quarta-feira, 17 de abril de 2019

Entrevista - Danger Zone

Quem são os DANGER ZONE? Fica aqui uma conversa com o David sobre esta nova banda numa entrevista rápida o suficiente para ler entre paragens de metro ou naquela visita à casa de banho para desanuviar do trabalho. O clássico.


Bom, fala-nos um bocado de como surgiu a ideia de formar os DANGER ZONE. Não sei se ainda é para ser segredo quem compõe a banda, mas por muito tempo livre aposto que não terá sido.

Eu e o Rattus já tinhamos a ideia de fazer algo juntos há algum tempo. Eu estava parado com Clean Break e não havia assim mais nada a acontecer em termos de bandas e ele sempre com os mil e um projectos dele, sempre com pica. Fomos amadurecendo a ideia e falando sobre o que poderia surgir. Entretanto, já não sei bem como, fiquei com a ideia na cabeça de que DANGER ZONE poderia ser um nome fixe para uma banda e comentei isso com ele...

Depois disso foi arranjar um tempinho para pedir emprestados uns riffs a Slapshot e marcar uma sessão com o Nuno Gonçalves, aqui em Faro para fazer as guias de guitarra e captar a bateria. Depois foi gravar guitarras e brincar um pouco com alguns pedais que fui arranjando ao longo dos anos e pouco uso lhes dei, numa de tentar fazer algo diferente e o Rattus gravou o baixo em Lisboa numa sessão com o Paulão. Inicialmente ainda pensámos em ser o Rattus a cantar visto que eu já tinha tido Broken Distance e Clean Break e não estava muito numa de ter mais outra banda na voz. Mas entretanto já não me lembro bem como escrevi uns versos e marquei mais uma sessão com o Nuno e tentei fazer um berro um pouco diferente.

Teve piada porque houve pouca gente a identificar logo que era eu. Essa também foi um pouco a intenção inicial para não metermos nomes nenhuns no disco. Queríamos que as músicas falassem por si e o disco tivesse valor como um todo e não porque tinha este e aquele daquelas bandas.

Para a nossa motivação também existiram outros factores que contribuiram para que a cena avançasse - uma delas foi a ideia de criar a Discos Caveira juntamente com o Sandro da Combate Brutal / Bigorna. Numa conversa de brincadeira alguém surgiu com esse nome e ficamos logo com ideias para o logo e para o que poderíamos editar, o que deu logo um boost extra na motivação.

Já te estou a imaginar no estúdio a experimentar vozes...Projetos deste género não são muito habituais na nossa cena, já escassa de novidades. Tendo vocês experiência com várias bandas (e se calhar aqui o Rattus com mais experiência neste tipo de projetos), como comparas este processo que foi dividido entre duas pessoas aos vários outros que tiveste no passado? Já disseste que foi algo que foi amadurecendo, mas dado o pontapé de saída, o "passar da cabeça para o papel" foi mais fácil?

Em relação ao processo, não foi assim tão diferente de como tem sido nas últimas bandas que tive, tendo em conta que acabo por fazer grande parte da composição. A maior diferença é que normalmente trabalho com um baterista que vamos vendo em conjunto partes e estruturas para as malhas e desta vez acabei por fazer tudo sozinho. Obviamente que depois de ouvir as músicas e o resultado final havia algumas coisas que mudava ou faria de maneira diferente, mas isso acontece em quase todas as gravações.

E fizemos tudo sem estarmos os dois juntos num estudio. Eu apenas lhe tinha mostrado um esboço dos riffs e depois mandei as malhas gravadas para ele depois acrescentar o baixo e eu mais tarde meter a voz. Claro que se tivessemos numa sala de ensaio as músicas teriam saído completamente diferentes, mas para primeira experiência acho que teve a sua piada. Pelo menos todos nos divertimos com o que fizemos, tanto na gravação como na parte grafica e na montagem dos discos em casa do Sandro no Barreiro.

Hardcore à distância. signs of the times. Bom, seguindo essa linha de pensamento, só falta aí projeto de one man band. Tipo Tom Pimlott e Violent Reaction, mas de Faro! Discos Caveira #3?

Já esteve mais longe, mas já temos ideias para o #02 e #03 e por enquanto não é isso. Primeiro tenho que arranjar um nome fixe. Normalmente é assim, eheheh. Não digo sempre, mas pode ser uma motivação fixe para criar algo "novo".


Boa dica. A maior parte das histórias que ouço é de malta que já tem tudo feito e depois fica a remoer até encontrar o nome certo. Voltando ao disco, e ao artwork, a Discos Caveira surge com ligações à Combate Brutal e à Bigorna não só pela partilha de "CEO's" mas também pela atenção aos pormenores nos discos, pelo menos a avaliar por este primeiro número. Uma herança a reter.

No entanto saltou-me logo à vista que há aqui aficionados do He-Man. 80's kids em força. Quem é que foi o fã do Skeletor que o foi buscar para o logotipo?


Toda a parte gráfica ficou a cargo do Sandro. Aliás, é essa a maior contribuição dele para a Discos Caveira. Eu e o Rattus apenas mandamos os nossos bitaites e o Rattus tenta picar o Sandro até chegar ao ponto em que tenho que distribuir amor e carinho e acalmar as coisas com o meu PMA, eheheh!! Mas a ideia é mesmo essa, tentar criar edições limitadas, com especial atenção aos pormenores e tentar criar as edições o mais "especiais" possível.

Eles são um pouco mais velhos que eu, mas todos crescemos a ver desenhos animados dos 80s e o He-Man era um clássico. Obviamente quando pensámos no nome Discos Caveira, o Sandro surgiu logo com essa ideia de usar o Skeletor.

Disco gravado, disco lançado. E concertos? A não ser que sejam aqueles gajos freaks que tocam 10 instrumentos ao mesmo tempo, isso requeria um alargamento na equipa. Está no horizonte ou há outras coisas em mente?

Para darmos concertos precisamos de mais algumas músicas, mas foi algo que já foi falado. Precisamos de pelo menos alguém para a bateria e para a guitarra. Temos algumas ideias mas nada definitivo. O que está no horizonte pelo menos com DANGER ZONE é escrever mais umas malhas e gravar para depois ver no que dá...


No verso do insert há lá uma referência a uma sigla interessante. NWOPHC. New Wave Of Portuguese Hardcore. Não sei se é algo sobre o qual te possas alongar muito, mas parece que há mais coisas a ferver no caldeirão...

Em relação ao NWOPHC... não há muito para dizer hahahah é o que é. Dois velhos a tentar agitar as àguas e fazer coisas acontecer. Há mais ideias e mais coisas a ferver no caldeirão como tu disseste. É esperar para ver eheheh!! Até lá rendia vender mais cópias dos discos para o Sandro ver que o pessoal do core também é fixe e apoia e tal e não é só o pessoal do Oi! que esgota as edições todas da Combate Brutal e da Bigorna em meia dúzia de dias, ahaha! Por isso trata de criar o hype!
 
Verdades. Aproveitando a deixa, o disco já está pronto a entregar, certo?

Sim já está out. Podem encomendar a vossa cópia através do Bandcamp ou enviar um e-mail para discoscaveira@gmail.com. Claro que também resulta falarem directamente com o Rattus, com o Sandro ou comigo.


É comprar, ou comprar!

Essa vontade de pegar nas rédeas da cena está bem vincada nas duas primeiras faixas do disco, escritas por ti. É um tema antigo e que divide, pelo que não me queria estender muito (já tenho fama), mas as coisas têm estado demasiado sossegadas nos últimos tempos, ainda que nos concertos grandes com bandas de fora (que estranhamente são mais habituais que os locais), as coisas estejam compostas. Que a "Nova Vaga" se torne realidade.

Espero que sim. Todos sabemos que isto tem sempre altos e baixos e que acaba sempre por recuperar a bem ou a mal, mas hoje mais do que nunca parece que vivemos num vazio de bandas locais ou referências. Houve muitas bandas a acabar ao mesmo tempo e parece que não houve tempo para surgirem coisas novas fortes o suficiente para tomar o seu lugar. Espero mesmo que algo mude em breve.

Falámos do Skeletor e do "NWOPHC" mas não da capa do disco. Ou capas, porque há uma edição mais limitada com uma variante. Quem é que as desenhou?


Básicamente eu e o Rattus começámos a ficar impacientes que o Sandro estava sem tempo para poder passar para o papel as ideias que tinha, então falámos com a Ana, uma miúda do Porto que já tinha feito uma ilustração para Albert Fish que se mostrou bué entusiasmada com a ideia. Entretanto o Sandro surgiu com a ideia da caveira e decidimos fazer as duas edições. Uma mais punk e outra mais hardcore. Acho que acabam por ligar bem uma com a outra e acabam por simbolizar um pouco o Rattus e eu. Ele sempre teve mais bandas punk rock/oi e eu mais de Hardcore.

#deep. Disseste que Slapshot foi inspiração para alguns empréstimos, mas ao ouvir há aqui já muita coisa diferente por trás. Normal, muito anos a virar frangos (de tofu) dá nisto. Sem dares a cana toda, se tivesses de escolher o melhor disco deles para pedir coisas emprestadas qual seria? Não vale dizeres Step On It. Já agora, curtiste o último LP?

Acho que o Back On The Map foi mais referência que o Step On It, eheheh! Em relação, ao último LP, desde que tocámos com Slapshot há uns anos com Clean Break em Milão que dei por mim a dar mais atenção às cenas mais recentes deles. Confesso que quando o disco saiu não lhe dei a devida atenção, mas é um bom disco. É Slapshot, é daquelas bandas que criou a sua cena e mais ninguém faz igual. Soa a Slapshot e isso não soa a mais nada. Quer ponhas o último disco quer ponhas o Old Tyme Hardcore, vais fácilmente identificar como sendo Slapshot. Não é a melhor banda do mundo, mas houvessem mais bandas como eles e a cena Hardcore estava bem melhor hoje em dia.

Digo para não dares cana e dás...Concordo a 100%. Uma daquelas bandas que se conseguem manter relevantes após todos estes anos. Com os seus altos e baixos, discos melhores e discos piores, mas cá andam sem se tornarem um "fardo". O concerto aqui em Lisboa em fevereiro foi bem bom por acaso, e já deu para os riscar da lista.

Apresentações feitas, altura de recomendar aquela audição cuidada (são três faixas, pá!) e a compra caso gostem. Cá espero pelo próximo disco e por essas novidades borbulhantes na Nova Vaga do Hardcore Portugues - em inglês soa mais fixe.

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