segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Mais Que Música: Signs of the Times (Cro-Mags)

Que aconteceu a dar importância às letras das músicas? O hardcore não era sobre isso? Agora só se vê letras que não interessam à prima. Todas as segundas, fica aqui uma letra com significado que me tenha feito pensar no seu significado mais do que uma vez. Afinal de contas, o hardcore também é sobre isso mesmo: pensar.


Signs of the times, 
they're all around us no one will look you in the eye
 you don't know who to trust I'm lookin around me
 and don't like what I see corruption all around me
 cause these, these are the signs of the times seems
 like they're losing their minds
 these are the signs of the times
 do you think that we're really progressin
 just seems to me like some steady regression
 I'm lookin on and watchin it corrode
 gotta hold back or I'm gonna explode
 take a look at where we're going
 I'm seeing the signs and what they're showing
 I'm totally in disbelief of modern man
 and all his grief 
these are the signs of the times

Sinais dos tempos…muitas vezes, dou por mim a pensar, na passividade do povo português e o quanto esta prejudica o alcance da saída das sucessivas crises que este pequeno país já enfrentou. Já suportámos meio século de ditadura, onde o fado e as guitarradas, os milagres de Nossa Senhora de Fátima e o Pantera Negra Eusébio nos davam a ilusão de felicidade e poder. E continuamos assim ao fim de trinta e cinco anos de “democracia”.

Permitimos que outros países ditos “maiores” tomassem decisões por nós como por exemplo na entrada na Comunidade Económica Europeia (CEE), na adesão ao Euro entre outros exemplos, ou seja ano após ano fomos permitindo que nos retirassem os direitos consagrados na Constituição sem que nós pudéssemos questionar, foi “comer e calar”.

Mas o povo continua a “sorrir e acenar”. Acabou a era do Pantera Negra mas depois veio o Figo e neste momento temos o “puto maravilha”, o Cristiano Ronaldo. Tivemos a grande Diva do Fado a Amália agora temos  a Carminho, a Ana Moura, A Mariza e outra(o)s tantos. Quanto à Nossa Senhora? Bem continuamos a ter a nossa Senhora de Fátima mais a Santa Lúcia. Pagamos portagens nas scuts e protestamos e foi o cabo das tormentas. Por isso é melhor pegar fogo e disparar contra os pórticos de cobrança.

Somos um povo que festeja por tudo e por nada. O precisamos é de nos divertir e andar sempre em festa! Por isso tivemos com toda a pompa e circunstância a Expo 98 bem como o Europeu de 2004. Queremos tudo à grande, precisamos de continuar a festa mesmo que isso signifique investir aquilo que não temos ou seja dinheiro e que tanta falta faz em áreas tão importantes e fundamentais como a educação e a saúde! Construíram inúmeras auto-estradas e fecharam incontáveis centros de saúde e escolas. Dão-nos um docinho e uma chibatada mas a dor da chibatada é suplantada pelo doce. 

E quando nos pedem lá vamos nós felizes e contentes mas com palas nos olhos, votar nos mesmos, sem nos apercebemos que estamos a votar sempre nos mesmos, nas mesmas “políticas” e na mesma inexistência de soluções e como sempre é a crise que “paga a conta” e que tem a culpa do estado em que este país ficou! Eles gastam o que tem e o que não tem mas quem paga a conta é o “zé povinho”.  Pedem-nos sacrifício, pedem-nos para “apertar o cinto “mas como diria um velhote na minha terra “é difícil apertar o cinto e baixar as calças ao mesmo tempo”. 

Mas apesar de tudo continuamos serenamente, pacificamente de sorriso estampado no rosto a recordar que fomos um povo de aventureiros que navegou pelos sete mares à descoberta de novos mundos em vez de ter coragem de dar um murro na mesa, dizer “já basta”, arregaçar as mangas, ir para a rua e virar esta “porqueira” do avesso!

Texto por Miguel Pimentel, retirado do #3 da Newsletter da Backwash, já disponível for free perto de ti.

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