quinta-feira, 5 de julho de 2012

Cinco Às Quintas: Edgar Barros (Challenge)

Esta é uma rubrica em que colocaremos todas as semanas, à quinta-feira, uma pequena entrevista com cinco questões a uma banda.


Fui falar com o Edgar Barros, vocalista dos Challenge, a nova banda das Caldas da Rainha que promete agitar os concertos e meter a malta a fazer side to side que nem uns malucos. A banda tem já disponível a sua demo em CD, bem como uma tshirt para a malta que gosta de andar à fresca. Apanhem-nos um pouco de norte a sul, vale bem a pena!

Lançaram a vossa demo ainda há bem pouco tempo. Pelo que li a primeira press esgotou num instante. Como é que tem sido a recepção ao CD, que feedback têm recebido da parte do pessoal?
Sim, não sei bem como mas as 50 cópias que fizemos foram em 2 dias… Vamos já fazer mais pois felizmente temos recebido imensos pedidos. Para mim isto foi grande surpresa, e como perguntas, o pessoal tem falado bem da demo. O pessoal parece que curtiu, e já se começa a ver nos concertos pessoal a cantar refrões nossos, o que nesta fase inicial da banda é uma grande motivação. Nós de momento estamos animados com a banda, temos estado a compor sons novos, mas se vier ainda mais alguma motivação de fora, melhor ainda.

Sei que um dos objectivos teus e da banda é reacender a chama do Hardcore nas Caldas da Rainha. Como têm corrido os concertos que tem sido lá feitos ultimamente, tem aparecido público, há interesse?
Nem é bem reacender, porque acho que de certa forma nunca se apagou, é só voltar a pô-la a arder com a chama toda ahah. Estou animado com a “cena” aqui pois tem estado bom. O pessoal do costume de há uns anos está lá todo, pessoal novo e que se vê com interesse também tem aparecido, há malta mesmo velha guarda que tem ido também. Além disso, sxe novos, vegs, zines, começarem bandas… Pelo que vejo, e espero mesmo, daqui a pouco temos tudo para pôr Caldas no mapa do HC nacional. 
Além disso para tentar meter a cidade com mais concertos e para ver se o pessoal da cidade e não só percebe que isto aqui não morreu, nem está perto disso. Só este ano de Punk/HC vão tocar cá 6 grupos estrangeiros, além claro, de bandas Portuguesas como suporte. A tentar também variar salas, espaços mais underground também, ver se não se cai em rotinas, a cidade não é muito grande, mas se vierem bandas novas, em sítios diferentes, e que se mantenha sempre bom ambiente de certeza que tudo vai dar certo.


Que planos é que têm para o futuro da banda, se é que há algo que possas ir adiantando.
Planos… O principal e que queremos mesmo, pois é o que nos dá mais prazer, é tocar ao vivo. Estamos a marcar mais umas datas, também um pouco por todo o País. Estamos aí para sair em Tributos como a Ratos de Porão, Doom, Crise Total, Black Flag e Minor Threat. Há algumas propostas para uns splits, todos com bandas de fora. E parece que há interesse de umas editoras DIY lançarem a nossa demo nos seus Países, vamos ver se também sai, e queremos ver se a editamos também em cassete. Temos algumas coisas planeadas mas é para um futuro um pouco mais distante ahah.


Na minha opinião pessoal, ultimamente tem-se assistido a uma certa divisão no público que vai a concertos (por motivos diversos), especialmente na zona de Lisboa, o que se traduz numa certa divisão na cena, isto para além da bazezice que sempre existiu mas que a Internet ajuda a atingir valores elevadíssimos, ahah. Vocês, estando situados mais ou menos a meio do país, têm tocado tanto no Norte como aqui mais para baixo. Tens alguma opinião sobre a "saúde" da cena a nível geral, alguma crítica ao que se vai fazendo ou o que se devia alterar?
Death Threat dizem “You’re running around like some old school star, but we don’t know who you are”, e digo isto porque muitos dos que vejo a criarem guerras são pessoas que nunca vi na vida ou tão cá há dois dias. Sempre disse que todos são bem-vindos e que o Hardcore e os concertos são um lugar onde todos têm de ser aceites, mas para isso todos têm de se respeitar. Não sou capaz de dizer a alguém “bem-vindo” quando as primeiras atitudes são destabilizar o que foi construído ao longo dos anos, ou que fazem uma banda, sobem ao palco e quando pegam no micro é para falar mal de outras bandas. Não foi com esta atitudes que cresci nem é isto que “nos” faz falta. Mas o que vale é que ao longo dos últimos 12 anos vi começarem e acabarem muitas guerras, mas hoje posso olhar para quem continua cá há algum tempo, e essas pessoas que guerreavam no passado já não estão cá, por isso nem tudo é mau. 
Felizmente onde quer que vá ao longo do País seja para tocar ou ver não tenho tido qualquer tipo de problemas, tem de haver respeito e há pessoas que muitas vezes esquecem-se disto. Gritam muito de boca cheia os ditos valores do “Família, e irmandade e união (…)” e depois são pessoas que estão-se a cagar para os outros, que à primeira oportunidade fodem os de outras bandas, outros concertos… 
Como é que alguém pode gritar “Família ou união” quando não se dá nem quer dar bem com outras pessoas? Se dizem que essa é a Família Hardcore deve ser algo World Wide e não fazer dessa Família os 4 amigos da rua dele que ouvem Hardcore. Hoje em dia há bandas, umas bastante boas e subvalorizadas, há distros, bookings, há pessoas com interesse, acho que no meio disto tudo só falta uma coisa muito importante que é respeito entre todos. Quando por exemplo acontecer um concerto na mesma noite que tenha uma banda old school youth crew e uma de beatdown e que por serem géneros diferentes se crie mau ambiente, guerra de palavras, não entram porque não gostam de moshar daquela maneira ou seja o que for, estamos com um problema. Muitos esquecem-se que no meio dessas bandas youth crew ou de beatdown ou seja o que for está algo que as liga e que as fez formar uma banda e fez o público ir a um concerto que é o chamado Hardcore. Não há “Reis da Cena”, superiores ou inferiores, é só uma questão de começarem a olhar-se todos como iguais, só isso, quando isso acontecer teremos tudo para ter um movimento ainda mais positivo.

Se tivesses fundos ilimitados e pudesses escolher, diz-me o cartaz ideal onde gostavas de tocar.
Bem, secalhar para muitos que forem ler isto pode parecer estúpido o que vou responder, mas gostava de ter o que nunca tive e gostava de ter tido: um fest com as bandas tugas que me “meteram nisto” ahah. Certamente algo com X-Acto, Time-X, New Winds, Pointing Finger, Fight For Change, Omited GR, Unstable, 31, Crise Total, What Went Wrong, Sannyasin, Last Hope, Alcoore…  
Muitos esquecem-se das bandas Portuguesas que viram quando começaram a ir a concertos, mas por muito que gostásse e goste de montes de bandas estrangeiras, foram estas bandas (menos umas) que comecei a ver ao vivo e que vi montes de vezes, foram estas que me marcaram, que quando me lembro dos meus primeiros stage dives, sing alongs, circle pits… Foi a ver estas bandas. Não tinha piada ouvir só música em casa e ir a concertos quando a tal banda dos States viesse cá!


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