quinta-feira, 30 de maio de 2013

Entrevista: Luis Luz (Soundtrack Of Our Golden Days blog)

Aí há coisa de um mês e pouco, o Luís Luz (que por acaso também toca em One Last Struggle) iniciou um blog, de seu nome Soundtrack of Our Golden Days, onde tem vindo a postar mp3 e scans de inserts de (maiores ou menores) raridades da cena hardcore portuguesa. Resolvi fazer-lhe algumas questões sobre este seu projecto.

 
Pegando um pouco na apresentação que fizeste no blog, esta é uma ideia que já vinhas a congeminar há algum tempo, ou surgiu de forma frutuita após a conversa com o Ivo?

Começando pelo principio, a ideia nunca existiu, nunca foi uma cena que tivesse pensado. Simplesmente, um dia andava a procura de sacar sons de uma banda tuga prai de '96 chamada Liberation. Nada de links, nada de soulseek, só me restou arranjar maneira de sacar do player do myspace que encontrei. Mas no space não havia outra cena que queria, que eram as letras, e isso sabia que ia ser impossivel a não ser que alguém me emprestasse as tapes ou 7'' ou qualquer coisa que tivessem lançado.

Entretanto, no myspace tava para lá um comentário do Ivo e pensei perguntar-lhe se ele teria alguma cena em formato fisico que pudesse ter as letras. Bacano como é o Ivo, foi logo vasculhar nas cenas antigas que tinha e mostrou-me um monte de tapes, de cenas antigas e outras nem tanto, que se disponibilizou logo para me emprestar. Claro que não disse que não! Combinámos logo no dia seguinte no Oriente e ele lá me trouxe um saco prai com 20 tapes. Só depois é que me deu o flash que secalhar era fixe partilhar com o pessoal e assim nasceu o blog. 

Explica-nos um pouco o processo do blog, se bem percebo tu fazes o raio-x às coisas todas, scan aos inserts, foto ao disco, cassete, etc, rip para o pc...Estou certo? A parte de ripar tapes é provavelmente o maior "serviço público" estás a fazer. Quantas vezes ouvimos ou lemos alguém a dizer que tem lá umas coisas em casa mas não tem forma de as tornar acessíveis no mundo digital.

Sim, basicamente é isso. A única cena que eu não tenho feito é o rip dos discos para o pc, porque ainda não arranjei uma maneira fixe de o fazer (e tambem não tenho tido muito tempo). Por isso tenho postado discos que ja tinha ou que consegui encontrar, de uma forma um bocado aleatória (conforme me apetece, na verdade). As fotos são todas tiradas por mim ao disco que tenho em mãos (por exemplo, o de Mad Rats é uma edição limitada) e os inserts são todos scanados por mim também. Antes de fazer o post ouço ou re-ouço o disco a acompanhar com o booklet e escrevo um pequeno texto a dar a minha opinião, que foi uma sugestão que me fizeram quando apresentei o blog.

Mas talvez mais ainda que as malhas, a possibilidade de se ver as letras (quando estas existem) é outra das mais valias que este teu blog parece querer trazer. Nem todos temos bom ouvido para perceber o que é dito num género onde as palavras nem sempre são perceptíveis, ainda para mais quando a qualidade sonora nem sempre é a melhor. Desde logo este bónus foi algo que tiveste planeado para partilhar com o pessoal?

Claro, para mim é a parte mais importante. Eu falo por mim, sou muito mau a perceber o que quer que seja que se diga numa música, especialmente algumas nas condições que falas ai.

Espero que haja mais pessoal a sacar só o booklet do que a sacar só o disco, porque o meu objectivo principal era ver letras de discos que ja conhecia e aprender com isso. Como bónus veio a oportunidade de conhecer novas bandas.

A escolha da demo de Time X para primeiro post teve algum motivo especial?

Não conhecia muito da banda, mas já tinha ouvido falar muito e entretanto, quando o Ivo mostrou uma foto com as cassetes que ia levar, foi das que mais me chamou a atenção à partida! Por eu ser straight edge talvez, foi logo das primeiras que peguei para ler as letras.

Do material que já te caiu nas mãos existe algo que te tenha chamado assim mais à atenção?


Sem dúvida que o que mais me chamou à atenção foi uma tape do Ivo que é uma compilação com 4 bandas chamada Hardcore Still Lives I. New Winds, Liberation, Gibberish e.....FONZIE! Não faço ideia que banda são os Giberrish, mas quando vi a combinação entre as outras três bandas fiquei um bocado à toa e ri-me, porque nunca me tinha passado pela cabeça que secalhar nos 90 os Fonzie não eram a banda que eu conheci. Vou querer publicar isto, mas primeiro tenho que ripar a cassete!

Depois também me chamou a atenção uma edição limitada da demo de Mad Rats, o split Zootic/Sannyasin e sem dúvida a tape de Zootic, que foi das coisas que mais curti ler do que me emprestaram.

Sei que continuas receptivo ao empréstimo de novas raridades para futura inclusão no blog. Há alguma coisa que estejas especialmente interessado em ter nas tuas mãos, algo que seja especial para ti e que talvez nunca pensásses que fosse possível desenterrar?

Sim, estou sempre receptivo, apesar de já ter coisas para muitos posts (coisa que tem abrandado com os exames e cenas de escola).

Discos que curtia mesmo apanhar...não sei bem dizer. Se calhar aqueles clássicos como X-Acto, New Winds, Pointing Finger, mas naquela de puder ter em mão e ler o que diz por lá, porque a musica é relativamente fácil de encontrar e as letras também. Quero muito conhecer cenas novas, bandas boas que ficaram lá para tras e hoje já quase ninguém fala. Se o pessoal tem algo que ache que vale a pena, que me dêem a dica! Fico à espera de coisas novas!

Botem olho: Soundtrack of Our Golden Days

terça-feira, 28 de maio de 2013

Blue Shoes Productions x Nós Contra Eles - Entrevista no Youtube

O convite foi feito há um par de meses pelo Rui Janga. A premissa era simples: uma entrevista para divulgar o blog, falar sobre o que é o "Nós Contra Eles" e falar também um pouco sobre mim (Tiago). Acabámos por ter uma conversa interessante durante uns quarenta e cinco minutos, que resultaram no vídeo em baixo, em que se abordam vários temas e problemas, e eu exponho o meu ponto de vista sobre alguns deles.



Esta foi a minha primeira experiência do género. Essa comichão toda não é sintoma de falta de crack, apenas o nervoso a bater. Claro que há aí algumas imprecisões ("o blog começou no final de 2011"...should have study before!), e faltou falar de várias pessoas nos agradecimentos, por vezes acho que a escolha das palavras não foi a melhor, mas ficou como ficou. No regrets.

Acho que não vale a pena voltar a bater na mesma tecla na conversa do conteúdo do blog, das opiniões nele expressas e da velha máxima do "quem não gosta não come". Para algo mais dirijam-se ao post feito pelo André em Fevereiro, ou ao minuto 7:30 do video em que falo novamente neste assunto. Infelizmente parece que há quem tenha dificuldades em compreender certas coisas, daí este relembrar.

Novos e velhos seguidores, sabem que estamos sempre receptivos às vossas ideias e opiniões, aos vossos textos, comentários e sugestões. Participem.

Resta-me agradecer em nome do blog à Blue Shoes Productions pelo interesse em nós, Rui e Pedro. Confiram a página deles no facebook e os vídeos que têm no youtube. Malta com ideias e com vontade, como se quer.

Review: Steal Your Crown + For The Glory + Challenge + D.M.S. @ Rep. Música, Alvalade




Cheguei tarde ao concerto infelizmente. Ensaios á tarde na Bobadela a compor merdas da banda nova. Tenham cuidado que vai bater! Já temos nome, mas ainda não será divulgado.

Vim da Bobadela eram 19 mais ou menos e ainda tive de ir a casa comer, por isso mesmo não consegui ver nem No Clue nem Above the Hate para pena minha que curtia ter visto como o Chanal e o Pão se portam em palco e Above the Hate dentro das cenas “diferentes” que aí andam até é das que me agrada em alguns sons, como já disse, o primeiro EP não é bem para mim mas o segundo tá power! Respect!

Cheguei com a minha na mão, encontro gente e roda, o clássico, falar com um ou outro na porta, entretanto entrei, dei os meus preciosos 10 paus que embora me façam falta de caralho, é sempre bom ver um bom show e rende normalmente rende sempre, é rara a vez em que me arrependo de dar os 5/10 paus dum bilhete.

Quando Entrei estava a meio do set de Diabolical Mental State, fucking metal man! Foi bom set, não conhecia a banda, não desgostei, mas honestamente, é rara a banda naquela onda que não acabe a soar me a Switchtense. Sem ofensa, curto bué de Switchtense, mas soar-me tudo ao mesmo é chato. Ainda assim, bons riffs mesmo! Mandei os cornos ao chão algumas vezes! Mandaram bom gig!

Challenge a seguir, siga prá frente, Old school style! Circle pits, sing alongs, 2step e side to side, perdi a cabeça que fui pra lá para isso mesmo! Senti o set, fecharem com Floorpunch é sempre bacano, e a Luísa da Zona Centro Hardcore refilou comigo um pouco por ter lhe batido, foi sem querer, my bad, da próxima devo levar chapada, ahahaha. Granda amor por esta gente de Coimbra <3
E granda respect por toda a gente que vem das Caldas sempre que esta gente resolve cá vir à capital dar um show! Fazem sempre a festa e é sempre bom ver 30 shirts a dizer Caldas da Rainha Hardcore. Se Challenge vai tocar e há shirts destas á vista, sabes bem que o gig vai ser power nem que seja só pelo público.

For The Glory a seguir, foi fixe ver um set diferente, começar 2004 style é power, Drown In Blood a rebentar logo, ninguém reparou na guitarra desafinada na primeira malha. Foi power o concerto, lá na frente a cantar, sala a mexer, bons circle pits! Granda Sabes este set novo em que viraram a set quase ao contrário e não tocaram a Survival no fim. É fixe variar e já andavam a acabar concertos com isso à bué. Mas foi power o concerto. Talvez das bandas que mais me influência, ainda estou para ver é quando vou cantar a I Won't Crawl on my knees como prometido Sô Congas (partindo do principio que vais ler esta merda!).

“Para quem entrou aqui à toa somos os SYC!”, e siga a marinha! Vi o gig cá de trás, a banda  nunca foi muito a minha cena mas sempre admiti que dão um concerto com um poder do caralho, reparei que um dos vocalistas estava mais em baixo de forma, e foi pena porque se houver mais festa em palco, como das outras vezes que os vi, sei que o concerto é melhor ainda. Mas mesmo assim o concerto foi muito bom, sem espinhas quase.

Chateou-me um pouco que o vocals mais gordinho (acho que é o Gil, se não for my bad), estivésse todo bezano a cantar. Tocar bezano é na descontra, nada contra, mas estava a perder bué presença por isso e isso prejudicou um bocado a actuação. Todos temos um limite e acho que ele ultrapassou o seu, ainda assim, mesmo a mexer-se pouco, notava-se na cara dele que estava a divertir-se para caralho, respect for that!

O outro vocals caralho… Que presença, era o senhor do palco, metam-se a pau que de vez em quando aquela perna se acertá-se em alguém matava, que houve cada kick que até doía, tava mesmo a "senti-las", curti. Da parte do público dos concertos que vi não tenho nada a dizer! Tava power tudo a mexer, tudo a curtir milhões, e foi para isso que lá foram…Nada mais a dizer, dormi bem e acordei um pouco dorido, e é sempre bom acordar assim depois de um gig, é sinal que foi jarda!
Sabem como é que é!

E o Futre? Não o vi. Fiquei ligeiramente chateado. Queria tirar uma foto com o sócio.

Do vosso menino de Alva Fucking Lade.
Peço desculpa se ofendi alguém ou se disse cenas que não gostaram, mas tal como SYC se fartaram de dizer, quem gosta gosta. Quem não gosta…

Review por Ricardo Servo.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Review: Challenge + Nasty World + Anger Feeds @ C.C. D. Carlos I, Caldas da Rainha


Sim, perceberam bem. Centro Comercial D. Carlos I.

Este ano surgiu a oportunidade de ir ao Caldas Late Night, não só pelos concertos que iam existir mas também por toda a envolvente do festival, se é que "festival" é a palavra certa para o CLN. Shows, performances, exposições, open houses, etc. Fui na sexta-feira à tarde, já sabendo que ia perder o house show na Casa da Fruta com Holder, Blackjackers e Challenge (que acabaram por não poder tocar). Ainda assim, o plano passava por checkar o show de Same Old Chords, às 22h num cafézito perto do centro. O concerto acabou por não acontecer por problemas técnicos e por elementos da organização estarem ora ausentes ora demasiado entoxicados para resolver o problema. Falta de respeito, cara!

Bom, mas isto é review ao concerto de sábado à tarde, no shopping em frente ao Pingo Doce. A sala era uma loja vazia. Mas uma loja quadrada, bem pequena. Enquanto isso, todas as outras lojas estavam abertas, em pleno funcionamento. Caos. Caos Caldas da Rainha style!

A primeira banda a tocar foram os Anger Feeds, sangue novo. Show de lançamento da demo. Dois vocalistas, hardcore com toques metalados, tocaram uma cover de Agent Orange que meteu tudo crazy. O espaço era pequeno e estava bem cheio, ainda que se mais meia dúzia dos MUITOS que estavam à porta da sala tivéssem entrado não se perdia nada. Só se ganhava. Ganhava-se mais cheiro a macho. Ganhava-se mais humidade a escorrer pelas paredes. O vidro tinha ficado embaciado ainda mais depressa...

A seguir tocou Nasty World, outra das novas bandas hardcore das Caldas, e aparentemente ainda há mais umas a caminho! Por esta altura já estava tudo sem tshirt, só suor e homem meio pelado a moshar naquele espaço ínfimo. Acho que eles ainda não têm nada na net, mas já havia malta a cantar umas malhas, pelo que foi mais fixe. Tocaram a Hope de X-Acto, numa versão meio caótica e quase sem voz, mas deu para pile-ons e para encherem o tecto de pegadas. O Edgar tomou nota dos criminosos para depois limparem o estaminé.

Estava buéda malta no corredor do shopping a ver os concertos. Muitos atrás da vidraça, tipo turista no zoo a ver os bichos no seu habitat natural. A sala era minúscula mas com menos receio e mais tolerância ao cheiro a suor e a temperaturas elevadas, podiam ter entrado mais umas quantas que ninguém se queixava. Se um gajo metesse ali um termómetro, certamente passava os 30º, e estou a ser muito bonzinho. Challenge foi o fim da macacada do costume. Side to side de dar três passos e estás na outra ponta da sala, se é que os consegues dar. Dives a começarem na porta e a percorrerem a sala toda. Provavelmente surgirão videos. As condições para a filmagem não eram as melhores (tipo o Amador de câmera na mão a levar com dives em cima), mas deve dar para terem noção do espaço. Mais uma vez, nem a banda nem as Caldas da Rainha a desapontarem.

No mesmo dia à noite, e depois de termos encontrado o Frodo, jantado no Mr. Pizza a ver a final da Champions e termos andado a dar umas voltas, fomos até ao largo do hospital termal (ou lá como se chama aquilo) onde ia tocar Leaf e Fuzz. Leaf é um granda abuso. Dois tipos, um deles o Ricardo de Challenge na bateria (máquina!) a tocar uma cena que me soou a uns Title Fight "minimalistas", mas que depois a Joana me diz ser na onda de The Fall of Troy. Não conheço a dita banda mas pondero investigar. Fiquei muitíssimo surpreendido e deram um show do cacete. Fuzz já metia mais invenções, e fiquei cá mais longe à conversa não dei a devida atenção.

A noite ainda era uma criança, e apesar do dia ter terminado no que a shows do rock'n'roll dizia respeito, ainda havia muito que fazer.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Entrevista: Vasco e Ricardo (Suburban Bookings)

Como em quase tudo na vida, falar é o mais fácil, fazer é sempre o mais difícil. A Suburban Bookings é uma promotora que apareceu à relativamente pouco tempo meio de surpresa. Miúdos novos, na idade e na cena, a marcarem concertos com frequência e a apostarem em trazer bandas de fora, algo sempre complicado neste buraco na cauda da Europa.


Bom, para quem não vos conhece, apresentem-se e falem-nos um pouco de como surgiu a vontade de começarem a marcar concertos. É sempre mais complicado desenvolver contactos, falar com as bandas, dar a cara e perder dinheiro do que ir para as páginas das bandas dizer "come play Portugal" e esperar que as coisas caiam do céu...

Boas Tiago, desde já queremos agradecer o teu convite. Bem, nós somos dois amigos, Ricardo e Vasco, que começamos a ir a shows há cerca de 2/3 anos e desde aí que surgiu aquele bichinho de tornar-mos possível a vinda de certas bandas que gostamos de ouvir ou que já ca estiveram mas não tivemos a oportunidade de ver. A primeira ideia de começarmos a marcar os nossos proprios shows começou no inicio de 2012, ideia que ao longo do ano se foi materializando numa promotora com nome, logo, ideias, datas e muita vontade, e foi assim que em outubro do ano passado , começamos a planear o nosso primeiro show, sábado dia 8 de Dezembro.

Para a malta que pensa que marcar um concerto é um bicho de sete cabeças, e que as bandas são os U2 a pedir comida gourmet e papel higiénico preto, como é que tem funcionado o vosso processo de marcação de bandas e concertos?

Até à data temos tido muita sorte, porque temos marcado bandas que pouco ou nada pedem de extraordinário.

O nosso processo passa por trocas de emails ou falando pelo facebook (tecnologias!) com as bandas/membros, e orientamo-nos com datas e com as exigências de cada um. Para o pessoal que pensa que isto é um bicho de sete cabeças, apenas tem que perceber que as bandas não fazem tours de borla e não podem estar a espera que eles venham tocar sem lhes dar o mínimo de condições. Ah e acima de tudo não se conformem se alguma coisa vos parecer exagerada, discutam o assunto e cheguem a um consenso que o pessoal costuma ser acessível. E nós temos aquela ideia de "hoje são eles amanhã podemos ser nós"!

Hoje em dia o pessoal mais novo parece estar mais inclinado para sonoridades mais pesadas, do beatdown ao metalcore e coisas do género. Sem vos querer catalogar como uma promotora de bandas do tipo X ou Y, vocês têm conseguido trazer cá bastantes bandas europeias e mais recentemente Warhound nessa onda. Achas que esta é realmente uma tendência actual ou uma moda passageira? Há um público grande e fiel o suficiente para esta sonoridade em Portugal? Já fui a um par de concertos vossos, mas não à grande maioria, e a minha ideia neste momento baseia-se na acção/reacção no pit na grande maioria dos concertos em Lisboa: tudo parado nas partes rápidas, tudo de braço cruzado à espera do breakdown pesado para aí soltar a franga.

Sim é verdade que o pessoal agora vai mais na onda do quanto mais pesado melhor, mas mesmo assim ( e vimos isso com Warhound e No Second Chance) achamos que o publico ainda está muito longe de ser fiável no que toca a estas bandas e o beatdown está muito longe de ser uma tendência, dai também não marcarmos certas bandas que sabíamos que não iriam mais de 50/60 pessoas.

Infelizmente Tiago temos que te dar razão, o pessoal anda a esquecer um bocado os circle pits e os stage dives e está mais na onda dos ninjas, não é que desgostemos isso, mas também não tem piada ver o pessoal parado o som inteiro, mas poder ser que isso mude agora e que o pessoal se manque.

Até à data, qual foi aquele concerto que mais pica tiveram de marcar? E qual foi aquele que, no final, mais sorrisos vos arrancou?

O primeiro show é e sempre será o "show". Não tínhamos experiência, nem estofo nestas andanças, mas o que certamente nos deu mais pica de marcar foi Dirty Fingers, porque era uma banda que ambos sempre gostámos e foi a primeira banda que queríamos marcar quando tudo começou e no final o show correu super bem e eles adoraram Lisboa. E são pessoal 5 estrelas pelo que também foi o que mais sorrisos nos deu, pelas pessoas que são, pela sua maneira de ser (que se fodam os rock stars!) e onde, talvez por termos ido com eles a Coimbra, criámos ali um inicio de uma amizade...

Quais são as vossas bandas favoritas e quais aquelas que gostariam de trazer a Portugal, haja dinheiro e possibilidade? Assim uma espécie de dream lineup.

Apesar de partilharmos os mesmos gostos existe uma variedade no que toca a bandas favoritas ou de referência. Para mim (Ricardo), o meu dream-lineup seria algo como: Trapped Under Ice, Backtrack, Rude Awakening, Turnstile e Rotting Out.

Para mim (Vasco), seria: Nasty, Rotting Out, Trapped Under Ice, Words Of Concrete e Shattered Realm .

Isto são apenas 5 bandas que gostaríamos de ver no momento, existem muitas mais que já vimos ou que queremos ver.

Em relação à nossa possibilidade de marcar concertos, vontade é o que não nos falta mas infelizmente os nossos últimos concertos não correram como esperávamos. Nós estudamos os dois, não temos emprego e agora o dinheiro está escasso!

Como é habitual nestas rubricas do Nós Contra Eles, dedicamos sempre uma das questões às vossas origens no hardcore. Como é que vieram cá parar? O que é que vos tem feito ficar?

Começámos a ir a concertos por convites de amigos. Já íamos a alguns concertos punks de bandas de garagem aqui da nossa zona e depois com a descoberta de mais bandas na onda do hardcore começámos a pesquisar eventos e sítios e começámos a ir aos shows para vermos aquelas bandas ao vivo que vibravam nos nossos mp3s.

O que nos fez ficar até hoje foram as novas amizades, as novas bandas, o convívio e um pouco tudo o que leva o pessoal a ir aos shows. Tal como disse o Futre, são duas horas que o pessoal esquece o mundo de merda lá fora e todos os problemas.

Obrigado outra vez pela oportunidade e um abraço para ti e para todas as pessoas que nos apoiam à sua maneira. Ainda somos uma promotora pequena, mas esperamos que isso um dia mude e que possamos trazer sorrisos não a 150 pessoas mas a 400 ou 500 pessoas. Lembrem-se que o hardcore é cooperação e não competição, não deixem de ir aos shows mais pequenos, porque acreditem que a vossa contribuição faz toda a diferença entre passar um dia em casa no facebook ou irem ao show para estar com o pessoal e se divertirem.

Tiago continua com o teu ótimo trabalho, projectos como teu fazem falta nesta pequena comunidade. Abraços!


segunda-feira, 20 de maio de 2013

Playlist da Semana #39

Todas as semanas, a Playlist da Semana. Porque no partilhar é que está o ganho. Um dia depois do habitual, gostosa como sempre.


Poison The Well - The Opposite Of December - Sabes aquela sensação de não ouvir um disco praí há uns dez anos? Provavelmente não, mas é uma sensação brutal. Ando aí numas arrumações de MP3 para disco externo e tal (eu sofro de OCD, não julguem) e decidi repetir alguns discos que não ouvia há buéda anos. Heaven Shall Burn não deu e The Locust ouviu-se bem mas foi Poison The Well que bateu mesmo. Este disco é BRUTAL. Na altura o pessoal era todo maluquinho por este disco, ahah. Adoro. O Atum, o Satan Com Natas, a Artoca, o Lackaday, o Super. Bom shout! Quando é o próximo concerto nas garagens mesmo? But I digress, acho que ouvi este disco umas vinte vezes esta semana e não estou a exagerar. Só ontem foram umas seis.

Crass - The Feeding Of The 5000 - É como eu disse naquele post no Facebook: Crass dá-me mais vontade de dar socos em paredes que muitas bandas de hardcore. Se calhar é porque as letras apertam mesmo no nervo que me faz ser do hardcore em primeiro lugar. Conformados e calados? Não dá para mim. Carreira, carro, hipoteca, ser homem de família, acreditar em deus, férias no Algarve, reforma, morte. Tá bacano ó maluco, fica lá com isso e com a merda toda que vem acoplada que eu vou vivendo a minha vida por mim. Já agora, fica aqui esta espécie de documentário sobre eles para quem se interessar: http://www.youtube.com/watch?v=5LQ1CvwF7BQ

Man Or Astro-Man? - Intravenous Television Continuum - Surf rock misturado com punk rock só pode dar bom resultado, né? Não seja por isso. Eu e surf rock? Culpo o Pulp Fiction. A cena é que Londres e surf rock é aquela cena, lol!... Não, mas quando eu viver na Costa Rica ou no Brasil logo represento como deve ser. Bom chapéu, bom calção branco, Vans sem meias e um polo preto a combinar com os Wayfarer - é porque não sabes. Este disco? Bom demais. Aliás, Man Or Astro-Man? é bom demais de qualquer das formas.

NoFX - So Long And Thanks For All The Shoes - É verdade, cheguei aos trinta e continuo a não curtir de NoFx. Não sei, não perguntem. Não sei se é a voz do Miguel Gordo ou aquele melódico irritante mas há qualquer coisa que não bate. Fun fact: comprei este CD em Madrid, no El Corte Inglés, no ano em que saiu - 1997. Foi tipo uma viagem de estudo no 10º ano. Granda clássico essas viagens, dêem-me o Prado ou o Reina Sofía a qualquer dia da semana - Barcelona é demasiado overrated. Anyway, como eu sou bué open minded, digam-me qual é o disco de NoFX com sonoridade mais próxima a este para eu botar ouvido.

Red Aunts - Ghetto Blaster - Mas achas que ouvi muito punk rock esta semana? E o tempo nem esteve muito (nada) quente. Diria mesmo que arrefeceu bastante ali quarta-feira à noite. Eu sou muito fã de Red Aunts. Muito, muito fã de Red Aunts. Miúdas com instrumentos, um par de bolas e atitude que transborda? My friend, sign me up! Há bandas desta onda em Portugal? Devia. Mandava reservar já a frente do palco. Melhor, deixava logo de ser straightedge. Ia representar com a boa lata de Red Stripe para o meio do pit. Isso e o cortezinho no meio da testa feito com x-acto, só para dar aquela paleta. Eu não brinco aos fãs, é 100% real e a doer.


Poder Absoluto - Demo 2013 - Lembram-se da entrevista ao Fácil-E de Altercado Espiritual? Ele falava da outra banda que tinha e da demo que estava para sair. A demo esgotou num abrir e fechar de olhos e, meses depois, recebo um email dele a dizer que malta de Disapproval tem uma editora nova na Califórnia e que ia lançar uma press americana da demo. Fui checkar o post na Bridge 9 e das cinquenta cópias feitas já sobrava menos de um punhado. Não sou bruxo, mas cheira-me que os mexicanos se devem ter fritado todos: hardcore à Boston cantado em espanhol? Orale, maricon! 

Bad Seed - Demo 2008- Isto era aquela banda pesadona dos miúdos de Title Fight quando ainda eram mais putos. Porque é que acabaram? Parece que houve stress entre o Saba e o Rifkin (entrevista). Essa banda teve mega hype (chegaram a fazer bootlegs da demo tape!!!), mas entretanto a moda sumiu rápido e logo vieram Title Fight, Harm's Way e essas bandas todas para onde os gajos foram tocar aproveitar as luzes da ribalta. 

Violent Reaction - City Streets - Ok, Violent Reaction lançaram das melhores demos de 2011 e o 7" subsequente, lançado o ano passado vai (pelo menos) na terceira press. Numa editora europeia!! Esta é a banda a solo do Tom de The Flex/Sectarian Violence, e este disco é uma chapadona do camandro. Misturado na Paincave e lançado pela Painkiller já sabes o que a casa gasta. A VxR Stomp tem roubo descarado da The Few, The Proud de Negative FX, e só por isso adoro este disco. Sou um gajo que se contenta com as coisas simples da vida. 

Obstruct - No Life - O ano passado saiu a demo destes bacanos de Yorkshire, no Reino Unido. Mais uma daquela vaga nova do UKHC como deve de ser, sem ser aquelas merdas da Purgartory do melódicozinho e do metalcorezinho e do resto dos "zinhos". Claro que um gajo sabe que os ingleses papam tudo o que sai da América, mas é fixe ver que ainda há quem vá lá roubar sem soar demasiado cliché. Early Boston é a minha cena, pelo que nem vale estar aqui com merdas, ficas já a saber ao que vens. Novo disco lançado na nova editora do Max Mitchell da Back On The Bins/It's Just A Phase! Fanzine, que têm sido as minhas companhias literárias e de galhofa.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Review: Daydream + Just For Being + Challenge + Stevenseagal + OLS @ C.R.A., Lisboa


Fui ao show sem conhecer as bandas estrangeiras, disseram-me que Daydream era 90's, Earth Crisis/Outspoken/etc e que os Just For Being era punk rock fixe. Tinha o bilhete da Gamebox do Sporting mas depois da miséria desta época nem lá fui dar o assob..beijinho de adeus aqueles malandros. Saí do almoço de familia para casa, para pegar na caixa da distro para levar e ver se vendia mais uma ou outra coisa. Cheguei lá às 4 e pouco e ainda estava tudo bagunçado. Concertos a começar a horas? Já o Jim Diamond dizia...I should have known better. Deu para meter a conversa em dia, que é sem dúvida das melhores partes de ir a um concerto. Ver a malta que só vês nos shows e falar de tudo aquilo que não falas ou que te esqueceste de falar na Internet. Vida real: 1. Facebook: 0.

Dando o fast forward para as cinco e tal, One Last Struggle tocaram um dos sets mais coesos que já tinha visto deles. Até com o som meio manhoso que vinha das colunas pareceu-me uma banda mais forte do que das anteriores vezes que os tinha visto. Numa cena onde bandas como Verse e Have Heart (depois da demo) parecem ser idolatradas é uma banda que tem espaço para crescer, e este pareceu-me um bom ponto de partida para uma banda mais sólida, e menos verde.

Já não via Stevenseagal há uns tempos valentes. O som da banda, a lembrar-me Zootic aqui e ali, com as frases gritadas ao microfone, é aquele mais díficil de agradar a gregos e troianos. Não me cabe a mim enfiá-los num frasco e catalogá-los como sendo isto ou aquilo, mas quem conhece a banda certamente compreende o que quero dizer. Ainda assim, das poucas bandas que ainda procuram transmitir algo com a sua música, nos espaços entre faixas e nas covers que tocam. A Glue de SSD que pôs o Bruno das Caldas feito touro enraivecido foi o ponto alto do set.

Dizer que o show de Challenge foi a mil à hora é dizer pouco. Não sei se propositado ou não (quem estou eu a querer enganar, claro que foi por causa da hora já tardia e do Benfica às 8.30), mas o set passou a voar, a começar logo com a Clobberin Time de SOIA, que costuma aparecer praí a 3/4 do concerto. Tocaram alguns dos êxitos de toda uma carreira, o puto Ivo a cantar mais uma vez numa delas, ele que já é figura sempre presente nas viagens da banda, e fecharam com Floorpunch. O público estava todo mega parado. Até nas covers foi bem mais sossegado que é costume, até para um show em Lisboa! "Público das palminhas"...por aí.

Just For Being não vi. No final do concerto de Challenge fui até ao bar e estava a dar o grande Sporting. 0-0 contra o Olhanense num jogo em que era preciso ganhar e rezar três avé marias a ver se ainda chegávamos ao quinto lugar colou-me ao ecrã. Não que a qualidade futebolística fosse muita, como tem sido habitual esta época, mas acabei por ficar até ao apito final. A um par de minutos do final o Estoril marca e caga nisso, nem ao quinto lugar chegamos. Claro que acho que perdi um espectáculo bem melhor dentro da sala do que o que vi na televisão. Cover de H20 para fechar, ainda vi um ou dois largarem a bola para irem a correr verificar.

Daydream foi fixe, o som estava muita manhoso, o vocalista acho que fodeu um dedo a meio do concerto, o Tofu depois disse-me que meteram foto na net do gajo com pulseirinha no hospital e tudo (não me perguntem é como aconteceu...), e lá foram desfilando um hardcore pesado, muito noventas, com cover de Inside Out e de Judge (da Like You) a fechar o set. Desfizeram-se em obrigados a quem os veio ver, aos amigos de longa data, aqueles que fizeram com que as datas em Portugal fossem possíveis e tudo o mais. Pareceu malta fixe. Mas já passavam dois ou três minutos do início do Benfica, e a malta do CRA lá pode parar de abrir e fechar a porta da sala do show a ver se já tinha acabado, e pôde finalmente dar descanso aos ouvidos e começar a distribuir birra e petiscos à malta ali das redondezas que já enchia o bar. Do jogo da passarada só vi a segunda parte em casa de um amigo, e abstenho-me de fazer comentários.

Parece que o checos acabaram a noite em casa do Luis Luz a comer bolo, por isso devem ter seguido viagem para o Porto contentinhos e de barriga cheia. Foi uma tarde de concertos interessante, pena a ideia idiota do Clube Recreativo dos Anjos de, A MEIO DO CONCERTO (muitos dos que tinham entrado nem se aperceberam disto), começar a impedir a entrada a quem quisésse ir ao show a não ser que se fizéssem sócios do clube e pagassem a quota mensal (1€). Rídiculo? Claro que sim! Nem é pelo valor de um euro, é pela atitude do clube. Só têm é a perder com estas merdas...

domingo, 12 de maio de 2013

Playlist da Semana #38

Todas as semanas, a Playlist da Semana. Porque no partilhar é que está o ganho.


Bad Religion - The Process Of Belief - Não sei se foi por termos tido aí uns dias de Verão brutais, mas aquele gostinho pelo melódico veio à boca (assim ao fim do dia, quando só anoitece às nove da noite) e eu não resisti a adicionar este disco à playlist. Bad Religion normalmente não engana muito, é produto de qualidade. Com este disco é tiro e queda que volta e meia estou a cantar as músicas todas, mesmo que não dê conta disso. Nota mental: não voltar a ouvir no trabalho com fones. Ups!

Born From Pain - In Love With The End - Non-related, mas a primeira vez que vi Born From Pain foi na Kasa Okupada. What? Isso mesmo, na Kasa Okupada. Foi bem fixe por acaso. No outro dia ia muito bem na rua e veio-me o refrão da New Hate à cabeça, nem sei bem porquê (se calhar porque o Verão passou a Outono em dois dias). Colei logo de novo em Born From Pain. Este disco é o último que conheço deles e até curto moderadamente. É aquele hardcore que não é hardcore e metal que não é metal, mas também não é metalcore. Oh well... há-de ser qualquer coisa.

The Stooges - Raw Power - É, quem sobrevive a este disco quando tocado à noite? Muito perigoso. Eu não sobrevivo, morro sempre umas cinquenta vezes. Claro que se a companhia for boa então ainda é pior. Daqui sobe-se para Doors e de Doors para Pink Floyd - assim decerto que a noite só acaba de manhã, com um ida ao ginásio no dia seguinte completamente fora dos planos. É 1969, baby.

Slapshot - Sudden Death Overtime - Alguém meteu um link para um set de Slapshot em Boston aqui há dias e pá, não resisti, vi tudo de enfiada. Eu ADORO Slapshot, e não é só por ser straightedge. Que bandão. Há fãs de Slapshot na casa? Mandem shout. Este disco é mais lento e pesado que os anteriores, mas mesmo assim é um granda estoiro de sabor. Eu sei bem o que fazia se os visse ao vivo assim numa sala não muito grande. Sei sim senhor.

Breakdown - Battle Hymns For An Angry Planet - Este disco merecia mais atenção da parte do pessoal que curte o som que agora se faz por aí, muito parecido a isto. Claro que Breakdown é Breakdown e esquece lá partes mosh. Isto é mocada do início ao fim, sem tempo para respirar no meio. E daquela vez que os vi na Holanda com For The Glory e All Out War? Nem me falem nisso, que público de merda. Odeio públicos de merda.


Gut Instinct - 1989-1992 Discography - Abençoada internet por me fazeres encontrares coisas tão fixes. Banda de Baltimore dos anos atrás referidos, que toca granda NYHC na onda de Raw Deal ou Killing Time. Fui dar aos gajos graças a esta foto que o tipo da Drug Dogs zine colocou no seu blog. Ficaram com aquele "what the fuck" na cabeça? É porque ver dois blacks a pausar debaixo de uma bandeira nazi é uma cena completamente normal...Armem-se em Indiana Jones e vão ao google à procura da história (dica: fórum da Livewire). O tipo da Drug Dogs anda a fazer um abcedário do hardcore e têm aparecido coisas fixes, como a foto do Freddie Madball a cantar com Agnostic Front com 7 anos, vão checkando. 

Mob Mentality - Demo - A melhor review possível a este disco foi dada por este puto polaco, quando os Give andaram a fazer a tour europeia no ano passado. "Great band, chain on the neck, camo pants, mosh!". Edição merdosa (e limitadíssima) da demo em 7" por uma editora chamada Trash King (lol) chegou-me às mãos esta semana, um ano e tal depois do lançamento. Óbvio que dei aquele sorriso parvo, sozinho no quarto, e fui ouvir isto em repeat. 

Manilla Road - Crystal Logic - Estes manos foram tocar a Barroselas. Eu não sou nada metalhead mas fui dar o checkerout, e isto é aquele heavy metal épico para caçar dragões que curto bué. Lost in Necropoliiiiiiiiiiiiiis! Ai não, a voz do gajo é mesmo bacana, mesmo do feiticeiro demoníaco a rogar pragas ao Rei Artur e a esses bacanos todos. 

Semper Eadem - Demo 2013 - O Steve e o Pat de 86 Mentality têm uma banda nova, e dizer que estou excitado é dizer pouco. Não sei se foram os ensaios para o reunion que deram aquele click, o que é certo é que estão com este two-man project pronto para andar para a frente. Vai buscar a bota de biqueira de aço!

terça-feira, 7 de maio de 2013

Review: Comeback Kid + Reality Slap + Death Will Come + Northern Blue @ Rep. Música, Lisboa


Saí de casa eram umas 3 e tal da tarde, ia ter com o puto Bruno para dar uma olhada na Feira das Almas, sendo que estávamos ambos ainda indecisos quanto à ida ou não ao concerto à noite. Soube dessa feira graças ao Frodo que tinha metido um post no facebook, e assim mudei os planos para a tarde, em vez de ir para casa do Bruno jogar Xbox sempre fomos apanhar solinho.

A dita feira fica ali nos Anjos, num spot que é um granda abuso e onde se faziam umas festas/shows bem à maneira, havendo possibilidade. Vendia-se de tudo, de roupa modificada, a joalharia, prints, artesanato em vinil e discos de vinil...boa colecção de heavy metal, mas estar a largar pelo menos 15€ por reedições todas comidas foi mesmo no can do.Estava lá o André a vender umas coisas, e ainda trocámos dois dedos de conversa. Para além de estar BUÉ malta no espaço (e MUITA miúda gira), o sítio era mesmo fixe, com um barzito noutra sala mais escondida. Quando bazámos parámos no RDA, onde um tipo brasileiro começou a conversar connosco e acabou por nos levar a conhecer o espaço, enquanto falava da vida em Portugal e fumava maconha. Depois chegou outro amigo que fez basicamente o mesmo. No regresso à Alameda passámos num supermercado indiano mesmo fixe: "tudo a 1 euro". Dois chocolates Crunchie? 1€. Garrafa de 1,5l de Fanta de Uva? "Pode ser um euro também". O tipo já queria que levásse-mos a loja toda, mas só lhe demos a ganhar dois euritos...

Bom, no regresso ligo ao Machado para conferir horários e preços. 15 euros. O puto foldou. Fomos comer ao já habitual kebab na Morais Soares e bazei para o metro, sozinho, direito a Alvalade. Mal saio da estação estão umas canadianas que aproveitam a boleia até ao show. Engraçadas, mas daquelas que o melhor era pedir BI primeiro que isto já se tem idade para se ter juízo.

Bastante malta à porta, fixe encontrar o João de Shitmouth ali, parece que houve mini-excursão do Porto para o show. A seguir, report de Istambul pelo Leo e mais uma conversinha com quem por ali se encontrava. Passado um bocado iam começar os Northern Blue e entrei para o fogãozinho. Sim, que ia-se suar muito durante o resto da noite...

Já tinha visto a banda duas ou três vezes, não é o meu tipo de som, mas é inegável que eles tocam que se farta. O Raykar ia falando um pouco com o público entre as faixas, um bocado a dar lições sem querer ser professor do que quer que seja. Espero que alguma coisa tenha entrado. A música não é propriamente a mais dançável, por isso a malta estava um bocadinho apática, com um headbang meio receoso de alguma miudagem.

Death Will Come eram os seguintes no cartaz. Nunca tinha apanhado a banda ao vivo, e para ser sincero pouco conhecia, no entanto, do que tinha visto (fotografias) e ouvido (tocavam cover de Beastie Boys) estava à espera de uma cena porreira. A formação está diferente, nem que seja porque vi o Jofy na voz e sabia que ele tocava guitarra (?),  mas pela conversa parece que houve malta a emigrar e foi necessário uma remodelação na casa. Agora o que me chateou profundamente foi a apatia do público. Música para mosharem, para andarem ali aos pinotes e...nada! Cover de X-Acto, "Uma Só Voz", e estão oito macacos a cantar e o resto a olhar para o boneco. Epa...ninguém é obrigado a conhecer ou a gostar de X-Acto (quer dizer...), mas fez-me uma confusão do caraças. Com direito a mega cratera em frente ao palco e tudo. O Jofy bem tentou meter a malta à cacetada, foi para o meio do público em algumas das faixas a ver se agitava as águas mas nada, tudo sossegado.

Já estava a contar com um filme parecido em Reality Slap, mas vá lá, aqueceu um bocado, ainda que não tanto como o tamanho da sala e o mar de gente que a ia compondo poderia fazer esperar. O concerto foi ok. O som estava meio marado, cheio de ecos na voz, mas a sala também nunca foi conhecida pela sua superior qualidade sonora...Ah, e Leo a moshar = tudo a afastar.

Bom, mas a sala apinhada esperava era pelos Comeback Kid. Eu tinha colado na banda na altura do primeiro disco, não fui ao show deles na altura (e tinha-me acabado de mudar para bem perto da sala, em Campolide) e após o segundo disco desliguei. Não fui dar o estudo prévio, e durante o set reconheci praí três ou quatro malhas, mas isso não me impediu de me divertir que se farta. Desde já, as minhas mais sinceras desculpas às cabeças que me serviram de passadeira, mas quando o Calisto me eleva bem no meio do pessoal a pés juntos, ou caía no chão ou caminhava sobre vós...eu sei que vocês curtiram, "é hardcore". O vocalista era meio pãozinho sem sal, lá ia agradecendo e dizendo que estavam bué expectantes com o show em Portugal, mas não era muito sorridente, e a voz do gajo também estava meio sumida. A malta tuga é que estava toda craize, mil dives (afinal ainda os há!!), dives das colunas, dives dos artistas do costume mesmo da patada na face, lá para trás acho que havia mocada que fervia também. Tudo a cantar, tudo espremido contra o palco e as grades laterais, tudo a suar (nem cheguei a tirar a longsleeve, valeu por umas horitas na sauna...), tudo de sorriso na cara. Por falar em suar, props para o Machado que ia de camisola de malha. Deve ter faltado ao treino, foi para ali destilar.

Uma noite que valeu bem a pena, pena não ter tido muito tempo para ficar lá a conversar, mas estava de transportes e já se ia fazendo tarde. Parabéns à Xuxa pela organização e a toda a malta que fez a festa. Que a façam sempre que forem a concertos, sejam grandes ou pequenos (já agora que apareçam nos pequenos né?).

domingo, 5 de maio de 2013

Playlist da Semana #37

Todas as semanas, a Playlist da Semana. Porque no partilhar é que está o ganho.


CREEM - Curator - Novo disco de uma das melhores bandas que aí andam. Este disco (que já leakou) vai ter o lançamento a coincidir com a tour europeia este Verão. Se puderem vão ver, eu se pudésse estava lá caídinho. A tour conta ainda com Nuclear Spring a abrir, que só fui escutar no outro dia e também é fixe. Como sou um falido vou ficar aqui roído em frente ao monitor à espera que pinguem uns vídeozitos. Este 7" tem só quatro malhas, mas já vem sendo hábito estes lançamentos para abrir o apetite, eu papar e ainda ficar com fominha. O Reggie, baixista de Backtrack toca aqui, mas o som não tem nada a ver. Só um pequeno aparte para dizer que sou um gajo informado. 

Sportswear - Tudo (ou quase tudo) - Vamos ser sérios. Se ouvires e tentares criar uma imagem mental da banda o mais certo é imaginares alemães grandões com calças de fato de treino, ténis da Nike e com t-shirts bué cruciais. Não te preocupes que eles fazem questão de se apresentar assim na maior parte das capas dos discos que lançaram. Mas já que estamos neste tom sério, se curtes youth crew isto é granda malha. Mas mesmo. Claro que metia umas quantas bandas à frente de Sportswear num qualquer top hardcore, não sou tão fã como por exemplo o gajo do Straight On View. Em conversa com o russo ele diz-me que é a banda favorita dele, de sempre... 

Mob 47 - Kärnvapen Attack - Na semana que passou tive a oportunidade, meio por acaso, de conviver um bom bocado com os Aggrenation, uma malta sueca que veio tocar às Caldas a caminho do Barroselas. Gente cinco estrelas, "metal punks" como eles diziam. Apanharam solinho na Alameda nos seus casacos de ganga cravejados de patches crucialões do 666. Como Suécia é granda pintarola, depois de eu e a Inês os termos deixado no comboio, quando cheguei a casa apeteceu-me ouvir algo que me lembrásse o bigode à Ron Jeremy de um dos guitarristas e o resto da pandilha. Mob 47 é mesmo para o pogo com a cerveja na mão, se chegares ao fim da primeira malha com liquido no copo, é porque não te mexeste o suficiente.

Ghostface Killah & Adrian Younge - 12 Reasons To Die - Daqueles discos que caem assim de repente (pelo menos para quem não anda a par do rap game) e te fazem ter fé que ainda se faz rap como deve de ser em 2013! O conceito do disco recai num horror flick fictício em que o Ghost é um assassino de uma familia da Máfia italiana que é morto e o seu corpo transformado em discos de vinil, que o ressuscitam sempre que tocados. Estranho? Uma beca. Agora pensa: flow do Tony Stark, beats topo, narração do RZA, participação do resto da malta do Clan, é preciso escrever mais? The Wu still on top! Incrível.

Side By Side - You're Only Young Once - No feriado que passou fui entrevistado a propósito deste blog pela rapaziada da Blue Shoes, um dia destes há de sair o vídeo. Claro que me deram umas brancas numas quantas questões...faltaram agradecimentos, locais e discos, que naquele momento se varreram da minha memória. Foi do nervoso de ser entrevistado, um gajo não está habituado à fama. (cof, cof...) Mas respondendo a uma questão sobre os discos que possuo e mais gosto este foi dos que me lembrei. Eu a bem dizer o que tenho é o repress com a discografia, mas as malhas do ep serão para sempre as minhas favoritas. Este disco já figurou aqui cinquenta vezes, mas estou-me marimbando.



Wasted Youth - Reagan's In - Este disco é granda disco. Hardcore sempre a dar na esgalha, baixo palpitante, vozinha do punk rock... é a fórmula certa! Por acaso já não ouvia há algum tempo mas é um daqueles que sabe bem a qualquer altura. Não há muito mais a dizer. Se quiserem aprender qualquer coisa (para mandar aquela paleta no próximo concerto), eles eram de Los Angeles (inícios de 80) e aquela foto bué famosa do mano a fazer um dive de pernas para o ar foi tirada num concerto deles (e está na parte de trás do LP). Bom, né? Sempre a aprender. Se curtem Circle Jerks e (early) Black Flag, não há muito que enganar.

The 4-Skins - From Chaos To 1984 - Em repeat. Sem exagero. Aliás tenho ouvido bué Oi! inglês dos anos 70 e 80, qualquer dia apareço aí de bota e suspensórios - LOL! Not. É granda som. Só por curiosidade, não se há aí alguém que já tenha lido TODAS as entrevistas de sempre dos 7 Seconds mas curtia perceber até que ponto a Young Till I Die é musicalmente inspirada na Chaos? É pá, é que a mim soa-me MESMO MUITO semelhante, principalmente o início e o fim. Mas se calhar sou só eu. Oi! Oi! Oi! "We don't incite violence, we sing about what happens."

Pantera - Official Live: 101 Proof - Tem sido banda sonora do banho nas última semanas, adoro. Até meto no shuffle só para curtir mais. Este disco só tem malhas boas e granda saídas do Anselmo - não há como não amar. E aquelas duas malhas de estúdio mesmo no fim? Também não percebo... Nem é por mal, que até são grandas malhas (mesmo!) mas no fim de um disco ao vivo? Para mim mata um bocado o feeling, mas hey, o que é que se há-de fazer. Como diria o Phil: That's right!

Angry Samoans - The Queer Pills - Há fãs de Angry Samoans na casa? Granda banda. Mesmo da galhofa, sem ser bem da galhofa - e é mesmo disso que a minha malta gosta, não é? Este EP só tem quatro músicas e foi lançado sob o nome de Queer Pills porque eles tinham feito uma música a dizer mal de um DJ lá de LA e o gajo recusou-se a passar música deles - normal. Então fizeram assim para enganar o senhor e passar na rádio à mesma. Brutal, né? Os miúdos do core são sempre os mais fodidos nessas merdas, por isso é que curto tanto esta cena.

Hatebreed - Supremacy - Ontem fui ver Hatebreed. Eu adoro Hatebreed, mas confesso que só fui ver por causa da companhia. Ok, e alguma curiosidade. Eu vi-os daquela vez em Lisboa e achei que era ok. Meio parados em palco, o Jasta meio standard - nada de especial portanto. Claro que na altura eles não tinham uns quarenta discos, por isso estava curioso para o que aí viria. Mas I digress, passei a semana toda a ouvir Hatebreed. Como disse, adoro tudo. Oiço os discos todos mesmo na boa. Guilty pleasure? Chamem-lhe o que quiserem, mas os gajos conseguem fazer sempre a mesma música soar diferente.

Slayer - Erm... tudo até 1994 (RIP Jeff) - Fogo, Slayer é mesmo DAQUELAS bandas que já oiço há milhões de tempo. Médio/fim dos anos 90? Possível. Claro que o Jeff morrer me deu vontade de ir reviver o catálogo deles até ao Divine Intervention. Não que o resto não preste mas... you know what I mean. A ver se pego nisso. Os Slayer são uma boa prova de que os anos 90 não tinham sido como foram se não tivesse existido uma cena hardcore. Como dizem os brazucas: é nóis! Adeus Jeff!