quarta-feira, 26 de junho de 2013

Playlist da Semana #40

(Quase) Todas as semanas, a Playlist da Semana. Porque no partilhar é que está o ganho. Desta vez à quarta-feira, e com o Bruno novamente como convidado. 'Cause we craaaazy.


Piece By Piece -Self Titled - Esta era a banda do Nick Jett de Terror até deixar crescer aquela gadelha e se dedicar a fazer filmes a cheirar rabos de damas gostosas. Este é o LP que saiu em 2010 e que acho que o Pontes da Salad Days ainda lá tem uma cópia perdida. Lembro-me que quando Terror cá vieram tocar da última vez quando ia a bazar com o Miguel encontrámos o gajo sozinho, meio perdido em Cacilhas de telemóvel no ar e perguntámos se ele precisava de alguma cena e a resposta foi "Just looking for Wi-Fi, thanks dudes!". Curtam aí o video deles em 2004 no Sink With Cali, em que o Nick começa o set a dizer que está a vender um Toyota Camry, só naquela de existirem potenciais interessados no meio do público.

Perspex Flesh - Ona - Depois de ouvir falar na banda de há uns tempos para cá só esta semana acabei por fazer o download do primeiro ep destes tipos do Reino Unido. Quatro malhas de hardcore rápido com produção bem crua a lembrar clássicos do hardcore norte-americano do início dos anos 80, como é palavra de ordem nas bandas da Video Disease. Como termo de comparação, pensem talvez nuns Hoax, Crazy Spirit ou GAG, com muito menos fritaria e maior percentagem de hardcore na veia, mantendo aquela sujidade saudável.

Princess Chelsea - Lil' Golden Book - Não sei que género é este, mas muito provavelmente enquadrar-se-à em alguma trend meio hipster/Primavera Sound/sou bué alternativo, mas a voz angelical desta miúda cativou-me. Isso aliado a um instrumental bem chill fez de mim um ouvinte.

Power Trip - Manifest Decimation - A banda thrash metal da cena hardcore. Novo disco saído há um par de semanas na Southern Lord, e daqui dá para depreender que estes miúdos do Texas estão a crescer a olhos vistos. Se curtem circle pits e headbang até ficarem com o pescoço dorido ouçam este disco.

Shipwrecked - The Last Pagans - Early Boston Hardcore made in Scandinavia. Underrated. Top discos de 2012. Chapada na tromba.

Lion of Judah - Soulpower - No outro dia acabei a falar desta banda com o Sam e o Bruno, a propósito do show que eles cá deram e dos discos da banda. Fui dar o refresh na memória e isto é mesmo fixe para meter como pano de fundo e relaxar um bocadinho enquanto se termina uma tarefa qualquer, nomeadamente a conclusão desta playlist.


Força Interior - Espírito Jovem - Num passeio com o Peter, acabámos por passar no sítio onde ele tocou ao vivo pela primeira vez, daí começou a história. Cheguei casa e não resisti em meter Força Interior a tocar.  Desde que comecei a curtir hardcore que nunca parei de procurar bandas, tentar encontrar um contexto para as mesmas, tentar saber histórias.. Com a "Sk8 não é crime", Força Interior deve ter sido das bandas que veio ao meu encontro mais rapidamente. Skatistas do hardcore e o cacete...

Até para mim que sou um meia leca o tempo vai passando. Nunca mais insisti muito com a banda, talvez por estar sempre à procura de brinquedos novos  acabava por não brincar muito com os velhos. Mas como boa criança, há sempre um dia em que tens de brincar com aquele brinquedo mais especial.

Apesar da qualidade de gravação, a voz cantada e a clara intenção de passar uma mensagem fazem com que as letras se percebam perfeitamente,  o que é a melhor qualidade do álbum. Letras que dissipam completamente o conformismo que o "abuso na parte instrumental" trouxe ao hardcore. Quem é que sabe as letras de Backtrack? Eu gosto da banda não me interpretem mal. Quem diz Backtrack diz um monte de outras bandas novas. Não quero ser aquele parvalhão que diz que não és do hardcore se não fizeres singalong quando tocam "aquela cover" nem nada disso, isso é ridículo, se hardcore é decorar um número N de letras, i'm out! Para decorar merdas já ando eu na escola, mas pelo menos ler (nos casos em que não são propriamente percetíveis) e tentar perceber o que é dito. Concordar ou discordar. Aqui não há chance. Por muito que queiras curtir a parte instrumental, vais ter uma voz a cantar na tua língua coisas que não queres ignorar. Todo o espírito do álbum, espírito jovem e livre. Adoro isto. Escrevi isto a ouvi-lo. Parou e voltei a metê-lo. Chupa! Sozinho ninguém aprende.

Era aqui que metia uma quote das letras do álbum, mas sou demasiado indeciso, principalmente quando há tanta coisa escrita aqui que devia ser lida. Metam vocês nos comentários! 

Ill Bill - The Grimy Awards - Disco mais recente. Já tinha colado um bocadito quando saiu, esta semana aproveitei o facto de estar de volta às Caldas e ter uma casa só para mim & umas colunas decentes para meter isto a dar bem alto. Tive aí um primo pequenito que parecia também estar a curtir enquanto jogava xbox, só fazia macacadas e mostrava os dentes de leite, parecia um macaquito. Tá genuinamente bom! Boas participações também!

Stop And Think - Both Demos - Aí numa discussão com uns velhotes quanto ao melhor lançamento da Lockin' Out, apareceu este disco como número um. Embora essa opinião não seja partilhada por mim, tenho de admitir que é um abuso do caraças. Mas também, o que é que não é um abuso que tenha vindo da Lockin' Out?  A verdade é que esta semana ouvi mais este que qualquer um dos outros (e não é nada fácil bater Mental).

Gang Green - Another Wasted Night - Não sei se tenho bem uma justificação para este álbum.  Oiço regularmente, esta semana não foi excepção...
               
Desculpem se me foquei muito num álbum, mas teve mesmo de ser. Ouvi também bastante Mainstrike - No Passing Phase, Ten Yard Fight, Disengage e aquele disco do Inspectah Deck, 7L & Esoteric - Czarface. Desculpem se não vos dei nada de novo e só falei de cenas antigas.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Mais Que Música: Head In Check (Incendiary)

Que aconteceu a dar importância às letras das músicas? O hardcore não era sobre isso? Agora só se vê letras que não interessam à prima. Fica aqui uma letra que nos tenha feito pensar no seu significado mais do que uma vez. Afinal de contas, o hardcore também é sobre isso mesmo: pensar.

 © Matt Miller

Evil minds prey on bleeding hearts, 
they know their roll so they play the part. 
You can't control me, you are below me. 
Living like a weed, using others to keep growing. 
Destiny is a crutch in the arms of the weak. 
The blind lead the blind into a life of mediocrity.
I'm defecting from this cult of complacency. 
I'll be folding the hand that they're dealing me. 
Delusioned masses dragging crosses for transgressions
Searching for an ear to hear their confessions. 
Why glorify an empty soul? 
Why buy into the trap? 
Fuck the morals you front, fuck the business stunts. 
Nothing is promised, nothing is free. 
Take what's yours, steal what's theirs.
Forever choose this life of sin,
over kneeling down and giving in.

Meter dedos na ferida? Check! Lembro-me que aí há uns tempos valentes falou-se de religião na página do Facebook e surgiu logo granda burburinho. É fixe, meteu a malta a falar.

Tomando desde já a posição que não acredito na religião organizada, mete-me asco grande parte da "moral" e "bons costumes" que ela prega, as palavras pela qual se regem (ou diz reger) e do que os seus fiéis seguidores, mais ou menos fervorosos, retiram, agem e reproduzem. Velhos que do alto do seu trono dizem umas baboseiras de quando em vez, falam de acabar com os problemas do mundo quando não raras vezes é deles e das instituições que encabeçam que os problemas surgem? É preciso dar exemplos? Também me parece que não.

Ainda que compreenda que em momentos de desespero e aflição olhar para algo não palpável nem visível seja a cura de muitos, a fé em algo que lhes resolva os problemas e traga felicidade, prefiro acreditar que esse positivismo que procuramos, essa motivação, essa força extra é algo que pode surgir de nós, dos nossos familiares, dos nossos amigos. Não preciso que seja a acender velinhas em Fátima, a doar umas peças de ouro à paróquia ou a rezar cinquenta avé marias que, de forma mágica, tudo se evapore. Se compreendo? Sim, em parte. Se concordo? Não.

Se o hardcore é respeito pelos outros, e que esses outros podem pensar de outra forma? É. Mas qual é a cena de exprimirmos a nossa opinião quando vemos carneiros a seguir cegamente o rebanho, a acreditar em algo inventado para apelar às massas, para encher os bolsos e para bloquear o progresso com ideias retrógradas. Ya, já sei que há quem, através dela ou em nome dela faça coisas boas, mas querem mesmo que comece a tirar nabos da púcara e a falar de coisas más? Outra vez?

Podia-se aqui entrar na conversa da existência ou não de deus, de algo divino, e de quem acredita nisso. Poder podíamos, mas seria conversa para outro capítulo. Como diz aquela música de Cold World, "if there's a god in the sky, only he can judge me, so until my dying days, stay the fuck out of my face". Aproveitem a vida, vivam-na de acordo com a vossa maneira de ser e pensar.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Review: Backflip + Challenge + Same Old Chords + La Tasca @ Casa de Lafões, Lisboa



Domingo à tarde. Querem melhor escape aos filmes nojentos que a SICk e a TVI têm para nos oferecer? Não é preciso quebrar a regra do Domingo-Toda-A-Manhã-Na-Cama e ainda aproveitamos a noite. Adoro matinés, juro! Quebra aquele sentimento típico que te deixa triste porque o fim de semana está a acabar.

No cartaz dizia 16:00h, e de facto a essa hora já lá estava a maioria do que viria a ser o público do concerto. O público do concerto e não só.. andava para lá também a brigada do reumático em força (nessa altura já devíamos ter começado a desconfiar do que aí vinha...mas leiam, leiam). A quem lá estava não passou despercebido a voz constante e bastante elucidativa que vinha de umas colunas, espalhadas por TODA a rua. Big Brother Is Watching You! Ninguém pareceu muito incomodado com a voz (o Pedro de Challenge ainda gritou: "Bruno, vamos desligar esta merda e ligar o cabo ao PA, tocar ao vivo para toda a gente!"), mas o que não estávamos à espera era que a voz misteriosa tivesse a planear uma invasão.

Emoção! Uma procissão enorme! Cavalos, mulheres a atirar flores para o chão, fatiotas giríssimas com temáticas variadas, cânticos em uníssono, santos, padres, bispos, olhares reprovadores para esta nova geração, tudo muito bem organizado! Fodeu-nos foi o concerto. Praí uma hora e meia de atraso, na boa.. Há quem diga que a miúda responsável pelo concerto já rezava de desespero (get it!?). Mas na boa, ninguém tava com pressa (+1 ponto para os Domingos), e a malta toda entendeu a situação. 100% de mérito para a organização no início do concerto, e 100% de mérito no fim. Miudagem nova a meter concertos a acontecer é a melhor coisa do mundo. Arriscar o seu próprio dinheiro, desenrascar um spot novo quase à ultima da hora e não mexer no preço original? Quem corre por gosto não cansa.

La Tasca. Drunk punx de Almada segundo parece. Tocam uma fusão entre o punk e o thrash, uma cena assim para o rápido. Estava com a cabeça focada em Same Old Chords então fiz um fast forward mental a La Tasca. Também quem é que quer a minha opinião? Tocam não tocam? Então é ir um dos concerto e tirar conclusões, andam bastante activos, logo o próximo concerto deve estar aí a bater. Desde que bebam Super Bock e não Sagres...

Same Old Chords. Queria mesmo muito vê-los, nunca o fiz pelas razões mais estúpidas. Por vezes pareciam duas bandas diferentes entre músicas, mas isso não é necessariamente mau. Por vezes um hardcore tocado segundo todas as regras do Grande Livro do Hardcore, outras vezes uma melodia puxada pelo Punk Rock. Gostei!! Faixas novas, faixas velhas, grande atitude, a Márcia sempre a fazer umas macacadas aqui e ali (não quero ser racista com a expressão macacadas, juro!!!). A miúda é a maior! Bom concerto! A malta ainda não se tava a mexer muito, mas já estavam contentes.

Challenge. Não sei se sou a pessoa ideal para falar deles.. Não contem com muita imparcialidade da minha parte. Acompanho a banda desde que começaram, e cada vez vejo mais pessoal a curtir e a saber as letras. Dos últimos concertos a que tenho ido, são sempre das bandas que mais metem a malta a mexer. E este concerto não foi excepção, alta abuso! Só faltavam mesmo umas músicas novas, espero que não falte muito! Acompanhem a banda, embora duvido que já não o façam. Hardcore à antiga é O hardcore!

Backflip. Coesão é a palavra chave para a banda! Impressionante como me pareceu que pouco muda de estúdio para concerto. Não é banda que oiça habitualmente, mas deram um bom concerto! Não fui o único a gostar pelos vistos, e a malta ainda os prendeu ao palco e obrigaram-nos a tocar mais um bocado. Ainda deu tempo para chamar o Cabeças para cantar uma cantiga e tudo.

Grande concerto, boa malta. Duas bandas com gajos a cantar, duas bandas com miúdas a cantar. Pena que no último caso sejam praticamente as únicas.

DICA: O Sam está a vender cenas brutais a preços estúpidos. Montou banca neste concerto e o mais provável é montar num dos próximos. Estejam atentos. T-shirts, discos, CDs...

Ah, Usem a merda da função de comentar do blog (ou façam-no no Facebook)! Digam-me que outras bandas é que têm miúdas a cantar? Só me lembro de mais duas ou três! Matinés ou concertos à noite? Procissões ou concertos?

Review por Bruno Baptista, Visconde das Caldas da Rainha.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Review: Rykers + For The Glory + Grankapo @ Musicbox, Lisboa



Uma noite de sexta-feira bem dura, que acabou às 7 da manhã, a festejar os anos do meu sócio tropa from hell Tinorio. Uma tarde a ensaiar todo ressacado, com 3 horas de sono em cima e com dois paracetamol e café no bucho. No fundo é uma maravilha de vida, got to love it.

Eram 21.40 mais ou menos quando cheguei ao Cais Sodré com o Paralva e a Ana. Buscar a litra da ordem, dizer olá às pessoas, rever o pessoal de Coimbra que passam cá a vida em baixo e que são sempre fixes de ver. Nospherato e a Luisa, que gente do caralho.

22 e picos, Grankapo abrem a hostilidades. Bom set, entrei à terceira ou quarta malha que ainda fiquei um pouco na conversa, mas não perdi quase nada. Foi rijo. Um ou outro na frente, havia pouco movimento, não sei se o pessoal estava com medo de alguma coisa sendo que era uma casa composta maioritariamente por malta “mais velha” que o normal...neste concerto era dos poucos em que eu era o "puto novo". Sabem à quantos anos não acontecia tal coisa? Ahahah.

Intervalo, fumar o meu cigarro, conversar mais um pouco, rir (acima de tudo isso), dizer merda, rir e fazer passos de dança super pausados com a Márcia!

For the Glory manda o seu line check, que por si já uma malha do caralho para mim, metia letra nisso ou usavam como intro e de certeza que dava chapada de meia noite. 1ª malha "to… your fucking…PLACE!” e vamos embora, mais meia dúzia de camelos meio mortos na frente ao biqueiro e a cantar, logo de seguida uma Drown in Blood, começar 2004 style é duro, mesmo para puxar logo por um gajo. Rebentaram-me todo logo de inicio, bom set, boa concerto, desta vez não havia uma guitarra desafinada e foi tudo nos trincos. Garrafinha de água no fim para ficar com voz de novo e circle pits com o Machado que é sempre algo que adoro.

Rykers começa, e vejo mais de trás que a Ana magoou-se e tava com o lábio inchado. Foi bué bom, finalmente os “cotas” chegaram-se à frente, e cantaram e bateram-se como deviam ter feito desde início para mostrar como são duros às crianças como eu, ahaha. Não posso dizer que conheça a banda mas curti de muito a cena, e isto de tocarem Slayer é de valor! Foi bom, pessoal a cantar, a banda com alta interacção com o pessoal e o Fuck de Grankapo agarrado ao micro uma ou outra vez. Foi boa cena!!

Acabou cedo. Apanhei o autocarro para casa e fui dormir que como devem calcular já mal me mexia por esta altura. Foi bom, é sempre bom. Adoro gigs no Musicbox. Apertados e quentes. Pena o espaço ser tão caro e assim dificultar que seja utilisado mais vezes, mas são coisas da vida!
One Love! 

Review por Ricardo Servo, o mais pesado de Alvalade.