sexta-feira, 29 de março de 2013

Review: Killing Frost + Mr. Miyagi @ Café Au Lait, Porto


A última vez que vi Killing Frost foi em 2010, na mítica Xepa Tour (que o Fábio fez o favor de filmar para a posterioridade e que podem ver ou rever aqui). Nesse concerto foi anunciado pela banda que aquele seria o seu último concerto. Três anos passaram, e como uma fénix renascida das cinzas, Março de 2013 marcou o regresso aos palcos da rapaziada. O local escolhido foi o Café Au lait, no Porto. Amigos que conheciam o sítio só me disseram "a sério? um concerto AÍ? isso é tipo o bar hipster do Porto...". Não precisava de melhor convite. Depois de alguns dias a tentar combinar viagem e carros, ficou combinado ir com o Tofu, o Luis e o Manuel, e ao final da tarde de sexta-feira lá partimos.

A viagem fez-se bem, parámos duas vezes, uma para meter gota, outra para nos encontrarmos com o Leo e tentar combinar o jantar. O Luis foi o dj de serviço e a "banda sonora do ferro" esteve presente. Um cheirinho de Mental, Invasion e Righteous Jams, para depois passarmos a Crowbar, Angel Crew antigo, Brujeria e outras coisas que não me recordo ou que nem sei o que eram. Quando nos começámos a aproximar da meta, a playlist deslocou-se para as antiguidades nacionais, com Unstable, Shift Lift e mais umas coisas ao barulho. Pit stop no GaiaShopping e no Shoarma para abastecer o estômago, e pouco depois saíamos em direcção às galerias.

Recebemos um telefonema a dizer que estava bué malta à porta, que aquilo ainda não tinha começado mas que já tinham esgotado as entradas. Ainda bem que éramos vips e tinhamos a pulseirinha assegurada! Chegamos, encontramos a malta, algum pessoal que não víamos à bastante tempo, e aproveitámos o tempo da primeira banda para ficar na converseta. O tempo ainda era nosso amigo, e estar com pessoal com quem raramente estamos é aquele momento especial, em que cada segundo conta. Logo ali vemos em primeiro mão uma fotografia da sala...o spot era a cave do bar, que servia de armazém das bebidas e afins. Topem aí a parede lateral...não é preciso dizer o que acontece algum tempo depois pois não?

Parede com muita arrumação...

Bom, com tudo isto foldei o set de Throes. Não sei bem o que é, mas deve ter sido fixe e os fãs deles devem ter vibrado.

Bom, a sala estava esgotada, a miudagem preenchia a cave e esperava ansiosamente que a rapaziada de Viana começásse a tocar. Já não me lembro se abriram com a VC ou se essa foi a segunda malha, mas sei que a partir daí comecei a levar encontrões de todo o lado, a ver malta a saltar da estante (aquela da foto ali em cima), circle pits, patadas de todo o lado. Estava a festa armada.

Confesso que não estou muito a par das coisas mais recentes da banda, o novo LP ainda não está disponível para venda e ainda não o ouvi, mas para mim aquela vibe inicial mais rápida ganha ao rock'n'roll e riffalhada psicadélica. Tem a sua piada, e é fixe ao vivo, mas cada um na sua. A banda não tirou o pé do acelerador muita vez, pelo que não houve calmaria na estreita cave do Café Au Lait. Houve tempo do Ciso ir para o meio do público cantar e empurrar o pessoal, aquela interacção que acaba por fazer parte dos concertos de Mr. Miyagi e que são parte da sua mística. Tudo bem suado, aquele nevoeiro do calor corporal no ar, e a sala que nesta altura estava a rebentar pelas costuras respondeu à altura do bom concerto que a banda deu. Findado o set, muitos subiram para apanhar ar, espero que ninguém tenha apanhado uma gripe ou uma pneumonia, tendo em conta a variação de temperatura.

Em Abril tocam em Lisboa, a ver se têm o disco com eles e se a festa se repete. Acho que vai ser no Campo Grande...espero que seja no chão.

© Porfírio Azevedo

Antes de Killing Frost começar reparo em três rapazes ao meu lado que se questionam "agora é Throes? acho que agora é Throes!". Pensava cá para mim, "é, é"...

Começaram com aquela intro mais sossegadinha, e logo logo estalou o inferno na Terra. Tudo à pancada, dives do palco, dives da estante, dives das colunas. Ainda houve algumas ocasiões em que tive de segurar numa delas, não fosse aquilo cair. Se a banda esteve em hibernação durante três anos parece que o sono foi bem reconfortante, que a energia do público espelhava-se na banda, e vice-versa. Nos momentos entre músicas fomos presenteados com o conto de algumas piadas. Quer dizer, não sei se devo qualificar aquilo como "piadas", mas deu para aquele "EISH..." e para quebrar o gelo.

Tocaram a maioria dos êxitos de toda uma carreira, Vacation Spot, No Tomorrow, Sick of You, Brain Damage, e por aí fora. Tempo ainda de tocarem a Last Warning de Agnostic Front e duas covers de Negative Approach (rói-te aí Miguel!). Por mim o concerto podia ter durado até de manhã, sem medos. Eu e todo o resto da maralha que escorria suor de certeza que não se importava. Segundo palavras do André, provavelmente o melhor concerto da banda. Não estive presente em muitos, mas seguramento dos melhores concertos em que já estive. Estejam atentos a novidades, parece que o degelo trouxe uns Killing Frost prontos para acção, qual Schwarznegger no Commando. IFWT.

Killing Frost © Porfirio Azevedo

O concerto acaba e mal saímos porta fora começa a cair uma chuva do demónio, que só nos fode. O bar estáva à pinha, só malta NADA do hardcore, e estar na rua a apanhar granda molha na tromba não dava com nada. Depois de alguma indefinição seguimos com o Luis de Lousada, a Sofia, o Félix e o Fábio até ao 77. Panikes quentes às tantas da manhã...gotta love it. Ainda ficámos lá no chill um bocado, voltámos à sala para uns negócios com o André e esgotar as últimas baterias. O regresso fez-se bem, mega cansados mas nas calmas. Eram quase sete da manhã quando cheguei a casa. Ainda fui por pessoal ao Metro num instante e depois cama.

Este tipo de viagens são daquelas coisas que ficam gravadas na tua cabeça e no teu coração. Estares com pessoal amigo, conheceres novas pessoas, saires da tua zona de conforto, de veres sempre as mesmas caras nos mesmos sítios a fazer a mesma coisa. Reveres malta que não vias há anos, estares com aqueles que só raramente vês, por pouco tempo que seja, vale todas as horas a olhar para os marcadores da auto-estrada, vale as horas de sono perdidas, vale por tudo. Hardcore é isto, é mais que música, é o ponto que nos liga uns aos outros, que nos faz girar em torno do mesmo.

Obrigado ao Tofu pelas horas atrás do volante e pelas histórias, ao Luis e ao Manuel pela companhia e pela conversa, ao André, ao Luis/Miguel, ao Major, ao Fabinho, ao Félix, ao Leo, a quem não conhecia e fiquei a conhecer, aos que não conhecia e serviu de trampolim para os stage dives e de almofada no pit. Pena a chuva não ter ajudado e pena ter sido uma visita de médico, mas valeu. Até à próxima!


Fotografias do concerto por Porfírio Azevedo, agradecimentos à Lovers & Lollypops

6 comentários:

  1. eu só quero saber uma coisa: abriram com artic monkeys ou não? e se sim, digam-me que há video por favor.

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  2. ahaha, sim... suponho que seja "aquela intro mais sossegadinha". so tocamos a fake tales though. o video vem ai brevemente.

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  3. ahaha, a minha falta de cultura musical vem sempre ao de cima nestes momentos. espero com ânsia esse video.

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  4. Abriram com a fake tales of san francisco! Vibrei mil com isso, não estava nada à espera

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  5. " "agora é Throes? acho que agora é Throes!". Pensava cá para mim, "é, é"... "

    ahah eu sabia que nao era throes, mas também não sabia o que era killing frost...

    Perguntei a uma amiga minha "a banda que vem agora é tipo Mr.Myagi ou é mais soft?"

    e ela... "é é.... vai mazé pa estante outra vez antes que fiques sem lentes..."

    adorei ler isto e sentir um pouco desse feeling de união da cultura hardcore
    parabéns e bom aritgo :)

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