domingo, 1 de julho de 2012

Entrevista: PxHxT


Os PxHxT são uma banda de miúdos novos que apareceu há algum tempo em Lisboa e que tem dado bastantes concertos, sendo que se encontra actualmente a gravar o seu primeiro álbum. Conhecidos pela pilha que não acaba do vocalista e pelas músicas rápidas na onda crossover, ultimamente têm modificado um pouco o seu som, com a introdução de outras influências que aparecem mais vincadas na sua música. Assim, fiz algumas questões ao Noia (vocalista) sobre o futuro da banda, os seus gostos e opiniões pessoais.

Já sei que as gravações têm corrido bem. No outro dia ouvi ao vivo parte das novas malhas e parece-me óbvio que há ali umas quantas que são algo diferente do que estávamos habituados a ouvir da vossa parte. Fala-nos um pouco sobre as gravações, o novo disco e este aparente novo rumo?

O álbum como já deves saber chamar-se-á “Motivation”. O novo rumo é marcado por uma alteração do som inicial da banda. Podemos dizer que as novas malhas são mais consistentes e ao mesmo tempo mais versáteis, com variações que anteriormente nunca tinhamos feito. As batidas rápidas irão sempre ser predominantes, no entanto, com este novo disco a intenção é fazer uma interligação entre o metal e o hardcore, por isso, sem dúvida que irá soar mais “pesado” e agressivo. Penso que na elaboração das músicas existiu mais esforço no que consta à tecnicidade das mesmas. As letras no geral transmitem força, e falam de emoções e sentimentos pretéritos e presentes. Falar daquilo que sinto ou da forma como vejo a vida foi um dos grandes desafios para mim.

Algum pessoal acha que esta indefinição de género e o “parece-se a muita coisa diferente” é um bocado confusa. Vocês sentem-se confortáveis assim ou é apenas o processo de solidificação do vosso som?

Podemos consider um processo de solidificação do nosso som, no entanto, se há algo que gostamos de ser é versáteis e imprevisíveis. Cada um na banda gosta de coisas diferentes, e tem a habilidade para tocar outro tipo de estilos, por isso cingir-nos a um unico género musical seria desperdiçar creatividade. Eu pessoalmente não gosto de comparações. Prefiro que digam que PxHxT é diferente do que dizerem que é "TIPO" Municipal Waste ou "TIPO" D.R.I. Penso que a “parecença” com muita coisa diferente é aquilo que nos faz realmente diferentes e únicos.

Com a saída do David ficaram sem o vosso segundo guitarrista, no entanto têm dado grande parte dos shows apenas como uma formação de quatro elementos. As gravações creio que têm seguido este modelo também. É algo que está de pedra e cal, ou a busca por uma segunda guitarra mantem-se?

Nas gravações o Ricardo irá gravar duas guitarras, por isso sim, a busca por uma segunda guitarra mantem-se. Actualmente temos dado todos os concertos unicamente com uma guitarra, enquanto procuramos um segundo guitarrista. No entanto devo admitir que o Ricardo evoluiu bastante, sendo obrigado a tocar uma mistura das duas guitarras, a rítmica e a solo. O David era uma peça fundamental no grupo. Como segundo guitarrista dava uma melodia aprofundada que só é mesmo possivel com uma segunda guitarra. Esperamos que o guitarrista que vier tenha a mesma originalidade e criatividade, ou melhor!

Que planos é que têm para o futuro, para além do lançamento do novo disco?

Para além do lançamento do novo disco esperamos dar concertos pelo país fora e talvez marcar uma tour ibérica e de seguida europeia para promoção do cd. Algo que queremos continuar a fazer é dar concertos com bandas amigas, e criar novos laços de amizade.

Falando sobre ti, que bandas é que ouves e te inspiram de alguma forma, seja na tua banda ou na tua forma de olhar a vida e o mundo.

Sou bastante versátil no meu gosto musical, no entanto gosto de bandas com carácter agressivo, raivoso, e que exprimam  os seus ideiais, os seus sentimentos ou os seus devaneios  da forma mais directa possivel.
Para mim bandas marcantes ou inspiradoras são todas aquelas que ao passar um, dois, três (ou mais) anos, eu me lembro de voltar a ouvir e de ver como é que estão actualmente

The Offspring é provavelmente a banda que mais me inspira na forma de olhar a vida e o mundo. Maioria dos seus albúns conseguem transmitir uma energia e força que poucas bandas punk conseguem fazer.
Os internacionais Municipal Waste, Cross Examination, Minor Threath, Bad Brains, D.R.I., Tankard, The offspring, e os nacionais Mr.Miyagi, Take a Hike, The Punchskulls, Breaking Through, Censurados  e Barafunda Total, foram algumas das bandas que me inspiraram de certa forma na banda, não só pela rapidez que maioria delas apresenta, mas como também pelos sentimentos e emoções que transparecem nas suas musicas. Dentro do hardcore e das metaladas existem bandas que lançaram álbuns inesqueciveis só que actualmente tomaram rumos diferentes e não do meu gosto, falo especialmente de Your Demise e Bring Me The Horizon. O Ep “The Blood Stays On The Blade” e o CD “Ignorance Never Dies” de Your Demise, juntamente com os CD’s “Count Your Blessings” e “Suicide Season”, são dos lançamentos mais fortes e agressivos do século XXI. Infelizmente as duas bandas tomaram rumos musicais que não são do meu gosto.

Bandas que tenho ouvido dentro do hardcore: Trapped Under Ice, No Turning Back, Dirty Money, Champion, Blood for Blood, Cruel Hand, Dead Swans, Death Before Dishonor, Down To Nothing, Obey The Brave, Reign Supreme, Outbreak,  Stray from the Path, The Swamps, The Departed, The greenery, The Mongoloids, This Routine Is Hell, For The Glory, Reality Slap.

Dentro das metaladas: Attila, Despised Icon, Disfiguring The Goddess, Drag The Lake, Martyr Defiled, Mister Sister Fister, Rings of Saturn, The Acacia Strain, The Boy Will Drown, The Black Dahlia Murder,The Haarp Machine, Veil of Maya. Dentro do progressive basta-me indicar três nomes: Animals As Leaders, Even Brewer, e Periphery. Uma das minhas grandes bandas favoritas não consegui encaixar em nenhuma das secções pois são um mix das três. Falo de This Is Colour.  Instrumentais épicos e bem compostos, tal como um vocal agressivo e letras emotivas. Posso dizer que são uma das bandas me inspirou mais na concepção das novas malhas de PxHxT. Recomendo a qualquer um. Também ando a ouvir coisas mais calmas como Bonobo, Clams Casino e Moby. Recomendo bastante Bonobo, musica relaxante e com bastante alma.
Ah, e Ena Pa 2000, sempre!

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“Tudo o que me apetece penso,
aquilo que eu não quero,
esqueço.
Vida sem stress, eu quero, o ideal.”

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