domingo, 30 de dezembro de 2012

Review: Obituary @ The Garage (Londres)


Obituary era aquela banda que eu queria BUÉ ver e ainda não tinha tido oportunidade, não sei bem porquê (agora só me faltam os Ratos de Porão). Quando descobri que eles cá vinham e só iam tocar malhas dos três primeiros discos quase que pulei de alegria. O meu amor por eles já começou há muitas luas atrás e acho que até cheguei a comprar o Cause of Death em vinil na Carbono praí por €10. Good times! Acho que também comprei o Vulgar Display of Power nessa altura por um preço semelhante. Hoje em dia batem ambos na casa dos €50. AI NÃO! Mas eu não vendo, tá maluque. Até podia ter sido oferecido.

O concerto foi melhor que bom, tocaram uma colhoada de clássicos, são uns grandas bacanos e tocam tudo IGUAL ao disco. IGUAL. Igual, tirando aquelas entradas de lento para rápido e vice-versa (que qualquer fã de Obituary vai mediatamente saber do que falo) onde o baterista falhava ali qualquer coisa por dois milésimos de segundo. Mínimo, e nem deu para afectar em nada, mas é aquela coisinha, né? Se calhar sou eu que sou esquisito.

A minha forma de ver se curti um concerto (ou uma banda ao vivo) é pensar se conseguia ir em tour com eles e curtir o mesmo set todos os dias. Neste caso: sim! Levem-me! Levem-me já, por favor! A outra forma é se vou para casa a ouvir a banda ou não. Se for o caso já se sabe que o concerto foi épico. Se passado uma semana ainda os tiver na minha playlist... yup. O ponto alto do concerto? Para além de ser no Garage, que é uma sala que eu adoro, foi mesmo quando chegou à última malha do concerto (já no encore) e ele ter dito depois daquela guitarrinha do diabo - igual ao disco ao vivo - "This is the title track of our very first record, it is called Slowly We Rot...". Palavras para quê? É Obituary.

Review: Gypsy - Giant's Despair (2012)


Acho que o David ficou chateado comigo por eu lhe ter dito que o disco de Antidote (o antigo, claro) era das melhores cenas de hardcore de sempre - true story. Só assim consigo explicar esta recomendação que ele me fez. Só precisei de meio acorde para perceber que estava no sítio errado e à hora errada - mas que é esta merda? Miúdos do hardcore a tocar um rockzinho cocó de camisa à lenhador, penteado à Zé das Couves e calcinhas engomadas? Saem duas doses de Dead Kennedys para mesa 5 por favor.

O som até pode ser fixe para quem curta este feeling 90s, mas isto a mim lembra exactamente as bandas que eu escolhia nos Ieper Fests de há 9 e 10 atrás para ir comer ou comprar discos. A minha cena não é - definitivamente - esta. Mas pronto, hating aparte (obrigado David, agora tenho de ir ouvir isto para desintoxicar), para quem curte uma vozinha à gordo de NoFX no So Long... com um rock 90s grungy mas sem ser grunge por trás, então esta é a vossa cena - curtam milhões. Eu cá vou mas é ouvir música com bolas que isto não puxa carroça.

Review: Antidote - No Peace In Our Time (2012)


Os Antidote já não gravavam nada há 21 anos! Fico sempre com medo quando estas bandas decidem voltar e parece que tenho sentido isso cada vez mais, pois parece que a moda pegou. Sinceramente acho que já nem me faz grande confusão como fazia. Acho que já me começo a habituar. Não posso dizer que sou o maior fan de Antidote. A ‘Something Must Be Done’ é uma granda malha de puro NYHC, disso não há dúvidas, mas confesso que nunca ouvi muito mais do que isso. A primeira impressão que tive ao ouvir este disco novo foi que a gravação me pareceu demasiado moderna e ‘limpinha’. Para este tipo de som, pede-se algo mais sujo, mais rude, o que não é o caso.

Há malhas que podiam ter sido feitas e gravadas na mesma altura do ‘Thou Shalt Not Kill’ em 1983 e há outras que se nota que andaram a ouvir muito Black Flag. Aliás tanto andaram a ouvir que acabaram por gravar um cover da ‘Rise Above’. O cover não está mau, mas sinceramente parece-me um bocado desnecessário. Ah e tal, tem a participação do Roger Miret de Agnostic Front, mas tirando isso pouco acrescenta ao disco. Para além do mais a malha antes, ‘Not Like Them’ já se parece o suficiente com Black Flag. Falta claramente uma malha tipo a ‘Something Must Be Done’, mas isso também não cai do céu todos os dias. Não está mau, mas também não se perdia grande coisa se não tivesse existido.

Review feita pelo mestre David, da Salad Days (http://saladdaysrecords.com)

Review: First Blood - FBI Vol. I (2012)


Não me perguntem como descobri que isto existia. No outro dia estava a internetar de link em link e caí na página dos First Blood e apareceu-me este disco para sacar de borla - granda atitude digo já. É o quê? Disco de covers tipo tributo às bandas que os inspiraram. Sim, tipo o dos Hatebreed, dos Skarhead, dos H2O... espero que nenhuma banda portuguesa se lembre de fazer o mesmo, é péssima ideia. Sim, claro que "os miúdos" iam curtir ouvir umas bandas novas e aprender um pouco, mas hey, é 2012 (...13) e existe uma coisa chamada internet. Quem gosta mesmo decerto que só não houve mais bandas e mais antigas porque não quer.

Adiante... o que aqui temos são covers de Hatebreed (a parte final ficou bem fixe), Sick Of It All (interessante), Earth Crisis (blargh), Agnostic Front (mixed feelings...), Madball (prefiro a original), Path Of Resistance (ok), All Out War (para quê tentar fazer cover?), Cro-Mags (prefiro a original, esta afinação que eles usam soa a merda em músicas antigas, lol), Biohazard (ok, mas prefiro a original...) e Suicidal Tendencies (bem fixe).

No geral não sou muito fã de First Blood - curto BUÉ aquele primeiro CD que é a demo mas o resto (se é que há resto) nunca ouvi e não tenho grande interesse. Já os vivo um cojone de vezes e, apesar do riff ser sempre o mesmo, adoro ver a destruição no dance floor. Será que já vi pessoal a sangrar num concerto deles? Boa pergunta. Provavelmente...

Ps: Só um aparte, o gajo pode ser o maior bacano do mundo (é o que me dizem, e eu acredito) mas os designs e imagem à volta da banda é das cenas mais farsolas do mundo. As t-shirts são todas bem fêas e FBI?! FBI?! First Blood Inspiration e depois roubam o logo do FBI? Epá, dêem-me descanso.

Playlist da Semana #26

Todas as semanas, a Playlist da Semana. Porque no partilhar é que está o ganho.


Sideswipe - Destined To Chill Demo - 2/5 Rotting Out, 3/5 Minority Unit, 5/5 LA chicano style. Soando mais a Minority Unit que a Rotting Out, definitivamente tem aquele groove das bandas de Boston dos 2000, mosh parts porreiras, letras meio clichés e aquela vibe a que esta vaga de bandas straight edge de Los Angeles nos vem habituando. Por acaso pensei que esta banda já tivésse rebentado à mais tempo, disponibilizaram a demo no Verão e nunca mais ouvi falar nela, nem lançaram a demo em formato físico nem nada. Parece que agora com o fim de Minority Unit estão a tentar repescar isto e 2013 promete novidades. Melhor malha: Jaded.

Johny Thunders & The Heartbreakers - L.A.M.F. - Born to lose! Baby i was born to lose! Quem me recordou esta banda foi o Bruno das Caldas quando me mostrou aí um vídeo de skate em a banda sonora é esta. Ele bem tenta meter-me a andar com ele, mas sou um coxo e as minhas articulações já rangem um bocado...Adiante, esta foi a banda que o Johny Thunders formou quando saiu dos New York Dolls. Os gajos eram uns drogadões de primeira pelo que só lançaram este disco e depois a banda acabou por ir com os porcos. Boas malhas aqui, mesmo dos primórdios do punk.

Cock Sparrer - Shock Troops - De vez em quando dá-me para vir ouvir umas bandas clássicas de Oi!. Adoro! Cockney Rejects, 4 Skins, Blitz, Angelic Upstarts, Sham 69...man, que clássicos! Este disco de Cock Sparrer é um dos meus favoritos do género, e nesta última reedição conta com bué faixas bónus. Mesmo de meter a bombar e andar aqui a esborrachar baratas imaginárias com as minhas botas imaginárias.

Talib Kweli & Z-Trip - Attack The Block Mixtape - Talib Kweli a mostrar (para os que andaram a dormir durante anos) que é dos rappers mais talentosos e versáteis. Convidados de luxo, produção de luxo, rimas de luxo. Mais luxo só no Palácio de Versailles. Incrível como ele dá quinze a zero a 95% dos rappers qualquer que seja o estilo: tens desde beats meio grime-ish, ao rap clássico a esta onda mais moderna do "rap da festa", em que o idiota do Lil Wayne até "canta" só para nos dar uma noção do quão mau é, especialmente quando comparado com o Talib. Granda disco, bom do início ao fim. E aquela faixa com o sample de R.E.M.? Ui!


Pantera - Vulgar Display of Power - O melhor disco de Pantera? Discutível. Foi o meu preferido durante MUITOS anos e continua a ser o mais pujante, mas acho que hoje em dia me viro mais para o primeiro (ou quinto, para os mais puristas). Não quer dizer que tire crédito a este, claro - a começar pelo facto de que tem - DE CERTEZA - uma das melhores capas de sempre. Sempre. Pessoal que nunca ouviu este disco? You're missing out.

Johnny Cash - With His Hot and Blue Guitar - Oh boy, Johnny Cash antigo é bom que dói. Confesso que country e bluegrass não são bem a minha cena, aborrecendo-me ao fim de meia dúzia de músicas. Culpem-me. Mas o Johnny Cash joga(va) sozinho numa liga dele próprio e tem um espaço reservado no meu coração. Este é o primeiro disco dele e tem aquela sonoridade mais clássica, mais tradicional. Pena que a discografia dele seja tão extensa e eu não conheça nem metade. Mas vou tentanto, vou tentando.

Antidote - Thou Shalt Not Kill - Dizia-me o David que não era o maior fã do mundo do EP de Antidote. Wait, what? Acho que este é um dos melhores EPs de hardcore da East Coast dos inícios de 80. A produção é brutal. As músicas são brutais. O artwork é brutal. As letras são brutais. Os solos são brutais. É tudo bom e não há discussão possível! Ah! Quem souber quem canta nos coros deste disco ganha o prémio de Leitor do Mês.

Youth of Today - Can't Close My Eyes - Olha outro... De vez em quando lá aparece alguém no Facebook com palpites duvidosos sobre discos que são clássicos irrefutáveis e acabo por ter de ir ouvir os ditos para ver se não vivi enganado mais de uma década. Nem vale a pena falar deste, ou vale? Quando eu tiver uma banda com o Rafa vamos tocar cover da I Have Faith - eu ADORO aquele rapzinho do início. ADORO! Don't tell me I can't, cause I have faaaaaa-aaaaith...

Jaykae & Depz - Bar for Bar - Ui, ui, ui... Isto saiu na véspera de Natal e macacos me mordam se não fiquei logo eléctrico que chegue até 2013! Que filha da putice. O Jaykae é capaz de ser o meu preferido dos Invasion Alert - o miúdo só lhe falta bater em pessoas. Também curto bué o Tazzle e o Sox e tenho andado a sentir mais o Depz. Como se diz por aqui acho que ambos upped their game for this one. Hm? Se comprei uma t-shirt deles? Claro que sim. Name's Jaykae I've been around a bit, you can't relegate me I'm like Real Madrid. #invasion

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Mais Que Música: Feelin Good (Dumptruck)

Que aconteceu a dar importância às letras das músicas? O hardcore não era sobre isso? Agora só se vê letras que não interessam à prima. Fica aqui uma letra com significado que nos tenha feito pensar no seu significado mais do que uma vez. Afinal de contas, o hardcore também é sobre isso mesmo: pensar.


I've been feelin' pretty good today, 
so far nuthin gotten in my way, no money in my pockets but thats okay,
im gettin by just fine today....
tryin to cut me down to your size
im tryin to make you see life through my eyes,
things go wrong it seems like everyday,
positive & negative just get in my way,
cant waste my time living in the past
wont waste my life in a fantasy trapped
you'll find out what ive known all along,
you cant always smile when things go wrong,
and things are going wrong now!

things been goin all wrong today,
so far nuthins gone my fucking way,
fear and depression ruling my day, 
but ill get through to fight another day! 

Dumptruck/ The Wrong Side = amor infinito.

Esta letra fala um bocado de algo que todos nós vivemos no nosso dia a dia, dos nossos bons dias, dos nossos maus dias, e de como há sempre obstáculos à nossa felicidade. Por mais chunga que a nossa rotina esteja a ser, seja por um gajo estar com problemas no trabalho, com a namorada ou algum stress familiar, essa merda há de ser ultrapassada, de uma forma ou outra.
Ainda que um gajo queira olhar sempre as coisas de forma positiva nem sempre dá para meter a máscara com o sorrisinho na cara a dizer que está tudo bem. A dada altura a máscara tem de cair, seja porque há que encarar os problemas de frente, seja pela gravidade dos mesmos. Não é bater no fundo do poço e não querer sair de lá, não é a fecharmo-nos a nós próprios num casulo, isolando-nos dos nossos amigos e fugindo aos problemas que as coisas se resolvem. Aliás, acho que é aqui que um gajo tem de recorrer aos amigos, aqueles mesmo verdadeiros, e abrir-se com eles porque mesmo que não tenham a chave para te endireitarem a vida, estão lá para te aconselhar ou dar uma palavra amiga. 

Acho que essa tal necessidade de se encarar as coisas de uma forma positiva e de que tem de haver uma luz ao fundo do túnel é o primeiro passo para seguirmos em frente e ultrapassármos os problemas. Afinal de contas, certamente surgirão novas lombas no teu caminho, nesta estrada da vida (olha que lindo que isto ficou!). Ao menos aprende-se com a experiência, com os erros, criam-se novos laços, rompem-se outros. A vida é mais do que um paraíso em que tudo nos cai nas mãos, ou um inferno em que o buraco não tem fundo por isso vou-me atirar de cabeça porque já não quero saber de nada...

Sem querer soar demasiado farsola ou lamechas, valorizem os vossos amigos, e estejam disponíveis para as coisas boas e más. "Always a friend for life"

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Review: Citylights X-Mas Fest #1 @ Campo Grande, Lisboa


Combinei apanhar o Bruno em casa até porque o miúdo ia para as Caldas a seguir de camioneta e ia cheio de malas. Chego lá e ainda está a passar músicas e com tudo por arrumar. Atrasámo-nos um bocado, mas nada de grave.

Chegámos ao Campo Grande eram quase 5 mas ainda bem a tempo de ficar na palhaçada com o pessoal, ir lá dentro ver a distro do Boris, sempre com coisas novas. O split de Boiling Point e The Skrotes já está disponível e é bem fixe ver o resultado de tantos meses de trabalho e espera. O Rafa estava lá, e andou na galhofa a fazer os censos do straight edge e a desenhar x's nas mãos do pessoal, até ao Cabeças...se os vídeos aparecem na net, a polícia do straight edge cai-lhe em cima e está tudo fodido...

Bom, à última da hora falei com a Joana e deu para meter a mini-distro numa das mesas, a meias com o império da Destroy It Yourself. O Fábio não me conseguiu safar as zines a tempo, pelo que ficará para a próxima a distribuição desse material cá em baixo. A ver se esta semana ainda trato disso.

Porreiro ver tanta malta a um Domingo à tarde, na véspera da véspera de Natal, num concerto em Lisboa. Se a sala estaria cheia? Não, mas daria para estar bem composta. Espero que tenha dado para safar as despesas e que se tenham conseguido uns brinquedos porreiros para distribuir pelas Aldeis de Crianças SOS. E ainda havia um deal porreiro para ficarem com o número #2 da fanzine Citylights a um preço bem bacano.

Bom, pouco depois o concerto começou, deviam ser umas 5.30 se tanto, com os miúdos The Fall Apart. Não só acrescentaram o "The" no nome da banda como fizeram umas trocas na formação, o que, a meu ver, melhorou considerávelmente o som da banda. Não vou dizer que sou apreciador do som que ela pratica, mas há que reconhecer que a banda tem potencial. Aqueles dois breakdowns pesadões é que me parecem desnecessários, fugindo um bocado ao som da banda, mas pronto, na volta deve ser para aquecer as articulações dos que vão para lá girar o braço.

A sala já nessa altura estava bem composta, mas o pouco pessoal que tinha ficado lá fora entrou pouco depois já que iam actuar os No Good Reason. Não sei quem tinha de bazar mais cedo e acabaram por serem logo os segundos a tocar. Foi o regresso aos palcos do chefe PZ e do Bráulio, no que tem sido o já (mais ou menos) habitual concerto anual da banda. Deu para matar saudades e para dar um concerto do caraças. Abrir com as cornetas a anunciar a New Direction de Gorilla Biscuits? É porque não deu logo confusão na primeira faixa! A partir daí tocaram umas quantas faixas da banda, umas mais antigas e outras do mais "recente" ep, com covers de Millencolin e The Offspring à mistura (corrijam-me se estiver enganado, chumbei na cadeira do punk rock). A sério, das bandas mais bacanas que cá temos, fazem uma ponte entre hardcore e punk rock como poucas e é sempre uma festa quando tocam.

Por fim tocaram os The Skrotes, com a sala menos composta fruto de alguns abandonos após o concerto de No Good Reason. Ainda assim, umas 30 (mais?) pessoas para ver a malta do skate do Seixal e o Bruno "faz-tudo" Palma a safar no baixo. Se a malta queria música rápida acho que teve o que pediu, e ainda deu para aquecer um bocadinho numa tarde/noite cada vez mais fria. Muitas vezes ouço dizer que a banda é melhor em disco que ao vivo", que ao vivo é "demasiado rápido e confuso". Talvez, mas tocam com mais feeling e vontade que muitas. Peguem o disco e ouçam as bandas antes de rotular as coisas. Bom concerto e boa banda.

Findado o concerto o pessoal ainda esteve lá na fofoca mais um bocado, o Bráulio ainda andou a dar umas t-shirts em 2ª mão que encontrou em casa e levou para vender, ainda tive a trocar umas coisas com o Boris e a falar do novo spot no Intendente com o Bruno Palma. Estava lá a falar com os irmãos Luz e olha para o Bruno das Caldas e vejo-o a rir sozinho feito parvo. "Tás a rir-te sozinho do quê?" - "Epa, do concerto. Curti bué! Ainda estou aqui a pensar na cover de Gorilla Biscuits!!". Para primeira vez que viu a banda, parece que causaram boa impressão no moço. Aliás, acho que todos os que meteram os pés no Clube Joaquim Xavier Pinheiro saíram de lá com razões para sorrir.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Playlist da Semana #25

Todas as semanas, a Playlist da Semana. Porque no partilhar é que está o ganho.


Pink Floyd - Dark Side Of The Moon - Discos que não são discos, são viagens; músicas que não são músicas, são arte. Yup, definia os Pink Floyd assim na boa. Podia dizer que me arrependo de não lhes ter dado uma chance antes (foi só à entrada de meio dos 20s que lá cheguei) mas, vendo bem, isto é uma banda que requer um ouvido experiente e que sabe o que está a ouvir e um estado de espírito bem relaxado. Palavras para quê? É um dos meus discos preferidos e um que oiço com regularidade. Se lerem coisas escritas por mim, as chances de terem sido escritas ao som de Pink Floyd são gigantes. Curioso? Bons headphones, luzes apagadas e vontade de saborear cerca de 45 minutos de prazer em forma de som devem-te safar.

Metallica - Master Of Puppets - Primeiro disco de Metallica que ouvi e comprei? Check. A primeira malha foi a Enter Sandman, na Rádio Cidade. Devia ser o quê? 1991 ou 1992? Lembro-me de achar a entrada brutal e curtia bué a música. Explica algumas coisas. ANYWAY, uma vez ouvi alguém dizer (isto antes dos Metallica virarem lixo) sobre eles que o disco preferido de cada um vai ser o primeiro que ouviram da banda. Será? Hoje em dia já não sei, mas o Master of Puppets é bem especial para mim. Acho que foi o primeiro disco de metal que comprei. Só músicas com mais de 5 minutos? Tu és tolo.

Red Aunts - Ghetto Blaster - Quem me conhece já sabe que tenho um fraquinho por bandas de rock com miúdas, né? Acho que revela atitude - e eu adoro isso. Miúdas do rock são o melhor tipo de miúdas. Mesmo do boa onda - adoro. Adiante. Não, esperem. Quem é que nunca viu o Natural Born Killers? Alguém ainda não viu?! Fala sério mermão, só se vive uma vez. L7 com a Juliette Lewis a dançar de cowgirl e a dar porrada como gente grande? Vejam até ao fim e agrafem-me à parede. Adoro. Quanto a Red Aunts, se não curtirem... sinto muito - se todos tivéssemos bom gosto metade das conversas no mundo iam ser bem aborrecidas.

Slayer - South Of Heaven - Diabretes atómicos, né? Não é o meu preferido, mas este disco é uma filha putice demoníaca. O que o Reign In Blood tem de rápido este tem de pesado. Dá para não amar Slayer? Hmmm, normalmente o pessoal que não curte é aquele que depois só curtes bandas emo da tanga. Da última (e única?) vez que vi Slayer, eles tocaram bué músicas novas e não curti muito. Nada contra, mas prefiro as cenas mais antigas.



One Voice - Break Free - Esta semana eu e o Miguel fomos buscar o Rafa ao aeroporto. O Rafa impôs duas condições: irmos a um restaurante jantar e ter CDs com youth crew no carro. Mais que isso, ter "a melhor banda europeia de sempre" - One Voice. Gostos à parte (Dead Stop sempre lá em cima, a bater no tecto), não conhecia esta banda mas é granda malha. Putos belgas pré-adolescentes a tocar mistura de Youth of Today com Straight Ahead e essa maralha de NY, mas com uma voz parecida à do Filip de Justice, a provar que mais uma vez a Bélgica foi (e é!?) solo fértil para boas bandas.


GIVE - Voodoo Leather - Eu nem sou destes rocks psicadélicos, mas esta banda conquistou-me. Calhou bem terem disponibilizado as faixas gratuitamente um dia depois de me ter chegado a casa esta tape (o Sandy deve ter feito das suas por Washington também, chegar dois meses depois ao destino...). A forma destes gajos trabalharem é do caraças, a tape vinha com uma zine com as letras, artwork, fotos e mil merdas de "apoio" à música. Esta malta está decididamente a fazer as coisas da maneira certa! Ah, os bacanos têm uma espécie de mailing list/fanclub em que mandas para lá um postal com a tua morada e eles mandam-te cenas à pala para casa! Por enquanto acho que são autocolantes e coisas mais miúdas, mas planeiam alargar a discos e shirts... power! 

Brotherhood - As Thick As Blood - A malta toda já sabe que o André é um bocado purista. "Ah e tal, isto é fixe mas para ouvir a banda onde roubam vou ouvir a original" é aquele comentário que tão certo como encontrar o Colombo à pinha no fim de semana antes do Natal (nota mental: dar-lhe discos mais "desafiadores"). Bom, a propósito da nova promo de Step Forward os Brotherhood obviamente vieram à baila e como sou um miúdo que gosta de ir buscar ali a pasta dos mp3 já cheia de pó para voltar a ouvir os clássicos, claro que depois acabou por ser um dos meus companheiros nesta semana bem menos agitada, com mais tempo livre e mais tempo para meter umas coisas em dia. As mudanças de tempo que esta banda praticava eram brutais, e algo que, na gíria popular, se traduz no ordinário "parte-me a piça em três". Não sou grande adepto de mutilação genital, mas se Brotherhood for a banda sonora ainda penso duas ou três vezes antes de dizer não. 

Think Twice - Deficit Youth - O puto Fábio já tem aí a zine fora, e ainda que não tenha conseguido apanhar cópias da mesma à data em que escrevo estas palavras, a amostra que ele deu pareceu-me cinco estrelas, e um salto tanto quantitativo como qualitativo na sua Be Yourself. Como sou um cusco, reparei que fala lá neste disco numa página em que tem uma playlist/lista de discos do ano, o que somado ao facto de ele me ter falado nesta banda múltiplas vezes me fez, finalmente, ir ouvi-la. Mais uma banda do Reino Unido, uma das muitas da nova vaga que apareceu no último par de anos. Youth crew hardcore, sabes como é que é, lento, rápido, lento, rápido.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Cinco Às Quintas: Tiago Gil (Backwash Recs)

Esta é uma rubrica em que colocaremos (quase) todas as semanas, à quinta-feira, uma pequena entrevista com cinco questões a uma banda. Esta semana decidi mandar umas perguntas ao meu co-autor aqui do blog, que acho o projecto dele bem fixe e digno de relevo aqui por estas bandas. 

Muito rapidamente, como é que surgiu a Backwash Records e qual foi a motivação principal por trás dela? Tenho ideia que sejas a única pessoa por trás da editora, estou enganado?

A Backwash surgiu depois de algum tempo a pensar como poderia fazer algo mais no hardcore, sendo uma cena da qual me sinto pertencente já há uns 8 ou 9 anitos. Sempre quis fazer uma banda mas as poucas tentativas para tal acontecer nunca deram fruto. Simultaneamente, o meu romance com os discos de vinil e as cassetes foi-se tornando algo cada vez mais sério até que pensei se não seria fixe dar à luz uns quantos rebentos fruto dessa relação (olha para mim todo literário e cheio de metáforas). Por acaso a ideia andava a ser pensada há algum tempo mas depois de uma visita a casa do Miguel e de ter andado a ver parte da colecção dele é que se deu aquele click e comecei a querer andar com as coisas para a frente. Falei com o PZ e o Louie da Black Rain e com o Ema da Juicy, bem como com o Vítor da Shut Up And Play para ter uma noção de como fazer as coisas e alguns meses depois saiu a tape de SHAPE e o split de Local Trap (quase em simultâneo, o que não era suposto) e comecei a mandar vir umas coisas para a distro.

A editora sou apenas eu, mas conto com vários amigos que me vão ajudando nas mais diversas coisas. Desde ajuda a nivel de artworks e trabalho gráfico onde sou um zero, a questões de logística com o fabrico das tapes até à simples promoção e ajuda em trocas com outras editoras e afins. O volume de negócios ainda não me obriga a contratar meia dúzia de chineses a baixo custo, ahah.

Como é ter uma editora/distribuidora em Portugal? Dirias que é um trabalho ingrato ou consegues encontrar apoio suficiente para continuar a alimentar novos lançamentos e discos para a distribuidora?

Não diria que é um trabalho ingrato, mas obviamente que tem as suas dificuldades, especialmente pelo facto de existir pouca malta a comprar discos. É assim, eu também tenho pouca coisa à venda, poucas cópias, e nem sempre o que tenho são de bandas conhecidas ou do hype o que não ajuda a um escoamento rápido, mas muito sinceramente não me posso queixar. Tenho um punhado de "clientes" habituais, que têm gostos similares aos meus e que acabam por me ficar com as coisas.

Costumo mandar vir coisas que gosto, por vezes numa tentativa de mostrar o que se vai fazendo fora das grandes editoras norte-americanas. Obviamente que curtia arranjar mais discos, chegar ali à Revelation ou à Deathwish, pegar na enorme lista de titulos que têm disponíveis para distros e mandar vir mil coisas, mas o dinheiro não dá para tudo, a alfândega não ajuda, e depois pensar que não me posso meter em tonteiras e empatar bué guita em algo que não sei quando serei ressarcido (se é que o serei). Pá, mas a chama ainda arde forte, e a vontade é de apostar em mais cenas para a distro, é surgirem bons deals e eu tentarei estar lá a mandar mails às editoras. Convem é que me respondam, ahah.

Os dois lançamentos até à data correram bem, ainda me sobram umas quantas cópias mas não estou demasiado preocupado com isso. Agora com mais tempo a ver se faço um forcing aí numas trocas e se tento libertar esse peso extra no caixote da editora. Pá, e depois cá em Portugal acho que tens pouca cultura de compra de discos. O pessoal cá acho que quer é merch. Aliás, isso nem é uma fenómeno nosso, acho que é mesmo a maneira de as coisas serem um pouco por todo o lado, a diferença é que tens um rácio maior de malta a comprar discos/malta a comprar merch. Eu já falei um bocado sobre isso num texto que está no blog, toda esta predominância do merchandise e no fundo da solvência financeira das bandas/editoras. É irem dar uma olhada!

A situação económica do país é outra coisa que acaba por afectar o pessoal. Largar 4 ou 5€ por um disco de vinil, quando podem ouvir isso à pala em casa é algo que faz sentido para muita gente. Mas o que interessa é que há malta interessada em vinil e em cassetes, e vou conseguindo aos poucos escoar o que mando vir para poder mandar vir coisas novas.

Qual é o teu modus operandi? Trabalhas só online ou também levas a banca para concertos, Feira da Ladra, Colombo, etc?

A minha forma de trabalhar é um bocado "personalizada", o que se calhar dificulta uma maior promoção e captação de público. Também fruto da minha maneira de ser, não gosto de ser chato e andar a melgar o pessoal para fazer likes, procuro promover a editora com calma, sem forçar ajudas, porque a meu ver tem de ser algo que devo ser eu, como responsável, a fazer. Mas a parte da promoção é sem dúvida algo que tenho de começar a focar-me e a investir um pouco mais, ter mais material promocional e tentar dar mais visibilidade à editora. Isto sem ser chato, que não sou os gajos do CityBank a tentar arranjar clientes.

Costumo levar a banca para parte dos concertos a que me desloco, tendo em conta a minha disponibilidade e a possibilidade de o fazer. Acho que é o mais importante se tens uma editora ou distro, estares presente para mostrares o que tens, falares do que tens e no fundo criares ligações com as pessoas. É um complemento essencial ao teu catálogo na Internet. Ainda não fui para feiras nem para a porta do Colombo, mas é uma ideia a estudar. Há a vontade de fazer aí uma pequena feira do disco/zines/etc num futuro próximo, é algo que alguns amigos estão a planear e que conto fazer parte.

Fala-me um pouco dos lançamentos que já fizeste e apresenta-os um pouco aos nossos leitores, decerto que há muita gente que ainda não ouviu falar das bandas e - eventualmente - até queira abrir os cordões à bolsa (dica).

Bom, até agora fiz pouca coisa, ahah. Lancei a tape de SHAPE e fiz parte do conjunto de editoras que lançou a split tape de Local Trap e Knives Out. O primeiro lançamento foi a demo regravada de SHAPE, que era uma banda que na altura estava a dar dos melhores concertos em Portugal e que não tinha nada editado (fora a primeira demo, ainda com a primeira formação), pelo que me cheguei à frente e falei com o Cabeças e o Peter e eles curtiram a ideia. Depois de vários atrasos (que expliquei em maior detalhe num post do Coisas Com História), ela lá saiu, praticamente em simultâneo com o split. Depois de um período de pausa na banda eles voltaram ao concertos e o gás não se perdeu, das melhores bandas ao vivo que temos no nosso país. Quem andou a dormir é bom que abra a pestana e os vá ver!

A minha participação no split surgiu em conversa com o Vitor da Shut Up And Play, que me falou no lançamento e perguntou se estaria interessado em participar. A resposta foi rápida, e em pouco tempo a tape estava cá fora. Os Local Trap tocam um hardcore mais sujo, com cenas meio crust, e os Knives Out (que acho que entretanto acabaram e deram lugar aos Nihilistic Bastard) também vagueavam por esses antros de escuridão.

Bom, desde esses dois lançamentos já se passaram uns quantos meses, e restam-me meia dúzia de cópias da tape de Shape. As tapes do split já foram todas à vida e creio que poucas cópias ainda circulam pelas diversas editoras do split, o que é bom sinal. Aproveito para deixar aqui o meu sincero obrigado a quem me ajudou a recuperar o investimento ao comprar as ditas! Quem não o fez ainda está bem a tempo!

O que é que o futuro reserva à Backwash? Que tipo de lançamentos podemos esperar? Para os que não estão acerca, deixa aí a melhor forma de entrarem em contacto contigo.

O futuro... Bom, no horizonte existem duas coisas mais ou menos acertadas: Uma já anunciada, a live tape de Challenge, que entretanto foi adiada para início de 2013, e a participação num lançamento, em vinil, de uma banda nacional. Depois estou um bocado dependente do aparecimento de novas bandas no panorama nacional que me digam algo e que me façam querer apostar nelas. Se elas surgirão já é outra questão, ahah. Mas tenho confiança, há malta nova a mexer-se, e alguma coisa excitante há de acontecer.

Fora isso vão continuar a surgir as newsletters, com maior ou menor regularidade, em que vou falando das novidades da editora e tendo umas reviews e umas entrevistas e algo do género. Distribuição gratuita, claro. Na distro hão de surgir novidades, haja dinheiro e malta a comprar o que vou tendo e não prevejo abrandamentos na busca de novas coisas, pelo contrário.

Bom, então para quem não me conhece podem sempre fazer gosto na página do Facebook da Backwash em www.facebook.com/bckwshrecs, ir dando uma olhada na página do bigcartel em http://backwashrecords.bigcartel.com/ e contactar-me para o email backwashrecs@gmail.com. Respondo sempre a tudo e a todos, e procuro manter sempre o pessoal a par do que se vai passando no império da Backwash.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Discos Trocados: Nirvana/Valete

Todas as semanas trocamos um disco entre nós e falamos um pouco sobre o disco que nos calhou - tanto pode ser um clássico como uma porcaria autêntica, mas é aí mesmo que está a piada. Esta semana - a vigésima quinta desde que começámos esta rubrica - decidimos não nos cingir ao hardcore, só por piada. Curtam aí...

Tiago
Nirvana - Hormoaning (1992)

Nunca tive uma relação muito boa com Nirvana. Nunca achei piada à onda depressiva do grunge e sendo eles o expoente máximo do género nunca lhes liguei peva. Ya, claro, um gajo é sempre bombarbeado com Nirvana em todo o lado, que remédio tenho eu de os gramar quando isso dá algures, mas sempre procurei manter os meus ouvidos a salvo da voz do cheirado do Kurt. Escusado será dizer que ganhei um certo ódio de estimação pelo Nevermind e em especial pela Smells Like Teen Spirit. Sabes quando uma coisa dá tanta vez e vês tanto azeite a escorrer graças a ela que te começas a abominá-la, ainda que no seu intímo nem seja assim tão má como a pintas? É um bocado assim a minha relação com Nirvana. Hate me now.

Quando o André me manda isto para ouvir estava à espera daquela cena um bocado, mas este ep nem é tão mau como isso. Quatro covers e duas originais, com covers de Wipers e de Devo deram um pontitos aos gajos. A voz sumida do Kurt não me apraz, mas até se ouve bem. O Dave é que há de ser um gajo bacano pra caralho. Não só toca bué como aparente ser um tipo divertido. Ia na boa passar uns dias com o gajo, desde que fosse ele a financiar as férias, não havia de lhe fazer grande mossa...

André
Valete - Educação Visual (2002)

E quem é que curte bué Valete? Tu? Se curtes bué Valete faz de conta que eu gosto deste disco e não leias mais! Obrigado pelo teu tempo. Não, mas a sério... hip hop tuga. Eu curto bué de hip hop, não tudo, claro, mas muitas cenas. Algum gangsta rap da Califórnia dos fins de 80, muito hip hop nova-iorquino de inícios e meios de 90 e... pouco mais. Toda aquela onda funky e girinha e bonitinha não dá para mim. Hip hop assim mais goofy? Ainda menos. Se não for sobre miúdas, carros, armas, violência, etc, as chances de me interessar são muito curtas. Rapper preferido? Big L, como se não soubessem. Anyway, I digress... Acho que nunca tinha ouvido isto com atenção, mas posso começar pela capa: não. Em 2002 já havia Photoshop. 

Mas a sério, o som lembra-me as tapes do Bomberjack e essas ondas assim mais hip hop alegre e menos hip hop escuro e desde que o Halloween apareceu na cena que praticamente não oiço mais nenhum rapper tuga. Fasquia demasiado elevada. Na boa a quem curte: o hip hop não é a minha cena, sou um puto do hardcore. Venham atrás de mim por dizer que o Hallo está no topo da liga dele. Me? I always tell the truth, even when I lie.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Review: Porto Hardcore Benefit #1 @ Altar, Porto


Provavelmente este foi o melhor cartaz cá no Porto de 2012, juntando isso ao facto de ser Benefit: não dava mesmo para faltar.

Com dúvidas no hórario do concerto, a mulher querer andar a fazer compras mais boleia de familiares até ao Porto, fez com que eu e a mulher fossemos os primeiros a chegar a sala do concerto. Aproveitámos e fomos ao Pingo Doce comprar mantimentos para o antes e o depois dos concertos. Com o passar do tempo o pessoal foi chegando e trocaram-se dois dedos de conversa, enquanto o bar não abria. No meio da conversa acabei por perder a noção do tempo, por isso não faço a mínima ideia a que horas começou, mas penso que não atrasou muito.

Just Say No! foram os primeiros a tocar, ninguém estava à espera pois foi o concerto supresa da tarde/noite. A banda é composta pelo Fábio de São João da Madeira na voz (att, a zine dele já esgotou mas vão checkar a cena para se sentirem mal por não terem comprado) o Xicote na bateria, o Felix na guitarra e um outro rapaz que não conheço, no baixo. Tocaram 4 músicas se não estou em erro, bem rápidas e acabaram o show com uma cover de Time X, e assim foi o principio de uma banda que, com certeza, vai tocar muito por aí.

A seguir tocaram as bandas da 'casa', Cruel Mind e os Shitmouth, com sets rápidos como sempre e com uma adesão bem fixe do público. É bué bom ver estes projectos novos a ganhar força (Attn, acho que os
Shitmouth lançaram ou estão para lançar algo pela SUAP, dêem um check!)

De seguida tocaram os Birds que nunca tinha conseguido ver ao vivo (ATW, SB! - Ex-Bar Undergroud) e só posso dizer que é mesmo, mesmo bom! Hardcore mais 'negro' com grande instrumental (bem, o pessoal manda uma atitude a tocar que só visto) e com uma voz que encaixa mesmo no ponto, se bem que o cabo do micro se fodeu e passámos parte do concerto só a ouvir o instrumental... Mesmo assim, passaram o teste com distinção ahah! (check na demo que estes pequenos pardais acabaram de lançar. Vale mesmo a pena!).

Passadas duas semanas voltaram ao mesmo espaço os Challenge. Não há muito que dizer, mocada para ali, pontapés para acolá, nódoas negras (este sou eu a comer mesas com a testa), sing along e isso tudo. Acabaram o concerto com a cover de Black Flag pois foram obrigados pelo público a tocar (checkem o promo com 3 músicas que eles fizeram, custa 2€ e é bem bonito).

E então chega o momento que eu mais esperava, SHAPE! Começaram o concerto com a Rotten Inside o que fez com que a sala virásse uma selva com toda a gente a cantar/gritar a letra. De seguida tocaram outra música da qual não me lembro (deve ter sido da pancada na cabeça) mas sei que a 3ª ou 4ª foi a Life is Hard e deus me livre, que jarda de música! Repetiu-se o filme do início do concerto. Mesmo lindo. Mas o momento da noite estava guardado para quando tocaram a 92 de X-Acto, que inferno aqueles 2 minutos, toda a gente a cantar e dançar, que feeling brutal! Acabaram o concerto com uma cover de Have Heart que caiu que nem ginjas. Para mim Shape é uma das melhores banda do país, o Cabeças é um monstro em palco, as letras são soberbas e o pessoal é mesmo bacano!

Entretanto vim apanhar ar cá para fora e fiquei à conversa com o meu sempre fiel amigo Valente e o pessoal de Shape e acabámos por nem nos aperceber que DWC tinha começado, e entretanto acabado...falha minha, curtia ter visto os rapazes.

Agora vamos à parte menos boa... Este concerto teve provavelmente um dos melhores cartazes que por cá passou no último ano. Era Benefit, a um hórario fixe, numa sala que toda a gente conhece, um preço justo (6 bandas que acabaram por ser 7 = 5/6€). Havia jantar por 1€. E mesmo assim apareceram 30 e poucas pessoas. Acho mesmo ridículo, 3 bandas do Porto e 3 bandas de fora só trazerem 30 e poucas pessoas. O concerto foi bem publicitado e marcado com antecedência. É verdade que haviam outras coisas na cidade nesse dia (Fest Punk na Casa Viva e Valete no Hardclub), mas mesmo assim não há desculpa.

Tenho pena por quem marca os concertos e se esforça em fazer as merdas acontecer duma maneira fixe (quantos Benefits houve nos últimos tempos, no Porto?) e acaba por ficar a arder. Esta é uma das razões para deixar de marcar shows e quando isso acontecer, não vejo muito mais gente a querer marcar concertos, ou seja, acredito que em breve os concertos comecem a ser bem poucos. Esperemos que não...

Valeu pelas coisas que se conseguiu juntar para as pessoas sem abrigo (ah, também achei uma beca falta de respeito não ter lá estado alguém do grupo Coração na Rua, mas not my business...), pelo ambiente sempre bacano que esteve lá dentro e pelos bons concertos que as bandas deram. É bacano ires embora no comboio a ler uma zine e a pensar que alguém já vai ter uma refeição ou um cobertor para ajudar a proteger do frio.

Já agora, se passarem pelo jardim do Carregal (bem perto do Altar), olhem para a entrada de um dos prédios e irão encontrar um senhor de muletas que, se lhe derem uma sandes, pacote de bolachas ou apenas uma palavra, irão sentir que foram abençoados. Acreditem, sabe mesmo bem!

Até à próxima! E já sabem: menos facebook, mais concertos!

Review pelo Luís Silva, El Tractor de Paredes aka o homem que sai sempre com mazelas dos concertos.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Discos Trocados: Carry Nation/J.F.A.

Todas as semanas trocamos um disco entre nós e falamos um pouco sobre o disco que nos calhou - tanto pode ser um clássico como uma porcaria autêntica, mas é aí mesmo que está a piada. Esta semana vem (outra vez...) com uns dias atraso, oops!

Tiago
Carry Nation - Face The Nation (1989)

Isto é fixe. Não me lembrava de ter ouvido isto, malta de Insted e No For An Answer ao barulho, mas o som é algo diferente, mais "pesado" e lento, mas com uns cheirinhos que te fazem pensar que realmente faz sentido tocarem aqui os manos dessas bandas. Ep com quatro malhas, ouve-se bem, "curto e grosso", como diz o Miguel. Até curtia ter as letras disto para checkar que parece que dizem umas coisas interessantes...Engraçado que foram buscar o nome a uma radical anti-alcool que atacava saloons com um machado, ahaha. Ri-me bué a ler a história da mulher. Oh well, antes isso que nomes de merda com frases inteiras.

André
J.F.A. - Blatant Localism (1981)

Granda clássico. Curto bué. Prémio nome de banda mais bizarro de sempre? Jodie Foster's Army? lol, brutal. Hardcore rápido (e lento, aquelas partes à Circle Jerks) bem do skate e com aquele cheirinho a Verão, ah... hardcore da costa oeste, you can't beat the feeling. Bom demais. Este por acaso não é o meu disco preferido deles, acho o LP bem mais interessante. Valley of the qualquer cenas. Será que é por nesse disco eles meterem uma série de influências do surf rock incluindo uma cover bem bacana da Walk Don't Run? Possível, possível. O Pulp Fiction mudou mesmo a minha vida, surf rock é mesmo uma cena brutal. Não conhecem nada? Busquem Dick Dale, Rivieras, Surfaris, Trashmen...

Review: Breaking Point + Brutality Will Prevail + Down To Nothing no Underworld (Londres)


Já há uns bons tempos que não ficava verdadeiramente excitado para ver um concerto como fiquei para ver Down To Nothing (DTN). Vocês sabem, meter os discos no mp3, andar a ouvir a semana toda, ver vídeos da banda no YouTube, aquela antecipação. DTN é provavelmente das poucas bandas straightedge da actualidade que realmente curto, e que até as letras do straightedge pride eu canto com vontade. Foi algo que começou talvez com os Champion (ou terão sido os Chain of Strength?), mas DTN tem aquele groove e aquelas partes mais à Terror que realmente me deixam maluco. Além disso é daquelas bandas que não se leva demasiado a sério e que fala de coisas importantes e faz uma boa autocrítica ao hardcore, o que vale sempre pontos extra no meu livro. Mas deixemo-nos de palestras. 

A noite ia ser longa (quatro bandas anunciadas mais uma que foi metida de surpresa no cartaz) por isso chegámos já a primeira banda estava a arrumar a tralha. Nada contra os Final Rage, mas fica para a próxima. De seguida vieram os Breaking Point, uma banda que eu pensava ser mais do old school mas se revelou mais do mesmo: mosh durão, riffs super batidos... lembrou-me Broken Teeth, ou seja: chato. Se calhar é porque não consigo levar a sério um miúdo de 19 ou 20 anos cuja voz mal se ouvia no meio do instrumental a gritar "crowd kill!" para os malucos no pit. Desistimos da banda a meio.

Um Red Bull e uma Corona depois (acho que foi a primeira vez que consumi no bar do Underworld, a não repetir dados os preços) e já os Abolition estavam prontos para tocar. Metalcore edge à la '90s com uns truques pelo meio, com disco novo acabadinho de lançar, e os principais impulsionadores do “London Straight Edge” que tem vindo a ganhar força pelo que vou percebendo aqui da “cena” local.
A diferença para a banda anterior foi notória, ainda que pelo menos um dos guitarristas seja o mesmo de Breaking Point. Coesos em palco, uma ou duas músicas (penso que as novas) muito bem conseguidas e um vocalista que parecia um skinhead pronto a dar biqueiros na cabeça de um qualquer drogado (exagero meu, o rapaz até acho que é boa onda, mas estamos em 2012, um bocado tarde para ir buscar modas dessas, e no último concerto que vi deles o rapaz tinha uma aparência super “normal”). Mas boa banda surpresa, gostei de os rever e sentir evolução na banda.
De seguida, Brutality Will Prevail. Segunda vez que os vejo no espaço de um mês, o que só quer dizer que a banda está imparável, e isso nota-se e muito em palco. Presença de banda que já tem muita rodagem, set bastante coeso (lá para o meio morreu um pouco mas eu também não conheço bem as músicas) e um vocalista que tem uma voz que encaixa na perfeição para o tipo de som que é (ainda que muito roubada ao George de Blacklisted como já referi na outra review, mas eu adoro Blacklisted). A banda está claramente num momento de topo, montes de gente no pit a espera que eles começassem, toda a gente a cantar as letras do novo disco, e sinceramente dão um concerto ao nível de muitas bandas mais internacionais.
A única coisa que me chateia é os riffs soarem todos a música de filme de terror, demasiado arrastado e pesadão... ao vivo rende, mas em disco não me puxa, e não vejo grande futuro se a banda não começar a meter coisas novas além do que já fazem. Mas vale mais ao vivo que em disco sem dúvida. Troca de material bem rápida e os cabeças de cartaz já estavam em cima de palco num instante. Estava à espera que muito do pessoal que estava em BWP bazasse, afinal de contas é banda que pouco ou nada tem a ver com Down To Nothing, e os últimos estão bem longe dos hypes que correm na Europa, afinal de contas estamos a falar de uma banda que não lança nada há cinco anos. Mas não, casa bem composta e muita gente já lá na frente comigo à espera que o concerto começasse. 

Notava-se uma certa diferença de idades, malta mais velha à minha volta... ou seja mocada a sério, prometia. E eis que o concerto começa com uma cover de Minor Threat (posso estar enganado mas acho que era a I Don’t Want to Hear It) [ED: Foram as duas primeiras do EP]. Aposta segura pois claro, eles não são parvos e sabiam bem que a malta edge estava ali em peso. Quando dei por mim já estava a ser esmagadíssimo e a ver montes de manos a desabar em cima de toda a gente vindos do palco. Stage dives a montes, mesmo como eu gosto no meu hardcore. E o feeling não se perdeu, a banda seguiu a todo o vapor num set que misturou na dose ideal as músicas de todos os discos. Tocaram tudo o que queria ouvir do Splitting Headache, o meu disco favorito deles, sem esquecer o primeiro disco e não saturar demasiado com músicas do The Most (Conquer the World, valeu), havendo ainda tempo para uma All My Sons em uníssono com a sala.
Sempre acompanhado de sing alongs massivos, o David agradeceu a toda a gente que viajou para o concerto, pessoal que veio do estrangeiro inclusive, e anunciou que haverá novo disco deles na Primavera, lançamento da Revelation Records. Foi daqueles concertos em que o público está mesmo em sintonia com a banda, com espaço suficiente para quem quer moshar não incomodar quem quer só cantar e mandar uns dives, num ambiente boa onda e positivo, o que seria de esperar para a banda que é. Fez-me lembrar o concerto de H2O na mesma sala também este ano, valeu mesmo. Set de 35 minutos sem encores nem merdas, a terminar com a Home Sweet Home. Hardcore for hardcore pois está claro.
“Hanging out is what we do best...“ Tão bom.

Review pelo Capitão Ema (AKA o grande boss da Juicy Records - botem olho e apoiem)

Playlist da Semana #24

Todas as semanas, a Playlist da Semana. Porque no partilhar é que está o ganho.


Quasimoto - The Unseen - Granda desenterranço este disco. Mas hey, afinal este disco é um exemplo perfeito do puro crate diggin' (dica: ouvir esta faixa de Lootpack). O Madlib (Quasimoto aka Lord Quas é um dos pseudónimos do gajo) é um chefe no que diz respeito a ir buscar discos do arco da velha cheios de pó e sacar uns samples ridículos de tão bons que são. Basicamente isto é ele a rimar em cima dos seus próprios beats com uma voz toda marada, parece que andou a dar no hélio. Não raras vezes tens intros bem fixes em que o Madlib fala com o seu pseudónimo Quasimoto, ahah. Esta semana deu bué hip-hop. Mas hip-hop a sério. Quando apanhas aí um video no youtube do 50 Cent numa rádio a dizer que hoje em dia o hip-hop é pop sabes que a coisa está preta.


Wu-Tang Clan - Enter The Wu-Tang (36 Chambers) - Este disco merece descrição? Claro que não. É daqueles que tem de figurar nas pastas de mp3 de TODA a gente. Clássico! Semana com Wu-Tang nos ouvidos é sinónimo de viagens de metro a abanar a cabeça durante todo o percurso.

Wu-Tang Clan - Wu-Tang Forever - "Wu-Tang again?" "Ah yeah, again and again!" É porque não sabes e andaste a dormir. Ou deveria dizer hibernar? Não tão bom como o 36 Chambers, mas tem lá umas faixas que me partem todo. O RZA é um génio, e nestes dois cds o gajo dá lições de como fazer beats. Por acaso a faixa com o beat mais banger do disco (adoro) é a Heaterz produziada pelo Tru Master, mas se me perguntarem qual é a minha favorita não vos sei responder.

Obituary - Cause of Death - O André é que os foi ver no outro dia, mas passei este disco me acompanhar no iPod e isto é só o melhor acordar possível. PESADO é dizer pouco. Riffs incríveis, bateria nas horas, voz do quinto dos Infernos. Isto com o volume no máximo é mesmo de virar tripas do avesso. (hehe)

Kraut - An Adjustment To Society - Punk do início dos anos 80 a ir buscar às bandas de 77 inglesas, com refrões do caraças e melodias bacanas, guitarradas valentes e boa produção. É porque não estou lá caído. (Talvez?) das bandas mais underrated da altura, tem aqui malhas que te colam à primeira, começando logo pela primeira malha, a All Twisted.



Deftones - Koi No Yokan - É lixado... quando eu decido que não vou gastar mais dinheiro em concertos de bandas que já vi (para juntar dinheiro para esta viagem), os Deftones lançam um disco novo e marcam uma data em Londres a puxar boa libra. Claro que não estou a resistir, não só foram as músicas do Diamond Eyes feitas para experimentar ao vivo, como este disco se vai revelando melhor a cada audição. Ai a minha vida mesmo, lá vou ter de comprar um bilhetinho, ora não é verdade? Que se foda, era pior se fosse agarrado ao crack.

Strife - One Truth - Ainda não ouvi o disco novo, mas continuo colado a este. Tenho de lá ir. Vi algures que eles vão a Lisboa com H2O. Nigga what? Granda concerto - espero que seja no Santiago Alquimista. Das melhores sala? Certamente. Só uma carpetezinha para aquela merda não ficar pista de patinagem no gelo e era granda onda. Claro que agora fiquei com sonhos molhados de ver essas duas bandas no Underworld - era um tour package bem bacano, e um hang out brutal mais que garantido com os suspeitos do costume.

DYS - Brotherhood - Discão, né? Já nem sei porque vim ouvir isto. Devia estar inspirado por escrever algum post na parede da nossa página do Facebook - acontece. Boston não costuma deixar muitas dúvidas. São certamente a minha cena preferida da primeira metade dos anos 80, ainda que nenhuma das minhas duas bandas preferidas de hardcore seja de lá - LOL! San Francisco e Nova Iorque - fácil de adivinhar. Acho que uma vez os Time X uma vez gravaram esta cover mas o produto final, ya. Boa tentativa though.

Green Day - Nimrod - No outro dia tinha estado a pôr uns tags nuns discos em mp3 e cruzei-me com este. Porque é que não o tinha no iTunes? No idea. Mas agora já tá resolvido. Em 1994, quando comprei o meu primeiro CD, era coladão em Nirvana. Aquelas cenas de puto... 12 anos também não dá para mais. A minha segunda banda foram os Green Day. O Dookie é granda clássico, curtam ou não. Quem é que tem em vinil verde, quem? Ah, pois. O Nimrod também é fixe e acho que a partir daí já não é muito a minha cena. Em 1997 comprei o The Great Southern Trendkill e acho que depois de ouvir isto, o meu gosto musical mudou completamente de rota. É porque não sabes. Ainda assim, este disco é bem bacano. Lembra-me bons (e maus) verões passados em Sesimbra.

Trapped Under Ice - Demo - Às vezes sinto-me um bocado mal em relação aos Trapped Under Ice. Quer dizer, eu sei que já venho bem late for the party e sei que vocês sabem que nunca fui grande fã deles. Sinto-me mal porque já os vi umas cinco vezes (em salas bem pequenas, salas grandes, em Nova Iorque...) e continua a não me dizer muito. No entanto, havia duas músicas deles que eu curtia bué, e acontece que elas estão na demo. O Ema foi um super bacano e pôs-me isso online há uns tempos por isso decidi vir em busca delas. Claro que esta demo transpira Crown Of Thornz misturado com Integrity do início, mas acho que já me estou a cagar para isso. Não quer dizer que esteja loucão por eles, mas vamos ver se consigo transicionar (esta palavra existe? lol) para o EP. Ah, as malhas são a Soul Vice e a Evelyn, embora a Evelyn enrole uma beca para o meio. 

domingo, 9 de dezembro de 2012

Discos Trocados: Heavyweight/Step Forward

Todas as semanas trocamos um disco entre nós e falamos um pouco sobre o disco que nos calhou - tanto pode ser um clássico como uma porcaria autêntica, mas é aí mesmo que está a piada. Esta semana vem com uns dias atraso, oops!

Tiago
 Heavyweight - Demo (2004)

Man, não conhecia isto mas que granda estalo! Por acaso tenho andado a ouvir bastante o Crime Ridden Society. É crime dizer que a Pure Disgust é das melhores malhas desse disco, tirando a letra bem parva da vida que tem? Muito provavelmente não. Não tenho paciência nenhuma para o que veio a seguir, letras para o shock value com conversa de cha-cha de conservador americano dizem-me zero, mas isso não impede o primeiro disco de ser bom que dói.

O André enviou-me isto e eu não conhecia. Apesar do nome a indicar peso e do artwork farsola isto é granda power, e algo que achei surpreendentemente bom. Não que o André habitualmente me mande lixo, mas tendo em conta o meu gosto refinado, foi boa onda. Chubbie Fresh de OLC/Integrity a cantar, som pesado e rápido qb, acho que o meu iPod ganhou novo habitante para melhor audição. O som é bem à OLC, não disponho é das letras para conferir o teor das mesmas...

André
Step Forward - New Songs (2012)

Admito que adorava estar aqui a escrever que o Tiago me tinha convertido à legião de fãs dos Step Forward, mas infelizmente isso não aconteceu. Eu acho que ouvi a primeira demo ou EP deles quando saiu e achei que soava demasiado a Brotherhood para o meu gosto - o feeling "banda tributo" ou "banda que soa a outra banda" nunca me convenceu assim muito, basta uma passagem de olhos nos cerca de 500 discos de hardcore no meu iTunes para perceber isso. Jailbreak soa a No Warning? Debatable, mas a pegar num exemplo só mesmo esse. Sem querer soar hater ou estar só a mandar vir para o sake of it, Step Forward simplesmente não o faz por mim. Quer dizer, já ouvi hardcore suficiente ao longo da última década e picos para saber o que é que me faz mexer ou não. Não digo que Step Forward seja mau, mas é demasiado colado a Brotherhood para eu os conseguir levar a sério (a voz então... lol). Word of warning: Isto deve ter sido gravado num ensaio por isso a produção é não-existente.

Mas na boa, há espaço para todos. Há hypes para todos. A única cena que eu tenho a dizer é que esta banda não é aquilo que a fazem, e desafio quem discordar e o quiser discutir (ordeiramente) a me apresentar alguns argumentos a defender contrário. Não há nada como falar de hardcore! Principalmente com Brotherhood a tocar no fundo.

Playlist da Semana #23

Todas as semanas, a Playlist da Semana. Porque no partilhar é que está o ganho.


Iron Boots - Weight of the World - É de mim ou esta semana passou mega rápido? Eu já nem sei bem a quantas ando, mas parece que o tempo anda a passar depressa demais. Não que anseie por nada em especial ou tenha coisas fazer, mas ando com a noção de tempo completamente atrofiada. Provavelmente é a rotina do trabalho a entrar em acção...Bom, mas passemos ao que interessa. Já não cheirava o antro que é o fórum da Bridge 9 há uns tempos, mas fui lá à procura de informações sobre a tape de Step Forward a semana passada e acabei por andar a cuscar mais umas coisas. Tópico de apreciação a Iron Boots? Claro que fui lá dar a minha achega e dizer que é das melhores bandas a sair de Virginia Beach, bem como das minhas favoritas. Bom, mas bom. 

Wasted Time - Futility - Man, aquelas bandas todas do revivalismo do hardcore à 80's de meados dos anos 2000 eram tão boas! Direct Control, Government Warning, 86 Mentality, Wasted Time...era um bocado uma cena à parte, os lançamentos da No Way e da Grave Mistake, aquilo era (e ainda é no caso da Grave Mistake, salvo raras excepções) cada tiro cada melro. Sei que há aí uma malta com bom gosto que curte bué esta banda. Também difícil será não gostar. Finalmente orientei este lp, obrigado Destroy It Yourself! 

Bracewar - Juggernaut - Não raras vezes o demónio cibernáutico que me assombra chamado eBay faz-me ir buscar discos que já não ouço ao tempo. Um gajo ainda é novo, tem poucas despesas pelo que acaba por gastar alguma guita nestes vícios (saudáveis) e o eBay acaba por ser um fiel companheiro na lenta construcção de uma colecção de discos, com os seus vícios e virtudes. Safei este disco esta semana completando assim a colecção, pelo que fiquei contentinho da vida e fui celebrar a ouvir os mp3. Não, não tenho as variantes todas, record nerds não precisam de se abespinhar que talvez isso um dia aconteça e deixe de dizer que "completei colecções" sem ter as edições do fest X e Y. Ah, Bracewar é tipo chapada na tromba. Essa frase mítica daquele puto rapper azeiteiro que adoro utilizar para descrever o hardcore como gosto, rápido e sem merdas.

Wrong Idea - What's Left Inside - Isto foi uma dica aí do Fábio, que me deu o link para sacar isto há uma data de tempo mas só fui ouvir isto esta semana. Pa, youth crew banal, não que isso seja automaticamente mau, porque dá para dar um pézinho, mas é uma entre mil bandas que tocam o género. Ainda assim, valeu o download, e estarei atento a novidades, se é que alguma vez existirão.


JR Ewing - Calling In Dead - Bem, aos anos mesmo! A primeira vez que ouvi este disco foi há tanto tempo que nem sequer me lembro há quanto tempo foi. Isto não é bem screamo porque ainda tem bué influência de hardcore, mas também não metalcore. É aquela onda no meio que se usava muito, sabem? Regardless, no outro dia estava a organizar o meu caixote de mp3 que não pertencem à minha colecção pessoal AKA iTunes e decidi dar-lhes uma ouvidela - colei logo. Escusado será dizer que agora já passaram do caixote para o iTunes. Ai não. E o concerto deles com Renewal e Time X na Kasa, que acabou com a bófia a entrar de caçadeira e lanterna durante o set de Renewal a perguntar quem é que era responsável por aquilo. Pesado. Pena. Curtia de os ter visto, até tinha o LP e tudo.

Rival Mob - Raw Life - Sim, sim e sim. Eu quero mais é que o hype se vá foder. Eu oiço Rival Mob porque desperta o lado mais negro em mim. Não, isso é o metal. Ou será? Bom, metam estes manos a tocar a Londres e eu JURO que se não aleijar vou sair de lá aleijado. Mesmo do começar porrada à toa só porque se levou um encontrão. Yup, desperta o lado mais negro em mim. Então se apanhar selvagens a fazer aquelas danças burras que se vê nos vídeos dos concertos da América é hoods up na minha hoodie do United e vai tudo varrido pelo mini furacão tuga. Última vez que isto aconteceu? Bracewar. Em pulgas é pouco. RAAAAAAAW LIIIIIIIIIIFE!

Nile - Those Whom The Gods Detest - Continuando a vibe metaleira das últimas semanas, esta semana peguei neste disco de Nile e apercebi-me que até tenho algumas saudades de os ver ao vivo. Quando cheguei à quinta vez (em três países diferentes) decidi que ia dar um breakzinho, mas acho que já os voltava a ver. A ver se fico atento a datas. Verdade seja dita, os Nile nunca desapontam com os novos discos - cada vez mais limpo, cada vez mais técnico, nem por isso mais brutal. Mas não desaponta. Este disco é de 2009 e é boa pastilha. Death metal e Egipto num só - como não amar?

Alice Cooper - Greatest Hits - Curto bué de Alice Cooper - mas só mesmo assim em Greatest Hits, álbum completo aborrece-me uma beca. Não é a minha cena. Há algumas bandas assim… Foo Fighters? Para além do primeiro disco, só Best Of. Blur? Só Best Of. Enfim! Anyway, quem seguiu isto no Facebook no outro dia? Foi bacano, ein? A ver se faço outro com rock antigo com boas bolas. Eu acho que a Poison é uma das minhas malhas preferidas de sempre - no joking. Este disco tem isso e muito mais e pá, pronto, tem de ser. I wanna kiss you but your lips are venomous poison, you're poison running through my veins! Mas essa nem é a melhor… I want to hurt you just to hear you screaming my name. Chama-lhe kinky.

Obituary - Dead - Claro. Claro que sim. Sabes que estás excitado para um concerto quando nessa semana só ouves quase essa banda e vais para o concerto a ouvi-los - fã. Disco ao vivo não falha, aquele gajo é tão brutal que até fico com vontade de os ver de novo só por isso (e pelo resto). Ok, pessoal do hardcore que torce o nariz à metalada… a Back To One? Não sentem nada? Nigga please. Se fosse uma banda qualquer de Nova Iorque a copiar isto aposto que já era fixe, LOL! O pior é que aposto que há bandas a fazê-lo. Man, é bom demais. É tipo levar um chapadão na boca com toda a força e gostar.

Review: Nihilistic Bastards + Battlescars + Local Trap + Besta + Utopium no V5 (Porto)



Ora bem... sexta-feira é aquele dia da semana pelo qual ansiamos a semana toda. Quando vai haver concerto nesse dia e vais estar com o pessoal a ansiedade para que chegue sexta é o dobro. Estou a falar do concerto de Utopium, Besta, Local Trap, Battlescars e Nihilistic Bastard no V5. O concerto estava marcado para as 19h mas como o pessoal gosta de por a conversa em dia, vai sempre meia horinha mais cedo. Eram 18h30 e já estava ä porta do V5 a falar com o pessoal do costume, o que é sempre das minhas partes favoritas de um concerto: o convívio.

Eram 19h quando as portas abriram, passado 15 minutos começa Nihilistic Bastard, uma banda de powerviolence de Leiria bastante recente e que deram um bom concerto. Foram só 15 minutos mas deu para ver que vai sair dali uma coisa boa, músicas de powerviolence rápidas, como o povo gosta. A sala ainda estava pouco composta e o pessoal bastante parado - mas na frente - a apreciar o concerto deles. Não tive muita noção do tempo de intervalo entre Nihilistic Bastard e Battlescars mas não deve ter passado dos 15/20 minutos. Battlescars é uma banda de crust punk de Figueira da Foz. Apesar de crust punk não ser um estilo que eu ouça no meu dia-a-dia admito que aprecio bastante quando me mostram músicas deste género. Battlescars foi muito bom, tem um som muito bom e o vocalista tem uma energia e presença de palco muito boa.

A sala já estava mais bem composta e começou a haver um bom moshpit também, por influência do vocalista que ia cantar para o meio do público e ia empurrando o pessoal para este não perder a pica. Tocaram durante cerca de meia hora. Passados uns 15/20 min, e com a sala já muito bem composta (estavam cerca de 60/70 pessoas) começa Local Trap: uma das melhores bandas de hardcore (apesar de ser um hardcore mais obscuro e negro) do Porto, até mesmo de Portugal. A pedido do vocalista o pessoal chegou-se todo para a frente, dando início aos stage dives e um mosh pit com mais pessoas e mais energia. Foi o meu concerto favorito do final da tarde/noite, uma banda com uma presença em palco excelente (o baterista estava com 5 pontos num dedo e mesmo assim arrebentou com aquilo tudo) O ponto alto deste concerto foi, sem dúvida, a música "This Sick Machine" com pessoas a subir constantemente ao palco para cantar.

Passado cerca de um quarto de hora, Besta entra em palco - uma banda que da primeira vez que ouvi não gostei, mas quando na semana passada decidi dar uma nova oportunidade, gostei e muito. Deram um concerto longo, a comparar com o tamanho das músicas, mas foi "porrada de meia-noite" do início ao fim, lá para meio do set deles perdi a conta na quantidade de músicas, mas isso é irrelevante, o que importa é que conseguiram manter o público na frente a curtir o som, e pelo que vi muita gente curtiu. A quantidade de fumo na sala já me estava a dar a sonolência (e a mais pessoal também), o que é mais que normal visto que estávamos fechados numa cave.

No entanto, quando Utopium começou (originalmente era para ser Teething, mas cancelaram, pondo Utopium no seu lugar), o pessoal lá despertou e foi lá para a frente curtir o último concerto da noite e o grind que os Utopium fazem, e bem. No início do concerto, apesar da banda estar a tocar muito bem, notava-se que o público já estava a sentir o cansaço dos concertos anteriores, o que passou ao fim de 3/4 músicas, abrindo mais um mosh pit para a última banda da noite. Tocaram cerca de quarenta minutos, acabando o concerto pelas onze e um quarto.

Quero agradecer às bandas, que fizeram com que a sexta-feira de muita gente fosse ainda melhor que o habitual, e ao organizador, Vitor Moura, que é graças a ele que há aí muito concerto bonito no Porto.

Review por João Borges (dos Shitmouth, não sabes? Andas a dormir. Bota ouvido: https://www.facebook.com/shitmouthhcpunk)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

News Flash: novembro 2012

Mini apanhado das novidades da cena nacional, uma cena quase tão rápida como o tempo que dura o sabor das pastilhas Gorila. Provavelmente faltarão coisas, mas não temos estagiários para por a trabalhar 24 horas por dia.


Os A Thousand Words chegaram vivos da tour pela Europa. Diz-se que correu bem e que vai sair tour report em breve. É esperar para ler e saber como correu, para além de possivelmente se vir a saber se foi deixada muita descendência lusa por esse continente fora.

Os Challenge não param. Já estão disponíveis três novas faixas, uma delas cover de Black Flag, em preparação para um 2013 que se espera (ainda mais) recheado. Novo disco? Check. Mais cenas que não sei ao certo o que são? Check também. O Edgar diz que a promo vai estar à venda em cd-r já este fim de semana para todos os material boys e material girls poderem adquirir. Sim, estou aqui a sentir granda Madonna.

Os Backflip já estão quase a terminar a gravação do novo disco, esperem pelo cd já no início do próximo ano. Os Shitmouth já tem a sua demo a ser preparada pelos mestres cozinheiros da Shut Up And Play e da Destroy It Yourself. Esperem por uma edição bem porreira num futuro bem próximo. Os Pressure voltaram aos ensaios (já há uns tempos) e as coisas estão a correr bem, acho que andam a ver de sítio para gravar. O Armando (xRei Aranhax) está na bateria. Os The Skrotes já têm os splits mesmo a sair, o Boris tem-me andado a enviar updates fotográficos dos meninos e esperem por uma edição cinco estrelas, e em vinil!

O ano está a acabar mas 2013 promete ser bem bom. Caga no fim do mundo que isso é conversa da treta. No Turning Back logo em Janeiro para abrir a pestana? Check. For The Glory nas Caldas, mesmo do "último a sangrar perde"? Check. Bandas europeias a virem cá tocar? (Praticamente) Check. Novas bandas? Check. Mais lançamentos e mais editoras? Check. Hardcore só morre se o deixarem morrer!


A Destroy It Yourself não tem dormido, e para além do split de The Skrotes com Boiling Point em vinil (já vi as fotos dos discos, aquele cor de vinho transparente está bem bonito), vai haver split tape de Carlos Crüst e Resposta Simples, demo de Shitmouth (juntamente com a Shut Up And Play) e ainda tape dos franceses The Night Stalkers. Estejam atentos e ajudem o Boris para ele poder ter comida todos os dias que ainda é jovem e está a crescer.

A Backwash e os Challenge adiaram o lançamento da tape com um concerto ao vivo da banda pois este só será gravado no início do próximo ano, por forma a já contar não só com novas faixas como para ter a formação actual. Não fazia grande sentido lançar em finais de 2012 um set com uma formação com quase um ano de atraso...No que a distro diz respeito vão haver 7"s de Survival e ainda sobra uma cópia da Demo II dos espanhóis Pay The Cost, fora as novidades da Carry The Weight anteriormente referidas.

A Juicy tem boas cenas a cozinhar para a distro, mas está tudo pendurado pelo novo disco de Converge. Malvados Converge...

Falta aí o flyer do show de SHAPE dia 16 nas Caldas. Estejam atentos ao facebook e afins.

Novembro foi um bocado sossegado certo? Bom, já se sabe que a partir de meados do mês não se passa grande coisa, fica tudo a fazer os bolos e ir comprar o bacalhau para cozer para a noite de consoada. Antes disso tem dois fins de semana bem preenchidos, com música para todos os gostos.

Este sábado à concerto low-cost na Academia Xavier Pinheiro, ali ao lado do Estádio Alvalade XXI, 2€, com Steal Your Crown, Not Without Fighting, Neighborz, Face The Fact, Above The Hate e Brace Yourself. Exércitos de ninjas estão já certamente convocados.

Domingo há Overcome, Reality Slap, Northern Blue, Crossed Fire e Primal Attack. Diz que vão haver grandes surpresas, não sei o que é pelo que só indo. No Ritz, 7€ com oferta do ep de Crossed Fire, que não conheço.

Na sexta-feira, dia 14 há concerto de SHAPE e Challenge (weekend mini-tour!), com Birds, Nihilistic Bastard e Fight Today a abrir, em Pombal. Major Bookings a meter as coisas a bombar!! Mais a norte, primeiro dia do Culhões de Festa 3 (lol) com uma data de bandas que não conheço, mas tem Shitmouth e Cruel Mind, por isso se forem do Porto dêem lá o salto a apoiar os miúdos.

Dia 15 há granda cartaz no Porto, por uma excelente causa, com o Vítor a organizar o 1º Porto Hardcore Benefit, com SHAPE, DWC, Challenge, Cruel Mind, Shitmouth e Birds, com a receita a reverter para a Associação Coração de rua. Dêem uma olhada no flyer para mais informação.

Malta que esteja a pensar "ah e tal, será que vou ao Benefit de dia 15 no Porto? Aquilo tem granda cartaz, mas se calhar vou ficar a jogar o novo Call of Duty ou a tirar fotos ao meu gato para meter no Instagram", por favor, não o façam e desloquem-se ao show porque, não bastando as boas bandas que lá vão estar e a causa que será apoiada, ainda podem apanhar uma boa surpresa...

Adiante, no mesmo dia em Lisboa tocam os espanhóis Hongo (ex-Madame Germen) com Gatos Pingados, The Skrotes, Nightshift e Arson (primeiro show em LX) . Local e preço a designar, atenção à página da No Borders Bookings. No Porto segue igualmente o segundo dia do Culhões de Festa 3, com buéda bandas de punk. Cristas ao vento!

No Domingo há último show da mini tour de SHAPE e Challenge nas Caldas, com Ratos de Colhão (lol), Birds, Fuzz e Phil Goes Down. Granda merda sair às 16h do trabalho. Se houver alguma alminha a querer ir a sair de Lisboa por essa hora apite, que estou interessadíssimo.

Man, show de No Good Reason dia 23 de Dezembro (falaram-me agora nisto bem de esguelha), mais info em breve. Grande Bráulio vem passar o Natal à pátria amada e parece que vai haver festa...

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O Baú do Congas: For The Glory + Deadly Mind + Last Hope + 25 ta Life na Torre da Marinha

Um cartaz dá sempre azo a mil histórias, isso é algo que felizmente nunca irá mudar. Quem melhor que o Congas para lembrar de algumas que aconteceram em concertos de For The Glory? Se estiveram lá não se esqueçam de deixar um comentário.


"Lendas do NYHC..." Tem piada pondo as coisas deste prisma e depois de todas as histórias que vimos a saber do Rick e de tudo à volta desta personagem meio macabra do meio hardcore. Eu gosto de 25 ta Life, a primeira vez que os vi foi em 1998 numa quarta-feira no Ritz Clube, mas os tempos foram mudando e a banda também, sendo que a acompanhar o icónico vocalista ia mudando sempre line up.
De todas as vezes que tiveram cá no nosso cantinho apareceram sempre com line ups diferentes.

Desta vez o concerto teria no lugar Margem Sul, numa sala altamente na Torre da Marinha. A organização ficou a cabo daqueles que durante um par de anos mexeram e dinamizaram ali o outro lado do rio, tendo também organizado cenas em Lisboa. Mesmo não sendo dos primeiros concertos de For The Glory, este aqui foi numa zona que não tinhamos explorado muito, talvez por a nossa base estar aqui na margem norte, nunca tocámos muitos lá até à altura deste concerto, mas foi uma situação que viria a mudar no futuro.

Quando subimos ao palco a sala estava vazia e assim se manteve durante o tempo que tocámos. Não guardo grandes memórias deste concerto, sem ser uma cena curiosa: Na zona do merch nós tinhamos lá as nossas cenas e chegou o Rick com a sua "loja", uma cena de outro mundo, super descomunal como sempre. Quando começa a montar aquilo parecia que nunca mais acabava. E eis que ele vê a nossas cenas, sem saber as bandas que iam tocar e vai ter com o André (corrige-me se estiver errado) e pede tudo o que havia de For The Glory que ele queria levar para os States e queria levar para a Europa porque iam ter mais datas e não sei quê.

Engraçado foi que ele fez questão de ir comprar uma t-shirt nossa e depois acabámos por ver umas fotos do Hell Fest em França ele a pausar com a t-shirt todo contente, haha. Lembro-me que veio perguntar se podiamos trocar CDs com ele e não sei quê, o gajo tinha uma ganda lábia e pronto, lá fizémos umas trocas com ele de cenas da Glória por cenas da editora dele e da distribuidora dele.
Aquilo tinha lá cenas bem fixes, como os Death Threat e outros releases da área de Pensilvânia e Philly. Aquele Zé tinha de tudo!

Depois quando fomos tocar o gajo "obrigou" a malta de 25 ta Life a ir lá para frente ver o concerto porque iam adorar a cena, que já tinha ouvido falar bué de nós e bla bla bla (se era bullshit ou não, não sei... mas a verdade é que valeu o apoio moral pelo menos haha). Os Deadly Mind são daquelas bandas que eu fico a pensar em como é que nunca quiseram levar a cena mais além do que aquilo, tocam bem, têm feeling, o Sampaio manda um ganda vozeirão, mas por razões que eu desconheço nunca tiveram a chance ou a vontade de ir mais longe. Mas tinham potencial e têm, pelo que sei ainda tocam né?! Last Hope serão sempre uma banda que marcou uma geração e embora nos dias de hoje os miúdos esqueçam-se quem é que começou isto na Margem Sul, alguns mais velhos fazem questão de mostrar que os Last Hope continuam a ser a bandeira da MSHC.

Não me recordo de muito mais deste concerto, mas lembro-me perfeitamente de tocarmos para uma sala tipo sociedade musical daquelas da terriola, mas estar muito despida para a banda de abertura (nós). Às vezes vejo a malta a queixar-se que não está ninguém, e querem atrasar os concertos para as pessoas irem ver e bla bla bla. Sinceramente acho que todas as bandas têm de passar pela fase de tocar para quase ninguém, para dar valor ao trabalho que é ter uma banda e dar valor ao subir pelo seu próprio suor. Além do mais, se as pessoas sabem as horas a que começa, só não aparecem a horas porque não querem. Foi o caso ali naquele dia, quem queria ver, viu... quem não queria acabou por ver mais tarde haha!

Review: Blackjackers + Cruel Mind + Challenge + A Thousand Words no Altar (Porto)


Domingo à tarde é aquele dia de sagrado de se estar em casa e de descanso... bem, para mim não, sempre que posso sair de casa faço-o, então se for para ir a um concerto o gosto é ainda maior - ainda para mais sendo a última data da tour de A Thousand Words!

Saí de casa da minha namorada já com um grande atraso às 16h, (visto que aquilo começava a essa hora e ela mora a 30 minutos do Porto). Cheguei ao Porto de autocarro lá para as 16h45 (epoca natalícias, e a fome de consumismo dá nas corridas ao shopping e trânsito) - apanhei o metro e cheguei ao Altar lá para as 17h, vi algum pessoal á porta, e quando reparei que ainda nem estavam abertas as entradas fiquei muito mais descansado. Meia hora foi o tempo para pôr a conversa em dia com o pessoal.

Entretanto, abriram as portas e entre as 17h30 e as 18h comecou Blackjackers, uma banda que aprecio bastante e têm um som e uma presença em palco excelente. Eles não têm estilo definido, o que é bom, isto deve-se aos diferentes estilos musicais de cada elemento, mas pode-se dizer que vai do reggae ao hardcore, com uma música dubstep (tocada com instrumentos, obviamente) pelo meio. O pessoal não aderiu muito (apesar da música pedir por isso) porque ainda estavam a aquecer para os próximos concertos, todas as bandas de abertura sofrem isso.

Depois foi altura de Cruel Mind tocar: grande show que deram, como sempre. Aí já começou a haver algum 2-step e uns side to side, uma banda que a nível sonoro faz-me lembrar Trash Talk. Como é habitual em Cruel Mind, tocaram a "Kersed" de Ceremony e "Babylon, CA" de Trash Talk. Agora é esperar que estes meninos lancem qualquer cena em estúdio. Depois de mais uma espera e mais conversa com o pessoal do costume fui ver os vinis que estavam lá a venda e deparei-me com uma preciosidade: o "Nervous Breakdown" de Black Flag em 7"... lá tive de dar uso à carteira.

Entretanto começou Challenge, uma banda que cada vez mais está a dar que falar, com um som muito bom, que puxa o 2-step mas tem muita parte de "tum pa tum pa" como eu gosto. Circle pits e crowd surf começaram a fazer-se notar cada vez mais. Fecharam da melhor maneira com um cover da "Depression" de Black Flag (só não houve stage dive porque o tamanho do palco não o permite e estava cheio de material, tanto é que as bandas estavam a tocar fora do palco)

Passado uns 15 minutos chegou o momento pelo qual o pessoal pagou €4: A Thousand Words, último show da Tour. Estes meninos têm um dos maiores EPs que sairam este ano em termos de hardcore nacional. Abriram com a música "Crosses", a minha favorita deles e a partir daí um set altamente com músicas do novo EP, entre outras.O concerto acabou entre as 19h30 e as 20h e foi um domingo à tarde passado da melhor maneira. Não estava tanta gente como se estava à espera (rondou entre as 60/80 pelo que vi) devido a um festival punk que estava a haver na Casa Viva (entrada gratuita, as usual) em que ainda por cima tocou uma das maiores bandas punk da actualidade: os Motornoise. Mas mesmo assim, deu para a festa.

Um grande abraço às bandas todas pelo show que deram e que fizeram com que estes €4 fossem mais que bem gastos, e também à organizadora On The Attack que faz com que concertos destes sejam possíveis.

Review por João Borges (o vocalista dos Shitmouth, se gostam de hardcore rápido e cortante fiquem atentos: https://www.facebook.com/shitmouthhcpunk)