quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Review: The River Card + Challenge + Holder + Dear Watson @ Rep. Música, Lisboa


 O concerto de sexta-feira passada deixou um rasto de animação para o resto dos dias que se seguiram, e julgo que não o podería deixar passar sem que ficasse um registo escrito do acontecimento. O Tiago, enquanto organizador, juntamente com os rapazes Luz e o Sebastião Monteiro, referiu logo que não faria sentido ser ele a escrever, por isso, vamos nessa.

Dia horrível. A sério, chuva intermitente, daquelas que quando bate, bate forte. Um grizo parvo. Provavelmente dos piores inimigos de um organizador de eventos juntamente com a falta de dinheiro generalizada. Mas fez-se a noite com 59 pagantes, duas bandas em estreia, mais uma de malta das Caldas e outra inglesa.

A Márcia e eu chegámos absurdamente cedo numa de ainda tomar café, mas parar o carro ali ao pé foi missão impossível. Os fiéis das inúmeras igrejas da zona industrial de Alvalade – todas elas com combinações diferentes das palavras Deus, Céu, Reino, Maná e Salvação – açambarcaram todo e qualquer lugar existente. Num pit stop no Pingo Doce encontrámos o BrunoCRHC ao comando do carrinho de compras e Tiago em fúria – sempre tranquilo, apesar de tudo. Qualquer coisa sobre a máquina ter comido o cartão multibanco, mas seguiram a correr para a República da Música.

O tempo de espera até às 21h fez-se enquanto ia aparecendo malta e se punha a conversa em dia mas, com tanta coisa, perdemos a noção das horas e já não apanhamos Dear Watson. Segundo consta, estão verdinhos ainda mas é para isso que as estreias servem. Vi um preview deles no youtube, e andaram a gravar com participações do Johnny Slap de Reality Slap e do Noia de PxHxT. A ver se da próxima não perco.

Quando finalmente entrei, vi pela primeira vez a modalidade “meia-sala”: sem PA a estorvar no meio e o palco mais pequeno, a meio da sala, onde o resto fica tapado por uma parede de lençol. Era a vez de Holder e esperava-os um público de gente encostada à parede. No cartaz vinha a descrição de metalcore dos infernos. De facto, julgo que ninguém estava preparado e no veredicto final pode dizer-se que gerou opiniões divergentes – desde veementes “nãos” até “curti da onda, ouvia de novo”. Não é um som fácil de digerir, mas a postura era muito sa foda, pelo menos o Gonçalo não estava nem aí para se estavam 2 ou 100 pessoas ali, e se os estavam sequer a ouvir. Dizem que houve cover de Integrity, não sei dizer. A música dos highs – cover de um assassinato – caiu tipo bomba e a bateria verde metalizado muitíssimo mal micada, completava o quadro.

Directamente das Caldas da Rainha, os Challenge quase já não precisam de apresentações. Andam a ganhar uma merecida visibilidade e a adesão do público torna-se cada vez mais notória de concerto para concerto.  Já os tinha visto mais duas vezes, mas esta foi a primeira vez que realmente prestei atenção. My fault. Foi a festa em modo “antigamente”, sem merdas. Tudo lá para a frente, circle pits e gente de um lado para o outro. Até o Peter deu no 2step, acho que não é preciso dizer mais nada. Vou andar mais atenta à banda – leia-se “sábado dou segunda dose”.

Os britânicos fechavam, e eu confesso que fui sem ter ouvido nada antes. Na boa, assim vale a pena ir ver bandas novas. Via-se que era hardcore brit, voz e guitarradas, mas sem aquelas cenas à ninja brit, não sei se me faço entender. Dava espaço para tudo, incluindo umas partes melódicas q.b ou uns momentos mais arrastados. E o vocals sempre a fazer metal horns a segurar o micro? Bom! Isso e os calções de praia do baixista. “Cala-te e toca que tás de calções de praia!” Lindo. Cereja no topo do bolo: Cover de Mags (não tiveram alternativa!) com a parte de baixo a ser cantada e baixista a curtir cá em baixo no pit. Mais circle pits, mais 2step a torto e a direito, polícias sinaleiros e harlem shakes, o que quiserem, tava tudo na mesma onda, que momento tão positivo! Thumbs Up!

O veredicto final é unanime, e do que a malta tem falado na net ou pessoalmente, ficou tudo com a mesma impressão desta sexta. É mais disto que se quer! Mais iniciativas com bandas novas e diferentes, mais gente com esta onda. Menos paleta, mais espírito “hardcore pelo hardcore”. Foi mesmo daqueles concertos dos 9 aos 99. Saí de lá de sorriso rasgado.

Review por Bárbara Sequeira

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