sexta-feira, 1 de maio de 2015

Review: Dirty Crown Fest III


Refeitos da noite anterior no RCA, era dia de ir a show de Survival e Insist, parte dois. Terceira edição do Dirty Crown Fest, celebração do excelente trabalho que se tem feito em Caldas da Rainha nos últimos anos no que diz respeito ao reavivar do hardcore na cidade, com bandas, concertos e o pessoal que conseguiram trazer para dentro da nossa pequena cena. Nunca é demais dar aquela palmadinha no ombro do Edgar, do Amador, do Ivo, e de todos os que numa cidade pequena, fora dos grandes centros conseguem criar algo a partir de nada.

A convocatória estava feita, viatura cheia com os suspeitos da noite anterior e o Félix que vinha em trânsito do sul, partimos cedo com o objectivo de chegar cedo. Ainda se meteu uma RDP África porque a noite nos tinha aberto o apetite, mas estava a dar um concerto qualquer chato ao vivo, pelo que rapidamente se passou para uma mixtape que tinha no carro. A mesma que roda há uns quatro anos. Internal Affairs, Bracewar, Agitator, Caught In A Crowd ("Olha só essa intro, mete para trás para ouvir outra vez!!!"), Expire e mais umas coisas. A viagem passou a voar. Tão rápido que estavamos nas Caldas quase uma hora antes...tempo para pit stop no supermercado que havia malta sem almoçar.

Depois de quarenta minutos no Jumbo, o Fábio lá saiu com um pacote de batatas e umas bolachas. Uau...seguimos para o Parqe que já estava na hora, mas aquilo atrasou-se ligeiramente deu para ficar na conversa com os ingleses, os locais, e os visitantes que já lá estavam. Estava a ficar um dia fixe, bom para os ingleses que continuavam a representar o calçonete todos satisfeitos e a tshirt.

Ainda não tinha visto xAIMx ao vivo. A banda tem o Ratão na voz, o Sarzedas na bateria, o Fausto no baixo e o Jorge na guitarra. Hardcore com aquelas guitarradas melódicas, cantam e falam sobre veganismo e straight edge.

Nestes dias há sempre aqueles momentos injustos em que trocas o concerto que acontece lá dentro para estares com as pessoas que raramente vês, falares de coisas que nem sempre falas, e estares a par do que vai acontecendo. O dia estava óptimo, o sol raiava e o parque em frente pedia um passeio. Não vi as três bandas que se seguiram (sorry Flávio, ainda não foi desta) pois estive a conversar sobre as novidades da Pool Party 2014, show de Turnstile, hypes no mundo (UKHC on top), que "faz tu mesmo" não é igual a "faz mal feito", dos paralelismos e disparidades entre a cena metal e a cena hardcore e de como podemos ser mais organizados e focados, e que o "punk é punk" não é desculpa para tudo.

Real talk.
Regressámos estava Nasty World a terminar, e nós já a aquecer para o concerto de Challenge. Infelizmente a casa estava longe de estar cheia. Infelizmente nos últimos tempos o número de show goers nas Caldas tem diminuido. Mas mais infeliz ainda é constatar que não é só lá...bem sei que não tenho ido aos concertos grandes, que têm estado à pinha, mas no resto...no resto é o que vocês sabem.

O Edgar cada vez mais é um tipo que dá gosto de ouvir falar. Sem conversa da treta, sem papas na língua, a colocar os pontos nos i's e se calhar mais importante ainda, sem ser chato. Mais uma vez, problemas que à primeira vista são locais facilmente espelham situações e mentalidades generalizadas. A banda meteu o público presente a cantar com um set parecido com o da noite anterior, misturando as músicas do disco novo com os clássicos habituais, com um coro local interessante. Houve animação na pista de dança, e fecharam com Floorpunch, as usual. Se alguém disser "ah e tal, e sempre assim" é porque é um burro. É Floorpunch. E o pior é não estar lá a roubar o microfone para berrar. Dedication is what you lack...

Bom, altura dos ingleses voltarem a mostrar-se, sempre com poucas palavras em palco (felizmente fora dele eram uns gajos porreiros e conversadores). "Olá somos os Insist de Manchester, obrigado ao Edgar e o Ricardo". HONESTYYYYYY!!!!!! Tum tururuntumtum. Era difícil fugir a um set diferente do da noite anterior tendo em conta o pequeno repertório que tinham na bagagem, mas foi mais ou menos parecido. O Roger tem uma presença do caraças, mesmo que tenha aqueles tiques mesmo à Ray Capo, ahaha. 10 minutos. Lusco fusco hardcore.

Ingleses a ser ingleses.
A seguir trocaram de instrumentos e já eram os Survival. O mini Mike Judge lá disse umas palavras naquele sotaque quase imperceptível, e lá começou o espetáculo. Por esta altura a sala estava bem animada. A banda também não inventou muito no que à setlist disse respeito, e foi na mesma linha da noite anterior. Aquele youth crew musculado, com uma pintarola do caneco. O Peter ficou impressionado, pelo que é coisa séria!

Para fechar For The Glory. For The Glory nas Caldas da Rainha faz-me recuar dois anos e reviver uma das melhores noites. Quem lá esteve sabe do que falo. Esta tarde ia ser diferente. Ainda que de início estivesse meio receoso com a falta de público e eventual "sossego" durante o concerto, rapidamente as coisas mudaram. Sem a violência saudável do evento anterior, a animação esteve lá, a boa onda esteve lá, a malta a cantar esteve lá. E quem mais se divertiu e mais animou o concerto foi a malta que lá estava que não é "da cena", que não é "do core". Malta mais velha, do metal ou do "nada-só-gosto-de-vir-a-um-concerto-e-curtir" foram quem fez o crowd surfing, moshou, fez moshar (pudera...) e acabou por ajudar a fechar em grande uma tarde de concertos. For The Glory foram For The Glory. Uma máquina bem oleada por anos na estrada, não há que enganar, não há como dar maus concertos. Cada vez mais também o Congas é uma voz importante na cena, pena que nem sempre se dê o devido valor às palavras que ele diz. E digo isto sem qualquer tipo de lambe-botismo, é só um granda stop and think.

Valeu a pena cada quilómetro (e não são assim tantos!) pelos concertos, pelo convívio e acaba por ser reconfortante saber que ainda há quem goste tanto disto, ou mais, que eu.

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