Depois de uma noite mal dormida e de uma frequência às 10 da manhã (sim, ao Sábado), não poderia ter tido um melhor arranque de férias. Estava a ficar proporcionalmente mais feliz conforme a distância Lisboa/Caldas diminuía, ainda assim, estava com um pequeno receio de não chegar a tempo de ver o início do concerto. Almocei em menos tempo do que o que poderia desejar, e meti-me a caminho. Como nas Caldas a malta toda se conhece, acabei por sacar ganda boleia. Não vou começar com o choro habitual das horas, porque este era um daqueles concertos que só iria começar quando as pessoas sentissem que devia começar, e apercebi-me disso assim que lá cheguei. "Não começava às 15?" - "Népia, isso era só a hora para reunir a malta".
Ainda
tive uma boa horita a falar com a malta toda, enquanto a malta toda do skate
dominava a rua. "Méquie Bruno, tá ali alta cagalhão, queres ver quem dá a
melhor manobra por cima dele?". Por fim, toda a malta chegou e estava no momento de começar
o concerto. Shitmouth? Shitmouth, Shitmouth, Shitmout... Ai Shitmouth...
Sítio
ideal para um concerto do género que era. Salinha bem pequenina, tão apinhada
de gente que resolvi entrar pela janela (safei ganda desculpa), o que acabou por
ser uma constante durante todo o concerto. E acho muito bem, se não cabiamos
todos uns ao lado dos outros, certamente caberíamos uns em cima dos outros! Punk bem rápido que
logo nos primeiros sons meteu a malta a mexer-se de forma bem mais eléctrica
que aquelas merdas lá do harlem shake. E assim foi durante todo o concerto. A
única maneira de descansar era sair da sala,
e nem os encostados à parede estavam safos (sabem quando atiram uma bola
saltitona com bué força contra uma parede e deixam-na andar de um lado para o
outro? Era mais ou menos isso). Cavalitas, saltos da janela, cambalhotas, malta
no chão de quatro a servir de degrau para outros saltarem. Que selvajaria.
Ouvi algo do género: "Bem, esta é a nossa ultima musica, chama-se Your
Pussy Stinks". Não foi. Ainda tocaram um bom pedaço depois desse suposto
fim. Afinal sempre existe vida depois da morte. Músicas da demo, check. Cover
de Black Flag, check. Cerca de 15 minutos sem parar, bem docinho para uma banda
onde a média de duração das músicas deve rondar os 40 segundos, ahah. Todo o
mundo dê o check nesta banda! São novos e cheios de pica! Circle Jerks portugueses!
Depois de Shitmouth, vieram os Skrotes, a única coisa que
existe mais rápida que o Lucky Luke. Toda a descrição feita acima quanto à
posse demoníaca dos jovens repetiu-se, mas desta vez com sacrifício humano. Se há pouco havia quem quisesse parar um pouco e respirar fundo lá fora, agora
havia aqueles que TINHAM de parar um pouco lá fora. Uma cabeça aberta, uma outra
que parecia estar a afogar-se de álcool depois de ir ido bater na parede com
uma determinação soberba, e vários outros pequenos ferimentos que acabaram por
se provar nada mais que pequenas cicatrizes para relembrar os bons momentos.
Tocaram buéda músicas, e buéda rápido. Ganharam intimidade ao sítio tal que lá
mais para a frente já estavam a ensaiar e a tocar coisas só porque sim ahahah,
e se houve um momento em que o concerto deixou de ser concerto para passar a
ser ensaio, eu não me apercebi bem. Shut Up And Play!
Duas bandas óptimas, que combinam tão bem como os queridos
dos filmes de amor de Domingo à tarde. Quando cá voltarem, por favor toquem no
skatepark. Mais uma tarde bem passada. Boa música e boa malta.
Review por Bruno Baptista.
http://www.youtube.com/watch?v=GwdqLODeWnA
ResponderEliminar