segunda-feira, 18 de março de 2013

Review: Expire + Rotting Out + Prowler + Ego Trip @ 229, Londres


Esta review já vem com um atraso descomunal, mas hey, vale o que vale certo?
Os Expire e os Rotting Out fizeram no mês passado uma tour pelo UK, daquelas com 10 datas que só mesmo as bandas americanas e/ou do hype é que podem fazer por cá. Uma das datas finais era em Londres, e calhava exactamente na noite antes de eu ir para Portugal a propósito da festa de lançamento da The Juice Fanzine. Como tinha o dia bem atarefado, um autocarro para o aeroporto às 4 da manhã, e os meus companheiros habituais de concertos não estavam por cá, já tinha cagado na ideia de ir ao concerto.
Mas a vida às vezes dá umas voltas engraçadas.

Nesse dia à tarde recebo mensagem do Johnny Slaps, que já estava por cá de novo e pelos vistos ia ao concerto. Três ou quarto mensagens depois e estava acertado que ia tentar lá aparecer um bocado depois da hora de portas. 

Pouco antes ainda fui beber uma birra com o Jonno (o rapaz do Juicy Podcast #05), mas Peroni a 4.5£ a pint? Puta que pariu Brick Lane. Entretanto, como seria de esperar, birra e conversa complicaram os meus timings e cheguei já depois da primeira banda (os Ego Trip, que até pensei que eram uns americanos mas afinal é uma banda nova inglesa, saquem a demo aqui) e com os Prowler a meio do set.

Prowler está provavelmente no limite das bandas que eu consigo gostar em termos da onda mais pesadona/metalada da Rucktion. Ok vá, Prowler e Bun Dem Out. A música é super violenta e dá mesmo aquele feeling do “foder-te a tromba toda”, mas depois assim que param de tocar e falam ao micro nota-se que são os maiores bacanos, especialmente o vocalista, que agora até cortou as tranças gigantescas que tinha, o que até lhe dá um ar mais amigável, ahah. Infelizmente estavam claramente deslocados no cartaz e quase ninguém se mexeu. Foi pena, especialmente tendo em conta a última vez que os tinha visto no 12 Bar, em que até deu medo.

Troca de material bem rápida e eficiente e os Rotting Out subiam ao palco uns 15 minutos depois.
Apesar de já umas boas 3 ou 4 pessoas me terem dito para ir ouvir esta banda, e já ter visto uns quantos vídeos deles ao vivo a partir tudo, não sei porquê acho que nem uma demo deles tenho no pc…ou seja fui-me lá meter à frente mesmo à toa a ver no que dava. E deu merda, claro.

Primeiras 2 músicas já havia uns 10 malucos a limpar a sala de uma ponta à outra e tudo a tentar mandar stage dives das colunas de graves, inclusive malucos a tentar dar mortais de uma coluna com altura de 70 cm’s, e que depois ou era de boca ao chão ou me vinham parar em cima. O vocalista é o puro JJ de Cro-Mags em palco, acho que já tinha dito isto antes mas confirmei mesmo nesta noite. Os gestos, a maneira de pegar no microfone, tudo. A cena é ser muito mais gorila e ter aquela cara bem fêa que rivaliza nas calmas com o mano de Bane. O set foi bastante curto e entretanto a maluqueira acalmou, mas gostei bastante do facto dele ele ter falado sobre algumas das músicas, nomeadamente uma sobre religião, em que acabou por dar uns toques sobre racismo/discriminação, e ter apelado à compra de merch não de Rotting Out mas dos Expire, que pelos vistos estavam em tour há vários meses, tendo vindo do Sudoeste Asiático para o Reino Unido directos, e portanto a guita já estava a escassear. Boa onda.

Entretanto mais umas trocas e baldrocas, e Expire prontos para fechar a noite.
Antes de falar sobre o concerto, queria só dizer uma coisa: eu só gosto de Expire porque me soam a Trapped Under Ice. Pelo menos no último disco, o Pendulum Swings, que foi o único que ouvi até à data. Aqueles ritmos marados na bateria, partes meio imprevisíveis, mosh parts simples mas bem rijas (e bem roubadas também ahah), e até a voz em certos momentos. Portanto não sou propriamente o maior fã, simplesmente acho o disco muito bem conseguido e na impossibilidade de ver TUI todos os dias da minha vida antes de jantar, os Expire matam o vício. Acho que o facto de ter visto um certo tour-report/documentário sobre uma das tours deles pelos Estados Unidos também ajudou a engraçar mais com os rapazes.

Quanto ao concerto, a banda estava visivelmente cansada, o vocalista mais lá para o meio explicou que estavam todos com brutas constipações em cima, e acho que isso afectou um bocado a adesão do pessoal, mas sinceramente o som estava no ponto. Eu bem que quis estar quietinho no meu canto mas assim que começaram a tocar as malhas do último LP não deu, ouvi a “Just Fine” e tive que ir molhar a sopa. Já me estava a fazer falta sinceramente, não pode ser só stage dives e high fives, de vez em quando há que levar umas murraças na boca para nos lembrarmos que estamos vivos.

Como já disse a banda estava cansada e o facto do vocalista não ser nenhum animal de palco também não ajudou…ele próprio admitiu isso, disse que não tinha jeito para discursos e pouco mais falou do que os normais agradecimentos.

O concerto teve a duração ideal, pouco mais que o de Rotting Out, não aborreceu nem um bocadinho, e tocaram tudo o que queria ouvir do último disco. Acho que se eles estivessem em melhor forma podia ter sido mesmo memorável, mas assim foi apenas um bom concerto de hardcore. De notar também que o concerto estava longe de estar sold out, umas 150 pessoas no máximo, o que me espantou pelas bandas que eram, mas talvez seja o mal de nesta cidade haver simplesmente demasiada oferta (mesmo só em termos de hardcore há sempre 2 ou 3 concertos por mês, muitas vezes com bandas estrangeiras).
Dica final: se forem viajar, não andem a moshar no dia antes, ou se andarem durmam em condições. Eu devo estar a ficar velho, mas arrastar malas de 20 e tal quilos por corredores de aeroportos sem ter dormido não foi nada saudável.

Review por Emanuel Matos

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