segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Review: Cro-Mags + Dimension + Ground & Pound @ RCA, Lisboa


Em jeito de disclaimer, é conhecido de todos o atual beef entre o Harley e o JJ, e quer tu escolhas uma equipa (e eu tenho a minha escolhida) ou sejas dos que só gostam de assistir na bancada ao circo, a verdade é que os Cro-Mags, e o Age of Quarrel em específico, foi um ponto de viragem na cena hardcore. Com a aparente impossibilidade de uma reunião do lineup "original" por todos os motivos e mais alguns, a vinda do John Joseph e Mackie Jayson a tocar o Age of Quarrel com a ajuda do AJ de Leeway seria sempre uma oportunidade de ver estas músicas tocadas por parte da formação deste disco, especialmente num país onde estas visitas são raras. Se são Cro-Mags ou Fauxmags deixo ao critério de cada um - a história é pública, e quem fez o quê também.

Tinha tirado o dia por outros motivos sendo que isso acabou por permitir que o Pontes me apanhasse perto de casa a meio da tarde. Ia emprestar o amplificador de guitarra ao AJ pelo que íamos cedinho para o RCA. Chegámos lá e passado um bocado aparece o Congas e o Emanuel com parte da banda. O JJ tinha ficado no hotel a descansar e só ia aparecer depois de jantar.

Andei lá ajudar a montar tudo, sendo que fui o gajo menos útil em palco graças aos meus fracos conhecimentos técnicos da coisa. Parece que o amplificador do Pontes era coisa rara e essa raridade fez com que o AJ Novello tenha arranjado ali um amigalhaço, já a trocar dicas de afinações e sei lá mais o quê. Aguardo pelos Leeway portugueses com o Pontes ao volante. Fizeram o soundcheck e deu logo para ver o Mackie a trabalhar na bateria. O gajo toca quase em pé, com o banco todo levantado mesmo a pedir avarias...mas já lá vamos. Todos nos questionávamos quem era o baixista de bigodaça farta com autocolante da Lockin' Out no baixo, dúvida só desfeita ao final da noite (Violent Minds maaaan!). A meio do soundcheck saí que entretanto tinha chegado a tropa algarvia e era altura de por a conversa em dia.


A hora do jantar aproximava-se e o fim do soundcheck também. Fui chamar o Pontes para irmos à pizzaria e lá estava ele no backstage com o AJ a comer bananas enquanto o resto da banda já tinha ido comer um peixinho ali ao pé do mercado de Alvalade. Acho que ele ainda aguarda o regresso do Pontes que tinha ido só buscar umas coisas ao carro...

Concertos em Alvalade pedem aquela pizza crucial. Grande, não muito cara e perfeita para acompanhar boas doses de risada. Doses de risada multiplicadas com patrocínio do JJ, que no quarto de hotel ia fazendo diretos no Instagram a mostrar as parecenças entre o bidé e a sanita da casa de banho do quarto...Doo-doo man né?

Regressados já com Ground & Pound a tocar, deu para sentir os Terror de Gaia. Nunca os tinha visto e causaram boa impressão! Riffs, presença, vontade. Malta nova a fazer bandas boas: yes, please. Fiquei com pena de não ter visto de início. A ver se aparecem por cá mais vezes. Ou isso ou que haja algo a norte que me chame mais que as francesinhas.

De seguida tocaram os Dimension. Creio que estive no primeiro concerto da banda em Faro há meia dúzia de anos, e na altura, no auge do hype de Turnstile soou-me a algo naquela onda mas com "mais truques" de pedais. Face aos outros projetos em que parte dos membros se insere, os Dimension têm estado num estado de quase hibernação sendo que de vez em quando aparecem e dão uns concertos. Com um disco na bagagem, foi a partir dele que tocaram as suas músicas, para um público ainda adormecido que a sonoridade que aqui e ali fugia para o rock não conseguiu acordar, nem com pedais de distorção a trabalhar forte.

O tempo de espera pelos cabeças de cartaz foi longo. Não sei que o que é eles estavam para lá a fazer mas gramámos com uns vinte minutos de reggae sendo que parecia que estava sempre a dar a mesma música. Jah estava farto!

Intro da Laranja Mecânica para começar o set com a World Peace, com o Mackie Máquina a cair do banco logo na mosh part...Sorte não se ter espatifado todo. Mas com tantos anos nas botas cair de costas não é nada e nem houve tempo de parar a música. Siga para bingo!

Nem sei quantas pessoas estavam, aquela sala com aqueles balcões superiores dificulta a contagem (e esvazia a zona de baixo). Estava bastante malta sendo que podia estar mais. As barreiras no palco não ajudaram, mas não impediram dives e alguma cantoria. E o JJ agradeceu a ajuda.

Estranhei terem tocado a Crush The Demoniac tendo em conta que as set lists têm sido basicamente o Age of Quarrel (a tal história de brincar com o que se conhece), mas o JJ quis dar uma facadinha com esta...


Tocaram as habituais covers de Bad Brains e foram passando pelas malhas do AOQ quase sempre sempre grandes conversas, ainda que com tempo do JJ falar do Veterans Day sem no entanto ter dito que tinha sido Marine ou Navy SEAL, ahah. Mackie máquina! Life Of My Own. Don't Thread On Me e depois um pseudo final sem despedida para esperado encore com a We Gotta Know e Hard Times. Cro-mag. Skinhead. Breakout. Now!

Tendo em conta o feedback que tinha de amigos que os tinham visto este ano no Outbreak ou em Eindhoven não posso dizer que as espectativas fossem altas, pelo que acabou por ser o que estava à espera. Não é que o Mackie não seja granda máquina, o AJ granda guitarrista ou que o JJ não pule (que pulou), mas há ali um feeling que não sei bem explicar. Não sei se culpo o cansaço, os anos na estrada a tocar a mesma coisa ou algo mais, mas não deve ser muito normal uma banda tocar e antes do show um fica no hotel, o outro no backstage e os outros vão jantar...mas cada um sabe de si e eles andam na estrada faz anos. Depois parece que isto transpira para o concerto em si. O que os une, não sei. Quer dizer...

E afinal havia merch. Se o Harley sabe faz já um post novo no Instagram a mostrar a papelada legal. Se ainda não o seguem façam-no.

Findado o concerto fiquei à conversa com o Tiago e o Nuno (estão acerca do Alho Francês? deviam!) até que já com tudo orientado somos convidados pelo Congas e companhia para ir chillar ao "Bê Kápa". O que à primeira vez podia ser granda danceteria era afinal o Burguer King dos Olivais, que para meu desconhecimento é o local da concentração tunning/xunning de Lisboa, onde a malta vai largar fumo preto e ráteres antes de ir fazer corridas para a Vasco da Gama. Resumindo, nada como mais conversa para acompanhar aquela fast food do Belzebu, no que acabou por ser das melhores partes da noite, que acabou já eram quase 4 da matina.

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