps, que já estava por cá de novo e pelos vistos ia ao concerto. Três ou quarto mensagens depois e estava acertado que ia tentar lá aparecer um bocado depois da hora de portas. 

Pouco antes ainda fui beber uma birra com o Jonno (o rapaz do Juicy Podcast #05), mas Peroni a 4.5£ a pint? Puta que pariu Brick Lane. Entretanto, como seria de esperar, birra e conversa complicaram os meus timings e cheguei já depois da primeira banda (os Ego Trip, que até pensei que eram uns americanos mas afinal é uma banda nova inglesa, saquem a demo aqui) e com os Prowler a meio do set.

Prowler está provavelmente no limite das bandas que eu consigo gostar em termos da onda mais pesadona/metalada da Rucktion. Ok vá, Prowler e Bun Dem Out. A música é super violenta e dá mesmo aquele feeling do “foder-te a tromba toda”, mas depois assim que param de tocar e falam ao micro nota-se que são os maiores bacanos, especialmente o vocalista, que agora até cortou as tranças gigantescas que tinha, o que até lhe dá um ar mais amigável, ahah. Infelizmente estavam claramente deslocados no cartaz e quase ninguém se mexeu. Foi pena, especialmente tendo em conta a última vez que os tinha visto no 12 Bar, em que até deu medo.

Troca de material bem rápida e eficiente e os Rotting Out subiam ao palco uns 15 minutos depois.
Apesar de já umas boas 3 ou 4 pessoas me terem dito para ir ouvir esta banda, e já ter visto uns quantos vídeos deles ao vivo a partir tudo, não sei porquê acho que nem uma demo deles tenho no pc…ou seja fui-me lá meter à frente mesmo à toa a ver no que dava. E deu merda, claro.

Primeiras 2 músicas já havia uns 10 malucos a limpar a sala de uma ponta à outra e tudo a tentar mandar stage dives das colunas de graves, inclusive malucos a tentar dar mortais de uma coluna com altura de 70 cm’s, e que depois ou era de boca ao chão ou me vinham parar em cima. O vocalista é o puro JJ de Cro-Mags em palco, acho que já tinha dito isto antes mas confirmei mesmo nesta noite. Os gestos, a maneira de pegar no microfone, tudo. A cena é ser muito mais gorila e ter aquela cara bem fêa que rivaliza nas calmas com o mano de Bane. O set foi bastante curto e entretanto a maluqueira acalmou, mas gostei bastante do facto dele ele ter falado sobre algumas das músicas, nomeadamente uma sobre religião, em que acabou por dar uns toques sobre racismo/discriminação, e ter apelado à compra de merch não de Rotting Out mas dos Expire, que pelos vistos estavam em tour há vários meses, tendo vindo do Sudoeste Asiático para o Reino Unido directos, e portanto a guita já estava a escassear. Boa onda.

Entretanto mais umas trocas e baldrocas, e Expire prontos para fechar a noite.
Antes de falar sobre o concerto, queria só dizer uma coisa: eu só gosto de Expire porque me soam a Trapped Under Ice. Pelo menos no último disco, o Pendulum Swings, que foi o único que ouvi até à data. Aqueles ritmos marados na bateria, partes meio imprevisíveis, mosh parts simples mas bem rijas (e bem roubadas também ahah), e até a voz em certos momentos. Portanto não sou propriamente o maior fã, simplesmente acho o disco muito bem conseguido e na impossibilidade de ver TUI todos os dias da minha vida antes de jantar, os Expire matam o vício. Acho que o facto de ter visto um certo tour-report/documentário sobre uma das tours deles pelos Estados Unidos também ajudou a engraçar mais com os rapazes.

Quanto ao concerto, a banda estava visivelmente cansada, o vocalista mais lá para o meio explicou que estavam todos com brutas constipações em cima, e acho que isso afectou um bocado a adesão do pessoal, mas sinceramente o som estava no ponto. Eu bem que quis estar quietinho no meu canto mas assim que começaram a tocar as malhas do último LP não deu, ouvi a “Just Fine” e tive que ir molhar a sopa. Já me estava a fazer falta sinceramente, não pode ser só stage dives e high fives, de vez em quando há que levar umas murraças na boca para nos lembrarmos que estamos vivos.

Como já disse a banda estava cansada e o facto do vocalista não ser nenhum animal de palco também não ajudou…ele próprio admitiu isso, disse que não tinha jeito para discursos e pouco mais falou do que os normais agradecimentos.

O concerto teve a duração ideal, pouco mais que o de Rotting Out, não aborreceu nem um bocadinho, e tocaram tudo o que queria ouvir do último disco. Acho que se eles estivessem em melhor forma podia ter sido mesmo memorável, mas assim foi apenas um bom concerto de hardcore. De notar também que o concerto estava longe de estar sold out, umas 150 pessoas no máximo, o que me espantou pelas bandas que eram, mas talvez seja o mal de nesta cidade haver simplesmente demasiada oferta (mesmo só em termos de hardcore há sempre 2 ou 3 concertos por mês, muitas vezes com bandas estrangeiras).
Dica final: se forem viajar, não andem a moshar no dia antes, ou se andarem durmam em condições. Eu devo estar a ficar velho, mas arrastar malas de 20 e tal quilos por corredores de aeroportos sem ter dormido não foi nada saudável.

Review por Emanuel Matos

quarta-feira, 13 de março de 2013

Discos Trocados: Samhain/Negative FX

Todas as semanas trocamos um disco entre nós e falamos um pouco sobre o disco que nos calhou - tanto pode ser um clássico como uma porcaria autêntica, mas é aí mesmo que está a piada.

Esta semana temos um convidado, estreia no Nós Contra Eles. Ele é o Manuel Almeida, sangue novo como se quer: activo, vontade de aprender e participar. E é um dos sobreviventes do concerto nas Caldas.

Manuel
Samhain - Initium (1984)

Pelo nome, Samhain, estava à espera de uma cena bem sombria, e a capa meteu-me bem curioso. Três gajos cobertos de sangue? Sempre a partir! Após uma rápida pesquisa descobri que foi a banda que o Danzig, vocals de Misfits, criou mesmo a seguir à separação destes, em 1984. Initium é o primeiro álbum da banda, e não sendo bem a minha onda, nem estivesse à espera de gostar, o disco surpreendeu-me. O nome dos sons, e mesmo as letras, são bem dark (Macabre ou All Murder, All Guts, All Fun exemplificam bem isto), e há muita fritaria e distorção por trás, mas sempre com o feeling do punk presente, que é o que se quer.

O álbum é uma versão mais madura de Misfits, menos virado para o “horror punk” e mais experimental, com influências do metal, embora o punk rock se sinta ao ouvir o albúm. Este começa com uns sons bem creepy, com o Danzig a falar/gritar por trás “I AM THE END” . Esta é das faixas com um feeling mais assustador, e é das únicas que me faz correr para debaixo dos lençois (jk, um gajo mantém a postura de machão). A malha que curti mais foi a Horror Biz, uma cover de Misfits, um bocado diferente da versão do EP destes, que continuo a preferir, mas bem jogado de qualquer maneira. O álbum é porreiro de ouvir, e para quem curte de Misfits e não conhecia, como eu, vale a pena dar uma espreitadela.

Tiago
Negative FX - Self Titled (1985)

Há um determinado número de coisas que me agradam profundamente. Assim à cabeça recordo-me de miúdas giras, snacks de batatas fritas, discos de vinil e hardcore de Boston. Ok, não são propriamente coisas parecidas, mas não interessa. Enviarem-me um disco de uma banda antiga de Boston já é razão suficiente para eu sorrir e te achar um gajo muita bacano, outra é enviarem-me ESTE disco. Eu e este disco, este disco e eu...ainda penso porque é que não comprei logo isso ao Gonçalo quando ele andou a livrar-se da colecção (quase) toda.

Um pequeno aparte: não metam este disco a tocar enquanto conduzem, quando dão por vocês estão na última mudança a puxar pelo carro e a fazer mira a um poste para se estamparem de frente. É, este é "daqueles" discos. É de ir buscar o stick de hóquei e desatar a parti-los nas costas dos transeuntes (ou nas paredes do teu quarto se não quiseres problemas com a lei). What would Choke do? Provavelmente a primeira opção. Pelo menos o Choke jovem, não o velho que vem pedir desculpas a Nova Iorque...

domingo, 10 de março de 2013

Playlist da Semana #35

Todas as semanas, a Playlist da Semana. Porque no partilhar é que está o ganho.
O André andou por fora, pelo que convidei o Bruno para completar a playlist desta semana.


Martha & The Vandellas - Dance Party - "Motown sound" para lamber as feridas e acalmar do concerto nas Caldas? Ai não. Não tenho grande colecção de cenas deste género, geralmente recorro ao youtube para me safar uns momentos relaxados, mas há um par de coisas que tenho aqui de lado para uma playlist mais prolongada. Aqui é que se cantava, mas cantar a sério. Eu que sou granda pé de chumbo pegava aí num miúda pela cintura e ia para o meio da pista fazer umas coisas. Ela saía de lá com os dedos do pé feitos num trambolho, mas esquece o estilo, o que interessa é o feeling. 

Who Killed Spikey Jacket - Self Titled - Punks sujos de Boston. Bom disco se a tua onda é street punk rápido regado a cerveja barata, cristas sebosas e casacos com patches e picos. Ok, não é preciso teres assim tanto estilo para curtires este disco, é apenas assim que imagino estes gajos.

Pressure Drop - Demo 2013 - Mais cenas pesadas oriundas de Long Island. Peso e groove à nyhc, sabes como é que é. Conhecem o blog Demonstration of Style? (Praticamente) suficiente para saciar a vossa fome de conhecimento, com demos de novas bandas sempre a surgirem, bem como demos perdidas de bandas antigas, e tudo gerido por um mano de Portugal. Sabes como é, "fazer acontecer" é a dica.

The Mongoloids - Mongo Life - Novo disco dos Mongoloids, a fórmula mantém-se. Meteram praqui umas cenas meio macacas, todas country/riffalhada rock/cenas, mas está engraçado. É impressão minha ou o lançamento passou um bocado ao lado? Não sei se há assim tanta malta a curtir Mongoloids, mas sei que pelo menos o Machado não raras vezes representa a t-shirt azul bébé horripilante que possui deles.

Crunch Time - Demo - Na outra semana arranjei aí umas demos que tinha em falta das bandas da Lockin Out. Para não me repetir, basta dizer que sou fã. Aquelas transições de lento para rápido, breakdowns e groove. É quase aquele comprimido que tens de tomar para manter a tua sanidade mental. Placebo? Talvez, mas já é vicio.


Better Than a Thousand - Just One - Sinceramente, este álbum enquadra-se melhor numa playlist referente aos meus álbuns preferidos do que propriamente à playlist da semana. Mas confesso que estou a escrever isto enquanto o ouço. É incrível, tem tudo o que o hardcore precisa de ter,  as partes a abrir, as partes mais pausadas, letras conscientes, preocupadas, e cantadas pelo grande Ray Cappo!! E se me perguntassem "what's your motivation?", certamente poderia responder que Better Than a Thousand é uma delas, uma das bandas para começar o dia e esforçar-me o máximo para que este seja o melhor...desde o dia anterior.

Absolution - Collection - Discografia de uma banda de nova-iorque, que apesar de viver pouco tempo (1988-1989) teve tempo de lançar estas 23 faixas óptimas. Sem dúvida a melhor banda que o Tiago me mostrou! Fiquei espantado por nunca sequer ter ouvido falar desta banda antes de vir viver para Lisboa, pois é genuinamente boa.  Super energético, vocalista diferente (não por ser negro mas por ter uma voz mais cantada e uma tendência de pronlogaaaaaar as palavras eheh) e o guitarrista de Side by Side. "Trends come and go, people forget. For us it was real, a part of youth we'll never regret".

7 Seconds - The Crew - Uma das primeiras bandas de hardcore que ouvi, uma das minhas preferidas, e até agora o melhor check que dei em termos de bandas vistas ao vivo (nem uma clavícula partida me impediu de ir ver o concerto eheh). É  daquelas bandas que me deixa totalmente nostálgico..  Dias inteiros no skatepark das Caldas durante o Verão a ouvir 7 Seconds... Pausas porque não dava para a aguentar o calor... Merece toda a atenção do mundo! JURO!

Rival Mob - Mob Justice - Depois da promo acho que já toda a gente estava à espera de um disco do caralho. Se quiseres informações, façam scroll down, têm mega texto sobre o disco, só o meti aqui porque foi sem dúvida o disco que mais ouvi durante a semana.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Discos Trocados: Omegas/Death Threat

Todas as semanas trocamos um disco entre nós e falamos um pouco sobre o disco que nos calhou - tanto pode ser um clássico como uma porcaria autêntica, mas é aí mesmo que está a piada. Um dia depois, o mesmo super sabor.

Tiago
Death Threat - Lost At Sea (2009)

Não sou o maior connaisseur da discografia de Death Threat, mas uma coisa é certa: o Peace & Security é um disco do caraças. Não tinha cá grande coisa deles no computador, mas logo tratei do assunto. O disco que me foi proposto pelo André foi o mais recente, lançado em 2009 pela Reaper. É complicado e talvez injusto fazer estas comparações, especialmente quando vou estar a meter de um lado um longa duração e um disco com quatro malhas, com uma produção mais limpinha, ainda que feche com cover de Outburst. Sabem que sou um coração mole mas o gajo parece demasiado descontraído a cantar tendo em conta o original e o conteúdo da malha...É "meh".

Mas já que falamos nos gajos, saquem lá o Last dayz e o Peace & Security. É "hardcore moderno". Tem breakdowns! Só aquele PSA para os mais cautelosos...

André
Omegas - Blasts Of Lunacy (2011)

Uépá, mas o que é que temos aqui? Hardcore punk rockado bem rápido, louco e insano? Tou a sentir. Aliás, é mesmo a minha cena. Adoro o reverbzinho que eles puseram na voz, mesmo à bandas de Oxnard - é porque eles não sabem. Quer dizer, o som até manda assim Oxnardzinho, não manda? Aquela onda ora rápida, ora despreocupada. Boa onda. O Spoiler toca (ou tocava) aqui. Para quem não sabe, era o mano original de Justice, que entretanto foi viver para o Canadá. Boa onda. Se estiveres a ler isto espero que te tenhas dado bem, obrigado pelo concerto n'O Culto.

Curti que o disco começasse com uma merda feita com sintetizador mesmo à que se foda - é disto é que a malta gosta. Porque é que acabam por ser as bandas que se estão mais nas tintas para fazer as coisas como deve ser que acabam por ter os melhores discos? Pergunta retórica, claro. Se algum dia aparecer uma cena deste género em Portugal avisem-me para eu ser o primeiro maior fã. Todos os concertos a limpar o dance floor de uma ponta à outra. Não há frente de palco que me resista. Quando virem um metro e setenta vestido de Manchester United a limpar a sala de parede a parede já sabem que sou eu. Dessa vez deixo o prego enferrujado em casa, mas tomem a vacina do tétano pelo sim pelo não.

Coluna: A Uma Só Voz (por Ricardo Servo)

Crippled Youth - Já que se fala em miudos novos...

"This goes out to all the new bands… ‘Cause this kids that played before us are the future of this music, and without support they’re gonna move on and go to college and all that shit, so you got to keep it real…”

Comprometi-me a escrever um pequeno texto com algumas opiniões, estava um pouco reticente sobre o que escrever, e estava agora a ver o Trailer do “No Delusions”, que é um doc sobre o Hardcore de Chicago, e deparei-me com esta frase que, se a minha ignorância me permite, não sei quem disse, mas também não quero saber. Era exactamente isto que queria dizer no fundo nestas últimas semanas em que tive discussões sobre o assunto…

Os putos novos, os meninos do new age hardcore ou new school ou o que lhe queiram chamar… Algumas bandas andam aí a rebentar, cada vez mais caras novas a cada novo concerto a que tenho ido, e isso é lindo. É bom ver que cada vez mais putos estão a vir. Se cá estão daqui a um ano ou não, who cares? Destes 100 novos ficam 40 que vão fazer qualquer coisa por isto e que se vão esforçar possivelmente para dar continuidade a uma coisa que tanto nos diz hoje. A realidade, é que muitos dos que hoje estão aqui, por muitos anos que já pertençam à cena, daqui por algum tempo deixam de acreditar nisto, ou pelo menos deixam de aparecer e de se mexer tanto como hoje em dia.

O que acho mais engraçado no meio disto é que as pessoas que mais vejo refilar com putos novos e afins, são na sua maioria pessoas que nada vejo fazer. E às vezes o "fazer" é tão simples como fazer um blog como este, poder espalhar a palavra ou dar voz a alguém que queira participar e dizer as coisas que lhe vão na alma, partilhar a sua opinião.

Hardcore é diferente para cada um, para mim é respeito acima de tudo, e isso é algo que cada vez mais vejo faltar, quer seja dos “putos novos” seja dos “cotas”, por assim dizer, vendo que a minha mãe para pena minha não vai a concertos nem para me ver tocar, é uma chatice, mas adiante…

É verdade que os putos desta nova vaga pouco ou nada sabem do que é hardcore, é verdade que cada vez há mais ninjas nos pits e stage dives são um bicho em vias de extinção. Isso é uma merda, tenho saudades de concertos do stage dive e sing along, em que palavra de ordem no pit era um bacano no palco a gritar “circle pit” para depois ver uma sala a correr à roda. Não há melhor feeling para alguém de uma banda que ver gente a rodar e a mandar-se à maluca para cima do pessoal que está a cantar. Mas hey, isso vai lá com tempo! Também já fui mais da cena de bater em pessoas (mas tinha respeito), e se sabia que magoava alguém pedia desculpa e parava ou afastava-me, mas fecho-me bué em mim em concertos, é algo meu. Nem todos funcionam assim, é verdade, mas vai lá com os anos, com o perder algum tempo com as "crianças" e falar com eles, contar histórias sobre isto, o que nos deu e ensinou. E as bandas novas deviam perder mais tempo a falar sobre o Hardcore, como se fazia no antigamente…

Pessoalmente tive o meu “avô do core”, como gosto de chamar ao gajo. Tomava cafés comigo mostrando-me o que era o hardcore. À muito que não o vejo, já que se fala nisso. Devia dizer-lhe alguma coisa, tenho saudades do sócio! O Hardcore ensinou-me a respeitar e deu-me amigos que podem ou não ser para a vida. Em concertos de hardcore conheci gente do caralho, já tive a hipótese de viajar, pouco ainda, mas viajar, ir a sítios novos e ver caras novas.

Já chorei, já ri, já me arrepiei, já cai no chão e fodi as costas, já fiquei com olhos negros e músculos do braço fodidos, já fiquei uma vez sem sola nuns ténis e andei uma noite inteira de pé no chão…worth it! Isto é lindo, estragar algo tão bonito com dicas feias e discussões parvas sobre quem faz o quê e sobre quem é mais thug que seja quem for é ridículo. Já dizia outro “Se não vem do coração então não é Hardcore”. Não foi o Jesus, mas é parecido!

Devia haver mais união nisto, entre gente velha e nova, tenhas 40 ou 10 anos. Se vens, abre os olhos e o coração, não fiques só com manias que mandas o rotativo mais fodido, é um erro de todos o falar à toa.

Curto dos putos novos, têm energia e vontade, agora é perder um tempinho, tomar uns cafés, contar umas histórias e acho que vão ao sítio. Se comigo e com 40 manos antes de mim foi assim, com estes também vai ser. Não acredito na história do “agora temos a internet e coisas para poder aprender”. E então? Eu também tinha e se não me viéssem dar umas luzes antes, muito provavelmente ainda ia para concertos só porque anda ao biqueiro é fixe…

Isto é algo de putos para os putos, não o deixem morrer por não quererem perder algum tempo. Às vezes o pessoal mais thug até é porreiro e nem tem tanta mania como aparenta, give the new kids a chance…

Mas para os putos novos, da mesma maneira que os “cotas” pecam por falar bué, também muitos de vocês sofrem desse mal… Para haver "família" tem de haver respeito. E acho que é a coisa que anda mais em falta. Respeito entre as pessoas, e que as pessoas que hoje em dia falam tanto em “família do underground” então que não seja só da boca pra fora. "Família" é um conceito muita fodido de acompanhar de ânimo leve, se se batem tanto por isso, então ajam em conformidade com o que dizem, se não até eu tenho de concordar com os sócios que me deram nos cornos e me deixaram negro nos meus primeiros concertos. Faz parte da praxe. Ou te aguentas ou vais andando…


Texto por Ricardo Servo

terça-feira, 5 de março de 2013

Review: For The Glory + Challenge + Revengeance @ Parqe, Caldas da Rainha


Sem dúvida este era dos concertos que mais ansiava! Não só o cartaz prometia como a ideia de voltar a sair de Lisboa para ir a um concerto com malta amiga me fez andar a contar os dias e as horas na semana que antecedeu o concerto. E ainda para mais sabendo que ia granda tropa de Lisboa (e ainda malta do Algarve e Leiria) até às Caldas da Rainha até o Stevie Wonder viu que ia dar noite animada.

O carro partiu por volta das 15h30 de Lisboa, comigo, o João do 4TheKids, o Bruno das Caldas (que acabou por ser o guia turístico durante toda a tarde e noite) e a Márcia. O lugar vago seria ocupado no regresso. Desta vez experimentou-se um novo percurso (praí o terceiro diferente nas minhas duas viagens até às Caldas), A8 até Torres, estrada nacional até ao Bombarral e depois pegar aquele troço que não se paga até à terra dos caralhos. Meteu-se granda electrofunkibrázzziu mas ninguém estava com grande mood para oleosidades, pelo que rapidamente se passou para um cd-r com os grandes êxitos do youth crew. Ter um auto-rádio demasiado moderno para cassetes e demasiado velho para mp3 tem destas coisas.

Parou-se no Lidl do Bombarral para lanchar e ficamos lá um bom bocado a jogar à bola no parque de estacionamento, alimentados pelo bom iced tea e muffins de chocolate. O resto da viagem fez-se num pulinho, e logo logo estávamos a estacionar no skate park das Caldas. Eu e o Bruno tinhamos levado o skate pelo que o plano era ficar lá um bocado a chillar até chegar mais malta, e depois ir jantar ao Vivaci ("Vivátxi", porque é italiano). Eram praí 6 da tarde, e ainda estávamos a tirar as cenas da mala e chega o carro do Calisto com o Cabeças, o André e o Sam. Enquanto eles se foram abastecer o Calisto pegou no skate dele e andámos ali a brincar um bocado. Passado um bocado chegou a Bárbara (o tal assento vazio que já estava nas Caldas) e o carro do Peter com a Leonor e o Macho, todos munidos de longboards. Deu para jogar à bola e tudo, deu para ver um skate a passar a 20cm da cabeça da Márcia (teria sido KO fodido), beber umas, conversar, rir com fartura, e enganar o frio que ia começando a bater forte.

Fotografia por Bárbara Sequeira
Deu para ver um gajo qualquer na sua janela do primeiro andar a ameaçar de morte uns gajos que estavam junto à porta do prédio, com direito a merdas a voar na direcção da janela e tentativas de agressão. O Bruno diz que é costume...cenas à Caldas deduzo. Já com granda andamento, a malta partiu para o Vivaci para jantar. Estava a dar a bola, pelo que a zona da restauração estava cheia, e logo logo avistamos o Tofu e o Ema bem como o Nuno e a malta do Algarve. A escolha recaiu num granda falafel do Ali Baba. Menu menos 60 cêntimos que em Lisboa...

A malta lá foi para o Parqe e passado pouco tempo entrou. Bar estreito e pequeno. Só mais um condimento no caldeirão. Passado um bocado começou Revengeance e desatou tudo à chapada. Estive cá atrás o tempo quase todo, mas cheguei-me mais à frente para testemunhar a acção e comecei logo a levar cacetada. Faixas rápidas, mas sem grandes interrupções, a miudagem já suava por todo o lado.

"Há concertos de Challenge, e há concertos de Challenge nas Caldas". Acho que já disse isto pelo menos duas vezes (tendo em conta que já os vi lá duas vezes), e esta foi, sem dúvida a mais caótica. Quer dizer, "caótico" talvez não seja o adjectivo mais indicado, mas faltam-me palavras. Corpos a voar, o tradicional side to side passou a ser feito em todas as direcções possíveis e, mesmo que estivesses ali perto naquela de ver o show sossegado rapidamente esses teus desejos se tornaram impossíveis de concretizar, e o mais certo era seres arrastado pelas ondas de gente que formavam um mar bem agitado. Cover de Floorpunch...ainda menos palavras tenho. As primeiras vitimas começaram a aparecer (nódoas negras não conta, que isso é o pão nosso de cada dia), eu e a Márcia torcemos dedos, o Nuno Mota abriu o sobrolho, o Calisto ficou momentaneamente inconsciente, a Bárbara partiu os óculos, e provavelmente outros episódios que não reparei, mas que tendo em conta a animação e molhada que prali ia de certo a contagem foi maior. "Caldas da Rainha hardcore, Caldas da Rainha hardcore..." cantado em uníssono pelos locais para a despedida. O maior respeito por toda esta malta.

Mas o nome grande do cartaz vinha logo a seguir. A comemorarem este ano 10 anos de banda, esta foi a primeira vez que tocaram nas Caldas. A expectativa era grande. Tocar sem palco, à antiga, num espaço pequeno...até te benzias. Eles devem ter feito uma macumba qualquer de antemão para proteger o material, temi várias vezes que a dada altura a malta desabasse para cima da bateria e das colunas, mas tudo legal. Ao fim de uma ou duas malhas o João recolheu para trás da bateria, e pouco depois foi o Rui a ir para trás da coluna. Dêem uma olhada nas fotos, há umas quantas em que o Congas tem um olhar de medo enquanto parece proteger a bateria o público que se amontoa à sua frente. Ai não, até te borravas!

Dizer que isto foi dos melhores concertos que presenciei é dizer pouco. Ainda que não consiga traduzir por palavras o feeling e a enorme felicidade que senti durante toda a noite, ainda que as fotografias ou os vídeos não aconselháveis para epilépticos que o mineiro Machado fez não te consigam teletransportar-te para lá, para sentires o que todos sentimos e veres o que todos vimos em carne e osso, resta-me dizer que quem não foi perdeu o melhor concerto em muito tempo. Não houve espaço para estilos, para mosh treinado. Não houve mesmo espaço, nem que seja porque se tentásses ir lá mostrar os teus melhores moves o mais certo era levares um selo ou seres empurrado em direcção à parede.

Noite suada para o João Cavaco, que foi um valente e que conseguiu safar grandas fotos no meio daquela confusão toda. Ainda vi o Ema de lado a tentar filmar, mas deduzo que não tenha conseguido grande cena, logo logo o estava a ver a mandar dives para cima da malta.

Terminado o concerto, a malta ainda estava meio em choque com o que se tinha passado, o cansaço era visível, mas os sorrisos também. O pessoal ficou cá fora à conversa, até que, um de cada vez, lá partia um carro de regresso à capital. Eu tive mais sorte, que ia ficar perto das Caldas a dormir em casa do Bruno. Antes ainda deu para apanhar um granda frio na praça central às 3 da manhã, conhecer a descendente de Judas que não curte a Biblia e que acha que em Lisboa a morte está ao virar da esquina...Cenas maradas.

Mega props para o Bruno e para a sua caminha, e especialmente para o mega almoço confeccionado pelos pais dele no dia seguinte. Por volta das 3.30 fomos buscar a Márcia e a Bárbara perto do shopping, e seguimos para Lisboa. A malta estava toda cansada, mas ainda havia lançamento da zine da Juicy e a Márcia ainda tinha concerto no final da tarde.

Para fechar, um enorme abraço ao Edgar e a toda a malta de Challenge, todos os miúdos das Caldas, e todo o pessoal que esteve lá comigo e que tornou este fim de semana em algo memorável. Quem nunca experiênciou um show fora de Lisboa, repito-o, Caldas é o local certo para te tirar os três.

Fotografia desfocada da máquina do Luis Santos
Fotografias do concerto aqui
Go Pit TV (videos do show de FTG pela GoPro do Machado)