quarta-feira, 4 de julho de 2012

Discos Trocados: Crazy Spirit/Fuck On The Beach

Todas as semanas o André e o Tiago trocam um disco e falam um pouco sobre o disco que lhes calhou - tanto pode ser um clássico como uma porcaria autêntica, mas é aí mesmo que está a piada.

André
Crazy Spirit - Self Titled 12" (2012)

Quem me conhece sabe que eu tenho um problema grave no que toca a ouvir bandas "novas". Eu oiço bandas novas, mas são muito poucas, pouquíssimas. E isto porquê? Porque, da sonoridade hardcore que eu gosto (ou demasiado punk, ou demasiado rápido, ou demasiado duro - nada de parvoíces melódicas com letras a pedir lágrima) já ouvi tanto as bandas em que elas - repetidamente - parecem ir buscar inspiração que... não consigo ter paciência. De tempos a tempos calha ouvir algo fresco - Bracewar e Rival Mob vêm à cabeça - e inevitavelmente essas bandas não saem do minha playlist durante largos períodos de tempo. Enfim... a vida de um miúdo do hardcore com trinta anos.

Crazy Spirit? O Tiago adivinhou bem: eu nunca tinha ouvido falar deles. E, embora não me veja a ouvir isto regularmente, não posso dizer que não tenha gostado do que ouvi. "Mas porquê, André? Porque é que és assim?" Eu não sou assim. Quer dizer, eu curto bué de Germs, mas para mim aquele estilo de punk sujo, cru, com uma produção de merda e sabor niilista pertence à década onde nasceu e morreu. Mas isso sou eu. Na realidade, este disco é bem bom e eu sei que ia curtir ver a banda ao vivo.

Uma cena clara logo desde o início é quão nas tintas eles estão para tudo e todos. É punk sem vergonha e pronto para nos dar umas boas bofetadas na cara. Esqueçam mosh e aventuras no dancefloor, isto é para andar a fazer pogo sem parar, com copos de cerveja cheios nas mãos e uma cruz invertida cortada a x-acto na testa. RIP DARBY CRASH!

Tiago
Fuck On The Beach - Endless Summer (2001)

Quando o André me disse que seria sobre este disco que devia falar fiquei logo com duas ou três ideias retidas: música rápida japonesa, aquela gritaria frenética que tão bem nos vão habituando, e que de certeza que depois de ouvir este disco ia reavivar um pouco a memória da altura em que as minhas playlists giravam à volta de bandas nesta onda. Já conhecia a banda, e acho que cheguei a ter este disco no computador em tempos idos. Mas sinceramente, para além do acima mencionado, já nem me lembrava muito bem. Quer dizer, o nome é daqueles que ficam, mas para além do expectável em termos musicais, não tinha nenhuma faixa na memória nem nada.

Os Fuck On The Beach tocam powerviolence. Se tens uma banda do Japão a tocar powerviolence já sabes o que a casa gasta: música rápida, faixas curtas e aqueles berros que no final do set obrigam o vocalista a ir tomar um leitinho com mel. Se gosto? Gosto muito. Bom, mas mais que uma review ao disco lembrei-me dos tempos em que devorava grande parte do catálogo da 625, em que WHN?, Spazz, Scholastic Deth e Lack of Interest eram das bandas que mais rodavam no mp3. Nunca fui muito daqueles grinds malucos e essas bandas mais extremas, mas um bom trashcore ou um powerviolence nunca fizeram mal a ninguém, pelo contrário.

Sendo a banda japonesa remete-me logo para algumas das minhas bandas favoritas, grande parte delas underrated que se farta, com Jellyroll Rockheads e Total Fury a encabeçar o top, que no fundo materializam aquilo que mais aprecio no que vai saindo da terra do sol nascente: música rápida e straight to the point. Acho que está na altura de ir para as internetes sacar aquelas compilações da Bandana Thrash e similares.

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