sábado, 28 de maio de 2016

Review: Expire + Cross Me + Push @ Popular, Lisboa


Shows a meio da semana em véspera de feriado deviam ser lei. Mas como não são este concerto teve um pontaria do caraças no calendário e tornou ainda mais fácil a escolha de ir até Alvalade. Para quem tinha marcado presença na visita anterior de Expire este concerto estava marcado na agenda faz tempo, com bold e sublinhado.
Os Expire tinham dado um concerto do caraças, e desta vez esperava-se igual ou melhor. Sem bandas merdosas a acompanhar e numa sala menor, estava tudo bem encaminhado.

O Popular é provavelmente a melhor sala em Lisboa para concertos pequenos/médios, ainda que a arquitectura fora do normal da zona do palco cause alguma estranheza. Mas não é por aí que não há espaço para dives, circle pits ou para moshar, e a noite provou-o.

Cheguei bem cedinho e estive um pouco cá fora à conversa, entrando ainda a tempo de chillar nos sofás antes dos Push! começarem a tocar, a saborear ao máximo aquela imperial de 1,5€ (ai!).
Logo reparei que havia um grupo praí de 15 rapazes e raparigas bem novinhos que nunca tinha visto na vida, já a representar com tshirts da banda. Perguntei ao Noia se os conhecia e a resposta foi negativa, pelo que o estrelato está a bater a porta. Taking over!

A banda tocou um set comprido para uma sala a 70% da capacidade, a mostrar mais uma vez que são das bandas com melhor atitude em palco na nossa pequena cena, sempre energéticos e a puxar pelo público, que respondeu à letra, com esse mini-exército à cabeça. Pena o rapazito que andou a ver demasiados vídeos de Desolated e Malevolence no youtube e acha que crowd kill é uma cena fixe/aceitável…mas não esperou pela demora.

Não conhecia Cross Me e achei um bocado chato para ser honesto. A estrutura das músicas era sempre a mesma e rapidamente começavas a adivinhar o que ia acontecer a seguir. O vocalista pareceu-me um gajo bacano pela pouca conversa que tivemos cá fora antes do show, mas tinha uma pinta engraçada. Tatuagem da águia e bandeiras da América no peito, só faltava a arma na mão e o boné do Make America Great Again. Americanos a ser americanos. Se fosse cá era logo rotulado.

Já com a sala quase cheia (sendo que esperava mais, para ser honesto) estava tudo à espera de Expire, e Expire não desapontou. Nem eles nem o público.

O monitor do meu lado saltava do sítio música sim música não, o tripé igual, e os pedais da guitarra rapidamente foram escondidos por baixo do amplificador, tamanho o trânsito que ali se gerava. Um concerto hardcore como se quer. Malta a voar de toda o lado, a aterrar sabe-se lá onde e com as letras na ponta da língua. O jogo de luzes epiléptico dava um toque interessante, tu vias um qualquer gajo a subir ao palco, ficava escuro, e de repente já te estava a aterrar em cima.

Os já referidos miúdos e miúdas novos lá se mantiveram na frente, cantaram as músicas e mantiveram-se hirtos e firmes enquanto lhes caiam corpos sobre a cabeça.

O Josh disse que tinha sido o melhor concerto da tour até agora, mas um gajo fica sempre na dúvida porque parece que todas as bandas o dizem…mas vale a intenção. Lá que foi granda abuso foi.

No fim peguei um 7” de STONE, a outra banda do Zach Dear, guitarrista de Expire, que é fixe e estava lá refundido na banca do merch. Ainda deu para estar com o Pontes a ver a qualidade do algodão das Gildan Heavy Cotton e dizer a umas raparigas que Deez Nuts não presta e elas terem ficado incomodadas (objectivo atingido!).

Quando sais de um show com marcas de pés nas costas, negras espalhadas pelo corpo e t-shirt suada, é sinal de que foi coisa séria. É cliché, mas o hardcore está bem vivo, pena que nem sempre com a vitalidade mostrada neste dia.

Que os miúdos novos continuem a aparecer nos concertos, que sangue novo com sangue na guelra faz (sempre) falta.