quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O Baú do Congas: Bilbao Underground Hardcore Bash Festival III



2005 foi um ano bom! Aliás este ano demos concertos um pouco por toda a Europa. Eu acho que esta foi a primeira vez que tocámos em Bilbao. Saímos de Lisboa em direcção a Bilbao com uma carrinha de 9 lugares e com eles todos ocupados. O plano era simples, ir Bilbao tocar uma data e voltar. Partida tudo porreiro, todos excitados. Depois de umas quantas horas para cima, chegámos a Bilbao já de noite, estava um frio e uma chuva de rachar. Como na altura não havia GPS ou pelo menos nenhum de nós tinha essa coisa, andámos a fazer mil telefonemas para encontrar os organizadores do festival, pois iriamos pernoitar uma noite antes para no dia a seguir estarmos logo na cidade e na área.
O primeiro dia do festival não vimos nada, pois chegámos de noite. Quando chegámos à área onde supostamente iamos dormir, encontrámos duas pessoas, uma delas o organizador do festival que nos indicou que a dormida era ali próximo. De facto estranhei logo a zona onde supostamente íamos dormir, pois aquilo eram só fábricas e tudo meio fabril, um pouco abandonado e com aspecto de quem entrar num daqueles spots e parar dormir vai ficar ultracongelado como um croquete no Lidl. Bem dito, bem feito! A merda de sítio que nos meteram a dormir era um género de fábrica, sem colchões, sem nada. A minha almofada era uma saca de cimento! Fiquei passado da cabeça, sem dúvida que já apanhámos muita cena má, mas isto era o cúmulo das cenas más.
Acabou por ficarem cerca de 7 pessoas a dormir na carrinha sentadas, enquanto duas ficaram na salinha. Foi possivelmente das maiores faltas de consideração que já tiveram por mim em todos estes anos de estrada. Consegue ser quase pior como o outro na Bélgica que na tour de What Went Wrong meteu os Pointing Finger a comer panquecas dentro de casa e os What Went Wrong na rua a comer arroz de uma panela na berma da estrada. True fact!
Anyway, no dia a seguir tivemos tempo para visitar um pouco da cidade, vimos o Guggenheim Museum, comemos no Subway lá ao lado, com refills até dizer chega haha! A sala era linda, uma igreja antiga convertida em sala de concertos - tinha um palco perfeito com um som melhor ainda! O concerto foi altamente, For The Glory a tocar em Espanha rendia bué, ainda rende, eu pelo menos gosto de voltar sempre ao norte de Espanha. Lembro-me que uma das bandas não tinha bateria e era uma máquina a fazer a cena, meu deus aquilo era um chinfreira, Jesus. Depois dessa banda tocaram os ANYKEY, que eram pessoal mesmo à maneira, tinham uma miúda na banda a cantar.
Quem chegou um pouco atrasado foram os Congress e os Everybody Gets Hurt, mas a tempo de socializar e ficarmos ali na conversa uma grande parte do dia e da noite, porque é altamente olharmos para uma banda como Congress e o guitarrista vir dizer que quer trocar uma tee com a tua banda porque gosta muito dela. A verdade é que passados estes anos todos, sempre que vejo o FF ficamos sempre tão contentes por nos vermos. Aliás Congress tornou-se uma das bandas que tocámos depois mais vezes e acabámos por criar um bom laço.
Os Everybody Gets Hurt eram IDS no seu melhor, chegaram, curtiram, partiram tudo mesmo em grande. O baixista deles era uma máquina a sério, que rei, sempre passado... podem ver isso nos DVDs do Guerrilla Warfare! Que inferno. Curioso também, é que uns anos mais tarde tocámos com Sworn Enemy na Suiça e Holanda e o guitarrista deles, que era de Everybody Gets Hurt, lembrava-se da malta!
O booker desta tour de Everybody Gets Hurt/Congress era o Tom, da editora Reality Records, para mim um dos gajos mais dedicados à cena hardcore na Europa, continua com a sua editora sempre na boa onda do DIY e a fazer muito pela cena hardcore, lança discos, tem distro, tem loja online. Marcou-nos concertos em Gent, tratou de mim quando tive doente e ainda agora quando estivémos em tour e deixei os meus ténis na casa dele, enviou por correio para Portugal. Este gajo é o maior!
Em Espanha havia umas miúdas que eram umas gandas chatas, que estavam sempre a tentar engatar gajos de bandas. Intragáveis, sem o mínimo de bom senso... mas não vou entrar em grandes detalhes, porque apesar de eles não lerem português, não é ético haha! Posso só dizer que... bleeergh!
No cartaz não aparece, mas houve uma banda que também tocou no dia anterior creio, que foram os Enemy Ground. Enemy Ground eram uma banda de beatdown hardcore de Brabant com pessoal muita bacano da crew de No Turning Back. Eu e o Andy já os conhecíamos por causa das nossas aventuras pelas Europas, mas é sempre bom chillar com malta como eles! Os Enemy Ground são o que se chama uma banda duríssima, eles não tocam muito, mas quando tocam é o inferno na terra. Se tiverem tempo, aproveitem e googlem por eles!
No fim do fest, viemos directos para Lisboa, conduzir a noite toda e sabendo que tinhamos sido tratados mal e ficámos com a sensação que nunca mais iríamos voltar a Bilbao. Isso de facto é verdade, apesar de muita coisa ter corrido para aqui e para ali e muita conversa, nunca mais voltámos a tocar no centro da cidade de Bilbao. Eu não guardo ressentimentos, nem rancores a ninguém, quero estar em paz com o mundo, por isso o que passou já lá vai. Forgive and forget!
PS: Alguém me diga se não foi nesta viagem que o Poli entrou em contra-mão numa auto estrada ou numa ilha de acesso à auto estrada, com bué neve e que não o deixámos conduzir mais, o que gerou uma ganda birra... foi nesta viagem não foi? Se sim... ÉPICO!

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