terça-feira, 5 de março de 2013

Review: For The Glory + Challenge + Revengeance @ Parqe, Caldas da Rainha


Sem dúvida este era dos concertos que mais ansiava! Não só o cartaz prometia como a ideia de voltar a sair de Lisboa para ir a um concerto com malta amiga me fez andar a contar os dias e as horas na semana que antecedeu o concerto. E ainda para mais sabendo que ia granda tropa de Lisboa (e ainda malta do Algarve e Leiria) até às Caldas da Rainha até o Stevie Wonder viu que ia dar noite animada.

O carro partiu por volta das 15h30 de Lisboa, comigo, o João do 4TheKids, o Bruno das Caldas (que acabou por ser o guia turístico durante toda a tarde e noite) e a Márcia. O lugar vago seria ocupado no regresso. Desta vez experimentou-se um novo percurso (praí o terceiro diferente nas minhas duas viagens até às Caldas), A8 até Torres, estrada nacional até ao Bombarral e depois pegar aquele troço que não se paga até à terra dos caralhos. Meteu-se granda electrofunkibrázzziu mas ninguém estava com grande mood para oleosidades, pelo que rapidamente se passou para um cd-r com os grandes êxitos do youth crew. Ter um auto-rádio demasiado moderno para cassetes e demasiado velho para mp3 tem destas coisas.

Parou-se no Lidl do Bombarral para lanchar e ficamos lá um bom bocado a jogar à bola no parque de estacionamento, alimentados pelo bom iced tea e muffins de chocolate. O resto da viagem fez-se num pulinho, e logo logo estávamos a estacionar no skate park das Caldas. Eu e o Bruno tinhamos levado o skate pelo que o plano era ficar lá um bocado a chillar até chegar mais malta, e depois ir jantar ao Vivaci ("Vivátxi", porque é italiano). Eram praí 6 da tarde, e ainda estávamos a tirar as cenas da mala e chega o carro do Calisto com o Cabeças, o André e o Sam. Enquanto eles se foram abastecer o Calisto pegou no skate dele e andámos ali a brincar um bocado. Passado um bocado chegou a Bárbara (o tal assento vazio que já estava nas Caldas) e o carro do Peter com a Leonor e o Macho, todos munidos de longboards. Deu para jogar à bola e tudo, deu para ver um skate a passar a 20cm da cabeça da Márcia (teria sido KO fodido), beber umas, conversar, rir com fartura, e enganar o frio que ia começando a bater forte.

Fotografia por Bárbara Sequeira
Deu para ver um gajo qualquer na sua janela do primeiro andar a ameaçar de morte uns gajos que estavam junto à porta do prédio, com direito a merdas a voar na direcção da janela e tentativas de agressão. O Bruno diz que é costume...cenas à Caldas deduzo. Já com granda andamento, a malta partiu para o Vivaci para jantar. Estava a dar a bola, pelo que a zona da restauração estava cheia, e logo logo avistamos o Tofu e o Ema bem como o Nuno e a malta do Algarve. A escolha recaiu num granda falafel do Ali Baba. Menu menos 60 cêntimos que em Lisboa...

A malta lá foi para o Parqe e passado pouco tempo entrou. Bar estreito e pequeno. Só mais um condimento no caldeirão. Passado um bocado começou Revengeance e desatou tudo à chapada. Estive cá atrás o tempo quase todo, mas cheguei-me mais à frente para testemunhar a acção e comecei logo a levar cacetada. Faixas rápidas, mas sem grandes interrupções, a miudagem já suava por todo o lado.

"Há concertos de Challenge, e há concertos de Challenge nas Caldas". Acho que já disse isto pelo menos duas vezes (tendo em conta que já os vi lá duas vezes), e esta foi, sem dúvida a mais caótica. Quer dizer, "caótico" talvez não seja o adjectivo mais indicado, mas faltam-me palavras. Corpos a voar, o tradicional side to side passou a ser feito em todas as direcções possíveis e, mesmo que estivesses ali perto naquela de ver o show sossegado rapidamente esses teus desejos se tornaram impossíveis de concretizar, e o mais certo era seres arrastado pelas ondas de gente que formavam um mar bem agitado. Cover de Floorpunch...ainda menos palavras tenho. As primeiras vitimas começaram a aparecer (nódoas negras não conta, que isso é o pão nosso de cada dia), eu e a Márcia torcemos dedos, o Nuno Mota abriu o sobrolho, o Calisto ficou momentaneamente inconsciente, a Bárbara partiu os óculos, e provavelmente outros episódios que não reparei, mas que tendo em conta a animação e molhada que prali ia de certo a contagem foi maior. "Caldas da Rainha hardcore, Caldas da Rainha hardcore..." cantado em uníssono pelos locais para a despedida. O maior respeito por toda esta malta.

Mas o nome grande do cartaz vinha logo a seguir. A comemorarem este ano 10 anos de banda, esta foi a primeira vez que tocaram nas Caldas. A expectativa era grande. Tocar sem palco, à antiga, num espaço pequeno...até te benzias. Eles devem ter feito uma macumba qualquer de antemão para proteger o material, temi várias vezes que a dada altura a malta desabasse para cima da bateria e das colunas, mas tudo legal. Ao fim de uma ou duas malhas o João recolheu para trás da bateria, e pouco depois foi o Rui a ir para trás da coluna. Dêem uma olhada nas fotos, há umas quantas em que o Congas tem um olhar de medo enquanto parece proteger a bateria o público que se amontoa à sua frente. Ai não, até te borravas!

Dizer que isto foi dos melhores concertos que presenciei é dizer pouco. Ainda que não consiga traduzir por palavras o feeling e a enorme felicidade que senti durante toda a noite, ainda que as fotografias ou os vídeos não aconselháveis para epilépticos que o mineiro Machado fez não te consigam teletransportar-te para lá, para sentires o que todos sentimos e veres o que todos vimos em carne e osso, resta-me dizer que quem não foi perdeu o melhor concerto em muito tempo. Não houve espaço para estilos, para mosh treinado. Não houve mesmo espaço, nem que seja porque se tentásses ir lá mostrar os teus melhores moves o mais certo era levares um selo ou seres empurrado em direcção à parede.

Noite suada para o João Cavaco, que foi um valente e que conseguiu safar grandas fotos no meio daquela confusão toda. Ainda vi o Ema de lado a tentar filmar, mas deduzo que não tenha conseguido grande cena, logo logo o estava a ver a mandar dives para cima da malta.

Terminado o concerto, a malta ainda estava meio em choque com o que se tinha passado, o cansaço era visível, mas os sorrisos também. O pessoal ficou cá fora à conversa, até que, um de cada vez, lá partia um carro de regresso à capital. Eu tive mais sorte, que ia ficar perto das Caldas a dormir em casa do Bruno. Antes ainda deu para apanhar um granda frio na praça central às 3 da manhã, conhecer a descendente de Judas que não curte a Biblia e que acha que em Lisboa a morte está ao virar da esquina...Cenas maradas.

Mega props para o Bruno e para a sua caminha, e especialmente para o mega almoço confeccionado pelos pais dele no dia seguinte. Por volta das 3.30 fomos buscar a Márcia e a Bárbara perto do shopping, e seguimos para Lisboa. A malta estava toda cansada, mas ainda havia lançamento da zine da Juicy e a Márcia ainda tinha concerto no final da tarde.

Para fechar, um enorme abraço ao Edgar e a toda a malta de Challenge, todos os miúdos das Caldas, e todo o pessoal que esteve lá comigo e que tornou este fim de semana em algo memorável. Quem nunca experiênciou um show fora de Lisboa, repito-o, Caldas é o local certo para te tirar os três.

Fotografia desfocada da máquina do Luis Santos
Fotografias do concerto aqui
Go Pit TV (videos do show de FTG pela GoPro do Machado)

6 comentários:

  1. O que me ri a reler e a rever as fotos!Grande noite sem dúvida!

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  2. Epá, não sei se sou eu que estou a ficar velho, mas acho que é desnecessário os palavrões no texto. Fora isso, fixolas :)

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  3. falar nas Caldas e não dizer caralho é completamente impossível, caralho!!

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  4. Adoro reler esta review, ainda hoje estava a contar as peripécias. Agora que vou deixar de ter fins de semana por ter começado a bulir, ao menos a memória do último é a melhor!

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  5. Este foi o concerto q mais raiva senti, quando ganhei conhecimento, ora por 16 anos da minha vida não ouvi Hardcore e sou de Caldas da Rainha, no Verão de 2013 fui ao meu primeiro concerto Caldas da Rainha Underground Fest dia II q amei completamente, nunca tinha testemunhado nada assim! e saber q coisas assim existiam e se faziam e na minha cidade !!! foi um choque mas um muito bom!
    durante 2 meses nunca mais ouvi falar em tais eventos, depois lá voltaram eles, conheci as pessoas certas, e entrei dentro do "círculo" Caldas da Rainha Hardcore no entanto a minha prima durante esse tempo mostrou me uma banda brutal, agressiva, rápida, curti tudo dela. esta era For the Glory, well foi me um enorme espanto quando descobri q estes eram todos Portugueses e era uma banda Portuguesa! coisa q me agradou imenso e desde d tal fiquei imensamente sedento por um show deles. meses mais tarde a ver shows passados da Dirty Crown na pag d facebook deles, descobri algo. este mega cartaz !! de um concerto a ser recordado por dezenas de anos!! ao qual eu faltei tendo já conhecimento de Hardcore e vivendo na minha cidade !!! isto deixou me estupefacto mas já estou preparado para o Round 2!! iminente e já anunciado o próximo show de FTG e Challenge e Nasty World cá nas caldas!!

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