A cena de Olympia, Washington tem uma forte tradição de música alternativa, berço do movimento riot grrrl - eram de lá Bikini Kill e Bratmobile (há fãs acérrimos cá em casa que não me deixam mentir) -, mas também por coisas mais recentes como G.L.O.S.S., Electric Chair, Odd Man Out e um monte de outras bandas que ficam ali na zona mas que muitas vezes se dizem de Seattle. 1 hora de distância nos EUA é tipo cinco minutos cá, certo?
Mas no enquadramento em cima faltam os GAG, um dos nomes maiores dessa cidade do último par de anos na cena punk e hardcore, e são eles o nosso foco.
O America's Greatest Hits teve algum reconhecimento no meio e os concertos ao vivo (e posterior reprodução online) deram alguma fama à banda. O disco chegou a ter pessoal a distribuí-lo por Portugal, por isso, não sou só eu que conheço!
A banda esteve inclusivamente em tour no início de 2020 na Europa com Turnstile (!), One Step Closer e Glitterer (aquele projeto do Ned de Title Fight). Mas calmex que GAG nada tem que ver com estas bandas.
Em plena pandemia, e com algum atraso, sai o novo disco, Still Laughing, que diz olá com uma bonita capa. Saiu ao mesmo tempo um outro LP (Killing For Both Realities 3 '92 LP), que coleciona faixas de eps e músicas perdidas, mas que ficará para outras núpcias.
12 faixas, maioritariamente abaixo dos 1:30, (quase) sempre mid tempo mas cheio de energia, com exceção da High Off Gun Powder, que deve ter sido escrita high em qualquer coisa...riffs interessantes polvilhados aqui e ali e boas mosh parts em algumas faixas (Nobody's Smile ou, especialmente, Still Laughing).
Se no disco anterior já brincaram com o reverb na voz, desta vez apostaram forte nele. É daquelas coisas que ou gostas, ou é coisa para ser intragável. A lembrar uns Crazy Spirit (mas menos pegajoso).
Vendo bem as coisas, somando tudo, se pusermos CS e Hoax na misturadora deve dar mais ou menos isto. E estou a ser elogioso.
Outro do disco com uma música eletrónica do lixo (isto é género? devia) a dar aquela extravagância extra.
Estou à espera do disco na mão para ver as letras, mas conhecendo o disco anterior (e os títulos das faixas deste) não esperem por nada muito filosófico.
Mas acima de tudo discos destes transportam-me sempre concertos ao vivo. E este pede salas claustrofóbicas a abarrotar de gente, água a pingar do tecto e dives da bateria. O sonho molhado do COVID-19, de uma forma resumida. Sinceramente acho que é disco e banda para resultarem às mil maravilhas ao vivo. Em disco, para ouvir em casa, ouço uma vez do início ao fim e preciso de descanso. Os riffs meio enrolados e hipnóticos pedem um mood especial.
Mistura e masterização pelo Arthur Rizk, um dos nomes grandes da música pesada atual, quer atrás da mesa de mistura quer de guitarra na mão (War Hungry, Eternal Champion, Summerlands, etc....) a dar aquela reforço quando lês os créditos. Edição de 1000 cópias divididas por quatro cores, via Iron Lung Records. Distribuição na europa via Static Shock, com algumas cópias a voar para Portugal via Backwash Records (aquele auto-promoção da praxe, sem medos). O mesmo para o Both Realities.
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