segunda-feira, 25 de março de 2013

Review: Shitmouth + Same Old Chords + La Tasca + Sangue Xunga @ C.R.A., Lisboa


Podia estar aqui a falar de como saí de casa a contar chegar à hora certa de início do show, como perdi mais de uma hora em transportes só para não entrar em autocarros cheios que nem uma lata de sardinha (a um domingo? Carris, sempre na poupança...), tudo para fazer uma percurso que, bus e metro combinado, não chegou a 25 minutos. Podia dizer que cheguei já passavam das 17h e a montagem do material no palco ainda estava atrasada...Podia, mas vou dar um pequeno fast forward.

Tinha levado os discos da distro, as newsletters novas e mais uma papelada ou outra para distribuir, pelo que logo estacionei ao lado do Boris e da sua Destroy It Yourself. Incrível a quantidade de cenas boas que ele lá tem escondidas, pena que pouca gente esteja acerca, e que pouca gente compre discos em Portugal. Mas hey, obviamente que existem diferentes prioridades, e comprar discos certamente não está no topo da lista para a maioria do pessoal, como é normal.

Trocar impressões sobre os concertos dos dias anteriores, falar sobre a viagem até ao Porto e sobre o show nas Caldas, sobre novos discos, falar um bocado com a rapaziada de Shitmouth e depois descer e ter um relato do Moita Metal Fest pelo Cabeças. Alguma malta cá fora, cartaz a ir buscar a vários lados pelo que estava ali uma mistura bem heterogénea. Segundo o flyer colado na porta os Erro Crasso tinham cancelado, e apareciam os The Skrotes em substituição. Mas afinal eles também não tocaram, o que até teve uma parte positiva tendo em conta os atrasos no início do show (e a futura interrupção policial explicada mais abaixo), senão em vez de acabar às oito e tal, acabaria ainda mais tarde. Nada contra os moços, mas para a semana tocam com Sectarian Violence por isso "eu não vou chorar, essa vida não é para mim".

Bom, passado um bocado lá começou o show, com Sangue Xunga, malta que tocava em Carlos Crüzt e que tem um som na mesma onda. Punk com Rock'n'roll sujo, bateria meio d-beat aqui e ali, deu para meter a malta a abanar a cabeça.

La Tasca tocaram depois para um sala bem menos preenchida que na primeira banda, sendo que vim cá para baixo conviver com o pessoal que enchia aquele pequeno pedaço de rua. Quem é que aparece? Os sempre simpáticos PSP, que estacionam ali ao nosso lado e sobem até à sala, interrompem o show e começam para lá a pedir licenças e mais não sei o quê. Ao fim de uns (talvez) vinte minutos lá se resolve tudo, estava tudo em ordem pelo que só tiveram de bazar. Deu para perceber que a queixa veio duma cota de uma marisqueira que ficava ali a 25 metros, pelo que não percebi qual era o stress da gaja...A interrupção terminou abruptamente o set de La Tasca que já não voltaram a tocar.

Com esta história toda, já passava das sete da tarde, e o show que "teria" de terminar às oito estava agora em passo acelerado. Ou estaria? NOT! Tudo nice and easy. Same Old Chords é a reformada banda onde a Márcia e o Flávio cantam (ele divide as despesas na guitarra também). Foi a primeira vez que os vi e é um projecto bem interessante. Estava buéda malta de Massamá a apoiar e criou-se ali um ambiente fixe. O som tem tanto de punk rock como de hardcore com vozes melódicas aqui e ali. Foi porreiro. Andava para lá um jovem com uma beza descomunal a puxar o pessoal para a frente e para o mosh (jovem esse que pouco antes já tinha travado grande amizade com os polícias, com direito a apertos de mão e tudo).

Para fechar, os Shitmouth. Estava bem excitado para ver esta malta. Estiveram ao meu lado no Porto a ver KF, mas no meio de tanta agitação durante o show e chuva após o show nem deu para grandes conversas. A demo tinha-me convencido, a entrevista que lhes tinhamos feito também, e os relatos que ouvia só me aguçavam o apetite. Logo na primeira ou segunda malha a sala ficou virada do avesso e o público estava conquistado. Feeling mesmo à antiga, miudos que provavelmente ainda nem são maiores de idade a darem um concerto do caraças e a meter a malta toda maluca. Tocaram as malhas da demo e mais uma ou duas novas se bem percebi pela conversa do João, cover de Killing Frost com o Bruno Predador todo maluco e ainda a Nervous Breakdown de Black Flag (escusado será dizer que houve direito a patadas na cara e nódoas negras em diversos presentes), e "toquem lá mais uma!!". Fizeram-nos a vontade. "Esta próxima música é dedicada ao antigo director da minha escola e chama-se Cadilhe" - "Candinho?? CANDINHO FILHA DA PUTA!!". "Candinho" (e demais variações) e "filha da puta" viraram hino no público. Os rapazes já estavam cansados mas ninguém os deixou ir embora. Repetiram o set duas vezes, com as covers a serem tocadas novamente e ainda ficaram a ouvir das boas por não tocarem mais!

"Foda-se, estes putos tocam de caralho! Todos! Granda abuso!". "Estes gajos são os novos Miyagi! Ficou tudo maluco!". Estas foram algumas das exclamações que ouvi no final do concerto. Se querem energia, música rápida e bem tocada, olhem para esta malta! Acho que por todos nós que lá estavam tinham ficado a tocar até de manhã. Muito bom concerto, mais uma tarde bem passada.

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