sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

For The Glory Tour Diary - Dia 1 (Ypres)

Os For The Glory encontram-se neste momento em tour pelo centro da Europa. Todos os dias teremos um relato na primeira pessoa pelo Congas, sempre acompanhado de fotografias do Tiago Mateus. Fiquem atentos! E se andarem a apanhar frio por algum dos locais onde eles vão passar, não percam a oportunidade de ir dar um "olá".

Dia 1 (30/11/2017) - Ypres, Vort'n Vis (Bélgica)



Sair em tour é sempre divertido, stressante, complicado, muita coisa para fazer e para organizar. Desta vez não foi, nem será diferente. Após semanas a preparar esta viagem, era finalmente o dia de irmos para o aeroporto e partir para o desconhecido. 

No dia antes fui até Cascais ver o primeiro concerto dos Linda Martini com o The Legendary Tigerman. O que eventualmente fez com me deitasse tarde e preparasse a mala já assim meio a correr… acho que não me esqueci da nada. 

Meeting point era a entrada das partidas no Terminal 2. Com bandas como FTG todos os trocos são importantes e por isso até na escolha dos voos temos de ter cuidado. Melhor preço, tentar minimizar o que levamos nas malas, rentabilizar espaço. Chegados ao átrio, o Tiago Mateus já lá estava com as malas todas do merch prontinhas, pesadas e siga para bingo. check in feito (Props para o Grácio que nos safou) e siga para bingo. 

O cansaço apodera-se mim à medida que vamos esperando, estas são as piores partes, a espera para tocar, espera para viajar, espera para tudo… Aborrecido! A viagem fez-se sem qualquer complicação, voo tranquilo, crew simpática e voilá, estávamos em Eindhoven. Pelas 16h30 aparece o Mila de No Turning Back com a carrinha e o backline, entregou-nos a chave e desejou boa viagem (assim o esperamos que que seja). A viagem de Eindhoven para Ypres deveria ser 2horas, mas viria a tornar-se numa viagem de 4 horas e pouco.

Como tugas o frio é algo que nos assusta aqui em cima, e a nossa sorte foi chegarmos no dia do primeiro grande nevão. Isto traduz-se em acidentes… A seguir a Antuérpia apanhámos um acidente gigante que envolvia 3 camiões e mais uns quantos carros. Pelo aspecto daquelas viaturas estavam bem castigadas e infelizmente soubemos mais tarde que pelo menos 4 pessoas tinham morrido no acidente.



Chegados a Ypres fomos recebidos pelo Ziggy que nos mostrou onde deixar as cenas todas. Este mano é mesmo boa gente! O people de Ypres é impecável, o Maarten fez uma deliciosa comida vegan, a cerveja Primus estava fresca, tudo certo. Cada vez que voltamos cá acima é como começar de novo, se em Portugal nos queixamos que as pessoas já não aparecem nos concertos pequenos, nós aqui somos esses concertos. E com o nevão que estava na rua, obviamente que não se iria traduzir em muita gente. Pelo menos duas dezenas de almas tiveram a coragem de desafiar a neve e aparecer para dar aquele support. Várias caras conhecidas, caras que estiveram lá desde a primeira vez que FTG tocou em Ypres.



Como muita gente sabe, sou um gajo que fala bastante, basicamente não consigo estar calado. Gosto de trocar ideias, gosto de conhecer onde estou, com quem estou, discordar e debater, concordar e debater. Levantou-se um debate na altura de jantar com um local. “Eu não gosto de concertos grandes, não é hardcore para mim é apenas música para míudos. Muita gente deixa de ser hardcore”. Será que sentimos que isto é apenas para nós? Porque é que não ficamos contentes quando as nossas bandas, as nossas ideias chegam a cada vez mais pessoas? Porque nos fechamos numa redoma com medo de deixar que a nossa música, a nossa comunidade cresça e chegue a mais gente? Não faz sentido esse medo. Desde a fundação do movimento hardcore que falamos de assuntos com os quais qualquer pessoa se identificar, fala-se que se quer mudar isto e aquilo mas continuamos a viver com pavor de abrir as portas a outsiders. O Hardcore é e deverá ser para quem vier por bem.



Quando estava a carregar o material na carrinha, recebemos uma mensagem que o Zé Pedro de Xutos tinha falecido. Nunca tivemos qualquer relação com a banda ou com a pessoa em questão, mas foi sempre uma pessoa que vimos na tv, um entusiasta da música portuguesa, o nosso rolling stone. Fica uma nota de pesar e de condolências a toda a sua família próxima. A música portuguesa perdeu um ícone!

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