segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Review: Goodlife Fest 2012 (Bélgica)



A corrida contra o tempo não começou até saírmos do barco em Calais, com cerca de uma hora e pouco para chegarmos à sala do concerto de forma a ainda apanhar o concerto de Crawlspace desde o início - tarefa que nos estava a fazer todos engolir a seco. A viagem acabou por se fazer bem e mais rapidamente que o tempo previsto, só complicando na chegada a Kortrijk quando nos apercebemos que ninguém tinha trazido a morada da sala do concerto. Eventualmente, pedindo indicações aqui e ali e um telefonema depois lá a encontrámos - o clima no carro estava tenso, mas bastou ver a sala, estacionar o carro e sair para o frio para voltar tudo ao normal.

Chegámos a duas músicas do fim do concerto de Crawlspace. A sala não aparentava estar completamente cheia, pelo menos o dance floor estava relativamente aberto e com espaço. A primeira malha que eles tocaram era do disco novo, por isso fiquei só cá atrás a apreciar enquanto saboreava o pouco movimento que havia no pit. A segunda não era uma nova e eu não resistir a me mandar lá para o meio também assim que soou a parte lenta. O que seguiu foi um episódio reminescente daquele que me aconteceu no primeiro concerto de For The Glory, onde levei um soco na intro e fiquei logo a sangrar do nariz, tendo que ir à casa de banho deixar o sangue antes de voltar para mais acção. Claro que desta vez não ouve casa de banho. Nem intro. Simplesmente levei com um punho vindo do nada - como normalmente acontece neste tipo de concertos - que me abriu um senhor rasgão no lábio. Felizmente foi fora o suficiente para eu poder enfiar essa parte do lábio na boca e continuar o que estava a fazer, mas confesso que a única coisa que me passava pela cabeça era se teria de levar pontos ou não: algo que não me estava nada a apetecer. Nada.

Findo o concerto fui até à casa de banho ver ao espelho quão grande era o dano e... não fiquei de todo confortado. O golpe (em três sítios) era aquilo que os ingleses chamariam de nasty. Creio que mais um bocadinho e não me tinha safado dos pontos. Lá passei a boca por água, cuspi o sangue e voltei para dentro à procura deles, que entretanto tinham desaparecido. Fomos para o lado do palco e vimos daí o concerto de Six Ft Ditch. Quer dizer, o Nuno e o Leo bazaram passado duas ou três músicas, mas eu e o Tofu ficámos lá até ao fim. Estava muito calor na sala e eu estava meio desconfortável, tanto do lábio como do casacão de Inverno. O concerto foi ok, nada de especial. O vocalista, para além de falar um inglês bem estranho e imperceptível, deve ser daqueles que acorda todos os dias e chora por não ter nascido nos Estados Unidos. A sério... Rapper do ghetto só a dizer lixo atrás de lixo não estava a dar. Na boa, eu por acaso até curto as malhas por isso estava a curtir o concerto, embora o pit estivesse fraquinho. Havia movimento aqui e ali, mas não passou disso. A última malha era uma cover da intro de SOD e eu e o Tofu aproveitámos a deixa para irmos lá para cima ter com eles.

O andar de cima do JOC (um centro para jovens - muito comum naqueles lados da Europa) era onde estava a comida (que já tinha acabado por aquela altura, deixando-nos sem grandes opções) e o merch. O Leo conhecia lá o mano vocalista de uma banda francesa e foi mesmo a ele que acabámos por perguntar se não sabia de alguém que nos orientasse sítio para dormir. Ele conferiu com um miúdo que disse logo que sim, que era na boa. Safos. Depois de estarmos lá um pouco na galhofa, descemos para ver Congress. Eles estavam um pouco desapontados porque, aparentemente, umas semanas antes os Congress confirmaram que o vocalista original (o Pierre) não iria estar lá, sendo substituído pelo de Sektor. Eu estava naquela, excitava-me mais ver o Josh que o Pierre, mas pronto.

Por esta altura a sala estava bem cheia e os Congress estavam no palco a fazer soundcheck. Todos vestidos como se tivessem vindo agora de casa, sem grandes preocupações ou manias. Só percebi passado algum tempo que era o UJ no baixo, agora de cabelo rapado...! Estranho, muito estranho. Mas boa onda, claro! O concerto em si foi fixe, tocaram muitas músicas que adoro e muitas que me são completamente indiferentes (não percebi bem o critério na escolha, para além de escolherem apenas músicas dos primeiros discos). A acção no pit não foi tão espectacular como da primeira vez que os vi, há muitas (muitas!) luas atrás. O chão estava molhado, a maioria do pessoal que lá andava era miudagem que só se sabe mexer em partes paradas. Matou um bocado o feeling que podia ter feito deste um concerto memorável. Não foi mau, foi bom, mas faltou-lhe ali qualquer coisa. Claro que dadas as circunstâncias e tendo em conta que o tipo de Sektor não sabia metade das letras, o meu foco foi directamente para o Josh, o meu Iommi do hardcore. Muito headbang foi feito naquele set. Ainda representei bom mosh à 2002 com o lábio enfiado para dentro da boca, mas foi por aí que fiquei. O Nuno e o Leo andaram lá mais activos, mas passado um pouco estávamos todos na base do headbang. Na descontra. No final a opinião em relação ao concerto era unânime: mixed feelings, como se diz por aqui.

O miúdo com quem íamos ficar acabou por nos despachar para outro miúdo, que já ia ficar com os Alea Jacta Est, sem stress. Antes de ir dormir (o concerto acabou cedo, perto das dez da noite) eles ainda queriam ir a um bar e nós, claro, não podíamos dizer que não. Sorte tínhamos em ter arranjado sítio para ficar. Quando chegámos ao bar, rapidamente percebemos que o melhor era irmos comer calmamente e depois voltar para lá, na esperança que eles já se quisessem ir embora. Depois de uma curta paragem para o Tofu levantar dinheiro, fomos a um pequeno snack-bar (AKA frituur) chamado Chaplin, onde devorámos uma maravilhosa refeição. Eu optei por panados de queijo, tubos de mozzarella, batatas fritas com mayo e um Coca-Cola, os meus camaradas optaram por pratos com carne, claro! Estava bom, estava muito bom. Esta óptimo, e não estou a exagerar. Comer esse tipo de comida com garfo e faca por causa do golpe no lábio? Não tão fixe.


Isto é apenas um excerto da review à road trip (a parte do concerto, claro), se quiseres ler a aventura completa clica aqui. Não te vais arrepender. Já agora, perdi o meu gorro de For The Glory (o do Est. 2003) nesta viagem, se alguém tiver um que não use, por favor entre em contacto! 

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