quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Cinco Às Quintas: André Lopes d'Oliveira

Esta é uma rubrica em que colocaremos (quase) todas as semanas, à quinta-feira, uma pequena entrevista com cinco questões a uma banda ou pessoa fixe.


Num momento de bipolaridade ligeiramente elevada decidi entrevistar o André para o Cinco Às Quintas desta semana. E porque não, né? As regras só existem para serem quebradas. Para quem não sabe, o André teve umas editoras, marcou uns concertos, teve uma banda e, mais recentemente, pegou no Tiago e criou o blog mais badalado da cena hardcore desde o guestbook do site de Fight For Change. Chegou-me aos ouvidos que ele lançou um livro recentemente (quer dizer...) e, com uma apresentação aí a rebentar, a oportunidade não podia ser melhor!

André, antes de mais muito obrigado por aceitares o convite para responderes a estas perguntas. Tenho a certeza que és um homem ocupado e certamente terias melhores coisas para fazer com o teu tempo. Para os que não fazem ideia do que se trata, como introdução, fala um pouco do teu livro - de que é que trata afinal?

Ahah, obrigado eu! O tempo continua a ser meu inimigo mas, como eu costumo dizer, o tempo é aquilo que fazemos dele. Confesso que às vezes me irrita um bocado pessoal que não tem tempo para nada mas também nada faz do tempo que tem, sabes? Mas pronto, não quero divagar! O meu livro (chama-se "Destino: Costa Oeste dos Estados Unidos", já agora) é sobre a viagem que fiz à Costa Oeste dos Estados Unidos (doh!) em Setembro de 2011. Mais do que uma viagem, foi uma aventura! E que aventura. Percorri 10 cidades em 14 dias e vi... praticamente tudo o que havia para ver. Não literalmente, claro, mas vi um porradão de coisas - desde o Grand Canyon, passando pela Golden Gate Bridge de San Fran e pela Space Needle de Seattle. Não creio que tenha falhado nenhum ex-líbris das cidades que visitei e fartei-me de conhecer pessoas - desde o ex-traficante de droga mexicano em Tijuana à miúda nepalesa no autocarro de Seattle para Portland que estava a cinco minutos de ver a irmã que não via há oito anos. 

De onde surgiu a ideia de escreveres um livro? Já tinhas escrito alguma coisa antes ou foi a primeira vez? Qual foi o processo de lançamento? Arranjaste uma editora ou lançaste o livro por ti?

Bom, eu já escrevo sobre as minhas viagens e aventuras há algum tempo - desde 2002 para ser mais preciso. Honestamente, nunca liguei muito a isso. Fazia a viagem, escrevia e depois guardava para mim ou publicava em blogs, no Live Journal ou em fóruns que tinha com alguns amigos. Não foi até 2010 que comecei a receber feedback positivo relativamente a textos que ia publicando no meu blog pessoal e publicitando no Facebook. A partir daí - e umas viagens depois - foi um passinho até perceber que o tamanho de alguns textos (disponíveis no meu site) estava a fazer com que muita gente não os lesse. Solução? Lançar um livro. Isso é pondo as coisas de forma muito simplificada, mas foi mais ou menos o que aconteceu.

O livro foi escrito, editado e publicado por mim - contei com a ajuda preciosa de alguns anjinhos que queimaram algumas horas de sono para me rever o livro e apontar alguns erros, algo que me há-de deixar grato para todo o sempre. Também tratei do layout, paginação, do site promocional, do vídeo promocional, etc. Não nego que tenham sido seis meses bastante intensos, mas valeu a pena, principalmente depois de ter o livro na mão pela primeira vez! Aproveito só para mandar um grande prop para o Ema, da Juicy Recs, que se não fosse ele eu nunca teria ouvido falar do Createspace e nada disto teria provavelmente acontecido. One love buddy!

Na próxima segunda-feira vais estar na FNAC do Chiado para apresentar o teu livro, certo? Queres falar um pouco da apresentação e convencer a malta que nos lê a ir lá dar um pulo (como se esse não fosse o propósito desta entrevista!)? 

Sim, fui convidado para ir à FNAC apresentar o livro e falar um pouco da viagem. É a primeira vez que vou fazer alguma coisa do género e estou relativamente excitado com isso. Preparei (na realidade ainda estou a preparar, lol) uma apresentação janota que se vai centrar na viagem em si - experiência, expectativas, histórias, etc - e também passar um pouco sobre como é viajar sozinho, os contornos da rota escolhida e a habitual dose de humor que quem me conhece não vai estranhar. A única coisa que posso prometer é que vou levar a minha melhor camisa e um saco de boa disposição para quem me quiser ouvir. É na próxima segunda-feira, dia 25 de Fevereiro, às 18:30 na FNAC do Chiado. Fica aqui o link para o evento no Facebook. Apareçam e tragam amigos! 


Tens alguns planos para o futuro que envolvam a escrita ou isto foi só um one off? 

Tenho. Se tudo correr como eu espero, daqui a uns anos hei-de conseguir fazer vida disto - é algo em que me ando a aplicar muito seriamente. Brevemente vou publicar no meu site um texto sobre a minha recente viagem de três dias a Paris que há-de ser interessante para quem goste desse tipo de aventura urbana. Não vai fugir muito à onda dos que podem ser encontrados no site. Depois disso, ainda antes do Outono, conto lançar um segundo livro, sobre uma semana que passei na Argélia no ano passado - naquele que foi o maior choque cultural que já apanhei na minha vida. Tenho histórias que batem aos pontos o episódio caricato em que quase fui violado por um negão em San Francisco no Destino: Costa Oeste dos Estados Unidos. Depois disso planeio escrever pelo menos um livro original antes de deitar para trás emprego e apartamento em Londres (no que vão ser "sete anos depois" por cá - em Outubro de 2014) e ir viajar pelo mundo durante cerca de ano e meio. 

Para além disso vou lançar "brevemente" um site sobre viajar de mochila com vários guias sobre as cidades que visitei e outras dicas que possam ser úteis a quem pretenda fazer algo semelhante. O mundo precisa de menos turistas e mais viajantes. 

Bom, espero que não leves a mal a última pergunta ser sobre hardcore, ahah! Sei que a tua opinião em relação a reunion shows é bastante clara, certo? Creio que a tua opinião em relação aos reunions de Judge, Black Flag, Chain of Strength, etc. seja a mesma que a minha por isso nem me vou alongar muito por aí. A questão que te quero colocar é se alguma vez vamos ver um reunion de Killing Frost? 

Na boa, com perguntas sobre hardcore aguento eu bem, ahah! Pá, a cena dos reunions acaba por ser para o lado que durmo melhor. A minha opinião sobre isso é que há certas bandas que tiveram o seu tempo e deviam ter ficado onde acabaram. Que sentido faz uma banda como Antidote tocar em 2013? Black Flag então nem sequer vale a pena falar - principalmente tendo em conta a posição da banda em relação a isso ao longo dos anos. Mas por exemplo, bandas como Strife, Cro-Mags ou Gorilla Biscuits... creio que continuem a fazer tanto sentido hoje como faziam há vinte anos atrás. Como te digo, é para o lado que durmo melhor - se querem fazer reunions e encher o cu de guita à pala dos burros que só sabem gastar dinheiro em merch, força. Quem sou eu para me opor? Só é pena que a vontade de voltar a tocar com o fantasma do passado não se estenda a fazer novas bandas e lançar música nova. Pode ser que o Mike toque de X na mão, lol.

Quanto a Killing Frost, que descansem em paz. Quem estiver no sítio certo, no sítio certo estará. In inceptum finis est: XXII-III-MMXIII.

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