domingo, 16 de dezembro de 2012

Review: Breaking Point + Brutality Will Prevail + Down To Nothing no Underworld (Londres)


Já há uns bons tempos que não ficava verdadeiramente excitado para ver um concerto como fiquei para ver Down To Nothing (DTN). Vocês sabem, meter os discos no mp3, andar a ouvir a semana toda, ver vídeos da banda no YouTube, aquela antecipação. DTN é provavelmente das poucas bandas straightedge da actualidade que realmente curto, e que até as letras do straightedge pride eu canto com vontade. Foi algo que começou talvez com os Champion (ou terão sido os Chain of Strength?), mas DTN tem aquele groove e aquelas partes mais à Terror que realmente me deixam maluco. Além disso é daquelas bandas que não se leva demasiado a sério e que fala de coisas importantes e faz uma boa autocrítica ao hardcore, o que vale sempre pontos extra no meu livro. Mas deixemo-nos de palestras. 

A noite ia ser longa (quatro bandas anunciadas mais uma que foi metida de surpresa no cartaz) por isso chegámos já a primeira banda estava a arrumar a tralha. Nada contra os Final Rage, mas fica para a próxima. De seguida vieram os Breaking Point, uma banda que eu pensava ser mais do old school mas se revelou mais do mesmo: mosh durão, riffs super batidos... lembrou-me Broken Teeth, ou seja: chato. Se calhar é porque não consigo levar a sério um miúdo de 19 ou 20 anos cuja voz mal se ouvia no meio do instrumental a gritar "crowd kill!" para os malucos no pit. Desistimos da banda a meio.

Um Red Bull e uma Corona depois (acho que foi a primeira vez que consumi no bar do Underworld, a não repetir dados os preços) e já os Abolition estavam prontos para tocar. Metalcore edge à la '90s com uns truques pelo meio, com disco novo acabadinho de lançar, e os principais impulsionadores do “London Straight Edge” que tem vindo a ganhar força pelo que vou percebendo aqui da “cena” local.
A diferença para a banda anterior foi notória, ainda que pelo menos um dos guitarristas seja o mesmo de Breaking Point. Coesos em palco, uma ou duas músicas (penso que as novas) muito bem conseguidas e um vocalista que parecia um skinhead pronto a dar biqueiros na cabeça de um qualquer drogado (exagero meu, o rapaz até acho que é boa onda, mas estamos em 2012, um bocado tarde para ir buscar modas dessas, e no último concerto que vi deles o rapaz tinha uma aparência super “normal”). Mas boa banda surpresa, gostei de os rever e sentir evolução na banda.
De seguida, Brutality Will Prevail. Segunda vez que os vejo no espaço de um mês, o que só quer dizer que a banda está imparável, e isso nota-se e muito em palco. Presença de banda que já tem muita rodagem, set bastante coeso (lá para o meio morreu um pouco mas eu também não conheço bem as músicas) e um vocalista que tem uma voz que encaixa na perfeição para o tipo de som que é (ainda que muito roubada ao George de Blacklisted como já referi na outra review, mas eu adoro Blacklisted). A banda está claramente num momento de topo, montes de gente no pit a espera que eles começassem, toda a gente a cantar as letras do novo disco, e sinceramente dão um concerto ao nível de muitas bandas mais internacionais.
A única coisa que me chateia é os riffs soarem todos a música de filme de terror, demasiado arrastado e pesadão... ao vivo rende, mas em disco não me puxa, e não vejo grande futuro se a banda não começar a meter coisas novas além do que já fazem. Mas vale mais ao vivo que em disco sem dúvida. Troca de material bem rápida e os cabeças de cartaz já estavam em cima de palco num instante. Estava à espera que muito do pessoal que estava em BWP bazasse, afinal de contas é banda que pouco ou nada tem a ver com Down To Nothing, e os últimos estão bem longe dos hypes que correm na Europa, afinal de contas estamos a falar de uma banda que não lança nada há cinco anos. Mas não, casa bem composta e muita gente já lá na frente comigo à espera que o concerto começasse. 

Notava-se uma certa diferença de idades, malta mais velha à minha volta... ou seja mocada a sério, prometia. E eis que o concerto começa com uma cover de Minor Threat (posso estar enganado mas acho que era a I Don’t Want to Hear It) [ED: Foram as duas primeiras do EP]. Aposta segura pois claro, eles não são parvos e sabiam bem que a malta edge estava ali em peso. Quando dei por mim já estava a ser esmagadíssimo e a ver montes de manos a desabar em cima de toda a gente vindos do palco. Stage dives a montes, mesmo como eu gosto no meu hardcore. E o feeling não se perdeu, a banda seguiu a todo o vapor num set que misturou na dose ideal as músicas de todos os discos. Tocaram tudo o que queria ouvir do Splitting Headache, o meu disco favorito deles, sem esquecer o primeiro disco e não saturar demasiado com músicas do The Most (Conquer the World, valeu), havendo ainda tempo para uma All My Sons em uníssono com a sala.
Sempre acompanhado de sing alongs massivos, o David agradeceu a toda a gente que viajou para o concerto, pessoal que veio do estrangeiro inclusive, e anunciou que haverá novo disco deles na Primavera, lançamento da Revelation Records. Foi daqueles concertos em que o público está mesmo em sintonia com a banda, com espaço suficiente para quem quer moshar não incomodar quem quer só cantar e mandar uns dives, num ambiente boa onda e positivo, o que seria de esperar para a banda que é. Fez-me lembrar o concerto de H2O na mesma sala também este ano, valeu mesmo. Set de 35 minutos sem encores nem merdas, a terminar com a Home Sweet Home. Hardcore for hardcore pois está claro.
“Hanging out is what we do best...“ Tão bom.

Review pelo Capitão Ema (AKA o grande boss da Juicy Records - botem olho e apoiem)

Sem comentários:

Enviar um comentário