segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Mais Que Música: Something Must Be Done (Antidote)

Que aconteceu a dar importância às letras das músicas? O hardcore não era sobre isso? Agora só se vê letras que não interessam à prima. Todas as segundas, fica aqui uma letra com significado que me tenha feito pensar no seu significado mais do que uma vez. Afinal de contas, o hardcore também é sobre isso mesmo: pensar.


To stay at home is not for me
I'm not the fool to watch T.V.
And let the world revolve around me
I'd like to know what's going on
Everybody's out to con
Just want to make my own decision

Something must be done
So we can live to see tomorrow
Something must be done
Or beg, steal or have to borrow

Don't you listen to the news
By the time it gets to you
Who knows where it might have been
And who am I to tell you this
Just a number on a list
That's why I'm so pissed
Something must be done right now...

Antidote não merece introdução, pelo que não vou gastar mais que esta frase para dizer que se não conheces ainda vais bem a tempo. Adiante, esta faixa no fundo exemplifica um pouco aquilo que é suposto teres dentro de ti, e, a meu ver, fala de uma das características que terão de ser intrínsecas ao teu envolvimento no hardcore. Falo do quê? Do questionar o que se passa à tua volta sem passares apático e sereno pelos problemas do teu país e do mundo, questionar a realidade tal como ela te é dada, o teu papel na sociedade e aquilo que te alimentam no dia a dia.

Não estou aqui a dizer que tens de ser um revolucionário com três pedras na mão (ainda que uns calhaus certeiros no sítio certo só faziam era bem...) a gritar "fight the power". Por acaso até tenho um conceito de acção directa que assenta numa cena mais de atingir onde lhes dói. Ver aqueles manos no parlamento a mandar pedras e garrafas à bófia só me faz pensar: "Estes dreads devia era ir lá de semana, borrar a cueca aos deputados e foder-lhes os carros". Quer dizer, de que adiantava subir à Assembleia e partir aquela merda? Só lhes davamos uns dias de folga (eles nem se importavam, tá sol, mais uns dias no Algarve), para além de estar a estragar património histórico, que seriam os contribuintes a pagar...

A música fala também dos media e como a tv te zombifica. Eu vejo tv, foda-se, toda a gente vê tv, mas não te faz uma impressão do caralho ver milhões de pessoas agarradas a programas de merda sem conteúdo? Num dia estão na rua a gritar contra as injustiça sociais, no outro estão descansadas no sofá a ver lixo na TVI. À tarde estão na rua "a lutar" contra o sistema, mas têm de bazar cedo porque dá anovela dali a umas horas. É triste ver como é tão fácil agarrar nas massas, basta meter um qualquer programa de merda, com gajas badalhocas e bimbos saídos da gruta que tens 2 milhões de portugas colados ao ecrã. Os mesmos que são os maiores activistas do facebook, essa raça que se propaga tipo lepra, e que te faz pensar que tens amigos que estão de olho aberto ao que se passa à volta deles, mas que depois vês que não passam de carneirinhos, aqueles que imaginas daqui a 30 anos a ler revistas televisivas e a ver o bisneto do Goucha.

Também não te sei dizer de que forma é que viveríamos melhor, não me cabe a mim, como é óbvio, estar aqui a dar soluções, mas um gajo olha para o país na merda, corrupção a rodos, amigos desempregados a olhar para o estrangeiro como única saída (e que provavelmente será a tua também...) e dás por ti não só a pensar como é que aqui chegámos mas como é que ainda assim estamos!

Para eles somos só um número, e é por isso que estou tão chateado. Alguma coisa tem de ser feita, já!

Sem comentários:

Enviar um comentário