quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Coisas Com História: Common Enemy - Living The Dream 12" (Machado)

Que hardcore é mais que música já nós sabemos, mas também é sabido que há toda uma panóplia de bens de consumo a ele associado. Seja a malta que curte comprar discos ou a malta que curte andar com roupa a publicitar as suas bandas favoritas, entre mil outras coisas. Mas mais que o seu valor monetário, para ti pode que uma cena em que tenhas posto mãos à obra. Nesta rubrica a malta fala do que a liga a certas coisas e a história por detrás das mesmas.

Common Enemy - Living The Dream 12" TEST PRESS


Na altura estava com o meu projecto promotora/editora - Freebase PT Records -, e estava a trabalhar para lançar o álbum dos algarvios No Time To Waste (que depois acabou por não sair), contactando editoras estrangeiras para eventual colaboração em edição europeia, arranjar designers de myspace, quem fizésse o artwork, incluí-los em compilações que saíssem no estrangeiro, patrocínios, entre outras coisas. Entretanto recebi um e-mail do Dave da editora germânica Horror Business Records, que já tinha trabalhado com bandas que gosto como Atlas Losing Grip, Enemy Alliance ou Vitamin X, e a quem eu já tinha contactado previamente a falar nos No Time To Waste. 


E-mail esse no qual me convidou para participar na co-edição europeia do novo vinil de Common Enemy, no qual nao tinha de entrar com uma granda quantia se quisésse ficar com o nome na edição, com um minimo de 25 vinis. Eu não sou o melhor gestor das minhas finanças, sabe se lá porquê, e então precisava que alguém  quisésse entrar comigo nisto a meias. Foi aí que pensei na pessoa ideal para esta pequena aventura, contactei o Boris (baterista de The Skrotes), porque sabia que era uma boa pessoa, íntegra, de confiança, esforçado, com gosto verdadeiro por isto e que gostava tanto da banda como eu. Após uma rápida conversa vimos que era óbvio que era uma oportunidade para fazer algo bacano sem grandes dificuldades e decidimos logo que iríamos vender o vinis a um preço baixo, visto não ser justo fazerem nos as coisas a um preço baixo/acessível e nós irmos vender caro, não fazia sentido ganhar grandes quantias, fazia sim sentido divulgar e ajudar quem merece.

Foi então que respondi ao Dave acordando os pormenores (e a condição que um test press vinha para mim) e a edição foi feita saindo na Alemanha, França, Portugal e na Republica Checa. Lançámos o disco em 2009, sem grande experiência (segundo lançamento da Freebase), mas com muita vontade de fazer coisas boas e com qualidade. Vendemos as cópias por uma módica quantia de 6€ por um vinil de 12", com 20 músicas. Em mais ou menos uma semana e meia, duas, esgotámos a nossa parte da edição, no que a meu ver foi um sucesso!

Por fim, como chato e rabugento que sou, quero deixar aqui uma mensagem para as bandas que vejo a mamar à sombra da bananeira e que não conseguem a divulgação que querem. Deixem de ser preguiçosos, mexam-se para fazer contactos, façam por vocês porque ninguém que vos possa ajudar o há de querer mais que vocês próprios! Ou será que DIY não vos diz nada? E se conseguem fazer coisas a um preço acessível façam-no, só têm a ganhar, até porque de certeza que irão receber ajuda. Tornar as coisas acessíveis é o mais justo quando o investimento monetário não é assim tão grande. Se eu consegui co-edição europeia para No Time To Waste com 4 ou 5 editoras, consegui gente que se ofereceu para fazer artwork e outros tipos de designs, músicas em compilações no estrangeiro, entre coisas (e em pouco tempo), qualquer pessoa que queira consegue o mesmo! Mas até que ponto o teu gosto por isto é verdadeiro e até onde desejas chegar com o teu trabalho (não passando por cima de pessoas como é habito por cá)?

Luis Machado
  Lisboa/Cartaxo

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