sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Foreseen - Untamed Force LP (Quality Control HQ)

 


Untamed, undisputed, undefeated, underrated? Novo disco de Foreseen, novo estouro crossover thrash/hardcore como muito poucos conseguem fazer. Com a cabeça no final dos anos 80, mas os pés bem assentes no presente.

Este é o disco certo para mostrares ao teu amigo metaleiro que escreveu Slayer no braço com uma faca, ou que comprou a tshirt na H&M.

À parte da voz rouca e sempre chateada do Mirko, que encaixa que nem uma luva no som da banda, as grandes estrelas são mesmo a dupla de guitarras, num desfile de riffs incríveis no que parece ser uma fonte inesgotável de criatividade, solos de te por TODOS os pêlos do corpo em pé, com transições quer para cavalgadas furiosas quer para mosh parts que agradarão a metaleiros e punks da mesma forma.

Não sei o que é que o baterista come ao pequeno almoço, mas tem de comer bem porque as calorias necessárias para tocar com a rapidez e violência mostrada nesta gravação são mais que muitas.

Depois de um punhado de eps e dois lps aclamados pela crítica - Helsinki Savagery é incrível e deve ser mostrado em qualquer sala de aula de hardcore -, presenteiam-nos com 9 novas faixas neste Untamed Force, editado pela Quality Control HQ.

Não obstante os primeiros eps terem sido lançados pela 20 Buck Spin, editora de relevo no universo metal, esta banda merecia estar num patamar global que parece teimar em não os mostrar (ao nível de uns Power Trip maybe?). Não que não sejam presença assídua em listas de fim de ano de grandes publicações internacionais, mas talvez uma menor presença ao vivo nos grandes mercados seja o handicap destes rapazes de Helsinquia. Há coisas que contam muito, e ser norte-americano ainda vale muitos pontos neste aspeto.

Tour Europeia em 2023 nos locais habituais, checkem o Skyscanner, as vossas finanças e parem de cortar o cabelo.

Artwork do thrash metal meets neon. Cães raivosos, ossos, correntes e sombras malignas. Sim, obrigado. Nem precisas de meter o disco a rodar, só a capa já fica bem em qualquer sala de estar.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Review: BRAVE OUT - World's Rot LP (Fired Stomp Records)


Se o youth crew está fora de moda ninguém avisou os japoneses Brave Out, que o ano passaram lançaram um disco que merece destaque para todos que que mantêm a discografia de Youth of Today em rotação frequente nas suas playlists ou gira-discos. 

Enquanto o Ray está na Índia nos retiros espirituais há quem faça música em sua honra.

Os Brave Out são de Osaka e têm música editada desde 2013, mas este acho que é o primeiro registo que me chamou à anteção. E chamou porque me chamaram à atenção para ele!

A voz tem aquele truque do Ray Cappo de gritar indefinidamente as palavras, algo que (para mim) tem a sua versão aperfeiçoada pelo Paco de True Colors, aqui com sotaque nipónico. A primeira faixa então é super chapado a TC…

O resto do disco é o desfilar de hardcore rapido na veia do que de bom se fazia no revivalismo dos anos 2000, com uns salpicos de partes mid-tempo e breakdowns, porque já não estamos em 1988. Sweatpants, sapatilhas da Nike e hoodie com capuz pontiagudo, pairing perfeito, tipo queijo e vinho, ou Cola e limão, para manter o edge.

Edição pela Fired Stomp Records que é pertença da banda. Artwork muito giro, obra do Chris Wilson (EKULU) em conjunto com o YOYO TOME (Soul Vice/Bowl Heads Inc.).

Sem saber quando o ciclo das trends voltará a colocar o género no pedestal, há aí umas coisinhas a aparecer que podem encher as barrigas mais esfomeadas pelo coros cantados em uníssono e aqueles pile ons memoráveis. Este disco é parte desse puzzle que se começa a compor.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Review: Temple Guard - Spear of the Revenant LP (Eco Defense Records/From Within Records)


Saudosistas dos xRepentancex alegrem-se, o Pat Hassan está de volta ao Reino Unido e prontamente fez uma banda nova. Banda nova mas com a escola toda, não há erro de principiante, duríssimo do primeiro skit ao skit final - tem muitos, mas todos se ligam de forma perfeita ao bombardeamento musical que se arrasta ao longo de oito faixas. O press release falava em banda sonora para o apocalipse climático que se aproxima, e não podia estar mais correcto.

Mid tempo metallic hardcore com ênfase no metal, uma seleção incrível de riffs e breakdowns de te por a cabeça à roda num dos lançamentos mais brutais do último ano. Fácil.

Declaradamente político, a tocar em diversos temas da atualidade como as alterações climáticas e o papel do homem nelas, a ganância humana nas engrenagens do capitalismo, introspeções filosóficas à própria condição humana, até à situação iraniana (até pelos laços familiares de membros que se cruzam com este país). Afinal de contas, humanity is still the devil.

Imensas participais no que às vozes diz respeito, com nomes de respeito com o Dwid de Integrity, ou os vocalistas de xMourningx, de Culture, de Sectarian Violence...

Já vos disse que foi em xRepentancex que vi o pit mais violento de sempre? Já imagino esta banda num Outbreak da vida e vários desfalecimentos.

A edição é de setembro do ano passado, mas só agora vai sair em vinil, com edição europeia pela banda e nos Estados Unidos pela From Within Records.


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Review: Instructor - Terror Zone LP (Quality Control HQ)

 


30 de dezembro ainda conta como 2022, mas este é o lançamento certo para abrir o novo ano.

Depois de três edições em cassete (primeira demo em 2019, segunda em 2020 e o EP Private Execuction em 2021), os Instructor não quiseram acabar o ano em branco. 8 faixas numa edição da Quality Control num disco de vinil de 12”, sendo 3 das faixas novas gravações de malhas que estavam no EP. Este mix de LP magro com poucas malhas novas dá logo um handicap à edição no apuramente final de tops e best of’s do ano. Mas não se atemorizem, e se não têm acompanhado a carreira dos rapazes de Bruxelas este é o tempo certo.

Aqui a vibe de Nova Iorque antiga é religião, e discos de Breakdown ou Killing Time são a bíblia. A gravação consegue mimicar a sujidade do Lower East Side, com uma boa dose de riffs e solos marotos que prometem agitar qualquer sala de concerto (ou quarto) em que a música se faça ouvir - alto. Voz do bagaço completa o puzzle.

Artwork incrível pelo inconfundível Spoiler. Bélgica pede belgas, certo? Uma versão aumentada em poster a acompanhar seria a cereja no topo do bolo, mas creio que não vamos ter essa sorte (logo confirmo quando a minha cópia chegar!).

NYHC heads esta é para vocês. Feliz 2023!

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Review: Chain Whip - Two Step To Hell EP (Neon Taste/Drunken Sailor Records)

 


Os Chain Whip são de Vancouver, Canadá, e estão nisto há um par de anos. Um EP, seguido de um LP bom que dói (“14 Lashes”) e uma demo em 2020, daquelas que são tão boas que merecem o tratamento da cassete para o vinil. KBD punk, com o pé no acelerador, neste novo disco meteram-no a fundo. Mas conseguiram fazê-lo continuando a escrever boas músicas, com bons refrões e sempre no ponto. As seis músicas do EP, que tem uma duração de pouco mais de 9 minutos, passam a voar, mas fazem-te querer voltar ao início e metê-lo a tocar em repeat.

Das 6 faixas três são regravações da demo de 2020 e uma é uma cover de Subhumans, o que lhe dá direito a desqualificação por KO técnico de listas de fim de ano. Regras são regras, e quem as fez fomos nós.

Se o 14 Lashes os colocou no mapa como uma das melhores bandas nesta onda, este EP marca posição. Obrigatório se gostas do que melhor a califórnia dos anos 80 te ofereceu, de Black Flag a Germs, mas carregado de atitude, veneno e umas mudanças acima.

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segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Review: Fate - Demo '21 CS (P.M.T.)

 


Leeds, Leeds, Leeds, para sempre Leeds. Membros de Big Cheese, Higher Power e The Flex juntaram-se pela enésima vez para mais um projeto. 4 faixas de HARDCORE cheio de testosterona a surfar a onda do início dos anos 90 em Nova Iorque. Na editora vendiam isto como tendo influência de DMIZE, e é mesmo isso. O som difuso, os riffs metálicos e aquele chugga chugga nas mosh parts.

Follow-up para isto é pouco provável, mas nunca se sabe. Fica o registo para a história. Edição limitada em cassete entretanto esgotada – duh!

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domingo, 19 de dezembro de 2021

Review: Pain of Truth/Age of Apocalypse Split EP (DAZE)

 


Nota prévia: A presença deste disco por aqui é meio batota. Meio batota não porque não seja de 2021, não que não seja interessante para este recap natalício, mas não é propriamente algo para o meu top 10 (ou 20...) de eps. No entanto precisava de uma desculpa para uma das descobertas favoritas (ainda que muito tardia) deste ano aparecer por cá – os Age of Apocalypse. E como o LP de estreia é de 2020 e o novo só sai em janeiro de 2022…assim dá para falar neles. 

Sem querer chutar os Pain of Truth para canto, mas chutando um pouco (o “No Blame…Just Facts” certamente já vos passou pela playlist – e sim, é o disco do cão a ladrar que catapultou a DAZE), o foco da review vai para os AOA.

Os Age of Apocalypse foram uma recomendação veemente de um colaborador próximo do Nós Contra Eles que os viu ao vivo (fiquem sintonizados no Podcast que tanto ele como os AOA vão ser estrelar). Vindo de quem vem, fui a correr googlar a coisa.

Vindos de Hudson Valley, NY, esperem um hardcore musculado com RIFFS. Bons riffs. Riffs pesadões, dos que te fazem sentir algo lá dentro a borbulhar. Influência dos 90’s de NY sem serem demasiado colados.

Mas o grande fator diferenciador, e o que mais gostei mesmo foi a voz super clean e arrastada que automaticamente me remeteu para o estilo de Life of Agony ou Only Living Witness num timbre mais a ir buscar o Messiah Marcolin de Candlemass. E o homem canta! Desta não estavas à espera, certo? É daquelas coisas que primeiro se estranha, depois se entranha. Prevejo coisas grandes para esta rapaziada.

Vocês sabem que a malta no NCE é muito visual, e capas de discos são a janela para a alma. A deste disco é só terrivelmente anos 90. Mas hey, DAZE STYLE, já sabes ao que vais.

O novo disco sai a 21 de janeiro, produzido e mixado pelo Taylor Young. Há 2 faixas de avanço online. Prometem-se bigornas.

sábado, 18 de dezembro de 2021

Review: Farmaco - Descolonizar EP (Discos Enfermos)

 


A América Latina tem sido um foco de exportação de excelente punk e hardcore no último par de anos, isto, claro está, sem querer descurar décadas de história, mas as recentes convulsões sócio-económicas em muitos destes países tem sido bom rastilho para esta cena musical, onde a Colômbia se tem destacado com umas milhas de distância.

Um “pouco” mais a sul, temos os Farmaco, vindos de Buenos Aires. Esta banda (e disco) só me chegaram aos ouvidos à dias, a propósito das trinta mil listas de final de ano, onde se encontram sempre boas prendas.

Algo que me prendeu de imediato foi uma espécie de ambiente sombrio que envolve o disco, e faz a simbiose perfeita entre as 4 faixas. A sonoridade pega no que melhor o Japão tem para oferecer: solos malucos, leads metálicos e riffs endiabrados, com uma cavalgada d-beat como pano de fundo. Uma voz feminina cheia de raiva, e uma gravação bem chungosa tornam este disco uma excelente recomendação para a vossa colecção ou biblioteca digital.

E num ano que, aqui por casa, foi muito e bem temperado com influências nipónicas, nada como uma boa sobremesa destas para o terminar.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Review: C4 - Chaos Streaks LP (Triple B Records)

 


Sejas tu novo ou velho seguidor do NCE, começo já por recordar que uma banda e disco com o clássico “som de Boston” não pode falhar numa síntese de fim de ano. Nunca. Desde as bandas da génese da Boston Crew, passando pela vibe Lockin’ Out à mais recente onda revivalista do straight edge hardcore e youth crew (geralmente com malta não tão nova assim…) o meu amor pela cidade é grande, mesmo sem nunca lá ter ido, e sabendo da fama que tem. Aquele som crú e duro, que lhe assenta que nem uma luva.

Os C4 não lançavam nada desde 2019, altura em que lançaram uma excelente cassete “Goes To War”, com 6 faixas que traduzem sonoramente o que falei atrás. Passados 3 anos, e mesmo com concertos de vez em quando, pensei que poucos ou nenhuns frutos voltaria a dar.

Para minha surpresa a Triple B anuncia um LP, que me meteu logo de antenas alerta. 10 faixas em 11 minutos que te fazem moshar forte - quando te começas a cansar, o disco acaba e podes ir à tua vida sem estares demasiado suado. Provavelmente já partiste tudo o que estava à volta, por isso o dano está feito. Aquele mix já clássico de bujardas de hardcore rápido com mudanças de tempo para partes com mais groove, mesmo para o side to side #renteaochão. 2021 e esta hashtag ainda não explodiu. Como? Não sei.

Não esperes por letras profundas, que apanhas exatamente o contrário. Se precisas de um shot de energia pela manhã, é só meter este disco a tocar e estás pronto para a tua jornada diária.

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sexta-feira, 25 de junho de 2021

NCE Podcast Ep. 19 - Acordei...E Escolhi Violência!

 


Mantendo a tradição de incesto na cena de podcasts nacionais, temos dois convidados para dar três dedos de conversa sobre tudo e mais alguma coisa: festivais de verão, como não enriquecer a vender música online, punk rock sueco e New Found Glory, dream show pós-pandemia e as novidades musicais da praxe. Resumidamente: um espetáculo.

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segunda-feira, 10 de maio de 2021

NCE Podcast Ep. 18 - NYHCOVID, Batidos Saudáveis e 3ª Guerra Digital

 


De certeza que o show de Madball e amigos no Tompkins Square Park apareceu no teu feed. Já não se viam discussões tão acesas na Internet desde o desaparecimento do "Fórum da Cena". Claro que até a 5400km de distância tinhamos de dar o nosso bitaite. Para não ser só o Tiago a malhar no JJ, temos dois convidados espetaculares, e quase 2h de conversa. 

Mais do que dissecar o óbvio, falamos nas diferenças entre continente europeu e americano, perceção de "ídolos" e separação entre arte e artista. Parece muito académico, mas já sabem que não. Apreciem a viagem.

sexta-feira, 30 de abril de 2021

NCE Podcast Ep. 17 - Triângulo de Leitores

 


Já tinham saudades? Andamos a tentar pôr a leitura em dia, e apesar de dormirmos mais horas que o Marcelo, não conseguimos ler tanto. Tivemos como convidado o Pedro da nova fanzine «No Borders No Walls» que nos apresenta o seu recém-lançado projecto. Falamos também de algumas fanzines e livros que lemos recentemente. Ainda há algumas sugestões musicais rápidas, a fechar, para não ficarem com os ouvidos desocupados.