quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Regresso ao Passado: Fucked Up & Mr. Miyagi no ZDB

O que começou por ser um simples post no Facebook a aproveitar a trend do #throwbackthursday começou-se a estender, a estender, e passou a fazer todo o sentido dedicar-lhe um post no blog, no que será o início de uma nova secção.


No dia 18 de novembro de 2010 os Fucked Up vieram tocar no ZDB.

A sala estava apinhada (200 pessoas) com grande parte do público pouco ou nada habituado a punk/hardcore. Por esta altura os Mr. Miyagi davam os melhores concertos do país, caos por onde quer que passassem ,e tê-los a abrir no ZDB para um público hipster (não sei se o termo já existia) colado ao palco foi lindo de ver e sentir. Ao primeiro acorde começou a voar pessoal dos monitores, e era ver barbudos a fugirem que nem ratos.

Os Fucked Up tinham algum hype para esta rapaziada, estavam na Matador e tinham ganho o prémio de melhor disco canadiano de 2009 com o "The Chemistry of Common Life". E eram uma espécie de Gucci Mane do punk/hardcore alternativo - lançavam discos a torto e a direito e sempre com qualidade (ainda que a maioria demasiado frito para o meu gosto).

Por essa altura tinham o Ben Cook já beto a tocar guitarra, muito antes dos No Warning pensarem sequer em regre$$ar. Era tipo ir ao zoo ver aquele bicho estranho...

Este concerto aconteceu porque eles vinham abrir para os Arcade Fire no Pavilhão Atlântico (!!!) mas o show foi cancelado, e a malta da Black Rain, Infected e FÜNF conseguiram desviá-los para o Bairro Alto. Talvez muita da malta tenha ido a contar com uma coisa na onda dos AF...

Foi um show do caraças, e no final houve medley com Black Flag e acho que Ramones e Minor Threat que voltou a trazer o caos para junto do palco e a afugentar muita gente.

O Damien não só era um granda bicho como um granda bicho de palco. Lembro-me do gajo em tronco nú a ir para o meio do público esfregar-se em toda a gente. Punk é punk, ainda que meio badalhoco...Acho que agora o gajo é boss lá no Canadá, escreve para a Vice e tem um Podcast sobre punk.

A sala tinha um parede lateral envidraçada, que deixava ver lá para fora, e de lá de fora para dentro, e era tão engraçado ver o espanto na cara dos transeuntes que espreitavam entre vidros e viam um homem com cento e muitos quilos suado e sem camisola acompanhada por um público que parecia sardinha em lata, a transbordar para o palco e para a saída a cada movimento.

Bons momentos foram vividos. Lembro-me que no fim, à porta da galeria, era só ver pessoal às onze e tal meia noite de rastos, suados e sujos, que mais pareciam saídos de um after e ainda noite era uma criança.