quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Review: Violent Reaction (Last Show) @ DIY Space For London


Desbravando o frio londrino, eu e o Ricardo saímos da casa mais portuguesa de Stepney Green até Liverpool Street para ir ao encontro do Fábio e das mais altas personalidades da Ratel Records para almoço antes do show. O gorro perdido no dia anterior foi diversas vezes chorado, mas como o frio apertava, e a fome também, depois de nos encontrarmos fomos todos em passo rápido para o Boxpark almoçar.

Mil anos depois, e quase por acaso, conheci pessoalmente um alemão com quem troquei mensagens e cassetes quando esse formato começou a reaparecer, que estava connosco a almoçar. Gajo cinco estrelas, fã número um de True Blue e Gut Instinct! O triplo aquecimento do almoço - "High Grade" no Cookdaily bem picante (da próxima com Scotch Bonnet, Fábio!), os aquecedores por cima de nós e a converseta - foi o aperitivo perfeito para o que daí viria.

Dois autocarros depois estávamos no sul de Londres, à porta do DIY Space for London, um espaço comunitário com sala de concertos, loja de discos, livraria, printing room, bar e mais umas coisas que nem deu bem para explorar, tamanha a quantidade de malta já no local.

Quem abriu o concerto foram os Rapture, de Leeds. Com uma rapariga a cantar e outra na guitarra, o concerto foi altamente prejudicado por um feedback insurdecedor que se sobrepunha a todo e qualquer instrumento. Falta um bocado de andamento à banda, era praí o segundo ou terceiro concerto da banda e a vocalista não parecia muito à vontade. Cover da Discriminate Me (das melhores mosh parts alguma vez feitas) foi o ponto alto. O set durou nem dez minutos e marcou o tom para o resto da noite. Lusco fusco hardcore? Sim, obrigado.

Up next: Big motherfucking Cheese. Primeiro concerto destes miúdos que mantiveram a guitarrista de Rapture em palco e puseram o baterista a agarrar no micro. Adoro a pausa da tshirt para dentro das calças, calças essas curtas, mesmo para a apanha do berbigão. Mas como mais importante que o estilo é o conteúdo, o set foi demolidor. O Henry (o tal alemão) tinha confidenciado ao almoço ter voado para o show para os ver, e nem ele, nem acho que ninguém, saiu desapontado. Os problemas de feedback foram minimizados o que foi um óbvio sinal mais. Esta banda tem tuuudo para rebentar. Lembram-me uns DMIZE.

Os Higher Power tiveram de desmarcar o show poucos dias antes pelo que deu para assistir pela primeira vez a um concerto dos Unjust, que os substituíram. A dica foi "atitude". Mantiveram o lusco fusco, aquele set que tocas quatro malhas, uma cover e tá a andar de mota. LIKE!

Já não me lembro se foi a meio do set de Insist ou de Unjust que o André apareceu. Houve uma desistência de última hora e conseguimos levá-lo (a custo) a sair de casa, não sem antes visualizar o jogo do United. Escusado será dizer que mal entrou na sala e rebentou uma cover já não sei bem qual (Floorpunch? Confront? A tarde teve um desfile gigante de covers...) e a ferrugem saiu bem rápido!

O youth crew dos Insist foi talvez o som que mais destoou das restantes bandas. O rápido e furioso foi trocado pela adoração a YOT e afins. Os miúdos de Manchester (ex-Survival) já estão com outro andamento, incluindo datas na América já na bagagem, o que se nota no palco. Ainda assim, foi dos sets que, olhando para trás, menos ficaram na minha retina e na minha cabeça.

Já tinha saudades de ver os Arms Race. O LP foi dos meus discos favoritos de 2016, e revê-los foi uma prazer. O Nick é um frontman como se quer e aquele esgar raivoso na cara é a cereja no topo do bolo. Tal como o André mais tarde disse, The Rival Mob precisava de um vocalista assim - mais chateado, menos piadolas. Cover de 4 Skins incluída.

Nestes concertos com bué bandas calha sempre a fava a alguma de ser deixada para segundo plano. E a fava calhou aos velhotes Voorhees. Era hora de jantar, um gajo tem de se alimentar, se não parece uma folha de papel no pit...Havia catering vegan, e a escolha recaiu numa sandes de almôndegas de beringela, regada com bom picante caseiro.

Quando reentrei na sala cheguei a tempo de apanhar as últimas duas músicas. Não deu para ver grande coisa, mas havia malta suada, deve ter sido fixe.

Up next: The Flex! O powerlifting está a fazer efeito, o Sam já era grande, mas agora parece um monstro, especialmente visto em cima do palco. Foram talvez a banda mais prejudicada pelo som durante a tarde toda (a par dos Rapture), havia ali algo na mistura do volume da voz com os instrumentos que não estava a sair bem. Adoro a banda e óbvio que curti mil mas ficou aquele gostinho a pouco no canto da boca.

Felizmente a noite ainda não tinha acabado, e havia convidados de Boston a entrar em acção.

Melhor design? Melhor design.

Ainda cheio de comichões por ter comprado o bilhete para o show de Waste Management (e Peacebreakers e Boston Strangler) em Londres em 2014 e não ter chegado a ir, felizmente eles fizeram a viagem até ao velho continente e deu para sentir uma das melhores bandas de hardcore da atualidade. Por esta altura já estava de t-shirt mesmo tendo havido um inteligente qualquer que abriu uma porta para o frio entrar em força para dentro da sala...Estava lá o Jonah Falco de Career Suicide que saltou para a bateria para (à terceira!) tocar a Power Abuse. Malta do #renteaochão teria curtido milhões.

Para o fim estava reservado o melhor. Ainda que a celebrar o seu fim, os Violent Reaction deram um showzaço, dividido entre mil agradecimentos, participações especiais e um palco e pit craaaaazyyy.

Daqueles concertos em que só estando lá é que dá para explicar, as palavras são curtas. Haviam três camâras de filmar a funcionar, pelo que é suposto aparecer multi-cam em breve (a não ser que seja como Portugal, que os vídeos nunca aparecem...).

Houve tempo para buéda covers, ainda que não fosse preciso conhecer a letra para haver mocada e dives a rebentar de todos os lados. O Mirko de Foreseen cantou a Victim In Pain de AF, o DFJ subiu ao palco para a It's My Life de Madball, um tipo americano que tinha ajudado na tour americana a Straight Ahead e no fim ainda houve tempo para o clássico de Warzone, As One, mesmo para o momento posi-unity-hardcore-forever da noite.

/50

Estava lá o australiano da Rain On The Parade Records que editou o 7" Dead End versão australiana. Para ajudar a pagar custos trouxe cinquenta discos com uma capa nova que vendeu como sendo "Last Show Edition". Bom item de coleccionador.

Começar 2017 com potencial melhor concerto do ano? Venham mais que ainda é janeiro!

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

News Flash: janeiro 2017

A começar o ano com o pé certo, apanhado do que me chamou a atenção no começo de 2017, excluindo a tomada de posse do Trump, este blog não trata de episódios do Twilight Zone.


Concertos

O ano parece querer arrancar a todo o gás, e a ver se este ano temos a agenda mais bem composta que no ano passado aqui pela terra - a minha memória não é a melhor, mas não houve grandes pontos altos (Expire no Popular foi um deles, assim de repente).


Para celebrar o lançamento do novo disco "Limitless", os Reality Slap farão nos próximos dias os seus concertos de apresentação, contando com os For The Glory nas três primeiras datas.
Melhor combo só aquele do Law no Tekken dos dois mortais para trás seguidos.

Em maio há festival da Hell Xis, com o Hell of a Weekend. Nos dias 5 e 6 de maio, em Corroios, já há confirmação dos Madball, Ignite, H2O, Crowbar, Grankapo e Onslaught. Mais bandas anunciadas em breve. Bilhetes já à venda.

Ainda mais longínquo, a 29 de julho está marcado um festival em Caldas da Rainha, da booking Pé de Ladrão, por enquanto ainda apenas com confirmação dos Gatos Pingados.

Lá fora, e excluindo aqueles festivais americanos do costume, saiu o cartaz do Outbreak 2017... 


Porra, pá! Um gajo queria poupar uns trocos, mas assim não facilitam! Voos baratos, o spot é muita fixe, e, tendo ido nas duas edições anteriores, só posso dizer que vale a pena. £60 o weekend pass dói, mas a dica está dada: vai ser difícil encontrares um cartaz melhor que este na Europa em 2017! 

Novos Lançamentos

2017 começou em força, com vários lançamentos fortes e singles de avanço de discos que prometem manter o gira-discos, mp3 ou Youtube a rodar ininterruptamente. Em baixo um resumo rápido.


Glory - The 12" - Glory, Glory, mas não é ao Man. United. Desculpa aí André, mas sabes que estou confiante no top 3. Dormi um bocado na demo e na promo tape, mas está aí o youth crew em toda a sua glória (...) destes miúdos de Boston. Mais do mesmo sem ser chato e repetitivo? Difícil, mas às vezes conseguem.

Night Force - Demo 7" - Mesmo a tempo de terminar o post surgiu no Facebook a dica que a QCHQ irá ter o novo disco dos germânicos Night Force em meados de fevereiro, a par do 7" de Foreseen (mais info em baixo), e simultâneamente ficaram disponíveis as malhas no bandcamp para escuta. Das melhores demos a surgir em 2016, aí está o follow-up. Bom, bom, bom!

Division of Mind - Demo - Depois de ter visto o vocalista dos italianos Rage Cage a aconselhar a audição desta demo vejo o Hermano a fazer igual recomendação...curioso tive de dar a chance. E não é que não era beatdown? Banda nova de Richmond. Não sei quem toca, mas sei que gosto do que tocam.

Big Cheese - Demo - Já tinha escutado a demo antes de os ter visto ao vivo, mas o set no show de Violent Reaction foi demolidor. Muita atenção a esta banda, esperemos que não morra cedo (Shrapnel style). A melhor dica que vos posso dar é que o Henry Apel (um gajo tipo Aurélio Pereira, mas scout do hardcore) voou para o show de VR para ver estes miúdos e para agarrar a demo - que ainda não estava disponível fisicamente.

Rat Cage - Self Titled 7" - À duas semanas atrás descobri a demo e partilhei na página do Facebook. Parece que os meninos já estavam mais à frente que isso, e já há 7" disponível para escuta e compra na La Vida Es Un Mus.

Os Shipwrecked têm malha nova, avanço do próximo LP a editar pela PST Records. Os vikings (finalmente) regressam para conquistar a Europa e além-mar. Data em Boston já marcada, num cartaz muito parvo de tão bom que é. Escuta aqui.


Os RIXE já têm preparado novo EP para 2017, continuando o ritmo de um por ano. O disco vai-se chamar Baptême Du Feu e a malha de avanço está aqui em cima. Irá sair novamente pela londrina La Vida Es Un Mus, o que me faz querer planear uma encomenda para a distribuidora (dêem uma chance aos Ultra de Barcelona também).

Os For The Glory anunciaram um split com os quase portugueses No Turning Back. Quatro faixas, duas de cada banda, numa edição limitada a 500 cópias da HellXis/Take Control Records.  Um Bongo crew, sick of you!

Também por cá há mais discos repartidos a sair: os Steal Your Crown vão editar um split com os belgas Angel Crew e os Grankapo com os históricos Rykers, tudo via Hell Xis, 500 cópias, várias cores. Dêem uma olhada no site da Hell Xis para informações de encomenda, prensagem, etc.

Para a rapaziada do Crossover há duas notícias importantes: novo 7" de Foreseen e novo 12 de Power Trip. Os finlandeses terão já no próximo mês um sete polegadas com duas faixas novas que mantém a banda no topo do género. Uma faixa já no bandcamp/youtube. O Mirko estava no show de Violent Reaction e ainda deu uma perninha a cantar uma cover. Full US Tour também na agenda, na senda da conquista do planeta!

Com o planeta já meio conquistado os texanos Power Trip têm novo LP quase a sair na Southern Lord, o segundo na gigante norte-americana. Se têm andado atentos à página do Facebook dos Nós Contra Eles apanharam lá a nova faixa (tal como a dos Foreseen), se não andaram dêem aquele "Like" e cliquem para receber notificações. O Facebook quer que eu pague para os posts chegarem às pessoas que seguem a página... Tá bem abelha!

Mesmo depois de todas estas sugestões ainda não sabem o que ouvir? A dica é a demo e o 7" de Outburst em repeat. Loop infinito. Podem salpicar com o último LP de Arms Race (top cinco de melhores discos de 2017) a cada hora e meia.