quarta-feira, 22 de abril de 2015

Review: Suburban Fest #1


Só três dias antes do concerto é que me decidi a ir. Andava com fezada para ser fanboy e seguir a os ingleses durante o fim de semana, mas mil coisas na cabeça e quando dou por mim estou completamente à toa, já é sábado e os moços já tinham andado a chillar por Lisboa com o Ricardo desde quinta-feira, nos mesmos sitios por onde tinha andado, pelo que não nos devemos ter cruzado por pouco.

Bom, fã assumido de Survival e Insist (Survival já tinha visto em Brighton o ano passado) esperava estes dias com aquela excitação habitual de quem não vai a um concerto há algum tempo e ia ver umas bandas que gosta. Para além disso já estava tudo combinado para ir no dia seguinte às Caldas para com amigos que não via ao tempo e que iam fazer umas centenas de quilómetros com o mesmo intuito que eu.

Cheguei ao show quase na hora de início e rapidamente encontro o Fábio, o André e o Ricardo, três dos meus comparsas de fim de semana hardcoriano. Aquela conversa de quem não se vê faz tempo, falar dos discos do momento e ultimar alguns apontamentos logísticos para o dia seguinte. Não sou o gajo mais falador nas redes sociais, pelo que troco cinquenta vezes o Facebook por estes tête-à-tête quadrangulares. Long story short: o disco de Agression Pact que saiu agora na Painkiller é o maior abuso.

Nunca tinha ao RCA e a sala mete respeito. Infelizmente grande demais para o pouco público que se encontrava em Alvalade quando os PUSH! começaram a tocar, tem um som do caraças e um espaço super fixe. E pelo que ouvi dizer as condições para as bandas são igualmente top notch. "Sala para concertos do metal...é outra coisa". Os PUSH! tinham tocado em Espanha no dia anterior, mas nem por isso com menos energia. Pilhas Duracell alcalinas sempre carregadas no máximo, suas só de os ver. Quem não suou muito foi o público, que não era muito mas que também não dizia ai nem ui. Vão gravar em breve novo disco, sendo que já há título e ideias a borbulhar.

O concerto de Challenge teve várias semelhanças com o de Push!. Pouca gente na sala (a rapaziada da Suburban já devia estar a fazer contas à vida), mas nem por isso com menos vontade. Apresentaram uma data de músicas do novo disco que lançaram pela Hellxis, os clássicos do costume (Make You Pay, This Is Real, Leave Me Alone...) e fecharam com aquela chave dourada que é a cover de Floorpunch. Até os ingleses branquelas saíram do canto e foram cantar todos satisfeitos.

Os Insist são uma banda de Manchester que lançou uma demo no verão do ano passado. Youth crew com genica, abriram com a Honesty de Youth Of Today. Malta de poucas palavras em palco, sotaque carregado, em dez, onze minutos metralharam hardcore bem tocado, com todas as músicas da demo (quatro) e ainda uma nova. A maré agitou-se. Havia vida nas três ou quatro dezenas de presentes. A forma abrupta como terminaram o set não é defeito, é feitio.

Ao contrário do que estava anunciado seguiram-se os Survival. Os Survival que são os Insist mas que alteram a formação. Entra o vocalista novo, o guitarrista vai para a bateria, o vocalista de Insist vai para a guitarra, e por aí adiante. Seis gajos, duas bandas. O Roger depois contou-me que no fundo são um grupo de 8 amigos que entre si têm uma data de bandas (Insist, Unjust, Survival e Headroom são as que me recordo dele ter falado). Até nós vireram seis. O vocalista é um mini Mike Judge, ou pelo menos as feições fazem-me lembrar o tipo. Ameaçaram cover de Judge no soundcheck mas foi só jajão. Tocaram nem vinte minutos, intercalando malhas dos dois últimos eps e uma da demo (Quick 2 Judge) que meteu o Fábio todo crazy. A malta lá se mexeu um bocado, sendo que foi pena mais uma vez o pouco número de presentes, sendo que nesta altura já estava um pouquinho melhor composto.

Esqueci-me de referir que é possível entrar e sair da sala, sendo que não se fuma dentro do RCA (!!!). Os intervalos foram portanto aproveitados para aquela converseta da praxe, sendo que rapidamente já estávamos em amena cavaqueira com os ingleses. Os tipos estavam cheios de fomeca, mas só se lembraram que queriam comer era quase meia-noite. Fomos à descoberta, Avenida da Igreja fora, mas obviamente estava tudo encerrado. "Lá os take-aways estão abertos até às 2h, e se for fim de semana é até às 6h! Sais à noite, e a seguir comes um kebab, uma pizza, ou algo assim". Tá bem filho, mas estás num bairro onde não se passa nada à noite, e aqui infelizmente poucos perceberam que a malta fica com uma traça do caraças quando sai para se embebedar.

Quando voltámos estava Providence a meio da última música, pelo que basicamente entrei e fui a tempo de ver o vocalista a atirar autocolantes do PSG ao ar. Não fazia questão de os ver, pelo que não chorei sobre leite derramado.

Já se fazia tarde, ainda fui por o Fábio ao Monte Abraão, a sentir uma granda RDP África às 2 horas da manhã antes de voltar a casa com o André que lá iria ficar hospedado.

Satisfeito mas com aquele amargo na boca. Mas era sábado, e no dia a seguir iamos até às Caldas rever os ingleses escaldados, rever Challenge a jogar em casa, e ver se o regresso de For The Glory seria tão bom ou melhor que a última fez (difícil...).