quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Cinco Às Quintas: Same Old Chords

Esta é uma rubrica em que colocaremos (quase) todas as semanas, à quinta-feira, uma pequena entrevista com cinco questões a uma banda.


Os Same Old Chords são uma banda formada no início de 2012, mas que, fruto de alguma indefinição na formação da banda, reaparecem agora com força e vontade de dar concertos, e que entram com o pé direito em 2013 já com concertos dados e outros marcados. Seguem algumas questões feitas ao Flávio e à Márcia.

Fotografia por Bárbara Sequeira ©.
Falem-me um bocadinho do percurso da banda desde a sua formação até agora. Confesso que acompanhei sempre ao longe, lembro-me de ler sobre o vosso concerto em Casaínhos com a Inês de Backflip a cantar e dos concertos em Dezembro no Porto, até que em conversa com um amigo soube que a Márcia estava agora na voz e que a banda tinha encontrado uma formação estável e com o gás todo para começarem a tocar em força.

Flávio - Eu conheci o Bruno e o Dani (baterista e baixista) porque tenho uma sala de ensaios perto de Loures desde meados de 2011,  e já não sei muito bem como, eles vieram cá parar pra ensaiar com um projecto que ainda mantêm que são os ''Ke Sa Foda'', uma banda com influencias funk/rap metal em portugues, entretanto fomos começando a conhecer-nos melhor e como eles curtiam do som que sacavam na minha sala trouxeram pra ensaiar cá um outro projecto que tinham os dois, numa onda mais hardcore/punk.

Começaram por ser 3 elementos,  mas no inicio de 2012 o guitarrista decidiu ir pra Inglaterra tentar a sorte a nivel profissional,  porque como toda a gente sabe, isto aqui tá a ficar fucked. Então, como sabiam que eu tocava guitarra convidaram-me e eu aceitei de imediato, na altura tava a viver uma fase lixada a nivel pessoal e arranjar uma cena pra ocupar a cabeça e o tempo veio mesmo a calhar, entrei com a força toda e começamos imediatamente a trabalhar em originais que eu já tinha em mente há algum tempo, só de uma forma instrumental,  na altura ainda nao se pensava em vozes nem em letras, só em fazer partes musicais que, acima de tudo, nos desse pica tocar.

Como a sala era minha, tinhamos todo o tempo do mundo pra tar aqui a experimentar coisas em conjunto,  eu vinha com bué ideias porque sempre quis tocar e sempre fui compondo riffs sozinho, mas até aqui nunca tinha arranjado as pessoas certas pra por em pratica. Propus várias mudanças que foram abraçadas por eles sem qualquer problema, como por exemplo mudar o nome à banda,  deixar pra trás as 2 ou 3 malhas que eles já tinham e começarmos a fazer uma cena nossa toda de raíz,  porque quase de certeza que as ideias que eu trazia íam destoar bastante do que eles já tinham.

Continuámos a criar originais até termos umas 6 ou 7 malhas, e aí já se impunha pôr uma voz pra começar a levar a coisa um bocado mais a sério. O Dani rapidamente escreveu letras pra cima dos riffs todos e como na altura nao nos queríamos precipitar na escolha de uma voz,  nem tinhamos muito bem definido o que pretendiamos pra futuro (além de termos tido desde sempre a ambição de por uma voz feminina), lembrei-me de convidar a Inês de Backflip,  que é uma grande amiga minha já há uns anos,  pra vir gravar as vozes na primeira demo,  só numa de de certo modo ''lançar'' a banda, e dizer que tamos aqui a fazer coisas e a tentar que essas coisas cheguem a alguém. Ela aceitou,  porque no fundo não tinha nada a perder,  e como tambem tem a paixão pela música,  foi na boa,  ou seja,  nós os 3 começamos a banda em finais de Fevereiro e talvez em finais de Abril estávamos a gravar a primeira demo, que depois foi apresentada e oferecida só nesse concerto que referiste, o de Casainhos no dia 8 de Setembro.

De certo modo depois da gravação da demo e desse primeiro concerto veio à baila a ideia da Inês se juntar a nós definitivamente, porque ela tem alguns dos ingredientes que consideramos essenciais pra isto: uma voz potente, uma granda paixão e uns tomates do caraças pra tar em palco com apenas um microfone na mão,  mas a Inês estava e está actualmente completamente focada em Backflip e não quis assumir o papel de vocalista em pleno. Mas ainda foi a tempo de ir à Casa Viva ao Porto connosco pra um concerto.

A ideia da Márcia na voz já era uma ideia talvez até anterior à ideia da Inês,  porque eu já a conhecia de nos cruzarmos por aí, e tinha ficado maluco com a prestação dela uma vez num concerto de Sick Of It All em Corrois. Só que a minha confiança com a Márcia não era a mesma que tinha com a Inês, até porque tambem tenho o meu quê de timidez (ahahah), e como quando gravámos a demo ainda tava tudo muito incerto a nivel de caminhos a seguir em relação à sonoridade e etc,  achámos benéfico fazer a cena nas calmas com a Inês e depois quem viesse pegar nisto era só reproduzir o que ela tinha feito na demo. Mesmo que não ficásse exactamente igual,  pra nós não havía problema, queriamos era tocar aquilo.

Hoje em dia, já consideramos a Marcia um de nós,  porque ela tambem tinha há muito o sonho de ter banda,  e tambem é uma miuda com um tremendo gosto por isto (pelo menos vejo-a em concertos por aí há quase, sei lá, uns 8, 9 anos?) que escreve bem e que tambem tem balls e atitude suficiente pra fazer na perfeição o papel de ''front man'', front-gaja neste caso. E acho que agora encontramos a formação ideal porque tamos os 4 nisto de corpo e alma,  claro que ainda com algumas arestas por limar,  porque os ensaios em conjunto não foram tantos assim até esta altura, já tocámos com ela na voz duas vezes ao vivo,  uma no Porto e outra em Coimbra mas faltam amadurecer algumas coisas que agora com o tempo e bastante comunicação vão ao sitio de certeza.

O vosso nome, tal como a vossa descrição no facebook descreve-vos (ironicamente creio), como uma banda que vem tocar os acordes do costume e que não traz nada de novo. Piada à parte, e após ouvir o vosso disco, não me parece que isso seja tanto assim. Musicalmente tem um som um bocadinho diferente daquele que geralmente se costuma fazer (às vezes até à exaustão), mais melódico, mais punk rock. Ouvi bem? Percebi bem? Não me digam que querem ser "só mais uma" a fazer o que os outros já fazem...

Flávio - Pá, quase tudo nesta banda é irónico. Às vezes até os riffs e certas letras, pelo menos na demo, porque agora com as letras da Marcia acho que vai ser inevitável começarmos a levar-nos um bocado mais a sério. Eu mal entrei propus ao Dani e ao Bruno mudar o nome pra ''Same Old Chords'' porque confesso que a minha visão das coisas é sempre ligeiramente distorcida e sarcástica,  e porque inicialmente, a banda tocava em drop, e eu lembro-me de na altura pensar: ''pá ok, bora lá então fazer uma banda que toca em drop, mas o drop limita-me de tal forma a compor, que isto vai soar igual a tudo o que é hardcore que já existe, por isso, se nao vamos provavelmente conseguir fazer nada extremamente original, vamos tentar ter o mais fun possivel e vamos ser nós os primeiros a admitir isso cara podre e ainda a parodiar à volta da cena''...

Depois acabou por não acontecer, mudámos a afinação pra standard, e como é obvio, uma banda quando começa a ensaiar e a fazer originais em conjunto, as influências e as ideias pré-definidas acabam sempre por ir um bocado por água abaixo, e começámos a fazer o que nos apetecia e que surgía na altura, sem nos preocuparmos demasiado com uma linha ou um fio condutor ou whatever. Aliás, como se pode ouvir na demo, aquilo tem ali uma ''salganhada'' de estilos que nunca mais acaba, o que também demonstra que esta banda nao pensa demasiado nas coisas. Pode dizer-se que ''a'' Same Old Chords é um bocado impulsiva vá. Como na generalidade sou eu que componho os riffs, e como sou um puto que vem do punk muito mais até que do hardcore, é obvio que isso tinha que se reflectir directamente na nossa sonoridade, apesar de achar que agora com a Marcia vamos ficar um bocado mais ''hard'', vão sempre surgir aqui e ali influências de punk ou mesmo de hardcore mais melódico. 

Por exemplo, uma das minhas bandas favoritas de sempre é Kid Dynamite, e há algum tempo que adoro coisas como Death is Not Glamorous ou mesmo Shook Ones, e isso reflecte-se inevitavelmente no nosso som, na forma como as vozes e segundas vozes são encaixadas e etc. Por isso ya, admito que talvez estejamos a ir por um caminho que não tem directamente a ver com o nome da banda,  mas acho que o termo ''Same Old Chords'' vai sempre servir-nos porque hão-de surgir sempre riffs que vão fazer lembrar o ''hardcore do costume'', do qual eu ás vezes já tou tão farto mas que não quer dizer que não me continue a dar um tremendo gozo tocá-lo na primeira pessoa.

Agora com a Márcia na voz, e sabendo que há malhas novas, como é que foi funcionou a integração de um novo elemento na banda, ainda para mais na voz. Pensando de antemão que queriam "actualizar" o som da banda, têm já alguma coisa planeada no que diz respeito a gravações e lançamentos? O que é que nos podes adiantar sobre isto, se é que já têm realmente algo no horizonte.

Flávio - A integração da Marcia foi uma coisa que fluiu bastante bem, e quando lhe lançámos o convite oficialmente ela foi logo ouvindo bastante a demo e no primeiro ensaio que tivemos soou-nos quase logo bem,  claro que ainda haviam ali partes de letras por decorar e etc,  faltava a habituação ao microfone e ao cantar através dele, mas no geral acho que foi muito rápido, até deu pra pensar: ''pá, se tivéssemos concerto amanhã já com a Márcia na voz era na boa".

Em relação a lançamentos futuros...  ainda antes da Márcia se juntar a nós já andavamos a trabalhar em alguns riffs, porque basicamente esta banda precisa de tar sempre a criar pra se sentir estimulada,  não somos do tipo de malta que depois de lançar uma cena quer ficar ali a ''colher os louros'' um ano ou mais. Nepia,  queremos constantemente fazer mais e melhor, ou pelo menos tentar,  até pra que nos sintamos motivados e sempre com pica (porque não há nada que nos dê mais pica que ver musicas novas a ganharem forma em estúdio quando as tocamos em conjunto,  porque uma coisa é eu fazer os riffs sozinho na guitarra e idealizar a bateria e o baixo na minha cabeça, outra é reunirmo-nos e tornar aquilo realidade. Se alguém que tenha uma banda estiver a ler isto sabe o que eu tou a dizer de certeza) e agora com a Márcia a trazer letras, sendo que algumas já conseguimos encaixar em cima de riffs que tínhamos (até já as tocámos no set ao vivo) e outras estão a ser construidas de raíz a partir das letras dela.

Este tambem é um processo que até hoje nao tinha experimentado e que me está a dar um prazer brutal,  porque influencia bué no que a musica depois acaba por ser. Uma coisa é certa,  vamos continuar a ser uma banda que faz um hardcore mais punk, que pisca o olho àquela pica tipica do straight edge hardcore (que a mim pessoalmente tanto me diz, mesmo não sendo eu sxe) e que de vez em quando faz umas coisas bem mais melódicas,  pra descomprimir, mas sempre a tentar por alma nisto, sem fugir a alguma agressividade, mas com variações meládicas que acho que fazem falta na ''cena'' de cá, que ás vezes cai um bocado na brutidade ou nostalgia constante.

Pá,  assumindo que isso talvez nos prejudique na quantidade de público ao qual vamos chegar, ou mesmo no número de concertos pra que nos convidem, mas se há coisa prá qual pessoalmente pra já não estou virado é pra fazer musica na intenção de ''fit'' ou de agradar mais aos outros que propriamente a mim/nós. A Márcia sempre soube desde inicio que o ''briefing'' era este e concordou e alinhou na ''brincadeira'' numa boa,  por isso, 2013 será o ano em que começamos em força a fazer coisas com ela, sem perder estas ideias e este conceito de raíz. Como disse antes, já vinhamos com algumas malhas feitas e entretanto têm andado a ser feitas outras. Posso até confessar que neste momento temos 6 originais novas ainda a serem ensaiadas e acertadas mas todas com letra escrita, por isso, das duas uma, ou daqui a uns tempos se entra em estúdio pra gravar um ep um bocado mais cuidado a nivel de produção e gravação que a primeira demo, ou então passa-se mais um tempo a compor mais umas coisas e quando se for pra estúdio grava-se  um álbum. Não sabemos, tudo isso tá um bocado incerto neste momento.


Fotografia por Bárbara Sequeira ©.
Bom, a pergunta da praxe desta nossa rubrica: assim em poucas palavras (e até porque são bastantes), como é que vieram parar ao punk e ao hardcore. Bem sei, é o meu fetiche querer cuscar como é que a malta que faz parte deste pequeno movimento caiu aqui.

Márcia
– Ora bem, quando eu era petiz as internets eram muito escassas. Então ouvia aquilo a que tinha mais acesso: nu, heavy, black metal, e por aí adiante. Então o que eu fazia era chatear o meu melhor amigo Pedro a fazer-me cópias dos cd’s dele, até que um dia copiou-me um cd de Madball. Aliás acho que foram dois até, o Demonstrating my Style e o Set It Off se não estou em erro. E ouvi aquilo em casa e ficou desde aí. Era um som diferente, um som bastante directo e completamente “in your face” que me “abalaram por completo” já dizia o amigo Bubacar. E fui ouvindo outras bandas como Sick Of It All, Agnostic Front, Terror, etc... (as bandas da “praxe”). Aos poucos o pessoal ia encontrando flyers de concertos por Lisboa ao qual eu acedia sempre. E pronto foi mais ou menos isso. Ainda no outro dia estava eu à conversa a tentar descobrir qual teria sido o meu primeiro concerto e já não sei. Na altura ia a quase tudo o que era bandas portuguesas e por muitos sítios passei desde o spot no Jardim do Tabaco, Garage, Espaço de desastres, IPJ, etc... Fui conhecendo pessoal muito bacano, conhecendo novas bandas e voilá, aqui estou eu.

Flávio - Penso que já conheço tão bem o Dani e o Bruno que posso responder por nós os três, até porque tamos todos na casa dos 28, 29, 32 anos e a história da entrada ''neste mundo'' deve ser relativamente idêntica. Eu, agora com 28, lembro-me de talvez tar a meio dos anos 90, ter talvez uns 12 ou 13 anos,  ouvia rádio nessa altura, principalmente quando andava de carro com a minha mãe, e claro que como qualquer puto, monopolizava completamente o rádio do carro ao meu gosto e era eu que escolhía o que se ouvia, e pra te ser sincero já nao me lembro qual era a rádio, mas lembro-me que passou a ''Self Esteem'' de Offspring, e eu fiquei maluco man, nem sei explicar o que senti, sei que aquilo me bateu de uma forma que pensei pra mim: ''porra é mesmo isto,  vou por uma k7 no radio lá de casa à espera que dê outra vez pra gravar''..   

Claro que meses depois devo ter recebido o Smash de prenda de anos ou Natal, já nao sei, e fiquei coladissimo àquilo. Depois quem tem o Smash acaba por ter o Ingition, etc,  e já na secundária em Loures,  ao conhecer pessoal com os mesmos gostos fui conhecendo bandas como NOFX (banda que respeito bué até hoje não só pela sonoridade mas pelas letras e atitude do Fat Mike, que é um boss do caralho a compor) Pennywise, Lagwagon, Millencolin etc. Depois com o passar dos anos acabas por ir descobrindo mais coisas relacionadas e basicamente foi assim que fui fazendo o meu percurso.

O que sei é que nessa altura ficou logo ali bastante definido em mim que o meu caminho era este,  porque eu procurava aquilo de uma forma natural e nao por qualquer imposição fosse do lado de amigos fosse da ''moda'' ou etc, tenho ideia que na altura não haviam ''modas'' sequer. Na altura em que não havía net nem informação às pazadas, e eu nunca tendo tido nenhum irmão mais velho ou o que quer que seja pra me mostrar coisas ou influenciar,  tive sempre que procurar por mim... Com o passar dos anos, com o ir estudar pra Lisboa e ter as horas de almoço todas pra passar na Carbono do último piso do Centro Comercial Portugália a ouvir cd's fui conhecendo ainda mais coisas e abrindo os horizontes pra coisas mais ''hardcore''. 

Lembro-me de ter comprado e andado meses a ouvir o Urban Discipline de Biohazard, Warzone, Sick of It All,  Madball foram as primeiras coisas que ouvi dentro do hardcore propriamente dito, mas sempre gostei muito mais de punk e de ska, é o que realmente gosto de ouvir, não querendo obrigatoriamente dizer que é o que gosto de tocar. Mas se me deres à escolha entre um álbum de Suicide Machines ou um álbum de Comeback Kid (dando dois nomes completamente ao acaso) vou optar pela primeira opção sem pensar duas vezes. Costumo dizer em tom de brincadeira que ''eu sou mesmo é do ska'', o que no fundo não deixa de ter o seu quê de verdade tendo em conta que despendi anos a ouvir albuns de Catch 22, os primeiros albuns de Mad Caddies, Less Than Jake, Sublime, Streetlight Manifesto etc. 

Óbvio que a malta com o passar dos anos, com a maturidade e a forma de ver e sentir o que nos rodeia, vai alterando um bocado as cenas que gosta de ouvir,  mas também tem tudo bastante a ver com as fases, os momentos e a quantidade descomunal de música que a internet nos disponibiliza sem termos que mexer uma palha ou gastar um cêntimo. Actualmenteando a ouvir Title Fight e Basement como se não houvesse amanhã, e foi recentemente que descobri as bandas que me influênciam na criação de malhas pra Same Old Chords,  como por exemplo Go Rydell, Static Radio NJ, Our Time Down Here, Not On Tour, enfim,  ficávamos aqui a noite toda a falar de influências e de bandas que foram fazendo parte da vida de um gajo em determinados momentos. Os apaixonados pela música como eu perceber-me-ão perfeitamente.
 
Apesar do vosso curto tempo de vida como banda e de terem dado poucos concertos, os que deram têm sido feitos um pouco por todo o lado, o que mostra que são uma banda que não se encosta ao sofá à espera de ir tocar e procura mexer-se. Esta vontade de mostrar o que fazem não só na vizinhança mas procurar público noutras partes do país é algo a que dou granda valor. Isto tem acontecido graças à vossa própria busca ou os convites tem surgido e vocês têem-nos aproveitado. Por acaso raras vezes vos vi em cartazes aqui na zona de Lisboa, não sei se por culpa dos promotores que andam a dormir (ou que querem sempre marcar a mesma coisa) ou até da vossa própria agenda e timing. Viagens são sempre um acontecimento rico em histórias e que acho que acabam por servir para fortalecer laços e criar novas amizades. Já tiveram alguma história assim mais engraçada (ou não) que curtissem partilhar com a malta? Aproveitem igualmente a última questão para dizerem o que quiserem, obriguem a malta a irem escutar a vossa música sob pena de levarem uma surra ou algo do género.

Flávio - Pá, se nos viste em algum cartaz de concerto na zona de Lisboa foi mesmo só no primeirissimo de todos em Casainhos ainda com a Inês na voz, porque de resto,  os outros 3 que demos até agora, foram 2 no Porto e um em Coimbra muito recentemente. Agora, em relação à explicação pra isso,  pá, não tem uma explicação concreta, mas penso que o facto de a banda ainda tar pouco divulgada e de não ter chegado ainda a tantas pessoas assim, e de talvez a primeira demo ser uma cena um bocado indefinida a nivel de som, influenciem isso directamente, porque a banda ainda tá numa fase de marcar uma posição.

Ainda não tivémos a oportunidade de nos mostrar-mos em Lisboa com a Marcia, por isso é claro que o nosso nome não deve vir à calha imediatamente a seguir a alguém de uma promotora ter a ideia de organizar um concerto. Sendo sincero também acho que de certo modo a malta aposta sempre um bocado nas mesmas cenas, ou porque quer jogar pelo seguro (porque sabemos que um concerto envolve custos e trabalho) ou porque simplesmente é o que a generalidade da malta curte. Não criticamos isso de uma forma negativa, nós queremos chegar ''lá'' por mérito, por tarmos a fazer qualquer coisa que o público realmente ambicione ver ao vivo. Depois também o facto de eu (falo por mim) nao ser o gajo mais social que conhece toda a gente e fala a toda a gente com a maior naturalidade do mundo como se tivéssemos andado todos no infantário tambem deve ter a sua quota parte de responsabilidade. Ou seja,  tenho alguma dificuldade em chamar de ''meu brother'' ou ''meu velho'' ou ''mano'' qualquer pessoa com quem me cruzo duas ou três vezes por aí nestas andanças...

Bem sabes que há bandas que tocam sempre juntas porque são amigos pessoais uns dos outros, ou seja, explicando o meu point, é provavel por exemplo que um dia que Same Old Chords toque em Lisboa,  Backflip também toque nesse dia (aliás, isso já tá agendado pra 14 de Abril),  porque somos muito chegados. Backflip ensaiam na minha sala desde o primeiro dia, e claro que tendo amigos no meio, e sendo por exemplo nós a organizar a malta se una e as coisas acontecam em conjunto. Mas digo desde já que não tamos a recusar qualquer tipo de proposta pra concerto, porque acreditamos que a cereja no topo do bolo nisto de ter uma banda é mesmo a possibilidade de tocar ao vivo, e sentir aquele nervoso miudinho de fazer bem e tocar as pessoas...

Os concertos que demos fora foi mesmo porque as oportunidades surgiram, haviam espaços por preencher em cartazes e nós ''fizémo-nos ao bife'' e fomos sempre muita bem recebidos e o público tem aderido bem. Aliás, vi este fim de semana malta a cantar as nossas malhas em Coimbra e pá,  isso é o melhor, além de ainda sermos ''tenrinhos'' nisto e querermos evoluir bué, acho que não tendo ainda sequer um ano de banda concluido, o balanço dos 4 concertos que demos foi  positivo. 

Depois, as deslocações até ao Porto e etc tambem são possiveis porque nós pra já não queremos ganhar nada com isto, bancamos a nossa parte pela simples possibilidade de ir tocar, e acaba sempre por ser bom viajar em conjunto, comer francesinhas (ahahahah) dizer merda ao longo da A1 inteira, conhecer malta que nos recebe de braços abertos e que valorizam bué o facto de tarmos ali a troco única e exclusivamente de realização pessoal. Até aqui o balanço é positivo e esperamos continuar a ter ainda mais pica em fazer parte ''disto'' tudo. Histórias pra contar até agora, pá, no concerto da Casa Viva derrubaram-me a cabeça de guitarra a meio de uma muisca, e agora na ida a Coimbra, à vinda, o Bruno teve uma queda e acabou no hospital de Pombal a levar 3 pontos na cabeça.

Mas é a tal cena, encaramos isto tudo como coisas que fazem parte, não nos tamos a mover num meio que tem milhares de euros pra organizar coisas com tremenda antecipação e condições, mas também não nos estamos a lamentar por isso, é aqui (no underground ou como lhe queiram chamar) que nos sentimos bem, que gostamos de estar, e onde queremos continuar. Soubemos há pouquissimo tempo que vamos ter a oportunidade de tar no HHF deste ano e tamos muito felizes por isso, como é óbvio.

Márcia – Sendo o concerto do Porto o meu primeiro concerto de sempre, trouxe toda a pandilha de Massamá atrás o que deu azo a muitas histórias, sendo uma delas um amigo nosso, o Sérgio, a andar bêbado de skate com uma imperial na mão e mandar o maior espalho que já vi na vida dentro do centro comercial onde fica o Metalpoint. Isto depois do Flávio ter caído de cú também, hahahah!
Mas muitas mais histórias virão, I hope.
 
O que eu tenho agora a dizer é, ouçam as nossas músicas, façam o vosso julgamento, curtam, não curtam, façam amor, lavem a loiça, atendam o telefone, descasquem batatas, partam o pé, chorem, riam, identifiquem-se com, atirem-se da janela e escovam os dentes ao som de Same Old Chords. Se não quiserem fazê-lo tá-se bem também, nós andaremos por aí se mudarem de ideias.
Beijinhos e queijinhos para todos.

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