O concerto de sexta-feira passada deixou um rasto de animação para o resto dos dias que se seguiram, e julgo que não o podería deixar passar sem que ficasse um registo escrito do acontecimento. O Tiago, enquanto organizador, juntamente com os rapazes Luz e o Sebastião Monteiro, referiu logo que não faria sentido ser ele a escrever, por isso, vamos nessa.
Dia horrível. A sério, chuva intermitente, daquelas que
quando bate, bate forte. Um grizo parvo. Provavelmente dos piores inimigos de
um organizador de eventos juntamente com a falta de dinheiro generalizada. Mas
fez-se a noite com 59 pagantes, duas
bandas em estreia, mais uma de malta das Caldas e outra inglesa.
A Márcia e eu chegámos absurdamente cedo numa de ainda tomar
café, mas parar o carro ali ao pé foi missão impossível. Os fiéis das inúmeras
igrejas da zona industrial de Alvalade – todas elas com combinações diferentes
das palavras Deus, Céu, Reino, Maná e Salvação – açambarcaram todo e qualquer
lugar existente. Num pit stop no Pingo Doce encontrámos o BrunoCRHC ao comando
do carrinho de compras e Tiago em fúria – sempre tranquilo, apesar de tudo.
Qualquer coisa sobre a máquina ter comido o cartão multibanco, mas seguiram a correr para
a República da Música.
O tempo de espera até às 21h fez-se enquanto ia aparecendo
malta e se punha a conversa em dia mas, com tanta coisa, perdemos a noção das
horas e já não apanhamos Dear Watson. Segundo consta, estão verdinhos ainda mas
é para isso que as estreias servem. Vi um preview deles no youtube,
e andaram a gravar com participações do Johnny Slap de Reality Slap
e do Noia de PxHxT. A ver se da próxima não perco.
Quando finalmente entrei, vi pela primeira vez a modalidade
“meia-sala”: sem PA a estorvar no meio e o palco mais pequeno, a meio da sala,
onde o resto fica tapado por uma parede de lençol. Era a vez de Holder e
esperava-os um público de gente encostada à parede. No cartaz vinha a descrição
de metalcore dos infernos. De facto, julgo que ninguém estava preparado e no
veredicto final pode dizer-se que gerou opiniões divergentes – desde veementes
“nãos” até “curti da onda, ouvia de novo”. Não é um som fácil de digerir, mas a
postura era muito sa foda, pelo menos
o Gonçalo não estava nem aí para se estavam 2 ou 100 pessoas ali, e se os estavam sequer a ouvir. Dizem que houve cover de Integrity, não sei dizer. A música dos highs – cover de um assassinato – caiu
tipo bomba e a bateria verde metalizado muitíssimo mal micada, completava o
quadro.
Directamente das Caldas da Rainha, os Challenge quase já não
precisam de apresentações. Andam a ganhar uma merecida visibilidade e a adesão
do público torna-se cada vez mais notória de concerto para concerto. Já os tinha visto mais duas vezes, mas esta
foi a primeira vez que realmente prestei atenção. My fault. Foi a festa em modo
“antigamente”, sem merdas. Tudo lá para a frente, circle pits e gente de um
lado para o outro. Até o Peter deu no 2step, acho que não é preciso dizer mais
nada. Vou andar mais atenta à banda – leia-se “sábado dou segunda dose”.
Os britânicos fechavam, e eu confesso que fui sem ter ouvido
nada antes. Na boa, assim vale a pena ir ver bandas novas. Via-se que era
hardcore brit, voz e guitarradas, mas sem aquelas cenas à ninja brit, não sei
se me faço entender. Dava espaço para tudo, incluindo umas partes melódicas q.b
ou uns momentos mais arrastados. E o vocals sempre a fazer metal horns a
segurar o micro? Bom! Isso e os calções de praia do baixista. “Cala-te e toca
que tás de calções de praia!” Lindo. Cereja no topo do bolo: Cover de Mags (não
tiveram alternativa!) com a parte de baixo a ser cantada e baixista a curtir cá
em baixo no pit. Mais circle pits, mais 2step a torto e a direito, polícias
sinaleiros e harlem shakes, o que quiserem, tava tudo na mesma onda, que momento
tão positivo! Thumbs Up!
O veredicto final é unanime, e do que a malta tem falado na
net ou pessoalmente, ficou tudo com a mesma impressão desta sexta. É mais disto
que se quer! Mais iniciativas com bandas novas e diferentes, mais gente com
esta onda. Menos paleta, mais espírito “hardcore pelo hardcore”. Foi mesmo daqueles concertos dos 9 aos 99. Saí de lá de sorriso
rasgado.
Review por Bárbara Sequeira
o que para ti é hardcore brit? fora o sotaque LOL
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