terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Review: BANE + Backtrack + SHAPE @ RCA


O mês de dezembro trouxe duas prendas antecipadas: concertos! Motivo para recuperar aquela combinação perfeita, pizza e hardcore. Pit stop no Mr. Pizza para encher o bandulho com viagem rápida até ao café dos bombeiros para ver um bocado do Sporting.

Pouco depois da hora marcada partimos para o RCA, tendo chegado já com o set de SHAPE a meio. Vi umas três músicas pelo que seria injusto dar grande feedback.
Reencontro com aqueles amigos que só vês nestas ocasiões, sempre aquela felicidade estampada no rosto. E o calção em dezembro? Só para os mais cruciais, claro!
Não apanhei os Backtrack no início deste ano com Madball pelo que a ordem de comparação ia para o longínquo ano de 2011, quando tocaram em Cacilhas, na altura apenas com a demo e o primeiro EP na bagagem, bem antes de serem uma banda “grande”. A expectativa ainda assim não era a maior do mundo, mas contava com mais que meia dúzia de gatos pingados a conhecer a banda - esperava bom show com a miudagem mais nova craze.

Se o Darker Half os fez dar o salto em termos de audiência, o Lost In Life acabou por ser mais do mesmo. Acaba por ser normal, numa banda que vai acumulando uns anos no curriculum, naquele processo mais ou menos normal na cena hardcore. Se inovas é porque “fritas”, se é mais do mesmo é porque é sempre igual…

A banda agora tem uma rodagem como poucas e isso é óbvio ao vivo, mas depois de quatro ou cinco malhas torna-se um bocado chato, especialmente quando o público está mais sossegado do que seria suposto. Se há festa o sentimento é outro. Ah, e para minha infelicidade não tocaram a Deal With The Devil, pelo que faço cara feia à escolha da setlist.

Ainda assim, tudo certo. O concerto foi fixe, mexido o suficiente para meter a Márcia no estaleiro e mais longo do que os 20 minutos a abrir para Madball que deixaram muitos aborrecidos na anterior passagem da banda por cá, mas tinha havido um stress qualquer e eles pareciam estar meio aziados (tal como os Bane, mas não sei se pela mesma razão).

O Vitalo tinha um tshirt de Turning Point que alguém tentou comprar-lhe no final do show, sendo que ele declinou, dizendo que tinha largado cento e muitos dólares para a comprar a um amigo. 2015 parece que foi ano de revival de TP, mas parece que estou atrasado para a festa. Se bem que o mais certo é mesmo ficar à porta, os meus hypes são outros.
Os Bane regressavam a Portugal para se despedir. Parece que é desta que vão acabar, depois de já o terem anunciado não sei quantas vezes. 20 anos de banda é dose! Se ainda pensei em casa cheia para esta despedida, rapidamente conclui o contrário. Se foi pela época natalícia, se pelo preço ou pelo show da semana seguinte, o que é certo é que o RCA estava a pouco mais de meio gás.
A maluquice do concerto de 2012 não se repetiu com a mesma intensidade, e nunca é bom teres um vocalista a dizer que queriam vir a Portugal novamente porque tinham dado um concerto que lhes ficou gravado na memória, e desta vez havia buraco no pit e os tais dives ficaram em casa. Felizmente a meio caminho as coisas mudaram, e houve lugar a um bom concerto de hardcore.

Confesso que não sou o maior seguidor da discografia da banda, mas tocaram aquelas malhas incontornáveis quase todas e deram um showzaço. Havia uma rapaziada alemã que os andava a acompanhar pela Europa nesta última tour, sendo que uma das garotas fez anos. Houve Happy Birthday To You, com balões e confettis. Boa festa de aniversário.

Dêem uma olhada nas fotos e videos, vão ter pena de não terem lá estado, for sure. Todos os que lá estiveram também certamente teriam apreciado que mais malta lá tivesse estado. Um boa despedida, ainda que continue a achar que a banda não vai ficar quieta assim tanto tempo...
Como remate final, vou voltar a bater no ceguinho: alguém se esqueceu de avisar que as grades não são impedimento de stage dives. Quem quer faz, por isso só posso deduzir que não se quis assim tanto. Ou então não se sabe. Este concerto fez-me pensar se o stage dive não seria uma arte perdida por estes lados. Sempre pensei em Bane como sendo, a par de Terror, uma máquina geradora de stage dives (sendo que o Aaron não os pede com tanta frequência como o Scott), pelo que esperava por mais tráfego aéreo do que se veio a verificar.

Felizmente a semana seguinte serviu para me provar exatamente o contrário....

domingo, 22 de novembro de 2015

Review: Backflip + Mordaça + Reality Slap + Linebacker @ Popular




Um concertinho já fazia falta, então no último Domingo, dia 14 de Novembro, lá apanhei eu o comboio em direcção a Alvalade para aproveitar a tarde que se fazia solarenga. Quando cheguei ao Popular, casa que tem sido alvo de inúmeros concertos, já havia bastante pessoal à porta para ver a banda de abertura, os Linebacker.

A começar pouco depois das 17, foi possível ver uns Linebacker renovados, tendo agora como vocalista o amigo Calisto. Foi um concerto sólido e uma boa surpresa a estreia do Calisto nos nossos palcos. Tocaram algumas das músicas que já tinham anteriormente, algumas novas se não estou em erro, contaram com a participação do baterista de Reality Slap, Tiago (bons pipes btw!) e acabaram em grande com a Low Places de Cold word, acompanhados pelo público a cantar em uníssono. Linebacker delivers!!

De seguida era a vez dos já conhecidos Mordaça de Linda-a-Velha. Mas uma rapariga já não põe os pés numa matiné há tanto, que acabei por perder esta actuação e fiquei lá fora na galhofa com o pessoal, catching up and chilling! Portanto deixo esta parte da review a quem esteve presente lá dentro nessa altura, me perdoem.

E então chegou a vez dos Reality Slap com a sua “nova” formação, o Bruno Palma que já tinha estado em Tour com os RS, faz agora parte da banda 24/7. Ver Reality Slap é sempre uma lufada de ar fresco. Músicas pesadas, letras inteligentes e simples, riffs rápidos, chapada na cara e ainda quem esteve lá, teve a oportunidade de ser agraciado com um pequeno teaser do novo álbum; uma música nova, cujo nome me escapa da memória, de um peso brutal e um sentimento forte (disso já não me esqueço). As novas malhas prometem bastante e estou curiosa para ver o que vai seguir o “Necks & Ropes”. E à luz dos recentes eventos bélicos no mundo inteiro, ainda deu para manter a PMA com uma cover de Bad brains, “Attitude” com a participação do amigo Cabeças. Power!

Por fim, chegaram os cabeças de cartaz Backflip, que estavam a apresentar o seu 3º álbum, “The Brainstorm – Vol.1” que, como o nome indica, trata-se de um cd duplo ou de um CD dividido em dois volumes vá. O pessoal recebeu o CD à entrada e – surpresa surpresa – a segunda caixa do cd tinha apenas uma cover a dizer “The Brainstorm – Vol.2 Coming Soon”. E assim quem for ao próximo lançamento, irá receber uma capinha de plástico com o CD para completar a sua obra.

Deram início às hostilidades com a “Corações ao Largo” e a sala acendeu. Sala cheia de amigos, fãs, dá logo para sentir todo o apoio. Sing alongs, roubos de micro, a banda sempre sólida, um sorriso sempre presente na cara da vocalista Inês e assim se faz um show de lançamento bem sucedido! Não pude ficar até ao fim devido a cenas, mas digo desde já que foi uma boa maneira de passar um Domingo à tarde.

Boa música, bons amigos, boas vibes.

Review por Márcia Santos.

sábado, 10 de outubro de 2015

Review: No Warning + Risk It! + Swan Song @ The Dome, Londres, UK



Londres, já tinha saudades tuas! E que melhor motivo para te revisitar do que um fim-de-semana com dois concertos com reunions de bandas hoje clássicas, de épocas e estilos diferentes. No Warning sexta-feira, BURN domingo. Portugueses com fartura, emigrados ou turistas, era igualmente sinónimo daquele hang out bem doce.

Voo às 6h30 da matina quer dizer que as horas de sono foram poucas. Avião da Ryanair também não é propriamente propício a um bom descanso no ar…Lá aterrámos todos zombies, pegámos aquele Terravision vazio e Stratford aqui vamos nós. Tão bom não ter de entrar no centro de Londres e apanhar aquele trânsito caótico.

Depois de ir ter com o Fábio buscar a chave de casa, arrumar as coisas e pegar aquele brunch de fast food, partimos para Camden ter com uma malta conhecida do Tiago, amigos de Londres e Pool Partyanos assíduos. Reunida a maralha portuguesa, pit stop no sempre fantástico Woody’s Grill para aquele kebab à séria e vamos até Tuffnel Park a pé que a estação do metro estava fechada.
Depois de muito palmilhar, reencontro à porta do off license com velhos conhecidos, com direito a médias de Sagres e Super Bock.

Confiei na pontualidade inglesa, pelo que dei ali uns minutos de avanço e resolvi entrar com o Ricardo Luz, que estava na cidade igualmente. Erro crasso. Apanhámos Swan Song de início e era uma granda banhada. Hatebreed em chato…Ainda tentámos dar um check no merch naquela de passar tempo, mas nem a distro gigante (mas overpriced) da Reality Records nem as camisetas de NW nos entusiasmaram ou ajudaram a fazê-lo.

Risk It! tocaram de seguida. Aquele fenómeno das bandas europeias passarem um bocado ao lado do público inglês continua a fazer-se sentir. Alguma indiferença por parte dos britânicos durante todo o set, aproveitaram umas mosh parts para rodar o braço. Muita malta estrangeira no show, que no entanto não estava cheio, nem perto disso. Talvez a existência de uma data no centro da Europa tenha feito com que muitos tenham optado por uma opção mais próxima e eventualmente mais barata.

Mas obviamente a rapaziada estava ali era para ver No Warning. O Ben Cook beto ficou no Canadá e o bad boy do antigamente estava de volta. A banda deu um concerto super tight, tocou as malhas do Ill Blood e algumas da demo, e ainda duas do Suffer Survive, introduzidas com umas indirectas sobre como ninguém curtiu o disco quando saiu (“vendemos 10 cópias no Reino Unido, 20 no resto do mundo”) mas que depois de ouvirem no youtube já era bom disco. Ainda houve um zé a pedir a Bad Timing mas o Ben disse que não iam tocar essa malha, que não fazia sentido. Por acaso curto a malha, mas pronto. Depois claro, altura de perguntar se alguém tinha erva porque o stock da banda tinha acabado…

Estava à espera de mais caos no pit, mas o público estava um bocado manso. Eu estava todo cansadão. Se ainda fiz o gostinho aos dives nas primeiras músicas, logo me remeti a um canto, que deu-me uma quebra terrível. Ainda houve tempo para pit beef sem importância, mas se há cliché sobre uma cultura que seja verídico é a de que irlandeses e álcool não combinam bem. The fighting irish, né? Bazezas…

Resumindo, No Warning deram um bom concerto e valeu bem a pena finalmente vê-los ao vivo. Rumores de cachets de 15.000€, se verídicos, só me fazem pensar no buraco no bolso do(s) promotor(es), mas temos pena! Diz que em Manchester estava mesmo triste… É verdade que provavelmente a motivação para estes shows, quer nos EUA quer na Europa, foi a guita. Se esse dinheiro é para alguma causa (o tal fundo para assistência legal do Zach, como o 7”) ou não, é outra história. Se me esqueço que o Ben é o mesmo beto de Yacht Club? Também não.

Mas os No Warning não deixaram de ser No Warning. Há um single novo a sair na Lockin’ Out em breve (€€€€€€), o som já está disponível e não é nada por aí além, mas e então? Não retira o que esta banda fez e representou, e as mil bandas que influenciou. Foi um prazer vê-los. Still ill blood.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Review: DisXease + Selfish + GAEA @ Academia Joaquim Xavier Pinheiro, Lisboa



Faz-me um bocado de confusão quando um evento no Facebook diz que começa às 16h, chego lá vinte minutos depois da hora (já para dar o desconto) e o Edgar diz-me que afinal é para começar às 17h. Parece que o flyer já o dizia, mas fiei-me no "horário do evento". Claro que o tempo vai passando e passa das cinco e meia quando começa…o clássico “espera até vir mais gente”. O problema é quando esse público não aparece. 20 pagantes? “Tuga Core Classics”, much?

Eu sei que é agosto, a malta muda-se toda para o Algarve para pegar um sol, dar uns mergulhos e ver ingleses bêbados, mas ainda assim, isso não é desculpa para não existir promoção a um concerto. Posts do Facebook têm cada vez menos força (chegaram a existir neste caso?), visto agora ser “ou pagas ou estás tramado”, pelo que uma divulgação mais tradicional não era nada mal pensada. Não fosse eu um seguidor da banda e andar com as datas debaixo de olho faz tempo, de certeza que me tinha passado ao lado, como sei que passou ao lado de muitos.

Bom, mas lá cheguei ao Campo Grande, pus aquela conversa em dia com o Ivo e o Edgar das Caldas, discuti a ida a Londres com o Ricardo, apreciei o telheiro verde construído cá fora a pensar na chuva e falei de hardcore sem ser a comentar vídeos partilhados do youtube (o Nós Contra Eles tem vivido um bocado disso...my bad). Entretanto o Athos aparece após viagem para lavar roupa e logo monta um estendal do caneco cá fora, que valeu olhares confusos dos passageiros dos vários autocarros que passavam ali na rua. Ai não, roupinha lavada, até devem ter dormido melhor nos dias seguintes.

Para abrir a tarde houve GAEA, projecto hip-hop do Miguel que já tinha visto algumas vezes. Hip-hop com conteúdo e qualidade, props para o Luis Luz como hype man/backup rapper.

Quando Selfish começaram o soundcheck começaram-se também a notar os problemas crónicos da Academia no que ao som diz respeito. Por problemas crónicos entenda-se "ter uma acústica terrível". Sei que os espaços pequenos em Lisboa escasseiam, e que financeiramente este é um local que torna viável marcar concertos sem grandes custos, mas um concerto hardcore aqui com bom som só por milagre (Get Slapped Fest!). Para além disso o volume da guitarra ia até ao 11, de maneira que estava fura tímpanos. Tive de dar um fold rápido, mas como não fui o único estive cá fora com a malta. Que venha a Disgraça!

A formação dos DisXease fez-me lembrar os jogos do FIFA antigos que tinham aquela formação Rest of the World All-Stars. O Rafael andava pela europa no seu papel de tour manager/road warrior e entre outras peripécias com restantes membros, a formação tinha o Athos, o vocalista, como único membro original da banda. Assim sendo, o resto do plantel era um alemã no baixo, um americano na guitarra e baterista brasileiro emprestado para umas semanas de tour no velho continente.

Ainda assim, musicalmente não desapontou. Set curto, malhas rápidas, público frio. Não deixou de saber a pouco para uma tarde que passou demasiado depressa e que acabou por valer acima de tudo por meter alguma conversa em dia, ver uma banda fixe que um gajo acompanhava na net e pelo hangout pós-show (hot dog gourmet, onde o “gourmet” já chegou...). Já agora, merch wise, era tão mais fixe que quando há coisas a dizer “Euro Tour” ou “World Tour” tivesse as datas dos shows. Curto bué.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Review: Turnstile + Clean Break + SHAPE @ Rep. Música, Lisboa


Turnstile foi uma banda que pegou de estaca logo de início. Mas depois do segundo EP o hype tomou proporções fora do comum. Com membros de Trapped Under Ice e Mindset, traziam curriculum interessante, mas certamente poucos estariam a prever o salto gigantesco que a banda deu em tão pouco tempo.

O novo LP é um trabalho interessante com colagens a várias bandas dos anos 90 (RATM, Leeway,...) com a atitude de uns Bad Brains, banda que fazem questão de enaltecer seja pela cover que tocam seja pelas palavras que lhes dedicam sempre que o fazem.

Adiante. Na semana anterior tinha visto os Turnstile em Leeds, no que foi provavelmente dos melhores concertos que vi na vida. 1200 pessoas numa armazém para ver um show de hardcore? Tás craze! Saí de lá todo negro e com um corte no nariz que valeu boa história para contar no trabalho (“andaste à pancada, pá?”). Resumindo, as minhas espectativas para este concerto em Lisboa eram altas. Bastante altas.

Numa daquelas primeiras tardes de CALOR do ano há romaria até à República da Música. Não sei o que levou muitos a ficar em casa, se o apelo da praia se o desinteresse em geral (somos muita tolinhos…), mas estava a par do sossego nas reservas e pré-vendas, que sei que tornou os valentes que se aventuraram a marcar este show algo apreensivos.

Depois daquela conversinha da praxe cá fora altura de entrar, os SHAPE já faziam barulho. Sala dividida a meio, com aquele pano preto a dividir o bar da arena. Uma pena que não tenha sido possível fazer o concerto noutro sítio. A sala tem aqueles defeitos que todos lhe conhecemos, e um sítio mais pequeno, com o mesmo número de pessoas, tinha aumentado exponencialmente o fixe que estava para acontecer.

Já não estou bem acerca se os SHAPE já tinham o disco novo cá fora ou não (quem me manda escrever isto quase um mês depois?!) mas o set foi maioritariamente composto por malhas novas. Público morninho, algo pouco normal em concertos de SHAPE, mas deve ter sido do calor que amoleceu o pessoal. Sala ainda a meio gás, provavelmente muitos terão ficado lá fora a aproveitar uma qualquer bebida fresca a um preço mais apetecível. Perderem bom concerto, as usual.

A seguir tocou a rapaziada algarvia, Clean Break. Antes do set começar há instalação de pauzinhos de incenso nos monitores. Para criar ambiente… Vaticino que mais tarde ou mais cedo viram Hare Krishna e passam a soar a 108 ou a Shelter. O David já tem as beads…A banda tem rodagem e mesmo que muitos tenham ficado indiferentes ao youth crew que os algarvios tocam, há valor e escola. Cover de Stop & Think, Cro-Mags e aquela versão de Righteous Jams a abrir. Diz que está para haver novo disco e nova tour.

Para o bem e para o mal, grande parte do público estava ali à espera dos americanos. Sendo a única data na península ibérica houve uma trupe espanhola a descer até à nossa capital para os ver e tudo. E do norte. E do sul. Bom ver aqueles amigos “do core” que vês nestas ocasiões.

E Turnstile, sempre com a paleta habitual, presenteou-nos com a toalhinha habitual do Polo Bear, num branco imaculado, porque a estética também dá pontos. Pouco depois o concerto começava e a partir daqui foi caos na terra.

Se julgavam que o stage dive era uma arte perdida no nosso país ainda há esperança no mundo. Pena que muitos ainda não tenham percebido que se podem chegar ao palco e pelo caminha aproveitar para apanhar quem salta…No entanto surgiu nova categoria no campeonato do stage dive – o dive para a grade. Boa sorte à genitália de quem participou. Ainda houve direito a uma cabeça aberta e algumas pancadas nas colunas (aquilo também está ali um bocado baixo).

O Brandon já tinha dado a entender em Leeds que apesar de ser o vocalista não curte muito cantar, até porque aquilo cansa, pelo que o microfone fartou-se de viajar, principalmente pelas stage potatoes espanholas, que tiveram ali os seus minutos de fama. Isso e os outros cantores em potencia, que tiveram ali tempo e espaço de mostrar os seus dotes. E hooray para a falta de stage moshing.

A banda tem uma presença brutal e consegue pegar no público quando este começa a arrefecer. Basta começar o acorde de qualquer um dos “êxitos” e logo todos despertam. O suor escorria, quer nos americanos, quer no público. E nem era do calor que fazia lá fora.

Sem dúvida dos melhores concertos a ter acontecido nos últimos anos por estes lados, só tenho pena de quem não foi (será que tenho?). Momentos destes com mais frequência precisam-se. Aqueles concertos em que a malta desliga a ficha do bem comportado e solta a franga. Caga no penteado bonito que se pode estragar, na tshirt nova que se pode rasgar, no sapato limpinho que vai para o galheiro. Quando a malta vai a um concerto hardcore para fazer dele um concerto hardcore.

Props gigantes para os suspeitos do costume que fazem estas coisas acontecer. Que arriscam. Que não dormem. Que dão mais do que recebem. Hardcore for hardcore.

domingo, 3 de maio de 2015

Playlist da Semana #47

Oh snap, it's back! Todas as semanas, a Playlist da Semana. Porque no partilhar é que está o ganho. Esta semana o convidado foi o David Rosado (Clean Break, Pointing Finger, Broken Distance, Salad Days Records...). É porque não arranjamos convidados com bom gosto...


Title Fight - Hyperview - Gosto bué deste disco e deve ser o disco menos acessível deles. Parece que deitaram fora os pedais de distorção e compraram uma pedaleira de efeitos. Acho que é preciso ter cojones para fazer algo do genero. Sair da sua zona de conforto e tentar algo novo. Aceito que muita gente não vai gostar, mas é um bom disco. Chlorine é a melhor malha, Mrahc também fica no ouvido e também curto bué a Rose of Sharon, se calhar a malha que cola mais com as cenas antigas deles. Bom disco. Espero que não demorem muito a lançar o próximo.

Jimmy Eat World - Futures - Vai fazer 11 anos que este disco saiu e para mim quase que é o novo disco de JEW. Ouvi este disco vezes sem conta quando saiu e já não o ouvia há algum tempo. Não é tão bom como o Bleed American, é assim mais bonitinho e limado. Não há aqui arestas nenhumas. As malhas são quase todas orelhudas. Curto bué a Just Tonight, 23 e a Pain

Justice League - Shattered Dreams - Antes de haver Chain Of Strength houve Justice League. Se estão à espera do Superman, Batman, Wonder Woman e companhia estão enganados. Nota-se que este pessoal curtia a cena de DC dos late 80s. Quem está à espera de uma cena tipo Chain desengane-se. Agora uma cena mesmo à DC tipo Dag Nasty, Rites Of Spring ou as ultimas cenas de Uniform Choice força.

Hot Water Music - Exister - Fiquei colado quando este disco saiu em 2012. Acho que foi o disco que mais vezes ouvi nesse ano. É mais acessível que as primeiras cenas de HWM e é capaz de haver pessoal que não acha muita piada a esta fase de HWM, mas adoro este disco. State Of Grace, Mainline e Drag My Body... mas que malhas!

Token Entry - From Beneath The Streets - Nunca liguei muito a Token Entry. São uma banda clássica de NY dos 80s, mas simplesmente nunca mexeram muito comigo. Os discos são bons, mas não são brutais. As malhas são fixes, mas parece que não tem nenhuma que se destaque por ser burtal. E a malha mais conhecida nem está neste disco. Ainda assim deu-me para dar mais uma chance a Token Entry, quem sabe não é desta...


Higher Power - Demo 2015 - Curtem Leeway? Claro que sim. Ainda por cima agora está a bater bué. Obviamente o Reino Unido não dorme. Mas não dorme mesmo, deve andar tudo com insónias, e então fazem mil bandas. Mas bandas boas! E esta não é excepção. "Ah e tal, mas tem aquela vozinha". Claro que tem aquela vozinha, os gajos fizeram a banda porque queriam imitar a demo de Merauder com o Eddie Sutton. True story.

Concelead Blade - Demo 2015
- SSD, são vocês? Parece que não, mas podiam ser. Dêem-me disto todos os dias, se faz favor. Se gostam desta onda recente de revivalismos, têm aqui USHC à séria. Malta de Hounds of Hate.

Nasty - Shokka
- "A sério Tiago? A ouvir Nasty? Quem te viu e quem te vê". Sou sincero, desde que os vi ao vivo e que me dei ao trabalho de ir ver as letras a minha opinião de gajo que se estava a cagar porque "é beatdown, é merda" mudou um pouco. E para este novo disco meteram uns singles mais calminhos, se é que tal pode ser dito. Colei, e este disco está com malhas muito boas. Mas não pensem que isto agora é choradeira, não senhor, continua a ser Nasty. Música para andar à mocada feita por alemães gigantes que puxam ferro e têm uma marca de roupa desportiva. Para os descrentes vão ver as letras, podem meter em mute se vos fizer assim tanta confusão. Give credit to where it's due.

Foreseen - Helsinki Savagery - Malta que curte metaladas, crossover, thrash metal, abanar o capacete ao som de riffs do camandro, casacos de ganga carregados de patches E HARDCORE: este disco é para vocês. Que estaladão! Dos meus lançamentos favoritos do ano passado, este disco foi um homerun instantâneo. Riffs, riffs, riffs. Músicas boas que dói, rápido, e nota-se uma evolução brutal desde que os ouvi no split com Upright. A press europeia de 500 cópias esgotou num ápice, sendo que está para chegar a segunda press, num lançamento que também teve edição nos states. O mercado falou! Trivia: um dos primeiros designs de tshirt que fizeram foi um rip off de Gangstarr. Esses mesmo.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Review: Dirty Crown Fest III


Refeitos da noite anterior no RCA, era dia de ir a show de Survival e Insist, parte dois. Terceira edição do Dirty Crown Fest, celebração do excelente trabalho que se tem feito em Caldas da Rainha nos últimos anos no que diz respeito ao reavivar do hardcore na cidade, com bandas, concertos e o pessoal que conseguiram trazer para dentro da nossa pequena cena. Nunca é demais dar aquela palmadinha no ombro do Edgar, do Amador, do Ivo, e de todos os que numa cidade pequena, fora dos grandes centros conseguem criar algo a partir de nada.

A convocatória estava feita, viatura cheia com os suspeitos da noite anterior e o Félix que vinha em trânsito do sul, partimos cedo com o objectivo de chegar cedo. Ainda se meteu uma RDP África porque a noite nos tinha aberto o apetite, mas estava a dar um concerto qualquer chato ao vivo, pelo que rapidamente se passou para uma mixtape que tinha no carro. A mesma que roda há uns quatro anos. Internal Affairs, Bracewar, Agitator, Caught In A Crowd ("Olha só essa intro, mete para trás para ouvir outra vez!!!"), Expire e mais umas coisas. A viagem passou a voar. Tão rápido que estavamos nas Caldas quase uma hora antes...tempo para pit stop no supermercado que havia malta sem almoçar.

Depois de quarenta minutos no Jumbo, o Fábio lá saiu com um pacote de batatas e umas bolachas. Uau...seguimos para o Parqe que já estava na hora, mas aquilo atrasou-se ligeiramente deu para ficar na conversa com os ingleses, os locais, e os visitantes que já lá estavam. Estava a ficar um dia fixe, bom para os ingleses que continuavam a representar o calçonete todos satisfeitos e a tshirt.

Ainda não tinha visto xAIMx ao vivo. A banda tem o Ratão na voz, o Sarzedas na bateria, o Fausto no baixo e o Jorge na guitarra. Hardcore com aquelas guitarradas melódicas, cantam e falam sobre veganismo e straight edge.

Nestes dias há sempre aqueles momentos injustos em que trocas o concerto que acontece lá dentro para estares com as pessoas que raramente vês, falares de coisas que nem sempre falas, e estares a par do que vai acontecendo. O dia estava óptimo, o sol raiava e o parque em frente pedia um passeio. Não vi as três bandas que se seguiram (sorry Flávio, ainda não foi desta) pois estive a conversar sobre as novidades da Pool Party 2014, show de Turnstile, hypes no mundo (UKHC on top), que "faz tu mesmo" não é igual a "faz mal feito", dos paralelismos e disparidades entre a cena metal e a cena hardcore e de como podemos ser mais organizados e focados, e que o "punk é punk" não é desculpa para tudo.

Real talk.
Regressámos estava Nasty World a terminar, e nós já a aquecer para o concerto de Challenge. Infelizmente a casa estava longe de estar cheia. Infelizmente nos últimos tempos o número de show goers nas Caldas tem diminuido. Mas mais infeliz ainda é constatar que não é só lá...bem sei que não tenho ido aos concertos grandes, que têm estado à pinha, mas no resto...no resto é o que vocês sabem.

O Edgar cada vez mais é um tipo que dá gosto de ouvir falar. Sem conversa da treta, sem papas na língua, a colocar os pontos nos i's e se calhar mais importante ainda, sem ser chato. Mais uma vez, problemas que à primeira vista são locais facilmente espelham situações e mentalidades generalizadas. A banda meteu o público presente a cantar com um set parecido com o da noite anterior, misturando as músicas do disco novo com os clássicos habituais, com um coro local interessante. Houve animação na pista de dança, e fecharam com Floorpunch, as usual. Se alguém disser "ah e tal, e sempre assim" é porque é um burro. É Floorpunch. E o pior é não estar lá a roubar o microfone para berrar. Dedication is what you lack...

Bom, altura dos ingleses voltarem a mostrar-se, sempre com poucas palavras em palco (felizmente fora dele eram uns gajos porreiros e conversadores). "Olá somos os Insist de Manchester, obrigado ao Edgar e o Ricardo". HONESTYYYYYY!!!!!! Tum tururuntumtum. Era difícil fugir a um set diferente do da noite anterior tendo em conta o pequeno repertório que tinham na bagagem, mas foi mais ou menos parecido. O Roger tem uma presença do caraças, mesmo que tenha aqueles tiques mesmo à Ray Capo, ahaha. 10 minutos. Lusco fusco hardcore.

Ingleses a ser ingleses.
A seguir trocaram de instrumentos e já eram os Survival. O mini Mike Judge lá disse umas palavras naquele sotaque quase imperceptível, e lá começou o espetáculo. Por esta altura a sala estava bem animada. A banda também não inventou muito no que à setlist disse respeito, e foi na mesma linha da noite anterior. Aquele youth crew musculado, com uma pintarola do caneco. O Peter ficou impressionado, pelo que é coisa séria!

Para fechar For The Glory. For The Glory nas Caldas da Rainha faz-me recuar dois anos e reviver uma das melhores noites. Quem lá esteve sabe do que falo. Esta tarde ia ser diferente. Ainda que de início estivesse meio receoso com a falta de público e eventual "sossego" durante o concerto, rapidamente as coisas mudaram. Sem a violência saudável do evento anterior, a animação esteve lá, a boa onda esteve lá, a malta a cantar esteve lá. E quem mais se divertiu e mais animou o concerto foi a malta que lá estava que não é "da cena", que não é "do core". Malta mais velha, do metal ou do "nada-só-gosto-de-vir-a-um-concerto-e-curtir" foram quem fez o crowd surfing, moshou, fez moshar (pudera...) e acabou por ajudar a fechar em grande uma tarde de concertos. For The Glory foram For The Glory. Uma máquina bem oleada por anos na estrada, não há que enganar, não há como dar maus concertos. Cada vez mais também o Congas é uma voz importante na cena, pena que nem sempre se dê o devido valor às palavras que ele diz. E digo isto sem qualquer tipo de lambe-botismo, é só um granda stop and think.

Valeu a pena cada quilómetro (e não são assim tantos!) pelos concertos, pelo convívio e acaba por ser reconfortante saber que ainda há quem goste tanto disto, ou mais, que eu.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Review: Suburban Fest #1


Só três dias antes do concerto é que me decidi a ir. Andava com fezada para ser fanboy e seguir a os ingleses durante o fim de semana, mas mil coisas na cabeça e quando dou por mim estou completamente à toa, já é sábado e os moços já tinham andado a chillar por Lisboa com o Ricardo desde quinta-feira, nos mesmos sitios por onde tinha andado, pelo que não nos devemos ter cruzado por pouco.

Bom, fã assumido de Survival e Insist (Survival já tinha visto em Brighton o ano passado) esperava estes dias com aquela excitação habitual de quem não vai a um concerto há algum tempo e ia ver umas bandas que gosta. Para além disso já estava tudo combinado para ir no dia seguinte às Caldas para com amigos que não via ao tempo e que iam fazer umas centenas de quilómetros com o mesmo intuito que eu.

Cheguei ao show quase na hora de início e rapidamente encontro o Fábio, o André e o Ricardo, três dos meus comparsas de fim de semana hardcoriano. Aquela conversa de quem não se vê faz tempo, falar dos discos do momento e ultimar alguns apontamentos logísticos para o dia seguinte. Não sou o gajo mais falador nas redes sociais, pelo que troco cinquenta vezes o Facebook por estes tête-à-tête quadrangulares. Long story short: o disco de Agression Pact que saiu agora na Painkiller é o maior abuso.

Nunca tinha ao RCA e a sala mete respeito. Infelizmente grande demais para o pouco público que se encontrava em Alvalade quando os PUSH! começaram a tocar, tem um som do caraças e um espaço super fixe. E pelo que ouvi dizer as condições para as bandas são igualmente top notch. "Sala para concertos do metal...é outra coisa". Os PUSH! tinham tocado em Espanha no dia anterior, mas nem por isso com menos energia. Pilhas Duracell alcalinas sempre carregadas no máximo, suas só de os ver. Quem não suou muito foi o público, que não era muito mas que também não dizia ai nem ui. Vão gravar em breve novo disco, sendo que já há título e ideias a borbulhar.

O concerto de Challenge teve várias semelhanças com o de Push!. Pouca gente na sala (a rapaziada da Suburban já devia estar a fazer contas à vida), mas nem por isso com menos vontade. Apresentaram uma data de músicas do novo disco que lançaram pela Hellxis, os clássicos do costume (Make You Pay, This Is Real, Leave Me Alone...) e fecharam com aquela chave dourada que é a cover de Floorpunch. Até os ingleses branquelas saíram do canto e foram cantar todos satisfeitos.

Os Insist são uma banda de Manchester que lançou uma demo no verão do ano passado. Youth crew com genica, abriram com a Honesty de Youth Of Today. Malta de poucas palavras em palco, sotaque carregado, em dez, onze minutos metralharam hardcore bem tocado, com todas as músicas da demo (quatro) e ainda uma nova. A maré agitou-se. Havia vida nas três ou quatro dezenas de presentes. A forma abrupta como terminaram o set não é defeito, é feitio.

Ao contrário do que estava anunciado seguiram-se os Survival. Os Survival que são os Insist mas que alteram a formação. Entra o vocalista novo, o guitarrista vai para a bateria, o vocalista de Insist vai para a guitarra, e por aí adiante. Seis gajos, duas bandas. O Roger depois contou-me que no fundo são um grupo de 8 amigos que entre si têm uma data de bandas (Insist, Unjust, Survival e Headroom são as que me recordo dele ter falado). Até nós vireram seis. O vocalista é um mini Mike Judge, ou pelo menos as feições fazem-me lembrar o tipo. Ameaçaram cover de Judge no soundcheck mas foi só jajão. Tocaram nem vinte minutos, intercalando malhas dos dois últimos eps e uma da demo (Quick 2 Judge) que meteu o Fábio todo crazy. A malta lá se mexeu um bocado, sendo que foi pena mais uma vez o pouco número de presentes, sendo que nesta altura já estava um pouquinho melhor composto.

Esqueci-me de referir que é possível entrar e sair da sala, sendo que não se fuma dentro do RCA (!!!). Os intervalos foram portanto aproveitados para aquela converseta da praxe, sendo que rapidamente já estávamos em amena cavaqueira com os ingleses. Os tipos estavam cheios de fomeca, mas só se lembraram que queriam comer era quase meia-noite. Fomos à descoberta, Avenida da Igreja fora, mas obviamente estava tudo encerrado. "Lá os take-aways estão abertos até às 2h, e se for fim de semana é até às 6h! Sais à noite, e a seguir comes um kebab, uma pizza, ou algo assim". Tá bem filho, mas estás num bairro onde não se passa nada à noite, e aqui infelizmente poucos perceberam que a malta fica com uma traça do caraças quando sai para se embebedar.

Quando voltámos estava Providence a meio da última música, pelo que basicamente entrei e fui a tempo de ver o vocalista a atirar autocolantes do PSG ao ar. Não fazia questão de os ver, pelo que não chorei sobre leite derramado.

Já se fazia tarde, ainda fui por o Fábio ao Monte Abraão, a sentir uma granda RDP África às 2 horas da manhã antes de voltar a casa com o André que lá iria ficar hospedado.

Satisfeito mas com aquele amargo na boca. Mas era sábado, e no dia a seguir iamos até às Caldas rever os ingleses escaldados, rever Challenge a jogar em casa, e ver se o regresso de For The Glory seria tão bom ou melhor que a última fez (difícil...).

quinta-feira, 19 de março de 2015

Review: Danny Trejo + The Skrotes + Selfish + IAGM @ Parqe, Caldas da Rainha




Finalmente uma noite de shows nas Caldas em que podia ir ver tudo descansado. Tendo em conta que ia ter o último show de Skrotes, estava com vontade de ver como tudo ia correr. Além disso era o terceiro concerto que a Laranjeira estava a marcar, e queria ver se tudo corria bem!
Primeiro fui comer granda hamburguer veg para ganhar energias, depois lá segui com a Pipsy para o Parqe. Chegámos pelas 21h20, já estava algum pessoal à porta, mas literalmente só meia dúzia das Caldas. Óbvio que é sempre fixe chegar mais cedo, ver pessoal que não é habitual ver-se diariamente e meter conversa em dia. Era para começar tudo pelas 21h45, começou uns 5 min depois, por isso tá-se bem e é de louvar a pontualidade.

A primeira banda começou, mas não me vou alongar muito, parece que tava lá pessoal a curtir. A seguir veio I Am A Ghost Of Mars, só bateria e guitarra. Curto do som deles apesar de às vezes soar um pouco confuso para alguns, penso que por eles misturarem muitos estilos, mas eu curti, once again. Alguns problemas na guitarra, que podia estar mais alta, mas curto ver a energia deles e como tocam tudo, vê-se gosto em fazê-lo.
Dia 19 de Abril Selfish tocam nas Caldas no Dirty Crown Fest, e é daquelas bandas que já tinha ouvido falar bué bem, curtia do som deles em estúdio, mas que ainda não tinha ouvido ao vivo e estava curioso. Apesar de uma ou duas quedas do micro e os 20 seg de stress na guitarra, deram grande show. Acho que já faltava uma banda de punk como o que eles tocam em Portugal, e eles fazem-no bem. O baixista toca bué!

A seguir o motivo que realmente me fez ir ao show. Pela terceira e última vez nas Caldas, The Skrotes. É daquelas bandas que gosto tanto do som, como de qualquer um dos da banda. É uma pena acabarem, mas cada um sabe de si. Deram um show mesmo muito bom, com poucas paragens, a incentivarem ao circle pit, com voos do balcão do bar, sing along, sorrisos e muitas dores no corpo no final do concerto, mas que valeram em muito a pena.
Para acabar a noite, e mais de meia hora depois de Skrotes, vêm os Italianos Danny Trejo. Os Danny Trejo tocaram sem o vocalista que estava doente, tendo então o baixista a cargo da voz, com um dos guitarristas no baixo. E o vocalista esteve certinho e com uma presença brutal! Ainda conseguiram meter grande parte da sala a mexer praticamente todo o show, foi bom!
Pena só algumas pausas grandes entre bandas, mas acabou à 1h, ou seja, às horas que estava previsto. Pena também que dos 52 pagantes (é Caldas, um show com 52 pagantes é bué bom!) não creio que tenham estado muitos mais da própria cidade. Bom cartaz, bom preço, foi mais uma boa noite para o CRHC, para a Laranjeira e em breve há mais.

Review por Edgar de Barros (Challenge/Dirty Crown Bookings, CRHC HOF).

quinta-feira, 5 de março de 2015

Cinco Às Quintas: Harm Done

Às quinta-feiras, contem com uma pequena entrevista com cinco questões a uma banda. Ou a alguém fixe o suficiente para aparecer aqui.

Esta semana, e ao fim de mil anos, nova entrevista, desta feita com os franceses Harm Done. Fiquem com as respostas do vocalista, o Alexis.



Conta-nos como é que os Harm Done começaram. Sei que alguns de vocês já tocavam juntos em Raw Justice. Porquê começar uma cena nova?

Na verdade tudo começou por brincadeira. Durante a primeira tour de Raw Justice no verão de 2013 fomos dormir/chillar para casa de um gajo depois de um show na Belgica. Ele mostrou-nos alguns discos e falou-nos de uma banda de Powerviolence chamada Sex Prisoner que nenhum de nós na altura conhecia e ficamos logo excitados da maneira como aquilo soava fixe. Então umas semanas depois da tour acabar eu e mais uns amigos, incluindo o baixista de Raw Justice, estávamos a ouvir novamente aquele disco de Sex Prisoner e olhamos uns para os outros e dissemos “bora fazer uma banda nesta onda”. Ligamos a dois amigos e passado uma hora tínhamos o line up pronto para começar a ensaiar. Sim, eu e o baixista tocávamos em Raw Justice (digo tocávamos porque a banda vai acabar. Vamos tocar o último show em Junho). Acho que naquela altura os dois guitarristas de RJ foram morar para Paris que fica a 4 horas de distância da nossa cidade. Nós raramente ensaiávamos por isso tínhamos a vontade de começar uma banda nova que pudesse ensaiar todas as semanas e também ao mesmo tempo queríamos tocar algo mais pesado, mais metálico.

Fico triste com essas noticias sobre RJ. Isso quer dizer que agora os Harm Done são a tua banda principal? O que é que editaram até agora e como tem sido o feedback que têm recebido?

Ya, é triste em relação aos RJ mas todos temos outras bandas e a distancia também não ajuda. Os Harm Done agora vão ser a minha banda principal. Até agora editamos um EP ao qual tivemos uma resposta super positiva, o pessoal de toda a França, Europa e até América parece que gostam. As 500 copias do EP estão quase esgotadas e já estamos a pensar fazer uma repress. Neste momento estamos a trabalhar no primeiro LP que deve estar pronto antes do final do ano. Já temos dois terços das malhas. Por fim devemos gravar uma promo tape para a nossa tour com 3 malhas que depois vão estar no LP mais duas covers.


É bom ver que se mantêm ocupados. Fala-me das letras de Harm done. Sentes que há uma diferença entre escrever letras para HD do que para RJ?

Sim, desde o inicio em que estava ao mesmo tempo em Harm Done e RJ senti que era diferente. Para começar as malhas de Harm Done são mais curtas, por isso tenho que resumir o conteúdo em poucos versos. As letras de RJ eram na minha opinião mais “clássicas”. Falavam de problemas sócias, Straight Edge (mesmo sendo eu o único membro sxe na banda) e cenas assim. As letras em Harm Done são mais pessoais, mais introspectivas. A maioria das malhas fala sobre desilusões amorosas e corações partidos. Na realidade somos uma banda que está sempre a falar de amor! Acho que senti que podia falar dessas coisas mais facilmente que em RJ porque a música é mais violenta. Pode parecer estranho mas é o que senti. Temos uma malha sobre anti-especicismo e mais uma vez sou o único Vegan na banda, mas o resto do pessoal não se importa que fale sobre isso. O resto fala como lido com a vida no geral, todas as questões que faço a mim próprio todos os dias em busca de respostas. Mesmo que as letras falem sobre a minha vida tento sempre escreve-las de modo a que toda a gente se consiga identificar com eles quando as estão a ler.

Como descreves a tua cena local? Podes falar-nos um pouco mais sobre ela? A ideia que eu tenho é que a cena em França sempre foi um pouco diferente do resto dos sítios, o pessoal sempre me curtir mais as bandas mais pesadas e mais tough guy e também sempre me pareceu que a cena screamo/alternativa ou como lhe queiras chamar era muito grande aí.

Para começar o Youth Crew nunca foi, é ou irá ser um hype em França. O que é uma pena. Tens razão, a maioria dos “frenchies” parece estar preso ao mau metal/hardcore dos anos 90 (sendo a influência numero 1 os All Out War e um grande número de bandas beatdown merdosas. Há algumas bandas novas fixes aqui e ali como por exemplo em Paris. Sobre a cena emo/screamo/indie parece que temos uma cena boa desde os anos 90, mas nunca liguei muito assim por isso não posso falar sobre ela. Mas sim, para confirmar aquilo que te disse, notei uma grande diferença entre os shows de RJ e Harm Done. Parece que as pessoas gostam muito mais de Harm Done por ser mais pesado e ter aqueles breakdown ignorantes. Invejo a cena no UK, eles têm as melhores bandas e os melhores shows na Europa neste momento.


OK, para acabar conta-nos quais os planos que têm para os Harm Done e onde é que podemos encontrar os vossos discos. Esse tipo de coisas.

Vamos fazer uma Tour Europeia de 2 semanas em Maio e iremos tocar em França, Belgica, Alemanha e Suécia. Depois lá para o verão devemos entrar em estúdio para gravar o nosso primeiro LP com o gajo que gravou o último EP de Raw Justice. Já estamos a pensar na próxima tour Europeia e gostávamos e ir à Alemanha do leste e à Polónia, Espanha, Portugal, Itália também seria muito fixe. O próximo passo será uma na América em 2016 que é algo que sempre gostava de ter feito com RJ mas nunca chegou a acontecer. Queremos tocar o maior número de shows que conseguirmos. A maneira mais fácil de adquirir os lançamentos de Harm done é através da loja da Straight & Alert (straightandalert.com). Também podem comprar o nosso primeiro EP na loja da Revelation Records nos USA, bem como noutras distros fixes espalhadas pela Europa.

*Bonus playlist*
Blacklisted - When People Grow, People Go
Xibalba - Hasta La Muerte
True Colors - Rush Of Hope
Shrapnel - Frenzied State
Mindset - Leave No Doubt 

Entrevista feita por David Rosado, aka Crucial Dave.

terça-feira, 3 de março de 2015

Review: Madball + Strife + Rise of the Northstar @ Rep. da Música, Lisboa


Para os mais desatentos, no passado dia 26 de Feveiro a Rebellion Tour passou por Lisboa, nomeadamente em Alvalade.

E para aquecer esta gelada quinta-feira, a HellXis trouxe-nos um rol de excelentes bandas: os nossos PUSH e Reality Slap, Backtrack, Rise of the Northstar, Strife and last but not least, os Madball.

A sala escolhida para as hostilidades foi a República da Música, nossa conhecida do costume.

Tratando-se de um dia de semana, só pude ir para o concerto após o meu turno de trabalho e para o meu espanto, já ia Backtrack a meio quando lá cheguei. Tendo chegado ao local de concertos cerca de 30/45 minutos após a hora de início, esperava ter chegado pelo menos a meio de Reality Slap para poder distribuir uma chapadinha ou outra mas infelizmente já não deu, o que me fez concluir que para além de ter começado a horas – o que já começa a ser costume (yay) - as bandas de abertura tiveram de dar um concerto relâmpago.

Acabei por ir ter com pessoal e entrei durante o intervalo onde, para meu espanto novamente, a casa estava à pinha. Quase tão cheia como os metros em Pequim, só que com uma concentração de fumo gigante por metro² (sempre me questionei o porquê de não abrirem o espaço lá em cima para os fumadores, já que já se fez o mesmo anteriormente).

Mas questões existenciais à parte, sim, havia muito mais gente do que um concerto de hardcore “normal”. A sala estava ocupada por inteiro, pessoas da velha guarda, da nova guarda, do norte, do sul, do centro, de fora. Tudo e todos foram dar à República da Música numa quinta-feira à noite, o que é realmente de louvar a meu ver.

É com muita pena minha perdi as três primeiras bandas, mas com ainda mais pena minha, tive de assistir ao concerto inteiro de Rise of the Northstar. Sei que têm uma base de fãs sólida, mas esta é uma banda que eu pura e simplesmente não consigo engolir. Acho que a frase que define esta banda é “Paleta over Substance”. Esta banda de cinco elementos com uma imagem inspirada no mundo oriental consegue, na minha opinião de noob, interpretar bem o seu repertório, dar um show sólido e ainda assim serem terríveis, repetitivos e super entediantes. But that’s just me (or is it?).

Depois de cerca de 20 minutos de tortura auditiva, veio a banda que para mim ganhou a taça da noite, os Strife. Não sou muito conhecedora do trabalho desta banda straight edge da Califórnia, mas deram um concerto cheio de poder e sem manias que acolheu bem o público e os mesmos foram bem recebidos de volta. Já os tinha visto cá em Lisboa uma vez há relativamente pouco tempo e não esperava outra coisa deles. A ver se da próxima vez já os tenho melhor entrosados no ouvido para curtir o show deles a sério!

Por último, depois de uma espera algo longa (em que pelo menos deu para ouvir alguns clássicos de hip-hop), chegaram os reis de Nova Iorque, os Madball. Liderados pelo Freddy Cricien aka Freddy Madball, começaram o seu concerto com os clássicos do costume que fizeram cabeças rolar (incluindo eu que fui arremessada para a estratosfera sem aviso prévio). Assim que começaram a entrar as músicas do seu mais recente trabalho “Hardcore Lives”, deu para entender que este está realmente vivo mas as novas músicas não conseguiram ressuscitar o público que estava mais para lá do que para cá. Nesta altura um Freddy meio desmotivado achou então por bem promover o seu mais recente disco já que quase ninguém conhecia as novas músicas. Mas volta e meia via-se que ganhava um novo alento quando o nosso público fazia a ladaínha do costume de cantarolar os riffs. Para terminar, tocou-se a Pride juntamente com o Poli de Devil In Me, assim very fast e a noite ficou por aí, sem haver direito a encore.

Depois pisguei-me dali para fora muito rápido que o dia seguinte era de trabalho/faculdade e a Rebellion Tour seguiu o seu caminho. Mais uma noite de hardcore, não durmam na parada.


Review por Márcia Santos (L$, vocalista de Same Old Chords)

Caso haja rapaziada que tenha visto os shows todos e queira escrever umas palavras, hit me up!!